Carnaval Antigo
História do Carnaval
Carnaval no Brasil
Carnaval no Mundo
Curiosidades
Origens
Do ponto
de vista antropológico, o carnaval é um ritual de reversão, no qual os papéis
sociais são invertidos e as normas de comportamento são suspensas.
Carnal
O atual Carnaval Brasileiro é comumente analisado como
um produto de uma indústria cultural.
As festas do Rio de Janeiro, São Paulo ou Porto Alegre, com seus desfiles de escolas de samba, quanto os
trios elétricos de Salvador ou o frevo no Recife, passaram a ter a
interferência dos poderes públicos, que “regularizando, controlando,
manipulando a massa e, associados à mídia, criam imagens para gerar riquezas”.
É uma festa para ser vendida e comprada! Como afirma Costa:
“Dentro da lógica capitalista, quando se paga, pode-se exigir tudo:
saúde, segurança, conforto, horário marcado para a saída dos blocos,
arquibancadas para assistir (não mais participar) ao desfile, ou seja, a
organização do evento. A idéia de bagunça deve ser refutada, vende-se a descontração”.
Esta idéia de festa para ser assistida teve, entretanto, seu embrião
ainda no século XIX, quando se trocou as antigas brincadeiras do entrudo pelos desfiles das
sociedades carnavalescas.
Carnaval
Festa pagã, que se originou na
Grécia antiga, onde realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela
fertilidade do solo e pela produção.
Passou a ser uma comemoração adotada
pela Igreja Católica Romana. É um período de festas regidas pelo ano lunar do
cristianismo da Idade Média.
Um
festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da
Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante fevereiro ou início
de março, durante o período historicamente conhecido como Tempo da Septuagésima (ou pré-quaresma).
O Carnaval
normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile combinando alguns elementos
circenses, máscaras e uma festa de rua pública. As pessoas usam trajes durante
muitas dessas celebrações, permitindo-lhes perder a sua individualidade
cotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social.
O consumo
excessivo de álcool, de carne e outros alimentos proscritos durante a Quaresma
é extremamente comum. Outras características comuns do carnaval incluem
batalhas simuladas, como lutas de alimentos; sátira social e zombaria das
autoridades e uma inversão geral das regras e normas do dia-a-dia.
O termo
Carnaval é tradicionalmente usado em áreas com uma grande presença católica.
No
entanto, as Filipinas, um país
predominantemente católico romano, não comemora o Carnaval mais desde a
dissolução da Festa de Manila em 1939, o último carnaval no país.
Nos
países historicamente Luteranos, a
celebração é conhecida como Fastelavn
e em áreas com uma alta concentração de anglicanos e metodistas, as celebrações
pré-quaresmais, juntamente com observâncias penitenciais, ocorrem na
terça-feira de carnaval.
Nas
nações Eslavas Ortodoxas Orientais, o Maslenitsa é celebrado durante a última semana antes da Grande Quaresma.
Na Europa de língua
alemã e nos Países Baixos, a temporada
de Carnaval tradicionalmente abre no 11/11 (muitas vezes às 11:11 a.m.). Isto
remonta a celebrações antes da época de Advento ou com celebrações de colheita
da Festa de São Martinho.
Origem da Palavra
A palavra "carnaval" está relacionada com a idéia de deleite dos
prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", sendo que "carnis" em latim
significa carne e "valles" significa
prazeres.
O período do carnaval era marcado
pelo "adeus à carne" ou do latim "carnis
vales", uma vez
que a carne é proibida durante a Quaresma, dando origem ao
termo:
Carnaval
O Cálculo
Todas as
datas eclesiásticas são calculadas em função da data da Páscoa, com exceção do Natal.
Como o Domingo de Páscoa ocorre no
primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verificar a partir do
equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no
hemisfério sul), e a Sexta-Feira da
Paixão é a que antecede o Domingo de
Páscoa, então a Terça-Feira de
Carnaval ocorre 47 dias antes
da Páscoa.
- Em geral, o Carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem
a Quarta-feira de Cinzas.
- Em contraste com a Quaresma
(tempo de penitência e privação), estes dias são chamados "gordos", em especial a Terça-feira (“Terça-feira Gorda”, também conhecida pelo
nome francês “Mardi Grãs”).
O termo:
Mardi Gras é sinônimo de Carnaval.
Como curiosidade:
“O Carnaval ocorre próximo ou no dia
de Lua Nova.”
A Data
O
Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa, em fevereiro,
geralmente, ou em março. Conforme o Cálculo da Páscoa, ocorre próximo do dia de
Lua Nova. Assim, poderá calhar próximo do Ano
Novo Chinês, se calhar antes ou próximo de 19 de fevereiro.
No século XXI, a data em
que ocorreu mais cedo foi a 5 de
fevereiro de 2008 e a que ocorrerá mais tarde será a 9 de março de 2038, essa data também é a mesma de 9 de março de 1943, a data de carnaval
mais tardia do Século XX, assim como a data
tardia do Século XIX é 9 de março de 1897, além de ter acontecido duas vezes nesse século,
46 anos antes da data que ocorreu mais tarde no Século
XX.
Embora
seja possível em outros séculos, o dia do Carnaval não ocorrerá a 3 ou 4 de fevereiro durante todo o século
XXI, como exemplo no Século XX a data
em que o Carnaval ocorreu mais cedo foi a 4
de fevereiro de 1913, outra data que é bastante rara o Carnaval ocorrer é o
dia 29 de fevereiro, que ocorrerá em
29 de fevereiro de 2028 e que
ocorreu a última vez em 29 de fevereiro
de 1876.
O Carnaval e a Quaresma
O período
quaresmal do calendário litúrgico, as seis semanas imediatamente anteriores à
Páscoa, foi historicamente marcado pelo jejum, estudo e outras práticas
piedosas ou penitenciais.
Durante a
Quaresma, não havia festas ou celebrações e as pessoas se abstinham de comer
alimentos ricos, como carne, laticínios, gordura e açúcar.
As
primeiras três classes eram muitas vezes totalmente indisponíveis durante o
final do inverno.
O
Carnaval na Idade Média levava não durava apenas alguns dias, mas quase todo o
período entre o Natal e o início da Quaresma.
Nesses
dois meses, as populações católicas usavam as várias férias católicas como uma
saída para suas frustrações diárias.
Muitos
sínodos e conselhos tentaram definir regras para o festival. Cesário de Arles (470-542) protestou
por volta do ano 500 em seus sermões contra
as práticas pagãs.
Séculos mais tarde, suas
declarações foram adaptadas como os blocos de construção do Indiculus Superstitionum et Paganiarum ("pequeno
índice de práticas supersticiosas e pagãs"), que foi redigido pelo Sínodo de Leptines em 742. Ele condenou o Spurcalibus en Februario.
O Papa Gregório Magno (590-604) decidiu que o
jejum começaria na quarta-feira de cinzas. Todo o evento carnavalesco era
estabelecido antes do jejum, para criar uma divisão clara entre o pagão e o
costume cristão.
Também era
costume durante o Carnaval que a classe dominante fosse zombada usando máscaras
e disfarces.
No ano 743,
o Sínodo em Leptines (Leptines próximo de
Binche na Bélgica) falou furiosamente sobre os excessos no mês de fevereiro.
Também a
partir do mesmo período data a frase: "Quem em fevereiro por uma variedade de atos menos
honrosos tenta expulsar o inverno não é um cristão, mas um pagão."
Livros de
confissão de cerca do ano 800 contêm mais
informações sobre como as pessoas vestiam-se como animais ou idosos durante as
festas em janeiro e fevereiro, mesmo que isto fosse considerado um pecado.
Também em
Espanha, San Isidoro de Sevilha
queixou-se em seus escritos no século VII de
pessoas saindo pelas ruas disfarçadas, em muitos casos como o gênero oposto.
O Festejo
Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos
populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes.
- O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da
sociedade vitoriana (inglesa) do século XIX.
A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa
carnavalesca para o mundo.
- Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se
inspirariam no carnaval parisiense para implantar suas novas festas
carnavalescas.
- O Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com
desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como São Paulo,
Porto Alegre, Tóquio e Helsinque.
Cronologia
História do Carnaval
Antiguidade
- Os povos antigos promoviam a inversão do mundo em diferentes
manifestações populares.
Nos povos orientais, podemos apontar a anulação temporária das
convenções sociais e das outras distinções que organizavam seu mundo.
Egípcios
Entre os antigos egípcios havia as festas de Ísis e do boi Ápis.
Hebreus
Entre os hebreus, a festa das sortes.
Babilônico
Entre os babilônios havia a organização de festas anuais de Verão,
conhecidas como “Sacéias”.
No seu conjunto, tal festividade era orientada pela inversão completa
das hierarquias sociais.
Ao longo de um período de cinco dias, os servos poderiam incorporar os
gestos e comportamentos de seus superiores.
- Outra instigante manifestação organizada durante a Sacéia envolvia
a escolha de algum prisioneiro para ocupar o lugar da autoridade real.
Nesse curto período, o reles detento poderia vestir as roupas do rei,
comer em sua mesa e até desposar as mulheres do mesmo.
Após a experiência de regalo e alegria, o detento era submetido à
chicotadas e depois morto por cruel execução.
Tragicamente, a inversão da realidade chegava ao seu fim.
- Em outro tipo de manifestação, os babilônicos tinham o costume de
assinalar os limites da autoridade monárquica por meio de um curioso
procedimento religioso.
Durante os primeiros dias de cada novo ano, um sacerdote retirava do rei
todos os emblemas que indicavam seu poder e o expunha a várias agressões
físicas.
Logo em seguida, o rei era levado aos pés do deus Marduk para
declarar que não havia abusado do poder.
Finalmente, era novamente consagrado e a ordem normal das coisas era
restabelecida.
Assírio
Os assírios também realizavam celebração bem próxima de algumas ações
comumente observadas no carnaval de rua contemporâneo.
No mês de março, os integrantes dessa poderosa civilização organizavam uma festa em
tributo à deusa Ísis, divindade de origem egípcia responsável pela
proteção dos navegantes.
Os seus participantes costumavam utilizar máscaras durante uma procissão
em que um carro transportava uma embarcação a ser oferecida para a deusa.
Gauleses
Os gauleses tinham festas análogas, especialmente a grande festa do
inverno a que é marcada pelo adeus à carne que a partir dela se fazia um grande
período de abstinência e jejum, como o seu próprio nome em latim "carnis levale" o indica.
Outros estudiosos defendem a origem do nome romano para a festa do Navigium Isidis ("navio de Isis"), onde a imagem da
deusa Ísis era levada à praia para
abençoar o início da temporada de velejamento. O festival consistia em um
desfile de máscaras que seguia um barco de madeira decorado, possivelmente a
origem dos carros alegóricos dos carnavais modernos.
Grego
A comemoração grega que gerou a grande festa, conhecida hoje como “Carvanal”.
Em meados de 600 a 520 a.C., o carnaval se originou na Grécia,
através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos
deuses pela fertilidade do solo e pela produção, as bacanais.
Romano
Na Roma Antiga, as Lupercais,
as “Saturnálias”. Festins, músicas estridentes, danças, disfarces e licenciosidade formavam
o fundo destes regozijos, eram festas em que toda a população estava livre das
distinções sociais que orientavam sua vida cotidiana.
Durante uma semana, os senhores utilizavam os chapéus de seus
subordinados e ofereciam comida aos seus serviçais.
Na mesma época, um rei era sorteado para ter todos os seus desejos
prontamente atendidos.
- O carnaval era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e
participava de alegres celebrações e busca incessante dos prazeres.
O carnaval prolongava-se por sete dias nas ruas, praças e casas da
antiga Roma, de 17 a 23 de dezembro.
Todas as atividades e negócios eram suspensos neste período, os escravos
ganhavam liberdade temporária para fazer o que em quisessem e as restrições
morais eram relaxadas.
As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e
comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as
tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram
retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia.
Nota:
- Posteriormente, os gregos e romanos
inseriram bebidas e práticas sexuais na festa, tornando-a intolerável aos olhos
da Igreja.
Na Antiguidade, os povos
consideravam o inverno como um reino de espíritos que precisavam serem expulsos
para que o verão voltasse. O Carnaval pode assim ser considerado como um rito
de passagem da escuridão para a luz, do inverno ao verão: uma celebração de
fertilidade, a primeira festa de primavera do ano novo.
Várias
tribos germânicas celebravam o retorno da luz do dia. O inverno seria afastado,
para se certificar de que a fertilidade poderia retornar na primavera. Uma
figura central desse ritual era possivelmente a deusa da fertilidade Nerto.
Além
disso, há indicações de que a efígie de Nerto
ou Frey era colocada em um navio com
rodas e acompanhada por uma procissão de pessoas disfarçadas de animais e
homens vestidos de mulheres. A bordo do navio um casamento seria consumado como
um ritual de fertilidade.
Tácito escreveu em sua obra Germania:
"Os
germânicos, no entanto, não consideram consistente com a grandeza dos seres
celestiais confinar os deuses dentro de muros, ou compará-los à forma de
qualquer rosto humano."
"Depois, o
carro, as vestes e, se você quiser acreditar, a própria divindade, são
purificados em um lago secreto".
Tradicionalmente,
a festa também era uma época para satisfazer desejos sexuais, que deveriam ser
suprimidos durante o jejum seguinte.
Idade Média
Em muitos
sermões e textos cristãos, o exemplo de uma embarcação é usado para explicar a
doutrina cristã: "a
nave da igreja do batismo", "o navio de Maria", etc. Os escritos
mostram que eram realizadas procissões com carruagens semelhantes a navios e
festas suntuosas eram celebradas na véspera da Quaresma ou a saudação da
primavera no início da Idade Média.
No entanto,
a Igreja Católica condenava o que chamava de "devastação diabólica"
e "rituais
pagãos".
No ano 325,
o Primeiro Concílio de Nicéia tentou
acabar com estas festas pagãs.
Era Cristã
Gradualmente,
a autoridade eclesiástica começou a perceber que o resultado desejado não
poderia ser alcançado através da proibição das tradições, o que acabou levando
a um grau de cristianização da festividade. Os festivais passaram então a fazer
parte da liturgia e do ano litúrgico.
Embora
formando uma parte integrante do calendário cristão, particularmente em regiões
católicas, muitas tradições carnavalescas se assemelham àquelas do período
pré-cristão.
Acredita-se
que o Carnaval italiano seja em parte derivado das festividades romanas antigas
da Saturnalia e da Bacchanalia.
As Saturnálias, por sua vez, podem ser baseadas nas
festas dionisíacas da Grécia Antiga e em festivais orientais.
Enquanto
desfiles medievais e festivais como Corpus
Christi eram sancionados pela Igreja, o Carnaval também era uma
manifestação da cultura folclórica medieval.
Muitos
costumes locais do Carnaval podem derivar de rituais pré-cristãos locais, tais
como os ritos elaborados que envolvem figuras mascaradas no Fastnacht Germânico.
No
entanto, evidências ainda são insuficientes para estabelecer uma origem direta
da Saturnália ou outras festas antigas com o
Carnaval. Não existem relatos completos de saturnais e as características da
festa, como reviravoltas de papéis sociais, igualdade social temporária,
máscaras e rompimento de regras permitidas, não constituem necessariamente
aspectos coerentes com esses festivais.
Essas
semelhanças podem representar um reservatório de recursos culturais que podem
incorporar múltiplos significados e funções. Por exemplo, a Páscoa começa com a ressurreição de Jesus, seguida por um período liminar
que termina com o Renascimento.
O
Carnaval inverte isto com o "Rei Carnaval", que ganha vida e um
período liminar que segue antes de sua morte. Ambas as festas são calculadas
pelo calendário lunar. Tanto Jesus quanto
o "Rei
Carnaval" podem ser vistos
como figuras expiadoras que fazem um presente ao povo com suas mortes.
No caso
de Jesus, o dom é a vida eterna no
céu, e no caso do Rei Carnaval, o
reconhecimento de que a morte é uma parte necessária do ciclo da vida.
Além do
anti-judaísmo cristão, as semelhanças entre rituais e imagens da Igreja e do
Carnaval sugerem uma raiz comum. A Paixão
de Cristo é grotesca: desde o início do cristianismo, Cristo é considerado vítima de um julgamento sumário e é torturado e
executado por romanos diante de uma multidão judaica ("Seu sangue está sobre nós e sobre
nossos filhos!" Mateus 27: 24-25).
As
procissões da Semana Santa na
Espanha incluem multidões que insultam vociferamente a figura de Jesus. A irreverência, a paródia, a
degradação e o riso em uma efígie tragicômica de Deus podem ser vistos como intensificações da ordem sagrada.
Em 590 d.C., na Europa, o carnaval passou a ser uma comemoração
adotada pela Igreja Romana.
Até então, o carnaval era uma festa pagã condenada pela Igreja por suas
realizações em canto e dança, que aos olhos cristãos eram atos pecaminosos.
- A partir da adoção do carnaval por parte da Igreja Romana, a festa
passou a ser comemorada através de cultos oficiais, o que bania os “atos pecaminosos”.
Tal modificação foi fortemente espantosa aos olhos do povo, já que fugia
das reais origens da festa, como o festejo pela alegria e pelas conquistas.
No século XI, na Europa, a festa carnavalesca surgiu a partir da
implantação, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida
por “quarenta dias de jejum”, a Quaresma.
Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de
diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas,
o primeiro dia da Quaresma.
Renascimento
- As festas que aconteciam nos dias de carnaval, foi incorporado
os “bailes de máscaras”, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos.
Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de
comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual.
Em 1466,
a Igreja
Católica sob o Papa Paulo II reviveu
os costumes do carnaval de Saturnália: os
judeus foram forçados a correr nus pelas ruas da cidade de Roma.
"Antes de correrem, os judeus
eram ricamente alimentados, de modo a tornar a corrida mais difícil para eles e
ao mesmo tempo mais divertida para os espectadores. Eles correram ... entre os
gritos sarcásticos e risadas de Roma, enquanto o Santo Padre estava sobre um
balcão ricamente ornamentado enquanto ria de coração", relata uma testemunha ocular.
Algumas
das tradições mais conhecidas, incluindo desfiles e máscaras, foram registradas
pela primeira vez na Itália medieval.
Em 1545, na Europa, no Sacro Império Romano, durante o Concílio
de Trento da Igreja de Roma, o “carnaval” voltou a ser
uma festa popular.
- Após a disseminação do cristianismo e a consolidação da hierarquia
católica, as festas carnavalescas sofreram diversos episódios de perseguição.
De acordo com os líderes da Igreja Cristã, as inversões e situações
fantasiosas afrontavam o mundo criado pelo Senhor.
No entanto, mesmo com sua influência e poder, a Igreja não conseguiu dar
fim a essas festividades que ainda se mostram vivas em diversas culturas
espalhadas pelo Mundo.
Século XVIII
Em aproximadamente 1723, no Brasil, o carnaval
chegou sob influência européia. Ocorria através de desfiles de pessoas
fantasiadas e mascaradas.
A despeito de todas as críticas que sofreria, o “Entrudo” foi a forma
como o carnaval chegou ao Brasil “trazido pelos portugueses, desde a época
da colonização foi uma das festas contidas no calendário cristão” (Germano, 1999:
132).
Nestas brincadeiras, “não havia música, nem dança, mas
muita bebida e correrias, perseguições, sujeira e violência” (Valença, 1996:
13).
O entrudo era uma verdadeira “batalha para molhar alguém com
água jogada de balde, bacia ou seringa, com arremesso de limão de cheiro”.
Nestes dias, “homens e mulheres se empenhavam em loucas
correrias e agarramentos, jogando água. Era um salve-se quem puder!”.
Em países como a França, o carnaval acontecia em forma de desfiles
urbanos, regados a músicas tradicionais, os carnavalescos usavam máscaras e
fantasias.
Em 1797,
o Carnaval de Veneza foi, durante muito tempo, o
Carnaval mais famoso (embora Napoleão
tenha abolido a festa. Em 1979, a tradição de Veneza tenha
sido restaurada.
Da
Itália, as tradições do Carnaval se espalharam para Espanha, Portugal e França,
e da França para a Nova França na América do Norte. De Espanha e Portugal, se
espalhou com a colonização para o Caribe e a América Latina.
Nota:
- A origem do
carnaval de Porto Alegre tem início com o “Entrudo”, brincadeira trazida pelos açorianos (Arquipélago
dos Açores), na qual as pessoas atiravam umas nas outras os chamados limões
(uma bola de cera do tamanho de um limão, cheia de perfume), e havia casos em
que se atiravam ovos e farinha nas "vítimas".
Século XIX
Continuamente
nos séculos XVIII e XIX, como parte dos
abusos cometidos contra judeus na Saturnalia
em Roma, rabinos de guetos eram forçados a marchar através das ruas da cidade
usando trajes ridículos, sendo expostos à multidão.
No início do século XIX, na Renânia alemã e Países Baixos do Sul, a tradição
medieval enfraquecida do Carnaval também foi revivida.
O “Entrudo” (um tipo de carnaval), festa pagã, que mais animava a população,
com brincadeiras de invadir as casas dos amigos e jogar água.
Definição:
“Entrudo” no Novo Dicionário de Língua Portuguesa, de 1861,
a respeito do jogo:
Entrudo, s. m. (intróito de quaresma) os três dias que precedem a quaresma
ou quadragésima, durante os quais é uso em alguns países divertir-se o povo
banqueteando-se, molhando-se uns aos outros, empoando-se e fazendo outras peças
jocosas; carnaval. Dia de entrudo, a terça-feira que precede à quarta-feira de
cinza, primeiro dia da quaresma.
Jogar o entrudo, entrudar.
Passar o entrudo, botar o entrudo fora, divertir-se, banquetear-se;
comer lautamente carne antes da quaresma.
Ter o entrudo fora com alguém, divertir-se com essa pessoa por ocasião
do entrudo.
O nosso entrudo corresponde e é uma imitação das Saturnais da antiga
Roma (Faria, 1861. Apud. Flores, 1999: 149).
A brincadeira ou “jogar” o Entrudo consistia
em batalhas entre os foliões nas ruas e até mesmo dentro das casas, atirando-se
bolinhas de cera cheia de água, às vezes perfumadas, chamadas “limões de cheiro”.
Outros foliões recorriam a bacias e baldes para lançar água, até todos
ficarem ensopados.
Em 1823,
na
Renânia, o primeiro desfile de Carnaval moderno ocorreu em Colônia.
Em 1830, pelo final,
na Corte no Rio de Janeiro, começou os primeiros movimentos em
direção ao surgimento das sociedades carnavalesca.
Foi por essa época que as elites cariocas começaram
a copiar o carnaval que se fazia em Paris, procurando se afastar do conjunto de
brincadeiras conhecido com “Entrudo”.
O modelo francês fez com que a moda dos Bailes de
Máscaras, Bailes à Fantasia ou Bals Masqués fosse rapidamente copiada pela
Corte.
Aos poucos o ato de se deslocar das casas ou das
sedes das sociedades - nome dado a grupos que se reuniam para encontros e
tertúlias - até os salões de bailes foi se tornando um evento por si só.
Desfilar pela cidade em carruagens abertas,
exibindo à população as ricas fantasias importadas de Paris tornar-se-ia um dos
grandes prazeres da burguesia durante os dias de carnaval.
O povo do Rio de Janeiro, capital do Império,
assistia a passagem desses grupos fantasiados com grande interesse, saudando
sua passagem do modo a que estava acostumado, ou seja, lançando sobre eles seus
limões de cheiro.
Para evitar esse confronto, os passeios ficavam
cada vez mais organizados em verdadeiros séquitos de carruagens.
Em 1836, uma petição da comunidade judaica de Roma enviada ao Papa Gregório
XVI para parar com os abusos anuais saturnalistas
obteve uma negação:
"Não é oportuno
fazer qualquer inovação":33,74–75
Em 1840, na Corte no Rio de Janeiro, acontece o primeiro “Baile de Máscaras” no Brasil,
realizado no Hotel Itália.
- Muitos outros surgiram, com maior repercussão e afluência.
Em 1846, na Corte no Rio de Janeiro, é realizado o “Baile de Máscaras” da Sociedade
Constante Poka, no Theatro São Januário.
Século XX
O
Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade
vitoriana do século XX.
A cidade
de Paris foi o principal modelo
exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Santa Cruz de
Tenerife, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspiraram no Carnaval
parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.
Já o Rio
de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com Desfiles de Escolas de Samba para outras cidades do mundo, como São
Paulo, Tóquio e Helsinque.
Cidade de
Porto Alegre
Na época, em Porto Alegre, no carnaval a cidade inteira se
animava, festejava o “entrudo”, como eram chamados antigamente os três
dias que precediam a Quaresma.
- O Alto da Bronze, em Porto Alegre, no início da Rua da
Igreja (Duque de Caxias) e o Areal da Baronesa (entrada do
arraial Menino Deus) eram núcleos de resistência da raça negra, onde
preservavam e defendiam seus valores e tradições, os cultos africanos, rezas,
danças e cantos, ao som de percussão (tambores, urucungo, age, machachá e
sopapo).
- Durante muito tempo, “Entrudo” significava “o mesmo que
Carnaval: um conjunto de brincadeiras e folguedos realizados quarenta dias
antes da Páscoa” (Cunha, 2001: 25)
A brincadeira do entrudo entra no
carnaval em Porto Alegre, na capital da Província do Rio Grande de São Pedro, a
partir da década de setenta do século XIX.
Entrudo Surge
O Entrudo era um costume bastante ligado às práticas
carnavalescas desde os primórdios do Cristianismo.
O Carnaval – ou Carnal – era
uma época que se opunha à Quaresma e na qual era permitido comer carne.
O Antruejo – companheiro do
termo português para entrudo – fazia parte deste conjunto de fenômenos
que “só tem sentido como catarse preparatória para justificar a entrada na
quaresma” (Baroja, 1999: 171).
Suas origens são ainda mais remotas e – para alguns autores – remetem às
Saturnálias e Matronálias do Paganismo.
“É nítido que as tradições remanescentes das Saturnais
“permaneceram vivas no carnaval da Idade Média”, que representou com maior
plenitude e pureza do que outras festas da mesma época, a idéia de renovação
Universal” (Bakhtin, 1993: 6).
Saturnais
- Festas romanas em honra a “Saturno” que se realizavam em
fins de dezembro e durante as quais se trocavam votos e presentes e se concedia
aos escravos maior liberdade. Festas nas quais predomina a licenciosidade,
orgia.
Seja de origem Cristã ou remetendo aos tempos do Paganismo, o – Carnaval e
o Entrudo – torna-se uma tradição por toda a Europa, sendo
que, na Península Ibérica, “ao contrário dos luxuosos bailes de
máscara do resto da Europa, o Carnaval da Idade Moderna é caracterizado pelas
corridas desordenadas em que as pessoas atiram umas nas outras, água suja,
ovos, fezes, farina e outras substâncias” (Krawczyk, Germano e Possamai,
1992: 11).
“Nós, portugueses, nunca compreendemos que o entrudo pudesse ser uma
festa d’arte como na Itália da renascença, ou uma festa d’espírito como na
França de Luis XIX . O nosso entrudo foi sempre, desde o século XVII,
fundamental e caracterizadamente porco. E mais: - boçal, imundo, desordeiro e
criminoso” (Júlio Dantas, 1909. Apud. Albin, 2006: 160).
O carnaval em Portugal não se caracterizou pelo refinamento dos bailes
de máscaras, como franceses e italianos.
Desde o século XVII, os portugueses
brincavam nas ruas de Lisboa um carnaval diferente. Correndo desordenadamente
de um lado para o outro, atirando ovos crus, líquidos de toda espécie, farinha
e substâncias menos limpas nos transeuntes, os lisboetas e habitantes da cidade
do Porto participavam de um tipo de carnaval característico da Península.
Contudo, as práticas do entrudo abarcavam uma diversidade muito maior de
diversões e de jogos, pois “esses festejos variavam de região
para região e em cada cidade se apresentavam como uma reunião das brincadeiras
típicas do lugar. Muitas dessas diversões possuíam características agressivas,
possivelmente herdadas dos charivaris medievais, durante os quais certos grupos
de pessoas criticavam as atitudes que desviavam da norma social através de
zombarias e pancadarias simbólicas” (Ferreira, 2006: 12).
Entretanto, com as críticas de parte daqueles que queriam a extinção
desta brincadeira, considerada bárbara e pouco educada, e sua substituição por
práticas carnavalescas mais sofisticadas – como as praticadas na França ou na
Itália – os dias de entrudo deixaram de ser considerados como “um momento do ano
que abrangia todo tipo de comemoração e passam a ser vistos como um jogo com
regras e formatos específicos. Um jogo que resumia tudo aquilo que deveria ser
extinto para dar lugar ao novo e civilizado carnaval nos moldes parisienses”.
Entre as Mulheres, além da molhadeira, compreendia-se uma série de
troças de mascarados, bem como a pregação de peça em conhecidos ou passantes:
“Dias de Molhadeiras, mas também dias de mentira e das pilherias que
podiam, por vezes dar margem a incidentes desagradáveis se realizados fora de
seu contexto específico”.
Havia também, o costume das Mulheres de prepararem “empadas ocas ou
recheadas com insetos para servir aos incautos, ou biscoito e pão-de-ló
temperados com boas doses de vermífugos ou purgantes”.
Nesse jogo, todos brincavam:
“Homens austeros, estudantes, mulheres de postura recatada, crianças,
escravos, trabalhadores livres. O grande apelo da festa era participar. Não
havia graça em preparar armadilhas e engodos sem se arriscar a ser uma possível
vítima a qualquer instante” (Soihet, 1998: 66).
Nota:
- O “Entrudo” consistia em jogar Limão-de-Cheiro (uma bola
de cera do tamanho de um limão, cheia de agua perfumada), uns nos outros.
É claro que a
coisa descambava, e havia casos em que se atiravam ovos e para completar,
farinha nas "vitimas".
Daí vê-se o porquê
de suas várias proibições.
Nota:
- Antes dos planos de urbanização, os
Códigos de Posturas eram importantes instrumentos de controle político do meio
urbano, apesar da tentativa das autoridades em tentar deter o jogo do “Entrudo”, ele continuava existindo.
Nota:
- Não existem referências sobre regras
do jogo do “Entrudo” em relação ao
gênero, se homens não poderiam molhar outros homens, somente mulheres.
Em relação a elas há referência de
mulheres brincando com mulheres.
Sabe-se que escravos não podiam molhar seus senhores e sim brincar
somente entre eles (Cf. Franco, 1998: 100).
O que demonstra o quanto a brincadeira do “Entrudo” mexia com a
rotina e com o viver das pessoas da provinciana Porto Alegre.
Nota:
- No Rio de Janeiro os
jornais freqüentemente associavam o “Entrudo” ao Império, fazendo duras críticas a eles.
D. Pedro I, quanto seu filho D. Pedro II, parecem ter sido ardorosos
jogadores (Valença, 1996: 14) e, aos olhos de quem defendia o novo carnaval, o
gosto dos monarcas por tal divertimento parecia “contribuir para
que o entrudo, monarca destronado, persistisse comandando o Carnaval nas
ruas” (Cunha, 2001: 54).
Assim, a tentativa de identificar o entrudo com o imperador indicava
que “a monarquia já era vista, em pleno contexto do abolicionismo e da
propaganda republicana, como algo tão arcaico quanto o velho entrudo, que se
combatia em nome da civilização e do progresso”.
Sociedades
O processo de criação de um novo “Carnaval”, através das
sociedades carnavalescas, deu-se primeiramente no Rio de Janeiro, capital do
Império.
Em 1879, na Corte do Rio de Janeiro é realizado “Baile de Máscaras” no Imperial
Teatro D Pedro II.
Surge o Carnaval
A Polícia acabou proibindo esse tipo de brincadeira e foi surgindo
um “Carnaval” diferente, com confetes e serpentinas, lança-perfumes, fantasias,
cordões e desfiles.
O Carnaval foi grandemente adotada pela população
brasileira, o que tornou-o uma das maiores comemorações do país.
As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, assim
a festa cresceu em quantidade de participantes e em qualidade.
Sobre os festejos que marcam o Carnaval, geralmente nos
deparamos com a lógica e a significação instituídas pelo calendário cristão.
Sob esse contexto, o carnaval compreende um período de celebração que
antecede a resignação espiritual que inclui o período que vai da Quarta-feira
de Cinzas até o Domingo Pascoal.
Somente no século XIX, no final, no Brasil,
surgiram os blocos carnavalescos com carros decorados e pessoas fantasiadas de
forma semelhante ao século XXI.
Embora de origem européia, muitos personagens foram incorporados ao
carnaval brasileiro, por exemplo:
Rei momo,
Pierrô,
Colombina.
Em termos de carnaval, a classe média buscava suas formas de
diversão.
Criam-se “bailes de máscaras e de gala”, onde eram executadas polcas e valsas.
As variadas fantasias só dependiam da imaginação
dos foliões.
Os homens adoravam se vestir de mulher, sendo
ajudados pelas esposas, mães ou irmãs.
Os primeiros blocos carnavalescos eram formados pelos Cordões,
grupo de pessoas e os famosos Corsos “cortejos de carros
de passeios” (carruagens, carroças).
Moralidade
Para o alcance de uma sociedade moderna era necessário o “desenvolvimento de
condições morais e sociais adequadas àquela concepção de progresso que [os
intelectuais] buscavam implementar”.
Assim, era preciso se ter um novo carnaval: o entrudo era considerado
uma brincadeira licenciosa, que proporcionava a perda do controle dos pais e
também da prudência sobre o comportamento feminino, pois durante o festejo
haveria o perigo dos “abraços traiçoeiros que começam na porta da rua e
iam terminar mesmo nas barbas dos senhores pais de família”.
A referida autora também afirma que “o comportamento
sexual referente ao gênero feminino no século XIX era associado – por grande
parte da imprensa escrita – a uma existência virtuosa a ser canalizada ao longo
da vida para o fim maior a que estava destinada a mulher: o casamento e a
maternidade”.
Ao participarem desse temido jogo, as mulheres não estariam praticando
uma existência tão virtuosa assim, podendo prejudicar o objetivo máximo dela, o
casamento.
A partir de 1850, nas cidades do Sul,
durante a formação das elites nos centros urbanos, foram freqüentes as imagens
idealizadas das mulheres e de seus papéis familiares. Essas elites que se formaram,
é que “iriam promover os jornais responsáveis pela divulgação de modelos de
comportamento, especialmente para as mulheres”, como por exemplo,
os comportamentos que se esperavam delas durante os festejos
carnavalescos.
Em 1899, no Rio de Janeiro, capital da República, e escrita
a “primeira música” feita exclusivamente para o carnaval, foi uma
marchinha, "Ó abre alas", composta para o Cordão Rosa
de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga.
Desde então este gênero, que rapidamente caiu no gosto popular, reinaram
ao longo de muitos anos e assim foram transmitidas de geração em geração, tendo
como principais aliados a divulgação radiofônica, os bailes de salão e as
próprias ruas.
No século XX, no Brasil o “Carnaval” foi crescendo e
tornando-se cada vez mais uma festa popular.
As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, as músicas
deixavam o carnaval cada vez mais animado, em quantidade de participantes e
qualidade de festa.
Os bailes públicos passaram também a tomar conta da cidade, não só nos
salões, mas em lugares mais acessíveis ao povo.
- No começo do século XX, os Corsos se tornaram mais
populares, as pessoas decoravam seus carros, fantasiavam-se e, em grupos,
desfilavam pelas ruas das cidades, dando origem aos carros alegóricos.
O carnaval tornou-se cada vez mais popular, e teve um crescimento
considerável neste período, que ocorreu em virtude das “marchinhas
carnavalescas” (músicas que faziam o carnaval mais animado).
- Desde o final do
século XIX, havia desfiles de grupos mascarados das mais
variadas classes sociais, acompanhados por orquestrinhas ou estudantinas com as
mais improváveis formações instrumentais.
A descrição feita no jornal do governo, A
Federação, de Porto Alegre, no carnaval de 1900, descreve no detalhe uma
dessas formações populares e nunca muito bem organizadas:
E lá se foi o
bando onde figuravam dominós de metim de cores desbotadas, os tradicionais
macacos de barba de pau, alguns tipos com casaco virado do avesso e pedaços de
pelego nos rostos; tudo isso ao ruído de uma canglorosa corneta, um bombo com a
pele frouxa, uma caixa de rufo no mesmo estado, pandeiros, violas, violões,
chocalhos, etc.
Um, talvez o mais abastado do grupo, trajava calça
e jaqueta de Zuavo, feitas de belbutina e já muito rafadas; completava-lhe a
toillete um chapéu de papelão ‘a
Directorilo’.
A ‘riqueza’ do vestuário conferiu-lhe a honra de levar a
bandeira: - um pedaço de morim com letreiro ilegível, escrito com pó de
sapatos.
- E lá se foram eles, todos muito suados, muito
ruidosos, muito sujos e sobre tudo… sem nenhum espírito.
Muitas dessas sociedades não eram exclusivamente carnavalescas, como:
- Germânia e os Congos.
Entretanto, durante o carnaval, realizavam desfiles e bailes aos moldes
de esmeraldinos e venezianos, em Porto Alegre.
A importância da introdução das sociedades carnavalescas (que fora
iniciada no Rio de Janeiro), na trajetória desta festa em nosso país:
- O modelo de desfiles, aonde uns assistem ao espetáculo (ao invés de
brincarem juntos) e outros se mostram, em posições de destaque, fora já
praticado ainda em meados do século XIX.
Através do “Carnaval”, apareceu as diferenças sociais que
atingiam a sociedade brasileira:
- De um lado, a festa de rua, ao ar livre e popular;
- Do outro, o carnaval de salão que agradava, sobretudo à classe média
emergente no país.
E mesmo com o grande sucesso dos bailes de salão, foi na esfera popular
que o carnaval adquiriu formas genuinamente autênticas brasileiras.
Em 1907, no Rio de Janeiro, é realizado o primeiro Baile
Infantil, dando início as famosas “Matinês”.
Também se multiplicavam os bailes nas casas das famílias mais abastadas
da cidade.
A Mulher - Rainha do Carnaval
Em 1909, no Rio de Janeiro surgiu o primeiro concurso
premiando a mais Bela Mulher, a Melhor Fantasia e
a Dança mais criativa.
Os prêmios eram jóias valiosas e somente os homens tinham direito a
voto.
- Enfim, o carnaval crescia a cada ano, passando a fazer parte da
realidade cultural do país.
Primeira
Escola de Samba
Escola de Samba
Em 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro,
capital da República, “primeira escola de samba” foi criada,
chamava-se Deixa Falar, na Rua Estácio de Sá.
A denominação "Escola de Samba" foi gozação:
- Na mesma rua ficava a antiga Escola Normal, onde se
formavam professores primários.
Na "Deixa Falar", segundo seus fundadores,
formavam-se "professores de samba".
As cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua
estréia no carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação.
A Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da
região.
Ela acabou por estimular a criação, nos anos seguintes, de outras
agremiações de samba. Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de
samba:
Cada Ano Sai Melhor,
Estação Primeira (Mangueira),
Vai como Pode (Portela),
Vizinha Faladeira e,
Para o Ano sai Melhor.
Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola
de samba Estácio de Sá.
Tipos
Lugares de Brincar
EVOLUÇÃO DO CARNAVAL
As ruas das cidades eram invadidas, nos dias de carnaval, por grupos de
pessoas dispostas a se divertir.
Até as primeiras décadas do século XX não havia grandes
distinções entre os vários tipos de brincadeiras que ocupavam a cidade e que
podiam ser chamadas indistintamente de:
- Cordões, ranchos, grupos, sociedades ou blocos, entre outras
denominações genéricas.
Entrudo
No século XIX, o entrudo da tradição portuguesa de brincar o Carnaval atirando água,
limão-de-cheiro e até farinha.
Blocos
de Sociedade
Os blocos surgiram para diminuir a influência do entrudo, que era um carnaval
bem mais violento. As pessoas jogavam água, pó, bebidas e até urina e fezes.
As brigas entre foliões eram comuns.
Estes blocos, que realizavam corsos (desfiles com cavalos, charretes e
carros), jogavam apenas "limão-de-cheiro", bolinhas de cera do
tamanho de um limão com (teoricamente) perfume dentro.
A Música
A música predominante era o marcheado das marchinhas.
Já nos blocos que surgiam nos bairros negros (Areal da Baronesa e
Colônia Africana) provavelmente predominava os ritmos que desembocaram no
samba.
Clubes Carnavalescos
Na segunda metade do século
XIX, as ruas do Rio de Janeiro se enchiam dos mais
variados tipos de grupos durante os dias de carnaval.
Não havia nenhuma forma de distinção oficial entre
as brincadeiras, que poderiam ser denominadas grupos, ranchos, cordões, blocos,
sociedades ou clubes de acordo com a decisão exclusiva de seus componentes.
Somente a partir das primeiras décadas do século XX é que essas formas
de brincadeira começariam a se diferenciar umas das outras, incentivadas pelos
concursos patrocinados pela imprensa especializada, pela publicação dos
trabalhos de folcloristas – como Mello Moraes Filho – e pela oficialização do
carnaval carioca a partir de 1932.
Com a valorização dos ranchos, cordões e blocos,
aos poucos a categoria clube carnavalesco vai deixando de existir.
Durante algum tempo, entretanto, o nome 'clube
carnavalesco' seria sinônimo de grande sociedade, ou sociedade carnavalesca.
Algumas
Sociedades Famosas
O Congresso das Sumidades Carnavalescas (ou Congresso das Summidades Carnavalescas,
na grafia da época) foi um clube de fins carnavalescos, também considerado a
primeira sociedade carnavalesca do Brasil.
Seu desfile inaugural deu-se em 1855, com membros da alta sociedade brasileira vestidos de
cossacos da Ucrânia, clarins escoceses, Dom Quixote, mandarins, nobres do
Cáucaso, Fernando, o Católico, entre outras luxuosas fantasias de inspiração
europeia.
Rio
de Janeiro
O escritor José de Alencar, então com
26 anos, foi um de seus sócios-fundadores. Apesar de ser considerada como a
primeira sociedade, sabe-se da existência, em
1855, no Rio de Janeiro, de outro grupo similar intitulado Sociedade
Veneziana.
O Congresso das Sumidades Carnavalescas, abriu
caminho para o surgimento de outras sociedades carnavalescas e, anos mais
tarde, das chamadas grandes sociedades.
Os Democráticos foram
uma sociedade carnavalesca da cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1867.
Eram uma sociedade caracterizada principalmente
pelas críticas políticas em seus desfiles.
Em 1882, uma frase dita por sua diretoria foi: "Não se pode celebrar o Carnaval de modo
ingênuo ou alienado".
Sociedade Carnavalesca Tenentes do Diabo foi uma sociedade carnavalesca que existiu no Rio de
Janeiro no início do século XX,
e que originou uma outra sociedade de mesmo nome em Desterro (Florianópolis),
Santa Catarina: - Sociedade Carnavalesca Tenentes do Diabo.
Cordões
Animavam as ruas ao som dos instrumentos de percussão.
Sofreram forte influência dos rituais festivos e religiosos trazidos da
África, legando para as gerações seguintes o costume de se fantasiar no
carnaval.
Os cordões possuíam música própria, desfilavam com estandarte e eram
comandados pelo apito de um mestre. Daí a importância que tiveram para a
formação das futuras escolas de samba.
O primeiro cordão surgiu em 1885, no Rio de Janeiro, e
denominava-se Flor de São Lourenço.
Depois deste, outros ocuparam as ruas e assim sucessivamente, atingindo
o auge de sua popularidade nos primeiros anos do século XX.
Ranchos
Assim como o cordão, o rancho era uma agremiação carnavalesca modesta,
composta por pessoas humildes.
Fez a sua primeira aparição no carnaval carioca em 1873.
Os ranchos já existiam na cidade antes dessa data por influência
nitidamente religiosa. Desfilavam em comemoração aos festejos natalinos no dia 06 de janeiro (Dia de Reis).
Fantasiados de pastores e pastoras que rumavam a Belém, o grupo percorria a
cidade cantando e pedindo agasalhos em casas de família.
Por possuir letra e música próprias, acabaram por criar um gênero
musical cadenciado, com grande riqueza melódica: - a “marcha-rancho”.
Com a evolução das escolas de samba, por volta de 1920, os ranchos entraram em declínio, deixando para a
posteridade as figuras do mestre-sala, da porta-estandarte e das pastoras
ricamente adornadas.
Corso
Corso carnavalesco, ou simplesmente corso, é o nome
que os passeios das sociedades carnavalescas do século
XIX adquiriram no início
do século XX, no Rio de Janeiro, após uma tentativa de se
reproduzir no país as batalhas de flores características dos carnavais mais
sofisticados da virada do século, como, por exemplo, o da cidade de Nice, no
sul da França.
A brincadeira consistia no desfile de carruagens
enfeitadas – e, posteriormente, de automóveis sem capota –, repletos de foliões
que percorriam o eixo Avenida Central-Avenida Beira-Mar.
Ao se cruzarem, os ocupantes dos veículos
(geralmente grupos fantasiados) lançavam uns nos outros, confetes, serpentinas
e esguichos de lança-perfume.
Por sua própria natureza, o corso era uma
brincadeira exclusiva das elites, que possuíam carros ou que podiam pagar seu
aluguel nos dias de carnaval.
O corso era o mais difundido evento do carnaval
carioca na primeira década do século XX, ocupando todo eixo carnavalesco durante os três
dias de folia e abrindo espaço somente (e mesmo assim em horários
predeterminados) para os grupos populares (chamados genericamente de ranchos)
na noite de segunda-feira e para as Grandes Sociedades, na noite de terça-feira
gorda.
Os grandes centros urbanos brasileiros rapidamente
aderiram à moda surgida na capital da República e passaram a apresentar corsos
em suas principais artérias durante o carnaval.
Uma importante divulgação do corso aconteceu
durante o carnaval de 1907, quando
as filhas do então presidente da República Afonso Pena, fizeram um
passeio no automóvel presidencial, pela Avenida Beira-Mar, no Rio de
Janeiro, pela via carnavalesca, de ponta a ponta, estacionando depois defronte à
porta de um edifício, de onde apreciaram a festa.
Fascinados pela idéia, os foliões que tinham carro começaram a desfilar
pela avenida, realizando calorosos duelos com outros veículos.
Segundo Eneida de Moraes, autora do
livro História do carnaval carioca, a popularização dos automóveis afastou os
foliões das classes alta e média, e nos anos
1940, o corso acabaria desaparecendo de vez.
Felipe Ferreira,
em seu O livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, sugere que o surgimento de
bailes exclusivos para elite (como o famoso Baile do Municipal) após a
organização oficial do carnaval carioca em 1932, teve papel determinante na
decadência do corso.
Há quem afirme que o corso desapareceu com a modernização dos
automóveis, quando os veículos de capota alta foram substituídos pelos de linha
mais simples. É bem provável que a popularização dos automóveis tenha de fato
afastado os foliões das classes alta e média.
Na verdade, muitos foram os motivos para o desaparecimento do corso:
- Dificuldade do tráfego, que já em
1925 amedrontava os foliões,
- O alto custo da gasolina e a descentralização do carnaval fizeram com
que a população fosse buscar outros tipos de manifestação para poder comemorar
os festejos de Momo.
Blocos
Os primeiros registros de blocos datam de 1889, no Rio de Janeiro:
- Grupo Carnavalesco São Cristóvão, Bumba meu Boi, Estrela da Mocidade,
Corações de Ouro, Recreio dos Inocentes, Um Grupo de Máscaras, Novo Clube
Terpsícoro, Guarani, Piratas do Amor, Bondengó, Zé Pereira, Lanceiros, Guaranis
da Cidade Nova, Prazer da Providência, Teimosos do Catete, Prazer do Livramento,
Filhos de Satã e Crianças de Família.
Os blocos situam-se a meio caminho entre os louváveis ranchos e os
freqüentemente condenados cordões.
É essa característica ambivalente que faria dos blocos a inspiração para
as os grupos de samba que buscariam a aceitação da sociedade no final da década de 1920 e que passariam a ser denominados de escolas de samba a
partir da década de 1930.
Existem
04 tipos de Blocos:
Bloco de Enredo: São blocos análogos a escolas de samba.
Possuem samba-enredo, embora normalmente estes sejam mais curtos que os
das escolas de samba.
Muitas Escolas de Samba, especialmente dos grupos inferiores, foram
blocos de enredo anteriormente;
Bloco de Embalo: No Rio de Janeiro, são todos os blocos que não
são de enredo nem se identifiquem com outra manifestação carnavalesca
pré-existente.
Bloco das Piranhas: São manifestações populares dada a todos os
blocos carnavalescos formados por homens que se vestem com roupas de mulher
para brincar o carnaval.
Bloco de Sujo: São manifestações populares típicas do carnaval de rua, onde uma banda
e centenas de foliões, com fantasias improvisadas ou mesmo de roupa comum,
desfilam pelas ruas da cidade, cantando e sambando marchinhas carnavalescas e
sambas-enredo das escolas de samba.
Algumas bandas fazem músicas com letras em tom de ironia e deboche, com
a marca do humor brasileiro, num carnaval de muita alegria e descontração.
Alguns Blocos Famosos do Rio de Janeiro:
* Banda de Ipanema,
* Bafo da Onça,
* Boêmios de Irajá,
* Cacique de Ramos,
* Escravos da Mauá,
* Monobloco,
* Simpatia é Quase Amor,
* Suvaco do Cristo.
O Corso, desfile de carros alegóricos
pelas ruas de Porto Alegre, marcava uma festa vivenciada pela camada mais
abastada da população.
Escola
de Samba
Nas primeiras décadas do século XX, as escolas de samba não possuíam toda estrutura e
organização como nos dias atuais.
Eram organizadas de forma simples, com poucos integrantes e pequenos
carros alegóricos.
A competição entre elas não era o mais importante, mas sim a alegria e a
diversão.
Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começaram os
primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e
animada.
Na década de 1970, no início, as Escolas de Samba atraiu um novo meio de comunicação: a Televisão,
com transmissão à cores, pela TV Tupi,
o prestígio aumentava a cada ano e o carnaval passou a ser encarado um dos
maiores espetáculos do mundo.
As Escolas de Samba trabalham
o ano inteiro para serem julgadas em uma única apresentação realizada no
Sambódromo.
Cerca de cinco mil desfilantes ensaiam nas quadras, sendo eles
sambistas, passistas, mestre-sala, porta-bandeira, destaques, alas e também os
participantes da orquestra e da bateria.
Chegado o grande dia, tudo deve estar em perfeita ordem e harmonia, e
samba na ponta da língua.
A Seqüência da Apresentação das Escolas de
Samba (existe alteração de critérios de cidade para cidade):
• Comissão de Frente cria uma certa expectativa no
público por sua coreografia diferenciada e também em relação ao enredo da agremiação.
É formada por no máximo quinze pessoas, podendo ser homens, mulheres e
crianças;
• Abre-Alas é onde tudo começa. É nele que a escola
expõe seu símbolo destaque;
• Alas são grupos de mesma fantasia que fica entre as
alegorias. Nela está o sambista que até cruzar o fim da avenida se esbalda
podendo perder até dois quilos;
• Alegorias e Adereços são partes importantes no
desfile. Os carros alegóricos contam a maior parte do enredo. Nos chamados
queijos, ficam os destaques principais da agremiação;
• Destaques desfilam isoladamente no chão ou nos carros
alegóricos. Usam fantasias representando personagens do enredo;
• Ala das Crianças é opcional por escola, com
autorização do Juizado de Menores e acompanhamento do Conselho Tutelar;
• Mestre-Sala e a Porta-Bandeira levam o estandarte da
escola usando fantasias luxuosas que podem pesar até quarenta quilos;
• Bateria, com cerca de 350 integrantes, é alinhada por
instrumentos guiados pelo mestre. Os instrumentos usados são: tamborim,
pandeiro, chocalho, reco-reco, tarol, agogô, cuíca, repinique, caixa de guerra
e surdos de primeira, segunda e terceira marcação;
• Algumas Escolas têm Rainhas, Princesas e Madrinhas de
bateria, que são mulheres bonitas escolhidas no meio artístico ou por concursos
na comunidade;
• Intérprete Oficial é responsável por cantar em média
65 vezes o samba-enredo durante o desfile. É acompanhado por cantores de apoio,
mas ele é quem determina o andamento do samba;
• Passistas (femininos e masculinos) são responsáveis
por preencher os espaços deixados pelos bateristas. Sambam com muito charme e
sensualidade;
• Ala das Baianas é composta por senhoras, sendo
algumas bem idosas que, apaixonadas por sua escola, sustentam o peso de quinze
quilos em suas fantasias;
• Ala dos Compositores é formada pelos poetas da escola
que compõem os sambas até que um seja escolhido como oficial.
• Velha Guarda encerra o espetáculo e é composta por
integrantes que participaram da fundação da Escola.
Durante a apresentação das Escolas de Samba,
os Juízes julgam:
• A bateria que deve estar perfeitamente entrosada;
• O samba-enredo que deve ter a letra adequada ao enredo e
melodia-samba;
• Os cantores e o intérprete que devem estar em harmonia;
• As alas e destaques que também devem permanecer coesos;
• O enredo que deve estar claro durante a apresentação;
• O conjunto do desfile que deve estar uniforme e harmonioso;
• As alegorias e adereços que devem ser criativos e bem feitos;
• As fantasias que devem estar adequadas ao enredo;
• A comissão de frente que deve saudar o público e apresentar o enredo
coordenamente;
• O mestre-sala e porta-bandeira que devem estar em perfeito
entrosamento e no ritmo do samba.
Século XXI
Principais
Escolas de Samba
Rio
de Janeiro
2012
Beija-Flor de Nilópolis
Acadêmicos do Grande Rio
Unidos da Tijuca
Estação Primeira de Mangueira
Unidos do Viradouro
Acadêmicos do Salgueiro
Unidos de Vila Isabel
Imperatriz Leopoldinense
Portela
Mocidade Independente de Padre Miguel
União da Ilha do Governador
Império Serrano
Império da Tijuca
Unidos do Porto da Pedra
Paraíso do Tuiuti
Unidos de Padre Miguel
Caprichosos de Pilares
São Clemente
Acadêmicos de Santa Cruz
Acadêmicos da Rocinha
Inocentes de Belford Roxo
Estácio de Sá
Renascer de Jacarepaguá
Acadêmicos do Cubango
Tradição
Escola de Samba Campeãs
Vencedoras dos desfiles no Rio de Janeiro:
Vencedoras dos desfiles no Rio de Janeiro:
Ano | Escola campeã | Enredo | Carnavalesco | Ref. |
---|---|---|---|---|
1932 | Mangueira | "Sorrindo" e "Na Floresta" | [1] | |
1933 | Mangueira | Uma Segunda-feira no Bonfim da Bahia | [2] | |
1934 | Mangueira | República da Orgia | [3] | |
Recreio de Ramos | [4] | |||
1935 | Vai Como Pode | O samba dominando o mundo | Antônio Caetano | [5] |
1936 | Unidos da Tijuca | Sonhos delirantes | [6] | |
1937 | Vizinha Faladeira | Uma só bandeira | [7] | |
1938 | Apuração não foi realizada | [8] | ||
1939 | Portela | Teste ao Samba | Paulo da Portela | [9] |
1940 | Mangueira | Prantos, Pretos e Poetas | [10] | |
1941 | Portela | Dez Anos de Glória | Paulo da Portela e Lino Manoel dos Reis | [11] |
1942 | Portela | A Vida do Samba | Lino Manoel dos Reis | [12] |
1943 | Portela | Carnaval de guerra | Liga da Defesa Nacional | [13] |
1944 | Portela | Brasil Glorioso | Liga da Defesa Nacional | [14] |
1945 | Portela | Motivos Patrióticos | Liga da Defesa Nacional | [15] |
1946 | Portela | Alvorada do Novo Mundo | Lino Manoel dos Reis | [16] |
1947 | Portela | Honra ao Mérito | Euzébio e Lino Manoel dos Reis | [17] |
1948 | Império Serrano | Homenagem a Antônio Castro Alves | [18] | |
1949 | Império Serrano (FBES) | Exaltação a Tiradentes | [19] | |
Mangueira (UGESB) | Apologia aos mestres | |||
1950 | Império Serrano (FBES) | Batalha Naval do Riachuelo | [20] | |
Mangueira (UCES) | Plano SALTE - Saúde, Lavoura, Transporte e Educação | [21] | ||
Prazer da Serrinha (UGESB) | [22] | |||
Unidos da Capela (UGESB) | ||||
1951 | Império Serrano (FBES) | Sessenta e Um Anos de República | [23] | |
Portela (UGESB) | A Volta do Filho Pródigo | Lino Manoel dos Reis | [24] | |
1952 | Apuração não foi realizada | [25] | ||
1953 | Portela | As Seis Datas Magnas | Lino Manoel dos Reis | [26] |
1954 | Mangueira | Rio de Janeiro de Ontem e Hoje | [27] | |
1955 | Império Serrano | Exaltação a Caxias | [28] | |
1956 | Império Serrano | Caçador de Esmeraldas ou Sonhos das Esmeraldas | [29] | |
1957 | Portela | Legados de D. João VI | Djalma Vogue, Candeia e Joacir | [30] |
1958 | Portela | Vultos e Efemérides do Brasil | Djalma Vogue | [31] |
1959 | Portela | Brasil, Panteon de Glórias | Djalma Vogue | [32] |
1960 | Portela | Rio, Capital Eterna do samba ou Rio, cidade eterna | Djalma Vogue | [33] |
Mangueira | Glória ao Samba ou Carnaval de todos os tempos | |||
Salgueiro | Quilombo dos Palmares | Fernando Pamplona | ||
Unidos da Capela | Produtos e Costumes de Nossa Terra | |||
Império Serrano | Medalhas e Brasões | |||
1961 | Mangueira | Reminiscências do Rio Antigo | [35] | |
1962 | Portela | Rugendas: Viagens pitorescas através do Brasil | Nelson de Andrade | [36] |
1963 | Salgueiro | Chica da Silva | Arlindo Rodrigues | [37] |
1964 | Portela | O Segundo Casamento de D. Pedro I | Nelson de Andrade | [38] |
1965 | Salgueiro | História do Carnaval Carioca - Eneida | Fernando Pamplona | [39] |
1966 | Portela | Memórias de um Sargento de Milícias | Nelson de Andrade | [40] |
1967 | Mangueira | O mundo encantado de Monteiro Lobato | [41] | |
1968 | Mangueira | Samba, festa de um povo | [42] | |
1969 | Salgueiro | Bahia de Todos os Deuses | Fernando Pamplona | [43] |
1970 | Portela | Lendas e Mistérios da Amazônia | Clóvis Bornay | [44] |
1971 | Salgueiro | Festa Para um Rei Negro | Fernando Pamplona | [45] |
1972 | Império Serrano | Alô, alô, taí Carmem Miranda | Fernando Pinto | [46] |
1973 | Mangueira | Lendas do Abaeté | Júlio Mattos | [47] |
1974 | Salgueiro | O Rei de França na Ilha da Assombração | Joãosinho Trinta | [48] |
1975 | Salgueiro | O Segredo das Minas do Rei Salomão | Joãosinho Trinta | [49] |
1976 | Beija-Flor | Sonhar com Rei dá Leão | Joãosinho Trinta | [50] |
1977 | Beija-Flor | Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egípciana | Joãosinho Trinta | [51] |
1978 | Beija-Flor | A criação do mundo na tradição nagô | Joãosinho Trinta | [52] |
1979 | Mocidade | O Descobrimento do Brasil | Arlindo Rodrigues | [53] |
1980 | Imperatriz | O que que a Bahia tem? | Arlindo Rodrigues | [54] |
Beija-Flor | O Sol da Meia-noite, uma viagem ao país das maravilhas | Joãosinho Trinta | ||
Portela | Hoje tem Marmelada! | Viriato Ferreira | ||
1981 | Imperatriz | O teu cabelo não nega (Só dá Lalá) | Arlindo Rodrigues | [55] |
1982 | Império Serrano | Bum Bum Paticumbum Prugurundum | Rosa Magalhães e Lícia Lacerda | [56] |
1983 | Beija-Flor | A grande constelação das estrelas negras | Joãosinho Trinta | [57] |
1984 | Mangueira | Yes, nós temos Braguinha | Max Lopes | [58] |
Portela | Contos de Areia | Edmundo Braga e Paulino Espírito Santo | ||
1985 | Mocidade | Ziriguidum 2001 - Carnaval nas estrelas | Fernando Pinto | [60] |
1986 | Mangueira | Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm | Júlio Mattos | [61] |
1987 | Mangueira | O Reino das Palavras, Carlos Drummond de Andrade | Júlio Mattos | [62] |
1988 | Vila Isabel | Kizomba, a festa da raça | Paulo César Cardoso, Milton Siqueira e Ilvamar Magalhães | [63] |
1989 | Imperatriz | Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós! | Max Lopes | [64] |
1990 | Mocidade | Vira, virou, a Mocidade chegou | Renato Lage e Lilian Rabello | [65] |
1991 | Mocidade | Chue... Chuá... As águas vão rolar | [66] | |
1992 | Estácio | Paulicéia Desvairada - 70 anos de Modernismo | Mário Monteiro e Chico Spinoza | [67] |
1993 | Salgueiro | Peguei um Ita no Norte | Mário Borrielo | [68] |
1994 | Imperatriz | Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e dos Tabajéres | Rosa Magalhães | [69] |
1995 | Imperatriz | Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube, lá no Ceará | Rosa Magalhães | [70] |
1996 | Mocidade | Criador e Criatura | Renato Lage | [71] |
1997 | Viradouro | Trevas! Luz! A explosão do Universo | Joãosinho Trinta | [72] |
1998 | Mangueira | Chico Buarque da Mangueira | Alexandre Louzada | [73] |
Beija-Flor | Pará – O mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-anu | Anderson Müller, Cid Carvalho, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva, Nelson Ricardo, Amarildo de Mello, Paulo Führo e Vitor Santos | ||
1999 | Imperatriz | Brasil, mostra a sua cara em... Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae | Rosa Magalhães | [74] |
2000 | Imperatriz | Quem descobriu o Brasil foi Seu Cabral do dia 22 de abril, dois meses depois do Carnaval | Rosa Magalhães | [75] |
2001 | Imperatriz | Cana caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, Pernambuco... Quero vê descê o suco na pancada do ganzá | Rosa Magalhães | [76] |
2002 | Mangueira | Brasil com Z é pra cabra da peste, Brasil com S é Nação do Nordeste | Max Lopes | [77] |
2003 | Beija-Flor | O povo conta a sua história: Saco vazio não para em pé – A mão que faz a guerra, faz a paz | Laíla, Cid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva | [78] |
2004 | Beija-Flor | Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz | Laíla, Cid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva | [79] |
2005 | Beija-Flor | O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor | Laíla, Cid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva | [80] |
2006 | Vila Isabel | Soy loco por ti, América - A Vila canta a latinidade | Alexandre Louzada | [81] |
2007 | Beija-Flor | Áfricas: do Berço Real à Corte Brasiliana | Laíla, Fran-Sérgio, Shangai, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada | [82] |
2008 | Beija-Flor | Macapabá: Equinócio Solar, Viagens Fantásticas ao Meio do Mundo | Laíla, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada | [83] |
2009 | Salgueiro | Tambor | Renato Lage | [84] |
2010 | Unidos da Tijuca | É segredo! | Paulo Barros | [85] |
2011 | Beija-Flor | A Simplicidade de um Rei | Laíla, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada | [86] |
2012 | Unidos da Tijuca | O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão | Paulo Barros | [87] |
2013 | Vila Isabel | A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo - "Água no feijão que chegou mais um" | Rosa Magalhães | [88] |
2014 | Unidos da Tijuca | Acelera Tijuca! | Paulo Barros | [89] |
2015 | Beija-Flor | Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade | Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos, André Cezari, Bianca Behrends e Cláudio Russo | [90] |
2016 | Mangueira | Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá | Leandro Vieira |
Títulos por Escola
Total | Agremiação | Anos |
21 | Portela | 1935, 1939, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1951, 1953, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962, 1964, 1966, 1970, 1980 e 1984 |
19 | Mangueira | 1932, 1933, 1934, 1940, 1949, 1950, 1954, 1960, 1961, 1967, 1968, 1973, 1984*, 1984*, 1986, 1987, 1998, 2002 e 2016 |
13 | Beija-Flor | 1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011 e 2015 |
9 | Salgueiro | 1960, 1963, 1965, 1969, 1971, 1974, 1975, 1993 e 2009 |
Império Serrano | 1948, 1949, 1950, 1951, 1955, 1956, 1960, 1972 e 1982 | |
8 | Imperatriz | 1980, 1981, 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001 |
5 | Mocidade | 1979, 1985, 1990, 1991 e 1996 |
4 | Unidos da Tijuca | 1936, 2010, 2012 e 2014 |
3 | Vila Isabel | 1988, 2006 e 2013 |
2 | Unidos da Capela | 1950 e 1960 |
1 | Viradouro | 1997 |
Estácio | 1992 | |
Prazer da Serrinha | 1950 | |
Vizinha Faladeira | 1937 | |
Recreio de Ramos | 1934 |
Sábado
de Zé Pereira
Terça-feira
Gorda
Quarta-feira
de Cinzas
Principais Figuras Carnavalescas
Colombina
Como Pierrô e Arlequim, é um personagem da Comédia Italiana, uma
companhia de atores que se instalou na França entre os séculos XVI e XVIII para
difundir a Commedia dell'Arte, forma teatral original com tipos regionais e
textos improvisados. Colombina era uma criada de quarto esperta, sedutora e
volúvel, amante do Arlequim, às vezes vestia-se como arlequineta, em trajes de
cores variadas, como os de seu amante.
Arlequim
Rival de Pierrô pelo amor de Colombina, usava traje feito a partir de
retalhos triangulares de várias cores. Representa o palhaço, o farsante, o
cômico.
Pierrô
Personagem sentimental, tem como uma de suas principais características
a ingenuidade.
Rei
Momo
Personagem que personifica o carnaval brasileiro.
É considerado o dono do carnaval, é quem comanda a folia.
Possui uma personalidade zombeteira, delirante e sarcástica.
A figura carnavalesca é inspirada em personagem da Antiguidade clássica.
Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio.
Usando um gorro com guizos e segurando em uma mão uma máscara e na outra
uma boneca, ele vivia rindo e tirando sarro dos outros deuses.
Com esse jeitão esculachado, aprontou tantas que acabou expulso do
Olimpo, a morada dos deuses.
Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura
mitológica a algumas de suas comemorações, principalmente as que envolviam sexo
e bebida. Na Grécia, registros históricos dão conta que os primeiros reis Momos
de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou
4 a.C.
Geralmente, o escolhido era alguém gordinho e extrovertido -
provavelmente vem daí a inspiração para a folia brasileira.
Nos bacanais romanos, os participantes selecionavam um Rei Momo entre os soldados mais belos
do exército.
"Esse ‘monarca’ era o governante de um período de liberdade total e
desfrutava de todas as regalias durante a festa, como comidas, bebidas e
mulheres", diz o historiador Hiram Araújo, diretor cultural da Liga
Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
Em 1933, no Brasil, a tradição de eleger um Rei Momo durante o Carnaval apareceu primeiro no Rio de
Janeiro - DF.
Naquele ano, a coroa foi entregue ao jornalista Morais Cardoso,
que ocupou o trono até morrer, em 1948.
A novidade fez sucesso e hoje várias cidades brasileiras também escolhem
seu Momo.
No seu reinado, o Rei Momo
recebe a chave da cidade do prefeito municipal, que vai simbolicamente governar
durante o Carnaval.
Curiosidade:
- Em 2004, o concurso carioca
trouxe uma novidade: para não estimular a obesidade, o prefeito César
Maia liberou a exigência de peso mínimo para os candidatos ao posto.
Tanto que o vencedor da eleição, o carioca Wagner Monteiro, tem
apenas 85 quilos.
Zé
Pereira
Era um tocador de bumbo que apareceu em 1846 e revolucionou o carnaval carioca. Para alguns estudiosos,
esse era o nome ou apelido dado ao cidadão português José Nogueira de
Azevedo Paredes, supostamente o introdutor no Brasil do hábito português de
animar a folia carnavalesca ao som de bumbos, zabumbas e tambores,
anarquicamente tocados pelas ruas.
A tradição se espalhou rapidamente e o sucesso do "Zé
Pereira" foi tão grande que, 50 anos mais tarde, uma companhia
teatral resolveu representá-lo numa paródia da peça "Les pompiers
de Nanterre" intitulada "Zé Pereira Carnavalesco", na qual o
comediante Francisco Correia Vasquez cantaria com melodia
francesa a quadrinha que se tornaria famosa:
"E viva o Zé Pereira
Pois que ninguém faz mal
Viva a bebedeira
Nos dias de carnaval".
Tendo sido esquecido no começo do século XX, Zé Pereira deixou
como sucessores os ritimistas que acompanhavam os blocos dos sujos tocando
cuíca, pandeiro, reco-reco e outros instrumentos que hoje animam as nossas
escolas de samba.
"ARMAS" do Carnaval
Serpentina
Tira de papel colorido enrolado.
De origem francesa, chegou ao Brasil em 1892.
Confete
Pequenos pedaços de papel colo Procedente da Espanha, surgiu no Brasil
também em 1892.
Lança-Perfume
Bisnaga de vidro, metal, ou plástica que continha éter perfumado.
De origem francesa, chegou no Brasil em 1903.
Grandes Bailes,
Blocos,
Festas e Desfiles
Os Bons Tempos de Muita Diversão!
Carnaval Cidades
Brasil
O
Carnaval do Brasil é uma parte importante da cultura brasileira. É referida
pelos brasileiros como o "Maior Espetáculo na
Terra". A primeira verdadeira expressão carnavalesca desta festa
brasileira, oficialmente reconhecida pelos historiadores brasileiros, ocorreu
através dos entrudos desde o século XV em todo o território da Colônia do
Brasil.
Com essa mistura de costumes e tradições tão diferentes, o Carnaval do
Brasil é um dos maiores espetáculos do mundo e que todos os anos atrai milhares
de turistas dos cinco continentes.
Carnaval Rio de Janeiro
O
carnaval de rua do Rio de Janeiro é designado pela Guinness World Records como o maior carnaval do mundo, com
aproximadamente dois milhões de pessoas por dia.
As
escolas de samba são grandes, entidades sociais com milhares de membros e um
tema para sua música e desfile a cada ano.
No final do século XX no Carnaval do Rio, as escolas de
samba desfilaram no Sambódromo do Rio de Janeiro. Algumas das mais famosas
incluem: GRES Estação Primeira de
Mangueira, GRES Portela, GRES Imperatriz Leopoldinense, GRES Beija-Flor de
Nilópolis, GRES Mocidade Independente de Padre Miguel e, recentemente, GRES
Unidos da Tijuca e GRES União da Ilha do Governador.
Os
turistas locais pagam 500 a 950 dólares, dependendo do traje, para comprar um
traje de samba e dançar no desfile. Cerca de 30 escolas no Rio reúnem centenas
de milhares de participantes.
Os blocos
de carnaval são pequenos grupos informais com um tema definido em seu samba,
geralmente satirizando a situação política. Mais de 440 blocos operam no Rio.
Bandas
são bandas musicais de samba, também chamadas de "bandas de carnaval de rua",
geralmente formadas dentro de um único bairro ou fundo musical. A cadeia da
indústria de Carnaval acumulou em 2012 quase 1 bilhão de dólares em receita.
Carnaval
Recife
O carnaval de Pernambuco conta com dezenas de bonecos gigantes, são uma
das principais atrações durante o carnaval.
Os foliões são extremamente animados.
Uma das grandes atrações é o bloco carnavalesco “Galo da Madrugada”.
O Carnaval do Recife é marcado pelo desfile do maior bloco de carnaval
do mundo, o Galo da Madrugada. Este desfile
acontece no primeiro sábado do Carnaval (sábado de Zé Pereira), passa pelo
centro da cidade de Recife e tem, como símbolo, um galo gigante posicionado na
Ponte Duarte Coelho.
Neste bloco, há uma grande variedade de ritmos musicais, mas o mais
presente é Frevo (ritmo característico de Recife e Olinda que foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela
Unesco).
Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada como o maior bloco de carnaval do
mundo.
O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do
Brasil.
Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o
carnaval no ritmo do frevo e do maracatu.
Carnaval
Bahia
O carnaval baiano é um dos mais calorosos e animados do Brasil e do
mundo.
Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas
dançantes de cantores e grupos típicos da região.
Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê,
além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.
Em 1950, ocorreu a maior
inovação do Carnaval da Bahia com a criação do Trio Elétrico de Dodô, Osmar e Batatinha que
representa a consagração do carnaval de rua.
A primeira apresentação foi feita em cima de um Ford 1929, com guitarras elétricas e som amplificado por auto-falantes,
às cinco da tarde do Domingo de carnaval.
O desfile aconteceu no Centro da cidade arrastando uma verdadeira
multidão. Na verdade, o nome "trio elétrico" só surgiu mesmo
no ano seguinte, quando três músicos se apresentaram em cima do tal carro.
Normalmente esses blocos se apresentam com os trios elétricos e com
cantores famosos.
Nos anos 1970 o carnaval
presenciou o nascimento de grupos históricos, como os Novos Baianos e o bloco
afro Ilê Aiyê, além do renascimento do Filhos de Gandhy.
Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de Salvador, que passou
a enfatizar os conflitos e a protestar contra o racismo.
Na década de 1980, grupos como
Camaleão, Eva e Olodum, entre outros, escreveram seus nomes na história da
festa mais popular da Bahia, dando assim, abertura de continuidade e de criação
de novos e famosos grupos, que animam o carnaval.
Atualmente os trios elétricos, um caminhão com alto-falantes gigantes e
uma plataforma, onde os músicos tocam canções de gêneros locais como axé,
samba-reggae e arrocha, percorre a cidade com uma multidão seguindo enquanto
dançam e cantam.
Três circuitos compõem o festival. Campo Grande é o mais longo e
tradicional. Barra-Ondina é o mais famoso, à beira-mar da Praia da Barra e
Praia Ondina e Pelourinho.
Carnaval
São Paulo
Em São Paulo, os blocos de enredo são administrados pela União das
Escolas de Samba de São Paulo, funcionando como pequenas escolas de samba,
inclusive com sambas-enredo iguais aos destas. Mancha Verde, Gaviões da Fiel e
Torcida Jovem já foram blocos famosos antes de se transformarem em escolas de
samba.
O carnaval paulista é similar ao carnaval carioca. Acontece um grande
desfile das escolas de samba da cidade.
O desfile ocorre em uma passarela projetada por Oscar Niemeyer.
Escolas de Samba vencedoras nos últimos desfiles em São Paulo:
1998 - Vai-Vai
1999 - Vai-Vai, Gaviões da Fiel
2000 - Vai-Vai, X-9 Paulistana
2001 - Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde
2002 - Gaviões da Fiel
2003 - Gaviões da Fiel
2004 - Mocidade Alegre
2005 - Império de Casa Verde
2006 - Império de Casa Verde
2007 - Mocidade Alegre
2008 - Vai-Vai
2009 - Mocidade Alegre
2010 - Rosas de Ouro
2011 - Vai-Vai
2012 - Mocidade Alegre
Porto Alegre
Já foi o quarto Carnaval do Brasil
Capital
da Província do Rio Grande de São Pedro
Na história do “Carnaval de Porto Alegre”, temos como marco
inicial a influência do entrudo, tal brincadeira popular e ingenuamente
estúpida introduzida no país pelos portugueses.
Segundo Heitor Carlos Sá Britto, o carnaval do “Entrudo” após anos de
proibições e liberações, perdera seu uso com surgimento no final do século XIX
das “Sociedades” Esmeralda e Venezianos.
O
Entrudo em Porto Alegre
Na cidade de Porto Alegre, as comemorações carnavalescas – festejadas na forma
do entrudo – parecem ter feito parte das vivências do povoado desde o início
de sua formação (Franco, 1998: 100).
- Porto Alegre começou a ser ocupada ainda na primeira metade do século
XVII, mas seu processo de povoamento só teria início com a chegada de casais
açorianos em 1752.
O pacato vilarejo passou a ser a sede da administração do governo
provincial no ano de
1773, antes mesmo de ser elevado à categoria de município: - isso só
ocorreria por volta do início do século XIX, quando contava com uma população
de 3.927 habitantes (SIMANSKY, 1998: 41).
Segundo Damasceno, jogava-se o entrudo na cidade desde
os “primeiros anos da colonização” (Ferreira, 1970: 11).
Entretanto, diferentemente de outras regiões na qual o “Entrudo” abrangia uma
gama mais variada de troças e brincadeiras, em Porto Alegre o que encontramos
foi predominantemente “uma brincadeira na qual os foliões atiravam
entre si os limões de cheiro, água das seringas e até farinha”, onde os passantes
eram, muitas vezes “pegos de surpresa e obrigados a resignar-se com as
roupas molhadas ou sujas pelos brincalhões”. O objetivo era mesmo molhar e sujar o
adversário.
Em 1847, em Porto Alegre, através do Código de Posturas Municipais,
a brincadeira do “Entrudo” foi proibida, tendo sido estipuladas multas para quem
desobedecesse (Livro de Registros de Posturas Municipais de 1829 a 1888.4 dez
1829. “Posturas Policiaes da Câmara Municipal da cidade de Porto Alegre
aprovadas pelo Conselho Geral da Província”. Porto Alegre, Typ. Do Commercio, 1847
(anexadas ao Livro de Registros das Posturas Municipais de 1829 até 1888).
AHPA.
Segundo Weber, esses códigos, formulados pelas autoridades
locais, é que “regularão o dia-a dia da população”.
Estes eram um conjunto de normas que estabeleciam regras de
comportamento e convívio para uma determinada comunidade, demonstrando a
preocupação com a preservação da ordem e a segurança pública, incluindo aí as
relativas á saúde pública.
Em decorrência das proibições e multas estabelecidas pelos Códigos de
Posturas Municipais e das epidemias que a cidade enfrentou, como exemplo o
cólera, a popularidade do entrudo decaiu, acarretando um relativo
desaparecimento desta brincadeira - para a o deleite de seus críticos - até ser
novamente jogado pela Ex-marquesa.
Nota:
- O “Entrudo” consistia em jogar Limão-de-Cheiro (uma bola
de cera do tamanho de um limão, cheia de agua perfumada), uns nos outros.
É claro que a
coisa descambava, e havia casos em que se atiravam ovos e para completar,
farinha nas "vitimas".
Daí vê-se o porquê de suas várias proibições.
Em 1855, na Corte
no Rio de Janeiro, capital do Império, um grupo de foliões da
elite, resolve, organizar um passeio que não seria um mero trajeto entre as
casas e os bailes, mas sim um evento que se bastasse a si mesmo, aos moldes do
que se fazia em Paris, Roma ou Nice.
- A grande divulgação do acontecimento marcou época
e produziu um fato “fundador do
carnaval brasileiro”; o famoso desfile
do Congresso das Sumidades Carnavalescas, considerada a primeira Sociedade
Carnavalesca brasileira.
A partir daí muitos outras sociedades carnavalescas
se organizaram e, em menos de uma década, as ruas do centro do Rio de Janeiro
já viam desfilas dezenas desses grupos.
Rapidamente a moda se espalharia para outras cidades
como Recife, Desterro (atual Florianópolis), Porto Alegre, São
Paulo, e Salvador.
Durante toda a segunda metade do século XIX, as Sociedades foram
a grande atração do carnaval brasileiro.
As sociedades carnavalescas permaneceram até a
década de 1950, porém na década de 1930 já se apresentavam em declínio.
No século XIX, na segunda metade, em Porto Alegre, a
cidade recebe uma série de melhoramentos significativos no que concerne a
transformação física da cidade, com a construção:
Theatro São Pedro (1858), da Hidráulica Porto-Alegrense (1865),
do Mercado Público (1865), a implantação da primeira linha
férrea ligando Porto Alegre a Novo Hamburgo (1876), a instalação de
transporte coletivo Ferro Carril (bondes) (1874), a
regularização da coleta de lixo (1876), o início do saneamento (1878),
a implantação de serviços telefônicos (1886).
Isto demonstrando o quanto a “expansão econômica se refletiu no
desenvolvimento urbano da capital”.
Nota:
- Antes dos planos de urbanização, os
Códigos de Posturas eram importantes instrumentos de controle político do meio
urbano, apesar da tentativa das autoridades em tentar deter o jogo do “Entrudo”, ele continuava existindo.
Em 1855, em Porto Alegre, sofreu ameaças de epidemias, fazendo parte das
cidades atingidas no Brasil pela cólera.
Essas ameaças foram constantes na década
de 1850, destacando-se febre escarlatina em 1850 e 1853, provavelmente em
conseqüência do cerco da cidade na década de 1840, do aumento da população,
devido a presença de tropas durante a Revolução Farroupilha, e do
comércio com a área colonial, que não foram acompanhadas, imediatamente, de
condições urbanas ideais para enfrentar uma maior concentração populacional.
Em decorrência destas epidemias – cólera, tifo e tísica – e das
proibições e multas estabelecidas pelos Códigos de Posturas Municipais, a
popularidade do “Entrudo” decaiu, acarretando um relativo desaparecimento desta brincadeira,
para a o deleite de seus críticos.
Por um período de aproximadamente 20 anos houve um refluxo das práticas do “Entrudo” na capital da
Província.
O
Entrudo e as Mulheres
A partir de 1870, em Porto Alegre, ocorreu um renascimento da
brincadeira do “Entrudo”.
Com isso, os periódicos da capital passaram a condenar de forma veemente
o retorno deste jogo e a defender a implantação de nova forma de se brincar o
carnaval, mais sofisticada e moderna, que trouxesse para Porto Alegre o
requinte dos carnavais da Corte e de Veneza.
Em 1870, em Porto Alegre, o periódico A Reforma apresenta as moças – possivelmente
influenciadas pela postura da ex-marquesa de Monte Alegre – como as
principais autoras, as líderes da reivindicação para que se “jogasse o entrudo” naquele ano.
A postura dos palacianos – que jogaram alegremente entrudo no ano
anterior sem nenhuma punição – poderia ter influenciado o povo, que,
desacatando as autoridades, voltara a jogar entusiasticamente.
Na década de 1870, em Porto Alegre, as pessoas voltaram a se
entregar à “prática do entrudo” e isso rendeu muita polêmica entre jogadores,
policiais, fiscais, jornalistas, etc.
Do mesmo modo observamos a participação das boas moças de família nos
jogos de entrudo familiar, na proteção de seus lares; há ainda referências a
mulheres “não bem nascidas” que também entrudavam.
Entre os argumento mais utilizados pela imprensa porto-alegrense para
condenar as práticas do “entrudo” estava o que
atribuía ao jogo um “caráter de ameaça à saúde pública”, utilizando as
recentes epidemias ocorridas na capital como forma de amedrontar os foliões e
dissuadí-los de entrudar.
O tifo, a tísica, e a febre eram lembrados com o intuito de abolir
definitivamente essa prática dos costumes da cidade.
Nota:
- Em fins do século XIX, Porto Alegre
vai passar por uma higienização, tanto física quanto moral, pretendendo
estabelecer novos padrões de conduta e de sociabilidade naquele fim de século.
Além da higienização física, que visava
estabelecer em Porto Alegre ares de uma metrópole, pretendia-se “moralizar” a sociedade porto-alegrense, sobretudo as
mulheres (que, como veremos adiante, passam a ser criticadas pela
licenciosidade do entrudo).
Deste modo, o apelo a essas doenças
tinha também um caráter moralizador e regulamentador do comportamento feminino.
O jornal A Reforma argumentava que:
“Ainda menos conveniente se pode dizer que é este jogo para as damas,
pois não se dão bem com água fria, e mais de uma donzela robusta e viçosa tem
deixado de ver o carnaval seguinte por haver sido arrebatada pela tísica,
provocadas pelas águas aromáticas do limão.”
Ademais, atribui-se uma excessiva
fragilidade às damas e donzelas que seriam vítimas fáceis de tais males. O fato
desta recomendação, dirigir-se às mulheres se deve a que estas eram,
normalmente, acusadas de serem as grandes entusiastas do jogo do entrudo.
Os discursos sobre higiene nesse
período fundamentavam uma determinada concepção das relações sociais, definiam
um “procedimento de ordenação das mesmas que combinava saúde física com
moral, sendo esta a dimensão da noção de progresso” (Weber, 1992: 108), e é isso o que vemos no
carnaval:
- A tentativa de controle e ordenação
das práticas carnavalescas através de um discurso sanitário, incutindo no
imaginário social a noção de que esse era uma brincadeira rude e atrasada.
Em 1870, em Porto Alegre, as autoridades pareciam querer cumprir com as
posturas municipais referentes ao entrudo, tanto é que foram publicados
editais, em sucessivas datas, relembrando sua proibição.
Um desses editais, mandado publicar pela Secretaria de Polícia de Porto
Alegre, informava que:
De ordem do Illm. Sr. Dr. Chefe de
policia faço publico que, sendo proibido o jogo do entrudo e venda das
respectivas laranjas pelos arts. 99 e 100 das posturas municipais estão dadas
às ordens precisas para serem multadas todas as pessoas que nele foram
encontradas e na venda das ditas laranjas, que serão também inutilizadas.
- Era proibido por lei jogar e vender utensílios para a prática do
entrudo na cidade de Porto Alegre, tendo – quem o fizesse – que pagar multas
por isso.
Dessa forma, ao retornar o velho costume e as autoridades tentarem
detê-lo, muitas disputas e discussões foram geradas.
Percebe-se que havia um descompasso entre aquilo que era uma infração
por lei e o que era considerado transgressão no imaginário social.
Numa dessas confusões, geradas por esse desafinamento, o jornal A
Reforma publicando uma série de artigos nos quais provocava e revidava as notas
do rival Riograndense, que era o jornal oficial, do Partido Conservador.
Um episódio em particular ganhou a atenção dos articulistas; - quando um
rapaz foi preso pelos fiscais, acusado de ter atirado suas laranjinhas.
Pedro Nicolau da Silva Telles, tenente do exército, havia sido “intimado pelo
fiscal”,
Antônio Francisco de Paula “para que não continuasse a jogar
entrudo na rua”.
O jornal A Reforma assumindo francamente sua defesa, afirmou que sua
prisão teria sido ilegal, um desacato policial.
Entre outros citamos o fato acontecido anteontem à noite na Rua da
Igreja, á porta de uma respeitável família, que dois fiscais e três policias
acharam o lugar mais próprio para se darem em espetáculo, mostrando o seu
arreganho bélico e uma educação digna de inveja!
Um moço d’essa família tinha ido jogar entrudo em casa de pessoas de seu
conhecimento e os amáveis fiscais e os seus guardas entenderam que deviam cercar-lhe
a morada e não só multá-lo, como ainda exigir a multa incontinente sem
estrepito, nem figura de juízo!
O espetáculo, aliás, tão edificante, fez com que se reunisse muita
gente, e foi preciso muita prudência da parte do ofendido, para que não levassem
os agentes policiais a lição que mereciam.
O Sr. Chefe da Policia pode empregar as medidas que quiser – legais,
para fazer cumprir a postura municipal, mas faça-o em termos e sobretudo
caiba os seus agentes de excessos.
A fala do jornalista nos deixa entrever a vulnerabilidade policial
diante do entusiasmo das pessoas com o jogo. Os agentes, mesmo no cumprimento
do seu dever, por pouco não acabaram sofrendo represália e agressões por parte
do acusado, que segundo a nota, precisou de muito cuidado e sensatez para que
não agredisse aos policiais.
“Os atritos entre policiais e soldados do Exército foi uma das
preocupações mais freqüentes das autoridades provinciais, principalmente num
período ainda caracterizado pela confusão de papéis a serem desempenhados por
ambos os corpos, na manutenção da ordem pública” (Apud: Moreira,
1995: 55).
Em 1873, em Porto Alegre, o periódico A Reforma, a respeito da brincadeira
do “Entrudo”, anunciava que “não nos consta que se tivesse dado fato algum de
gravidade, em que tivesse de intervir a polícia. Houve, porém, muita disputa,
muita queixa, muita reclamação, de uns que queriam molhar, e de outros que não
queriam ser molhados”.
Deve-se atentar para o fato de o jornalista ter dito que se fosse mulher
haveria de molhar o chefe da polícia para abrandar suas violentas ameaças
e que, em virtude disso, ele se tornaria um feroz folião, passando a jogar
entusiasticamente o entrudo e abandonando a rígida perseguição que fazia,
mesmo contra aqueles que o fazem no aconchego de seus lares. Além disso, a
expressão do jornalista deixa transparecer uma proibição subjetiva de que um
homem pudesse molhar outro e que o jogo era realizado entre homens e mulheres.
Não seria, portanto, de bom tom um
homem molhar a outro.
Nota:
- Não existem referências sobre regras
do jogo do “Entrudo” em relação ao
gênero, se homens não poderiam molhar outros homens, somente mulheres.
Em relação a elas há referência de
mulheres brincando com mulheres.
Sabe-se que escravos não podiam molhar
seus senhores e sim brincar somente entre eles (Cf. Franco, 1998: 100).
O que demonstra o quanto a brincadeira do “Entrudo” mexia com a
rotina e com o viver das pessoas da provinciana Porto Alegre.
O periódico A Reforma defendiam o entrudo doméstico e condenavam somente
o praticado nas ruas.
A presença da ex-marquesa de
Monte Alegre em sua passagem por Porto Alegre, ela que convencera o Chefe
da Polícia da “completa ‘inocência’ d’esse brinquedo e da necessidade e de abrogar de
fato uma postura absurda”.
Além disso, o articulista do jornal, ao afirmar que a brincadeira estava
adormecida, deixa saber que, na opinião dele, “o povo não se
divertia mais”, pois a “justiça triunfara”, informando o grau de popularidade do entrudo que
encantava significativa parcela da população.
Nota:
- No Rio de Janeiro os
jornais freqüentemente associavam o “Entrudo” ao Império, fazendo duras críticas a eles.
Em Porto Alegre, a imagem entrudo/império, a fim de
criticá-los, era atrelada a uma mulher, nossa ex-marquesa, a quem foi,
atribuídas características que não deviam ser seguidas pelas “humanas filhas do
Rio Grande”.
Entretanto, a proibição do jogo do entrudo só valia para a “arraia miúda”.
Enquanto fora jogado em palácio, por pessoas da alta sociedade
porto-alegrense, não era perseguido. Quando praticado fora destes círculos
privilegiados da sociedade, rigor no caso.
As mulheres foram um dos principais focos da criação do
novo carnaval.
Fervorosas adeptas do entrudo foram diversas vezes criticas por
participarem de uma brincadeira considerada um tanto indecorosa. Queria-se
moralizar o comportamento feminino nesta festividade, acabando com a
licenciosidade da antiga brincadeira e oferecendo em troca o distanciamento
corpóreo dos desfiles burlescos.
Percebe-se, assim, que nesta atitude empreendedora dos novos
carnavalescos, foi necessário não só uma identificação da oportunidade - “processo através
do qual o empreendedor percebe a oportunidade para um novo empreendimento”, identificando o
espaço para um novo modelo de carnaval, como também tiveram que tentar superar,
reorganizar as estrutura sociais no que tange ao entrudo.
Esta missão não foi nada fácil e está entre uma das possíveis causas da
falência do primeiro ciclo das sociedades.
As
Sociedades de Porto Alegre
O processo de criação de um novo “Carnaval”, através das
sociedades carnavalescas, deu-se primeiramente no Rio de Janeiro, capital do
Império.
No caso de Porto Alegre, que inspirou na Corte Brasileira irá
copiar o modelo de carnaval.
Em 27 de fevereiro de 1873, em Porto Alegre, dois dias antes
do anúncio do surgimento das sociedades Esmeralda e Venezianos, foi escrito
por Desjanais, no jornal A Reforma, um artigo que conclamava os
rapazes de Porto Alegre a porem fim às brincadeiras do entrudo e criarem
sociedades carnavalescas aos moldes do Rio de Janeiro. Pregava, neste artigo,
que era preciso “um carnaval regrado. Que não trouxesse problemas tanto de ordem física,
quanto de ordem comportamental e que, sobretudo, fosse feito pelos moços da
cidade que, como heróis, a livrassem do “antiquário Entrudo” e fundassem uma
sociedade carnavalesca”.
Desta forma, rapazes das “boas famílias” de Porto
Alegre, perceberam um novo mercado aberto e a viabilidade de executarem com
êxito este projeto empreendedor. Apesar de não estarem criando algo novo,
inventado uma idéia, pois esta já existia na corte, estavam trazendo este “produto” não conhecido e
vivenciado pelos habitantes de Porto Alegre.
Em 1° de março de 1873, em Porto Alegre, o nascimento
da Sociedade Esmeralda Porto-alegrense, Esmeralda (verde e
branco).
Em 03 de março de 1873, em Porto Alegre, nasce a Sociedade
Carnavalesca Os Venezianos dois dias depois, Venezianos (vermelho
e branco),
Essas duas sociedades eram proveniente do modelo carioca, onde as elites
no Rio de janeiro em meados de 1830, começaram a copiar carnaval de Paris,
seguindo o formato dos: “Bailes de Máscaras, Bailes a
Fantasia ou Bals Masques”.
As Sociedades Carnavalescas, também chamadas de “Clubes
Carnavalescos”, “Grandes Sociedades”, ou simplesmente “Sociedades”, são as primeiras
manifestações históricas que redundariam na criação do carnaval de Porto
Alegre.
Se introduz uma nova forma de se brincar o carnaval:
- Os préstitos e bailes promovidos pelas sociedades carnavalescas.
Essa nova festa veio em combate ao entrudo, que passara a ser atacado de
rude, grosseiro e não condizente com os ares que essa urbs deveria ter.
As sociedades, por sua vez, promoveriam um carnaval considerado chique, elegante e sofisticado,
segundo os jornalistas da época.
A criação das duas sociedades representava “o início de uma
reforma de costumes que colocaria Porto Alegre à altura da Corte e das demais
cidades civilizadas do mundo”, uma vez que a reunião desses homens
para a consecução dessas sociedades tinha como objetivo máximo a eliminação
do “entrudo” como forma de comemoração carnavalesca.
Há de se mencionar que alguns dos membros das sociedades carnavalescas,
além de pertencerem a Sociedade Parthenon Literário;
eram donos ou redatores de muitos dos jornais da cidade, como: - Achylles
Porto Alegre e Miguel Werna.
As sociedades carnavalescas Esmeralda, Venezianos e Germânia,
ao contrário dos festejos carnavalescos no Rio de Janeiro, em Porto Alegre tais
festas possuíam um caráter mais familiar, permitindo a participação de esposas,
filhas, sobrinhas, enfim, das chamadas “mulheres de família”.
Esse novo carnaval, proposto por esmeraldinos e venezianos, veio também
com outros objetivos: pretendia-se uma moralização e re-adequação da
participação das mulheres nos festejos dedicados a Momo.
De uma presença ativa nas brincadeiras das molhadelas, na qual elas se
entregavam com todo ardor, passariam à passividade.
Ao invés da proximidade, principalmente corporal, oferecida pela
brincadeira tradicional; o distanciamento do préstito: agora os rapazes das
sociedades desfilariam nos carros enquanto as mulheres assistiriam, aplaudiriam
e lhes jogariam flores ao invés do temido limão.
Com o estabelecimento dessa nova prática, Porto Alegre passaria a ter o “Carnaval”, pois, segundo Lazzari,
para a maioria dos cronistas locais o carnaval das sociedades representava
todos os valores positivos, enquanto o entrudo era a representação de todos os
males, que eles vinham reafirmando desde 1870, após ter a Ex-marquesa
de Monte Alegre, mulher do então Presidente da Província Antônio da
Costa Silva e Pinto, re-introduzido os hábitos entrudescos na
cidade.
Entre estes jovens encontrava-se Leopoldo Masson,
relojoeiro.
É curioso perceber que o mesmo jovem a quem se relacionava o nascimento
do novo carnaval, haveria de ser também um empreendedor de sucesso em Porto
Alegre.
Nota:
- O jornal O Independente em matéria
intitulada “Homenagem a Momo”, que conta uma
história do “nascimento do carnaval em Porto Alegre”, na qual Leopoldo Masson e sua família estiveram
envolvidos:
- O Carnaval porto-alegrense nasceu de
uma bomba d`água que o entrudo traiçoeiro, penetrando nas trincheiras que os
irmãos Masson (Leopoldo e Luiz) haviam construído em um sobrado à rua
dos Andradas, em 1870, irrigando à mangueira os transeuntes.
Um caixeiro da botica Luiz
Masson que ficava por baixo do sobrado onde se achavam os irrigadores,
a cavaleiro de qualquer investida, deu entrada, por uma porta falsa que havia
na escada a qual só ele conhecia, a uma legião de entrudeiros comandada pelo
Cel. Joaquim Pedro Salgado.
O assalto foi realizado de surpresa e a
provisão d`água existente no sobrado serviu para inundar a casa toda (...).
Na quarta-feira de cinzas, o saudoso
dr. Amedeu Masson (pai) aconselhou a fundação de uma sociedade
para matar o entrudo.
Nasceu então a Esmeralda,
criada pelos esforços do sr. Leopoldo Masson que, como
joalheiro, foi o seu padrinho. E logo apareceu o êmulo: os Venezianos,
tendo sido o primeiro Carnaval um extraordinário Sucesso.
O Entrudo foi coibido e de ano em ano
foi menos jogado, até que desapareceu aquele brinco bárbaro e brutal, que era
sempre acompanhado de crimes.
De acordo com o relato da História, a criação da Esmeralda teria
sido fruto do empenho de Leopoldo Masson, tendo sido também ele
presidente da sociedade em 1880.
Segundo Lazzari, “a experiência que esta família
trouxe do Rio de Janeiro pode ter sido decisiva e seria um bom indício de como
algumas idéias e práticas do carnaval da Corte foram adaptadas e transformadas
para o contexto particular de Porto Alegre e da Província”.
Leopoldo Masson:
Nascido no Rio de Janeiro em 1845.
Em 1871, ele muda-se para Porto Alegre e abre a relojoaria “A Pêndula
Misteriosa”.
Para iniciar seu negócio, Masson “contou com a ajuda
do crédito de outra firma do ramo, o joalheiro Moisés Aaron &
Filhos (entre os quais deveria se incluir Emílio Aaron, outro fundador da
Esmeralda). A partir de então começa um empreendimento de sucesso, em sociedade
com o ourives Inácio Geyer (outro esmeraldino), que
consolida o nome da Casa Masson como um
estabelecimento de prestígio”.
- O espírito empreendedor de Masson, que não conseguindo se
estabelecer no Rio de Janeiro, veio para Porto Alegre e de relojoeiro passou a
grande empresário ao, juntamente com Geyer, fundar uma empresa que
funcionou durante 12 décadas na esquina das ruas dos Andradas e Marechal
Floriano e estabelecer o nome Masson como
tradição e referência em termos de jóias, pedras preciosas, ótica, relógios.
Com o mesmo espírito empreendedor iniciou e colaborou para a mudança no
formato do carnaval ao trazer e fundar este novo empreendimento em Porto
Alegre.
Em 1874, em Porto Alegre, um belo desfile de Carnaval foi preparado.
Do cortejo participariam apenas os homens que compunham as agremiações.
Às mulheres, destinava-se a função de espectadoras da festa: deveriam
aplaudir e jogar lindos buquês de flores aos “distintos
cavalheiros”, para depois acompanhá-los aos bailes promovidos pelas sociedades.
Aos demais, não pertencentes ao escol da elite, restava apenas assistir
aos desfiles e ficar do lado de fora do salão, esperando pela descrição feita
pelos jornais no dia seguinte.
Entretanto, a ação empreendedora dos novos carnavalescos tinha um forte
inimigo, o “velho entrudo” e, para o êxito de seu empreendimento,
precisariam superar “as forças que resistem à criação de algo novo”. Estas forças eram o
gosto e o apego feminino às tradicionais molhadelas.
Em 1878, em Porto Alegre, o presidente da Província declarava:
“Fruto de antiga e talvez invencível rivalidade, que a severa disciplina
do Exército mau continha, os conflitos entre a força pública e a de polícia vão
tomando tal caráter, proporções tão extraordinárias e violentas, que reclamam
do governo e dos chefes militares a mais séria atenção”.
A Reforma justificava que o problema teria sido causado pela postura das
autoridades, criticando os atos do chefe de polícia que, sempre tão brando, tem
se mostrado capaz de posturas violentas, como o do caso em questão, mesmo que
essas tenham sido tomadas por seus subordinados.
Apesar de ter feito cumprir a lei, publicando os editais de proibição do
jogo, as autoridades teriam se equivocado ao quererem proibir o entrudo
doméstico ao invés de se preocuparem com o público, que era o gerador de problemas.
O que, porém, o Sr. Chefe da Polícia, não podia e nem pode
proibir, é que as famílias no interior de suas casas, divirtam-se do modo que
muito bem queiram.
Na porta do domicilio do cidadão cessa a jurisdição da autoridade,
sempre que a ordem pública não seja alterada; mas nesses casos extremos não
depende a jurisdição de simples vontade.
O Sr. Chefe da Polícia com seus agentes não entendem
a coisa assim, e com tal furor, tão cegos se atiram aos jogadores do
entrudo, que em lugar de proibirem que se lancem bacias d’água do alto das
janelas e publicamente nas ruas, endireitam-se a querer multar os que, no uso
do seu direito legítimo, jogam o entrudo com as famílias de sua amizade e no
interior das casa!
Em 1879, na Corte do Rio de Janeiro é realizado “Baile de Máscaras” no Imperial
Teatro D Pedro II.
Em 1880, em Porto Alegre, as versões cantadas, entoadas por coros,
invadiram os “Bailes de Máscaras”.
- Na falta de um gênero próprio de música carnavalesca, inicialmente as
brincadeiras eram acompanhadas pelo ritmo da polca, quadrilha, valsa, tango,
charleston e maxixe, sempre em versão instrumental.
Em 1880, em Porto Alegre, o Carnaval de Rua dos
chamados “Bons Tempos”, funde-se com a origem da festa em todo o país.
As festas não tinham maiores pompas, mas não deixavam de ostentar certo
aparato para a sua realização.
As festividades iniciavam quatro semanas antes da data do Carnaval:
- As quintas feiras eram chamadas de Amigos e
Amigas, Compadres e Comadres.
- O sábado da última semana era denominado Sábado
Gordo.
Eram realizadas reuniões-dançantes em casas particulares e associações
recreativas, a que os foliões compareciam com suas fantasias e saíam, depois,
em ranchos mascarados. Aproveitavam a noite alta para visitarem pessoas amigas,
sem que essas pudessem reconhecê-las e nas ruas da cidade, apenas durante os
três dias, existia maior rumor e colorido de Carnaval.
O Carnaval de rua, como o de salão, tomou impulso e caiu na graça do
povo. Nessa altura, toda a população se sensibilizou com o Carnaval e as ruas
por onde passariam os automóveis foram decoradas com muito luxo pelos
moradores, participando ativamente dos festejos.
Não alheios a toda a festa, os arrendatários do Theatro São
Pedro organizaram bailes públicos de Carnaval no casarão da Praça da
Matriz e em cujo palco, antecedendo as danças, eram encenadas peças de acordo
com a data.
O sucesso e a fama do Carnaval de
Porto Alegre ultrapassam as fronteiras regionais e por toda a província
vinham pessoas para apreciar os desfiles, bem como brincar animadamente nos
diversos bailes da cidade.
Algumas brincadeiras de esguichos continuavam e o povo e a aristocracia,
cada um a seu modo, caíam nas folias de Momo, sem limites e sem tristeza, “Porque era
Carnaval”.
HÁ UM SÉCULO NO CORREIO DO POVO (Pesquisa: RENATO BOHUSCH)
No dia 15 de fevereiro de 1909, não houve edição do Correio do Povo. Na
época, o jornal não circulava as segundas-feiras:
Em 1880, em Porto Alegre, as sociedades: - Esmeralda e Venezianos já
estavam praticamente falidas, mas o seu modelo de carnaval foi bem aceito, haja
vista que outras várias agremiações surgiriam, a partir desta década,
apropriando-se do modelo de festa proposto por esmeraldinos e venezianos.
Apesar do sucesso obtido pelo novo formato do “Carnaval” e por ter conquistado
o gosto dos portoa- lengrenses, Esmeralda e Venezianos ingressaram
numa crise que as levou à falência antes mesmo de adentrarem o século XX.
Entre as causas encontramos o gosto feminino pelo “Entrudo”.
A permanência desse jogo – e, sobretudo, a preferência das mulheres
pelas bisnagas – se constituiu em um argumento utilizado pelas agremiações
– especialmente a Venezianos – para justificar a crise que
passaram a enfrentar.
Em 1882, em Porto Alegre, em seu programa para o carnaval, os Venezianos enfatizavam
que, a despeito de todos os esforços e feitos dessa sociedade, a permanência
da “perniciosa bisnaga” e, especialmente, o fato de elas “emanarem de
delicadas e alvas mãozinhas” continuavam a contaminar o
carnaval.
S. C. Os Venezianos – Festeiros e ridentes habitantes
desta heróica terra!
Volto de novo à vossa presença para do alto destas colunas, anunciar-vos
que está chegando o dia de nosso reinado!
Chega o Carnaval! A velhice volta à mocidade e está à loucura; mas à
loucura pelo prazer, pela alegria e a festa!...
Com o nosso poder tudo temos conquistado na senda do progresso.
Tudo!
Tratados de paz com diversas nações estrangeiras, abolição de diversas
instituições nocivas a moralidade pública, criação de diversos estabelecimentos
de utilidade publica, mandamos lavar o sol para brilhar mais nas nossas festas,
e regular o serviço da linha de bondes para a lua, a fim de poder qualquer
cidadão transportar para lá a sua jovem raptada, sem susto de que o facão
matrimoniar-se, como sucede cá por baixo!...
E quem fez tudo isto, não tem podido abolir a perniciosa bisnaga, fonte
de quanta constipação, pneumonia e tifo, há, que flagela e dissipa a
humanidade!...
E o que mais horroriza, é ver que esta plêiade de epidemias dimana de
delicadas e alvas mãozinhas que parecem fadadas para derramarem consolações
sobre a humanidade sofredora!!!...
Nota:
- Os filhos da Veneza confessavam, que
apesar de todo o sucesso obtido por eles e do progresso trazido aos festejos da
capital, não haviam conseguido extirpar a terrível bisnaga – fonte de diversos
males, tifo, pneumonia – e acima de tudo, que esta se encontra sempre na ativa
por causa das delicadas e alvas mãozinhas das boas moças da terra.
O entrudo já era identificado como um elemento que ameaçava o êxito dos
desfiles e as mulheres acusadas de serem as principais promotoras de tal
fracasso.
Vemos, assim, que apesar da existência de um espaço para a criação de
algo novo – e de este novo ter feito sucesso, ter tido valor para seus “consumidores” – os
empreendedores carnavalescos assumiram o risco de seu empreendimento falhar. E
isto realmente aconteceu, muito provavelmente por não conseguirem modificar e
adaptar as formas de ver femininas carnavalescas, fazendo com que estas
aderissem ao novo carnaval, esquecendo de vez as brincadeiras entrudescas.
Em 1890, por volta, em Porto Alegre, inicia-se uma nova fase do fenômeno
urbano, caracterizada pela crescente complexidade da organização dos grupos
sociais no espaço urbano decorrente das transformações das estruturas política,
social e econômica da sociedade brasileira. A cidade passa a ter dificuldades
com o excesso de população, que de 18.465 habitantes, em 1858, salta para
43.998 no ano de 1872, com um aumento populacional que significou um
crescimento de 138,27%.
No Centro da cidade, se percebe uma promiscuidade indesejada de ricos e
pobres, vivendo “face a face”.
Cláudia Mauch, ao pesquisar dois jornais porto-alegrenses:
Gazeta da Tarde e Gazetinha do final do século XIX, afirma:
“Com grande freqüência, os termos desordem e imoralidade, apareciam em
suas páginas”.
Para esses jornais, não eram considerados perigosos apenas as
meretrizes, gatunos, vadios e desordeiros, mas todos os habitantes das zonas
mais pobres da capital que não se enquadravam no modelo de “bom trabalhador” e que viviam em
ambientes física e moralmente degenerados, constituindo então a “escória” ou a ‘parte
ruim da sociedade’. A periculosidade dessas pessoas foi construída a partir da
identificação da sua aparência física, do seu comportamento desregrado, do seu
tipo de trabalho e local de moradia (Mauch, 1994: 9).
Segundo esses jornais da capital, “a polícia deveria impedir que a
‘parte ruim’ da sociedade contagiasse a ‘parte sã’, proibindo a circulação de
turbulentos e prostitutas em locais freqüentados por famílias [...]” .
Em suas campanhas de saneamento moral, ambos jornais acabavam
generalizando “os adjetivos de desordeiros e imorais para todos os habitantes de zonas
pobres de Porto Alegre. Pode-se dizer que lá onde existia diversidade e um modo
de vida diferente do das elites, os jornais enxergavam o espaço das ‘classes
perigosas’”
A condenação do “Entrudo” e a tentativa de estabelecer um
novo modelo de “Carnaval” - produzido pelas as elites - tenham sido, alguns dos primeiros
passos na tentativa de saneamento físico e moral da cidade de Porto Alegre.
Uma estratégia encontrada pelas
elites no sentido de não mais precisar encarar os pobres, como por ocasião do
entrudo, passando a exibir-se em elegantes desfiles e bailes fechados.
Segundo o jornal A Reforma:
- Alguns anos havia que este jogo bárbaro, o “Entrudo”, caíra em desuso,
quando a célebre ex-marquesa de Monte Alegre, mulher do ex-presidente da
Província, Antônio da Costa Pinto e Silva (mandato 16/09/1968
a 20/05/1869), atual Sátrapa de São Paulo, o pôs novamente em moda.
Que esta renovação do passado fosse obra da ex-marquesa nada há que
admirar, pois é muito conhecida pelo seu ardente temperamento e extraordinário
calor;
Não é, porém digno das humanas filhas do Rio Grande, num tempo em que o
tifo, a febre e a tísica dizimam a população, ensopar d’água os que transitam
nas ruas banhados em suor.
Além de criticar o retorno do “Entrudo” e o
comportamento da ex-marquesa, a análise do excerto permite observar uma
referência a termos que denotam uma certa erudição por parte do colunista, que
compara o marido da ex-marquesa com os Sátrapas da Antiguidade, apontando para
outros elementos significativos para a cidade e, por conseguinte, para esse
trabalho.
O jornal A Reforma, vinculado ao Partido Liberal, chamava o
ex-presidente provincial de Sátrapa – governadores das províncias do Império
Persa – com o intuito de designar o governo como despótico e centralizador,
como se aqueles também representassem um governo assim. Isso porque o Imperador,
desde 1868, “mantinha o Partido Conservador no controle dos Ministérios e dos
governos provinciais”, tendo os governadores nomeados, sofrido intensa oposição dos liberais
gaúchos.
A ex-marquesa de Monte Alegre, era uma mulher casada,
diferenciando-se das heterasatenienses, apesar de ter sido atacada pelo
articulista no que se refere à sua atitude de liberdade de agir, de forma
semelhante aos homens, rompendo com os lugares a ela destinados.
Do mesmo modo, no Rio de Janeiro, décadas mais tarde, encontramos
articulistas denominando mulheres da alta sociedade de “heteras”, por causa de seus
comportamentos durantes os festejos de Momo, o que vem corroborar com a
comparação:
(...) muitas são as damas finas que se nivelam às hetairas nos clubes,
nos bailes, nos três dias de orgia carnavalesca (...) Terminada a festa, porém,
as prostitutas continuam no seu ‘triste’ mister; as elegantes, ‘decaídas
eventuais’, tornam aos seus lares, tomam parte em ligas contra o álcool,
veitam o ‘verbo’ fulminando vícios.
Diferentemente das “heteras”, as esposas
atenienses abastadas e bem nascidas tinham um padrão a seguir, o modelo
mélissa. Isso consistia em permanecer reclusa no interior de sua casa, cuidando
dos filhos e dos bens da família. Especializavam-se em tecer, bordar e fiar.
Deveriam ter um “tipo de vida puro e casto, ou seja vida sexual
bastante discreta; hostilidade aos odores, à sedução; a fidelidade conjugal” (Detiene, 1976:
55 e 56).
Dessa forma, a critica feita à prática do “entrudo” e a tentativa
de se estabelecer um novo tipo de carnaval correspondem a uma imposição de
certos modelos culturais relacionados ao comportamento feminino, condenando a
licenciosidade que caracterizaria esta brincadeira e afirmando não ser esta uma
conduta adequada às boas damas porto-alegrenses.
As recomendações contra o jogo do entrudo produzidas pela imprensa
costumavam dirigir-se, sobretudo, ao público feminino devido à alegada
predileção que as mulheres cultivavam por tais folguedos.
Assim, as mocinhas de família, ou das boas famílias, tinham como um
dos “prazeres diletos” entrudar.
Observadores
em Porto Alegre
Esta “predileção feminina” pelo entrudo foi constatada pelo
viajante John Luccock, que sentira na pele este entusiasmo.
Havia uma diversidade dos tipos femininos que circulavam em Porto
Alegre.
Havia “mulheres que se adequavam ao padrão desejado de retidão (boa esposa,
boa mãe, defensora dos filhos, mulher que se apega as coisas simples da vida e
não ao prazeres mundanos e ao luxo, a moça de boa índole, a que suporta o
adultério do cônjuge), mulheres que fogem a esse estereotipo (adúltera,
ciumenta, questionadora, viúva que contrai um segundo matrimonio, a mulher que
assume os negócios deixados pelo marido, as que passam a
administrar propriedades, a que não perdoa a infidelidade do marido)
e, até, possivelmente mulheres que conjugam diferentes elementos desses perfis” (Becker, 2001:
274.)
Segundo John Luccock:
O seu pretendido entrudo estritamente familiar e doméstico era algo
próximo de uma ficção. Os mais antigos relatos mostram que, muito embora
ocorressem batalhas de limões de cheiro entre famílias amigas, ficar de tocaia
nas janelas e ensopar passantes distraídos era um dos prazeres prediletos das
donzelas da terra, ainda mais se as vítimas fossem estrangeiros.
Em Porto Alegre, o “entrudo familiar” também era
bastante apreciado, mesmo entre as elites mesmo que Jonh Luccock afirmasse
que este era uma ficção.
Embora ocorressem casos em que transeuntes eram vítimas das molhadelas,
suas algozes contavam nestas ocasiões com a proteção doméstica, de seus
lares.
Relato do viajante inglês John Luccok, de 1808, sobre o
banho que tomou das filhas do Presidente da Província (reproduzido em Athos
Ferreira, 1970: 10).
Nesse mesmo sentido, Coruja antigo morador de Porto
Alegre sobre o entrudo na cidade:
Quem se quisesse transportar ao antigo entrudo de Porto Alegre havia de
lembrar-se que na Rua Nova, em casa das Ângelas e Perpétuas, havia nas três
tardes de entrudo um perfeito bazar de banheiras, gamelas, bacias, alguidares,
seringas, copos, canecas e canjirões, a não deixar impunes os transeuntes; que
no Alto da Bronze além de tudo isso ainda havia o vermelhão, o polvilho e os
pós de sapatos; e que a moçada de Porto Alegre saía a pé ou a cavalo com
a competente cestinha de limões de cheiro ao braço, acompanhados de
criados com os respectivos suplementos, a molharem aqui e acolá as descuidadas
(ou não descuidadas) que se achavam às janelas. [...] (Coruja, 1996).
Ângelas:
- Era uma família de “cores honestas”.
Arséne Isabelle, viajante francês que aqui esteve entre 1833 e
1834, revela, em seu relato, “a tirania e a severidade que não
permitia a estranhos, como ele próprio, a aproximação dessas mulheres e ao fato
das mesmas serem condenadas a permanecerem em casa, longe dos olhos alheios,
ousando apenas observar furtivamente o movimento da rua ‘entricheiradas’ nos
parapeitos ou sacadas de suas residência”, não sendo esse um comportamento só em
dias comuns, como também durante a brincadeira do entrudo.
(O trecho citado faz parte de um artigo originalmente publicado na
Gazeta de Porto Alegre, 13 de março de 1884).
Caso
Policial em Porto Alegre
Em um processo resultante de agressões presumivelmente sofridas por uma
mulher de nome Maria Antônia, chegamos a um universo no qual as
práticas entrudescas mostravam-se presentes entre as camadas populares.
Neste processo, o pardo Jorge – um escravo de
Dona Thereza Emília de Lima, com 32 anos, que exercia o ofício de
alfaiate – fora acusado de ter agredido a Maria Antonia – uma
meretriz de 29 anos que residia no famoso Beco do Fanha (atual Rua Caldas
Junior) – tendo-lhe causado alguns ferimentos no rosto.
Entretanto, contrariando a versão policial, em seu depoimento, Maria
Antônia afirmou que havia saído para ir “à casa de uma moça
sua conhecida a fim de jogar o entrudo”.
Quando voltava, foi atingida por limões de cheiro, que a fizeram cair e
por isso teria se ferido, “batendo com o rosto em uma laje que
fica do lado de dentro” de casa.
O pardo Jorge – que aparecera em sua residência “por ocasião de
principiar com o jogo do entrudo”, “nenhum mal lhe
fez”, tendo-a somente repreendido em função de sua queda.
Na versão do alferes Guimarães, que deu voz de prisão ao
acusado, este foi preso quando “lutava com uma mulher, dando-lhe
pancadas, achando-se a mesma toda ensangüentada e ele próprio com a camisa toda
rasgada” e esta pediu que o referido alferes não o prendesse “porque ele fazia
tudo aquilo por amizade”.
Entrudo,
Imprensa e Repressão
Com o ressurgimento do “Entrudo”, percebe-se uma
preocupação tanto da imprensa quanto das autoridades no sentido de tentar
evitar a sua proliferação.
O jornal A Reforma, externava sua preocupação com a situação ao afirmar:
“Em todas as ruas da capital se tem jogado entrudo como nos tempos
antigos, e todo o arreganho policial não conseguiu mais do que fazer com que um
ou outro agente policial tomasse banho involuntário” (Ferreira,
1970: 23).
Ao analisar a questão do policiamento urbano em Porto Alegre, “os relatórios do
período constantemente enumeravam a precariedade da força policial como uma das
causas da criminalidade, mas concordavam que ‘avultada como já é a verba a ela
destinada’, a Assembléia dificilmente atenderia as reclamações de diversos
municípios, que pediam a criação de seções policiais” (Moreira, 1995:
59), enfatizando bem essa questão da ineficácia policial perante as
transgressões, como o era considerado o entrudo.
O “Entrudo” havia regressado a Porto Alegre com toda força!
Jogado por todos, brancos, negros, pobres, ricos, homens e mulheres,
ainda seria alvo de muitas polêmicas, discussões e disputas na capital da
Província do Rio Grande!
Porto Alegre, mesmo
sendo uma cidade provinciana, desfrutou dos “prazeres de
brincar o entrudo” em toda a sua ingenuidade, até sua maior
sofisticação, para no futuro se tornar em um dos maiores carnavais do Brasil.
Em 1883, em Porto Alegre, apaixonada rivalidade dos integrantes das
sociedades Esmeralda e Venezianos se
entreveraram e só não provocaram tumulto maior porque a polícia agiu a tempo.
O Carnaval terminara (sem nem ter começado), era a rivalidade.
O
Carnaval em Porto Alegre
A Polícia acabou proibindo esse tipo de brincadeira e foi surgindo
um “Carnaval” diferente, com confetes e serpentinas, lança-perfumes, fantasias,
cordões e desfiles.
O Carnaval foi grandemente adotada pela população
brasileira, o que tornou-o uma das maiores comemorações do país.
As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, assim
a festa cresceu em quantidade de participantes e em qualidade.
Sobre os festejos que marcam o Carnaval, geralmente nos
deparamos com a lógica e a significação instituídas pelo calendário cristão.
Sob esse contexto, o carnaval compreende um período de celebração que
antecede a resignação espiritual que inclui o período que vai da Quarta-feira
de Cinzas até o Domingo Pascoal.
Somente no século XIX, no final, no Brasil,
surgiram os blocos carnavalescos com carros decorados e pessoas fantasiadas de
forma semelhante ao século XXI.
Embora de origem européia, muitos personagens foram incorporados ao
carnaval brasileiro, por exemplo:
Rei momo,
Pierrô,
Colombina.
Em termos de carnaval, a classe média buscava suas formas de
diversão.
Criam-se “bailes de máscaras e de gala”, onde eram executadas polcas e valsas.
Eram grandes bailes eram realizados no Theatro
São Pedro.
Quem não frequentava os salões partia para a Cidade
Baixa, Menino Deus, Azenha ou Bairro Santana, onde a diversão era garantida.
As variadas fantasias só dependiam da imaginação
dos foliões.
Os homens adoravam se vestir de mulher, sendo
ajudados pelas esposas, mães ou irmãs.
Os primeiros blocos carnavalescos eram formados pelos Cordões,
grupo de pessoas e os famosos Corsos “cortejos de carros
de passeios” (carruagens, carroças).
Moralidade
em Porto Alegre
Para Careli, entre os anos de 1850 e 1900, em Porto
Alegre, “reinterava-se a crise de costumes e a crise moral como explicativa dos
mais diferentes problemas”, não sendo, portanto, “fortuita a
insistência na qual incorriam os ‘homens do jornal’ no quesito‘virtude’ como
instrumento de combate à imoralidade e ao ócio, que na visão desses,
punham em risco a acumulação viabilizada pelo trabalho para a concretização de
uma sociedade civilizada e ordenada”.
Para o alcance de uma sociedade moderna era necessário o “desenvolvimento de
condições morais e sociais adequadas àquela concepção de progresso que [os
intelectuais] buscavam implementar”.
Assim, era preciso se ter um novo carnaval: o entrudo era considerado
uma brincadeira licenciosa, que proporcionava a perda do controle dos pais e
também da prudência sobre o comportamento feminino, pois durante o festejo
haveria o perigo dos “abraços traiçoeiros que começam na porta da rua e
iam terminar mesmo nas barbas dos senhores pais de família”.
A referida autora também afirma que “o comportamento
sexual referente ao gênero feminino no século XIX era associado – por grande
parte da imprensa escrita – a uma existência virtuosa a ser canalizada ao longo
da vida para o fim maior a que estava destinada a mulher: o casamento e a
maternidade”.
Ao participarem desse temido jogo, as mulheres não estariam praticando
uma existência tão virtuosa assim, podendo prejudicar o objetivo máximo dela, o
casamento.
Segundo Pedro, a partir de 1850, nas cidades do Sul, durante
a formação das elites nos centros urbanos, foram freqüentes as imagens
idealizadas das mulheres e de seus papéis familiares. Essas elites que se
formaram, é que “iriam promover os jornais responsáveis pela divulgação de modelos de
comportamento, especialmente para as mulheres”, como por exemplo,
os comportamentos que se esperavam delas durante os festejos
carnavalescos.
Em 1899, no Rio de Janeiro, capital da República, e escrita
a “primeira música” feita exclusivamente para o carnaval, foi uma
marchinha, "Ó abre alas", composta para o Cordão Rosa
de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga.
Desde então este gênero, que rapidamente caiu no gosto popular, reinaram
ao longo de muitos anos e assim foram transmitidas de geração em geração, tendo
como principais aliados a divulgação radiofônica, os bailes de salão e as
próprias ruas.
No século XX, no Brasil o “Carnaval” foi crescendo e
tornando-se cada vez mais uma festa popular.
As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, as músicas
deixavam o carnaval cada vez mais animado, em quantidade de participantes e
qualidade de festa.
Os bailes públicos passaram também a tomar conta da cidade, não só nos
salões, mas em lugares mais acessíveis ao povo.
Em 1900, no início do novo século, em Porto Alegre, não era mais a mesma,
pois todas as sociedades haviam desaparecido, restando apenas lembranças de
grandes Desfiles de Carnaval.
- No começo do século XX, os Corsos se tornaram mais populares, as pessoas
decoravam seus carros, fantasiavam-se e, em grupos, desfilavam pelas ruas das
cidades, dando origem aos carros alegóricos.
O carnaval tornou-se cada vez mais popular, e teve um crescimento
considerável neste período, que ocorreu em virtude das “marchinhas
carnavalescas” (músicas que faziam o carnaval mais animado).
- Desde o final do século
XIX, havia desfiles de grupos mascarados das mais
variadas classes sociais, acompanhados por orquestrinhas ou estudantinas com as
mais improváveis formações instrumentais.
Em 1900, em Porto
Alegre, a Orquestra Mista de um grupo anônimo registrado pelo
jornal Correio do Povo descrevia os instrumentos: -
concertina, ocarina, trombone e instrumentos de papelão.
A descrição feita no jornal do governo, A
Federação, neste mesmo carnaval de
1900, descreve no detalhe uma dessas formações populares e nunca muito bem
organizadas:
E lá se foi o
bando onde figuravam dominós de metim de cores desbotadas, os tradicionais
macacos de barba de pau, alguns tipos com casaco virado do avesso e pedaços de
pelego nos rostos; tudo isso ao ruído de uma canglorosa corneta, um bombo com a
pele frouxa, uma caixa de rufo no mesmo estado, pandeiros, violas, violões,
chocalhos, etc.
Um, talvez o mais abastado do grupo, trajava calça
e jaqueta de Zuavo, feitas de belbutina e já muito rafadas; completava-lhe a
toillete um chapéu de papelão ‘a
Directorilo’.
A ‘riqueza’ do vestuário conferiu-lhe a honra de levar a
bandeira: - um pedaço de morim com letreiro ilegível, escrito com pó de
sapatos.
- E lá se foram eles, todos muito suados, muito
ruidosos, muito sujos e sobre tudo… sem nenhum espírito.
Essa folia espontânea logo ficaria tão elitizada –
culminando com a volta das sociedades carnavalescas Esmeralda e Os Venezianos,
em 1906.
Em 24 de fevereiro de 1903, em Porto Alegre, o Club dos Pierrots,
era descrito pelo jornal Correio do Povo, como um conjunto seleto formado por
sete violões, um violão espanhol, duas flautas, três violinos, uma bandurra e
um cavaquinho.
Tocando polcas, valsas, marchas, dobrados,
mazurkas, havaneiras, schottischs e mesmo seleções de óperas.
Em 1906, em Porto Alegre, Esmeralda e Venezianos irão
reaparecer “porque era preciso negar a legitimidade do carnaval [popular] que de
fato existia inventando outro para colocar em seu lugar”.
Os préstitos deviam, agora, simbolizar a distinção de quem neles tomava
parte, reafirmando o princípio de moralidade superior que justificavam e
legitimavam a autoridade. Os valores sociais eram “pedagogicamente
apresentados como modelos ideais de conduta a serem assimilados, tanto para a
multidão que assistia quanto para a própria elite que neles deveria se
espelhar”.
Dividida nas cores vermelho e branco, os Venezianos apresentavam
um saudável carnaval de salão.
No mesmo contexto festivo a Sociedade Esmeralda, verde e
branco, também proporcionava excelentes bailes carnavalescos.
A disputa entre as mesmas seria evidente, e na simpatia para com seus
públicos conquistavam adeptos até do futebol, como fez os Venezianos,
congregando suas cores com a Fundação do Sport Club Internacional,
em meados de 1909.
A
Mulher - Rainha do Carnaval
Porto Alegre
E, nesse renascer das sociedades, “era a grácil Mulher porto-alegrense
que fazia o carnaval”.
Segundo Lazzari, “embora os méritos pelo brilho e
sucesso da festa fossem atribuídos pela imprensa à diretoria masculina, era em
torno das mulheres que se centralizavam os elogios, bem como as atenções e o
entusiasmo geral”.
O culto à rainha da sociedade (que normalmente era parenta de algum
sócio) era a expressão máxima da exaltação da figura feminina.
Nas crônicas a respeito dos bailes de ambas associações,
apresentavam-se “aclamações apoteóticas à rainha” e exaltava-se “o culto à virtude
feminina que livraria o carnaval de Porto Alegre do perigo da licenciosidade da
‘folia pagã’”.
Assim, uma nova missão fora criada para as mulheres nos festejos
carnavalescos: não só participar como, principalmente, promover os bailes e
desfiles e, segundo os jornais da época, serem responsáveis pelo sucesso dos
carnavais. Eram elas que promoveriam a regeneração moral da festa. Evidencia-se,
assim, uma modificação tanto na participação feminina no festejo quanto nos
atributos e caracteres que lhes eram designados:
- Num primeiro momento, elas participavam apenas como espectadoras e
embelezadoras da festa, foram atacadas por serem as responsáveis pelo fim do
carnaval civilizado, por se deixarem levar pelo atrevido entrudo. Foram uma das
causa do fracasso do carnaval elegante por serem as maiores entusiastas com tal
perniciosa brincadeira.
- Depois, com o renascimento das sociedades carnavalescas, passaram a
organizar os festejos burlescos, e acima de tudo, eram a figura do bom
carnaval, da moral e bons costumes, a representação da regeneração moral do
carnaval.
E parece ter sido esta a postura da nova geração que irá recriar a Esmeralda e
a Venezianos.
Se no ciclo anterior o papel de destaque era dado aos carnavalescos,
agora na nova fase serão as mulheres a brilhar.
Se antes eles faliram por causa do gosto feminino pelo entrudo, agora
uma maneira de o empreendimento prosperar era fazer com que as mulheres fossem
as rainhas desta festa.
Vejamos:
Vai passar a Rainha - a nossa Grã Senhora
Virgem Nossa Senhora Imaculada e Casta
¾ qual a santa d’um adro, ao resplendor da aurora
ou qual mago Santélmo a quem o mar se afasta!
Virgem Nossa Senhora Aparecida em vasta
nuvem d’ouro e de sonho à qual o sol rubóra,
Virgem Santa Maria, a cujos pés se arrasta
a multidão que geme e a Sua Graça implóra...
Virgem Santa do Céu! Como é bela e moça
e como, feito d’alma, o seu olhar se adoça
e se expande e se estende e sobre nós reflóra!
Ei-la...! Deixem passar o seu andor singelo!
Abram alas...! Avante ó devotos do Belo:
¾ Vai passar a Rainha ¾ a Nossa Grã Senhora!
No trecho acima, percebemos a importância dada as mulheres nesta nova
fase, comparando as rainhas das sociedades a Virgem Maria.
As sociedades carnavalescas Esmeralda e Venezianos,
embora não tivessem o objetivo de gerar lucro, estas sociedades proporcionavam
a detenção de outros capitais a quem dela participasse. Ao fazer parte
delas, homens e mulheres se distanciavam da
massa (distancia que não havia no “entrudo”), exteriorizando
seus lugares e suas posições.
Ser esmeraldino ou veneziano era ser elegante e civilizado, ou seja,
ainda que estas instituições não rendessem finanças a seus associados, elas
atribuíam-lhes um valor social. Quem participava delas era detentor de um
capital simbólico. Ao ser visto durante um préstito ou adentrando ao baile, o
indivíduo era identificado a uma “seleta” categoria de
personagens da sociedade porto-alegrense.
O lema da Esmeralda:
“Viva o carnaval chiq, fino e
educado”.
Talvez por isso, o formato desta nova festa tenha vingado.
Muitas foram às sociedades criadas após Esmeralda e Venezianos:
- Congos,
- Germania,
- Floresta Aurora,
- Club Cara Duras,
- Netos do Diabo,
- Club Saca Rolhas,
- Filhos do Inferno e uma infinidade de outras mais.
Em 1912, em Porto Alegre a moda para o “Carnaval” já estava mais
arejada.
Os turbantes e as plumas deram lugar ao picareta.
O smoking e a gravata borboleta substituíram a túnica fechada.
A folia era bem maior.
Em 20 de fevereiro de 1912, em Porto Alegre, estava lá, no jornal A
Federação:
Em outros grandes centros as festas de carnaval são
a consagração das hetairas da flor do vício. Em nossa capital, porém, os
festejos carnavalescos têm um certo cunho familiar, todo provinciano e todo
nosso, que fazem o encontro não só do povo, mas também de grande número de
forasteiros.
Assim devia ser um carnaval que agradasse A
Federação:
- As classes mais altas dançando nos bailes e
desfilando em carros alegóricos pelas ruas centrais.
- O povo assistindo, jogando confete e serpentina e
brincando com lança-perfumes.
E é assim que estava sendo: - neste 1912, 30 mil
pessoas comemoraram deste jeito a festa, na Rua da Praia.
Nota:
- NA RUA DOS ANDRADAS
Em conseqüência da explosão de um tubo
de lança-perfume seis pessoas sairam feridas, ante-hontem, á noite, à Rua dos
Andradas.
Como se verificou na ocorrencia:
Terça-feira última, como noticiámos, em virtude de explosão de um tubo
de lança-perfume, tres menores, de nomes Ruben Feijó, Joel Alves e Jayme
Cardoso, receberam queimaduras e ferimentos.
Identico facto, mas de maiores consequencias, occorreu terça-feira, á
noite, em plena rua dos Andradas.
O sr. Spolidori, como nos annos anteriores, installou á praça da
Alfandega, em frente ao Cinema Central, uma mesa para a venda de lança-perfume.
No ultimo dia dos folguedos carnavalescos, como sóe acontecer, foi intenso
o movimento na nossa principal arteria.
Cerca das 21 horas, algumas pessoas se achavam em redor da mesa do sr.
Spolidori adquirindo tubos de lança-perfume.
Um seu filho, de nome Angelo Raphael Spolidori, de 19 annos de idade,
ajudava seu progenitor na venda desse producto.
Em dado momento, tendo entupido um tubo de lança-perfume, o
referido menor, para desentupilo, accendeu um fosforo, queimando a ponta do
recipiente.
Foi nesse momento que se verificou a explosão.
Com um forte estampido, o tubo arrebentou, ao mesmo tempo que se
inflammava seu conteudo. Estabeleceu-se o panico.
O povo que se achava aglomerado nas immediações da praça da Alfandega,
começou a correr em todas as direcções, ignorando do que se tratava. Afinal,
restabelecida relativa calma, verificou-se acharam-se feridas seis pessoas.
A Assistencia publica avisada, compareceu immediatamente ao local,
transportando as victimas para o posto central.
O agente do 1º districto de serviço no local e de nome João Antonio C.
de Mattos, procurando dominar o fogo, recebeu queimaduras de 1º e 2º graos nos
braços, mãos e punhos.
Em virtude da correria, a mesa de lança-perfume virou, inutilisando-se
quasi todos os vidros.
O sr. Spolidori soffreu prejuizo calculado em um conto de réis.
Todos os feridos com excepção do sr. Spolidori, foram convenientemente
medicados na Assistencia Publica pelo dr. Antonio P. Louzada, auxiliado pelo
academico de medicina Baptista Hoffmeister.
O operario Francisco Marino, de 61 annos de idade e morador á rua
Sant’Anna n. 804, foi atirado ao solo, recebendo escoriações na face interna do
terço superior do ante-braço esquerdo e contuno no mesmo braço. A senhora d.
Maria Amaral, casada 39 annos de idade e residente á rua dos Andradas n. 788,
atirada ao solo pela massa de povo, que corria em todos os sentidos, soffreu
escoriações no joelho esquerdo. Juracy Musso, residente á rua Demetrio Ribeiro
n. 126, foi acommettida de crises nervosas e, pisoteada pelos populares,
recebeu escoriações, nos braços, mãos e pernas e a torção da articulação da 1ª
phalange do pollegar direito.
As victimas, em seguida aos necessarios curativos, recolheram-se ás suas
residencias.
(Correio do Povo - matéria publicada na edição de 23 de fevereiro de
1928).
Em 1914, em Porto
Alegre, por meio da Concertina, dois nomes disputavam as atenções durante o
reinado de Momo e seus meses precedentes:
Octavio Dutra e Pedro
de Barros.
Pedro era
compositor, tocava muito bem violão e venceu a espantosa cifra de dezessete
carnavais no início do século, sempre à frente do bloco Os Tesouras (donde
saiu o nome do jogador Tesourinha, que hoje batiza o ginásio
municipal de Porto Alegre).
Décadas mais tarde, o filho de Pedro, Hemetério,
seria o fundador de uma das principais Escolas de Samba do Rio Grande do Sul:
a Bambas da Orgia.
O ano de 1914 seria o último para as grandes
sociedades carnavalescas:
- A I Guerra Mundial encerraria imediatamente toda
a Belle Époque, e todos irian junto.
Em 1914, em Porto Alegre, é encerrada a vermelho e branco, Sociedade
Carnavalesca Venezianos.
Em Porto Alegre, Blocos, Ranchos, Cordões
de Sociedade e Tribos carnavalescas foram as
primeiras grandes atrações de nossos desfiles, até que surgisse, por volta de
1960, as primeiras Escolas de Samba.
Em 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro,
capital da República, “primeira escola de samba” foi criada,
chamava-se Deixa Falar, na Rua Estácio de Sá.
A denominação "Escola de Samba" foi gozação:
- Na mesma rua ficava a antiga Escola Normal, onde se
formavam professores primários.
Na "Deixa Falar", segundo seus fundadores,
formavam-se "professores de samba".
As cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua
estréia no carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação.
A Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da
região.
Ela acabou por estimular a criação, nos anos seguintes, de outras
agremiações de samba. Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de
samba:
Cada Ano Sai Melhor,
Estação Primeira (Mangueira),
Vai como Pode (Portela),
Vizinha Faladeira e,
Para o Ano sai Melhor.
Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola
de samba Estácio de Sá.
Em 1928, em Porto
Alegre, aconteceu o o último desfile com carros alegóricos, no
formato popular pela Rua da Praia.
Animação total ao som de valsas, polcas, tangos e
schottischs!
Só que também havia os Blocos.
Desde os rivais Chorando na Esquina e Chorando
no Meio da Quadra até o refinado Leopoldina Juvenil.
Além, claro, da turma (já então) animada da Cidade
Baixa, um povo de bairro – negro em sua maioria – que pulava e dançava sem
divisões.
Carnaval
Moderno em Porto Alegre
Década de 1930, inicia a história do Carnaval
de Porto Alegre.
O
Areal
O fato fundamental para com a história do carnaval de Porto Alegre,
parte daqueles que não se simpatizavam com o carnaval de salão e prestigiavam
de certa forma o carnaval proporcionado na rua, onde alguns locais da cidade
eram de assídua aglomeração.
Na história do nosso carnaval gaúcho os bairros Cidade baixa (Menino
Deus, Azenha), Colônia Africana, (atual bairro Rio Branco), Bairro Santana e
vizinhança, são os primeiros e principais focos do carnaval de rua da cidade.
Através dos bairros pobres, como o "Areal da
Baronesa", assim chamado por ser na beira do rio, uma praia, posteriormente
aterrada, onde hoje é a Praça Conego Marcelino, na qual tem esse
nome por antigamente pertencer a Baronesa (esposa do Barão de Gravataí),
surgira o que caracterizamos de carnaval mais popular.
Fato importante do Areal estava no grande número de negros que ali
fixara residência, pois retratava de certa forma territorialidade dos escravos
após a abolição da escravatura. Sem saber para onde ir as comunidades negras se
estabeleceram nestes locais e ali concentraram sua cultura, bem como seus
costumes, festas e tradições.
A partir de 1930, em Porto Alegre, o Areal tornara-se, digamos
assim, a "nata" do Samba, um grande reduto negro
carnavalesco que com o passar dos tempos foi concentrando grandes grupos de
manifestações populares.
Há nível histórico o Areal é uma referência importante do carnaval de
Porto Alegre, pois dera origem á vários grupos carnavalescos, como:
- Imperadores do Samba, bem como os primeiros coretos
populares de bairro,
- Caetés "primeira tribo
carnavalesca",
- Principalmente ao primeiro Rei Momo Negro da cidade,
o “Rei Negro”, conhecido na época por (Seu Lelé),
- Os primeiros Coretos populares
de bairro.
Dentre essas manifestações populares carnavalescas importantes no
contexto histórico do carnaval cidade, foi o surgimento das Tribos
Carnavalescas.
Nos anos 1930, em
Porto Alegre, o “Areal da
Baronesa” era um reduto totalmente carnavalesco, já
existem noticias em jornais de grupos com nomes:
Ases do Samba,
Nós os Comandos,
Seresteiros do Luar,
Nós os Democratas,
Viemos de Madureira,
Tô com a vela,
e os primeiros coretos populares de bairro.
O outro bairro de negras origens da cidade, a
chamada "Colônia Africana", aos poucos foi perdendo sua negritude pela
exploração imobiliária (atual bairro Rio Branco, Mont´Serrat e adjacências).
Esse era também o local onde negros libertos foram
morar.
Da Colônia surgiram grupos como:
Aí-vem-a-Marinha,
Prediletos,
Embaixadores,
Namorados da Lua.
A Colônia Africana era o bairro do famoso Salão
Modelo (também chamado do Ruy), na esquina entre as ruas Casemiro de
Abreu e Esperança.
Em 1931, em Porto Alegre, desaparece a verde e branco, Sociedade Esmeralda, os esmeraldinos
após tantos carnavais, idas e vindas, deixam a sua herança.
Em 1946, em Porto
Alegre, o primeiro Carnaval depois da Segunda Guerra Mundial festejou mais do
que o fim do conflito.
A folia conhecida por Carnaval da Vitória,
marcou também a estréia das Tribos carnavalescas nas ruas da
cidade.
Até então, os blocos dominavam a cena do Carnaval.
Entre os anos 1950 e 1960, em
Porto Alegre, as Tribos, característica única do carnaval de Porto
Alegre.
As tribos tiveram grande destaque neste período.
Eram tantas quanto as escolas de samba:
Os Arachaneses,
Os Aymorés,
Os Bororós,
Os Caetés,
Os Charruas,
Os Navajos,
Os Potiguares,
Os Tapajós,
Os Tapuias,
Os Tupinambas,
Os Xavantes …
Com a crescente influência do carnaval em forma de
espetáculo realizado no Rio de Janeiro e sua conseqüente adoção pelos foliões,
a opção destes pelas Escolas de Samba em detrimento das tribos foi aumentando,
e essas foram desaparecendo ao longo do tempo, restando hoje apenas duas: -
Os Comanches e Guaianazes.
Até os anos 1950 e 1960, em
Porto Alegre, nos Grupos Carnavalescos, admitiam só homens em
seu meio, praticamente.
Quando as Mulheres desfilavam (e
geralmente eram parentes dos integrantes ou vigiadas pela mãe ou irmã mais
velha), eram fantasiadas com o equivalente feminino ou com os mesmos trajes dos
homens.
Os primeiros grupos femininos lembrados pelo
pessoal da velha-guarda foram:
As Fazendeiras,
As Japonesas,
As Fuzileiras …
Houve ainda As Iracemas, saídas dos
Caetés e As Heroínas da Floresta, do Clube Floresta Aurora.
- Alguns desses grupos femininos desfilavam em
coretos oficiais, como é o caso das Iracemas, que chegaram em alguns coretos a
conquistar o 3º lugar, outras faziam atividades só internamente.
Em 10 de março de 1960, em
Porto Alegre, é fundada a primeira Escola de Samba, no
sentido "moderno" foi
a Academia de Samba Praiana.
A escola verde e rosa revolucionou o carnaval de
Porto Alegre na década de 1960, sendo a primeira a desfilar com alas,
fantasias, alegorias, ao estilo do carnaval do Rio de Janeiro.
Nota:
As cores verde e rosa (homenagem a escola de samba
Estação Primeira de Mangueira do Rio de Janeiro-DF).
Em 1961, em Porto Alegre, depois do desfile da Academia de Samba Praiana as fantasias
apresentadas foram expostas na Livraria do Globo na Rua da
Praia (baluarte da cultura na cidade).
Em 1970, em Porto Alegre,
os Blocos Humorísticos foram eliminados pela Prefeitura
Municipal.
A razão principal de sua eliminação, na verdade,
era sua crítica aguda, principalmente dirigida aos políticos (em pleno Regime
Militar).
- Uma característica do Carnaval de Porto Alegre
foram os Blocos Humorísticos como:
Tô Com a Vela,
Canela de Zebu,
Te Arremanga e Vem,
Saímos sem Querer,
Tira o Dedo do Pudim e
outros, que marcaram época, mas foram perdendo terreno para o carnaval "estilo Rio de Janeiro" das escolas de samba.
Entre os anos 1970 e 1980, em
Porto Alegre, foram as Bandas, que tiveram seu apogeu.
Algumas delas foram:
DK,
Saldanha Marinho,
Medianeira,
Por Causa de Quê,
Areal da Baronesa,
JB,
Filhos da Candinha,
Comigo Ninguém Pode,
IAPI, etc…
- Existe quem diga que as Bandas não
teriam vingado por serem uma idéia importada, que não era original de nosso
meio.
Seja como for, algumas desapareceram e outras se
transformaram em escolas de samba (como a União da Vila do IAPI, Filhos da
Candinha e Areal da Baronesa, esta última já extinta).
Em 1977, em Porto
Alegre, a Muamba foi oficializada pela Prefeitura, na
administração do prefeito Guilherme Socias Villela, perdendo assim
sua espontaneidade.
- A Muamba, uma característica que é provavelmente
exclusiva do carnaval de Porto Alegr, ensaios dos blocos e escolas feitos como
uma prévia para o desfile oficial.
- Antigamente a Muamba também era uma forma de
arrecadar dinheiro para o desfile oficial e ocorria em diversos pontos da
cidade, geralmente o pavilhão da escola era carregado aberto e as pessoas
jogavam moedas ali.
Em 2006, o Carnaval
de Porto Alegre foi declarado “patrimônio
histórico e cultural do Rio Grande do Sul”.
Blocos
de Sociedade de Porto Alegre
Os blocos surgiram para diminuir a influência do entrudo, que era um
carnaval bem mais violento. As pessoas jogavam água, pó, bebidas e até urina e
fezes.
As brigas entre foliões eram comuns.
Estes blocos, que realizavam corsos (desfiles com cavalos, charretes e
carros), jogavam apenas "limão-de-cheiro", bolinhas de cera do
tamanho de um limão com (teoricamente) perfume dentro.
Em 1873, em Porto Alegre
surgiram as duas grandes sociedades carnavalescas:
Esmeralda,
Venezianos.
Venezianos
Sociedade Carnavalesca Os Venezianos
Cores: vermelho e branco
Símbolo: Leão de Veneza
Fundação: 1873
Foi uma das duas grandes sociedades que deram início às acirradas
disputas carnavalescas de Porto Alegre.
A sede era na Rua Venezianos (atual Rua Joaquim Nabuco).
Os Venezianos eram considerados a “sociedade do povo”, em contraposição à
Esmeralda, que seria representante da elite.
Em 1907, os Venezianos desfilaram com mais de 100 cavaleiros, e houve
uma vez em que a sociedade contratou todas as viaturas da cidade (charretes,
coches, etc), deixando a rival "na mão".
Os Venezianos existiram até por volta de 1912.
Nota:
Em 1959, na mesma rua onde nasceu Os Venezianos, foi fundada
a escola de samba Imperadores do Samba, também nas cores vermelho e
branca, com leão como símbolo, e com forte identificação com o time de
futebol Sport Club Internacional.
Esmeraldas
Sociedade Carnavalesca Esmeralda Porto-alegrense
Cores: verde e ouro
Fundação: 1873 ou 1874
Seu lema era "Carnaval fino, chic e educado", gozado pelas
concorrentes como "Carnaval feio, grosso e mal-criado".
Desfilou pela primeira vez em 1874, era a grande rival dos Venezianos.
Em 1898 desfilou com muitas dificuldades, sem contar com apoio oficial e
nem popular.
Em 1923, a Esmeralda chegou a fazer eventos no Theatro São Pedro.
Em 1927, realizava somente bailes internos e alguns corsos.
Existiu até por volta de 1940, fazendo corsos e bailes.
Em artigo acadêmico de Caroline Leal ("Porto
Alegre Carnavalesca": - o entrudo através do olhar imagético), a autora
afirma:
- O Esmeralda era formado por funcionários públicos,
comerciantes, estudantes, intelectuais e oficiais da Guarda Nacional, tendo um
caráter "mais popular".
- O Venezianos era formado por altos comerciantes e
pessoas ligadas às atividades financeiras e empresariais.
Isso contraria a informação citada por Heitor Carlos Sá Britto
Garcia, no livro "Fragmentos Históricos do Carnaval de Porto
Alegre".
- A Travessa dos Venezianos (que corta a Joaquim Nabuco, antiga Rua dos
Venezianos) era um local de moradia de operários e de pessoas de classes mais
baixas. A região servia também para refúgio de escravos.
Em torno da rivalidade entre os verdes da Esmeralda e
os vermelhos do Venezianos,
giraria por duas décadas o melhor do carnaval da cidade.
Na época dos blocos, certamente a música era diferente (pelo menos nos
blocos mais "comportados", como os Venezianos e Esmeralda).
A música predominante era o marcheado das marchinhas.
Já nos blocos que surgiam nos bairros negros (Areal da Baronesa e
Colônia Africana) provavelmente predominava os ritmos que desembocaram no
samba.
Aos poucos, os desfiles foram engordando, a Sociedade Germânia e
vários blocos foram para as ruas, e o colorido do centro da cidade aumentou com
os desfiles dos carros alegóricos.
Ricamente ornamentados, com seus foliões em fantasias, esses carros se
concentravam na Praça da Alfândega e percorriam as ruas do Centro.
A animação só diminuiria durante a Revolução Federalista (1893).
A partir de 1896, os desfiles voltariam com força maior ainda.
Sociedade Gondoleiros (freqüentado por brancos
imigrantes)
Sociedade Floresta Aurora (freqüentado por negros)
Nota:
- SPORT CLUB INTERNACIONAL
Os Venezianos eram maioria na reunião de fundação do
Internacional, e decidiram as cores do novo clube. Mesmo assim, a maioria dos
Esmeraldas presentes na reunião permaneceram no clube. As duas entidades
carnavalescas estiveram ligadas à origem do Internacional.
Texto Cláudio Brito, ClicRBS:
"Em 1909, a história do carnaval se confunde com a do futebol entre
nós. Torcedores e participantes do grupo Os Venezianos estavam na fundação do
Sport Club Internacional, o grande colorado de glórias, orgulho do Brasil. O
que explica o vermelho de sua camisa e bandeira."
Bailes
da Sociedade de Porto Alegre
No final do século XIX, em Porto Alegre, enquanto a farra corria solta
nas ruas, e nisso os negros eram os mais animados, a elite ia aos “bailes de máscara” no Theatro
São Pedro.
Grupo distintos de pessoas fundaram sociedades, pois na época a cidade
de Porto Alegre era composta de grupo étnicos diferentes e criavam estas
sociedades para preservar sua língua, cultura e assuntos políticos.
O bom baile, o bom jogo de bocha, o carteado, tiro ao alvo, o
remo, ginástica.
***
SOGIPA - Sociedade Ginástica Porto Alegre, antigo Deutscher
Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica), de 1867, fundado por imigrantes
alemães.
***
Sociedade Floresta Aurora, antiga sociedade de dança e beneficente
Floresta Aurora, a sociedade ou clube, fundado em 31 de dezembro de 1872,
por afro-descendentes, na época forros (libertos), é o clube de “origem negra” mais antigo do
Brasil.
***
Sociedade A Bailanta, tradicional casa de baile da Praça da Matriz, do século XIX e início do século XX.
***
Clube de Regatas Guaíba Porto Alegre, fundado em 21 de novembro de 1888 por
um grupo de jovens de origem germânica, o Ruder-Club Porto Alegre (Clube de
Regatas Porto Alegre). A reunião de fundação ocorreu no Restaurante
Continental, sob a liderança do major Alberto Bins, é o “clube de regatas” mais antigo do
Brasil.
***
Clube Caixeral de Porto Alegre, fundado em 1882 por 181 caixeros.
***
Sociedade Gondoleiros, antiga sociedade carnavalesca
Gondoleiros, fundado por imigrantes italianos em 05 de março de 1915, com
sede na Avenida Eduardo no 4º distrito.
***
Clube do Comércio, antigo clube do Commercial, fundado por
comerciantes da cidade em 07 de junho de 1896, sua primeira sede era onde hoje
se encontra o Santander Cultural, Rua 7 de Setembro com Rua Gal Câmara.
***
Sociedade Leopoldina Juvenil, fundado em 24 de junho de 1863 por um
grupo de descendentes de alemães, e recebeu o nome de Gesellschaft Leopoldina,
em 1940 a fusão da Sociedade Leopoldina Porto alegrense e o Club
Recreio Juvenil deu origem a sociedade Leopoldina Juvenil.
***
Sociedade Polônia, antiga Sociedade Zgoda, fundada em 1896, por
imigrantes poloneses, com sede no bairro São Geraldo.
***
Grêmio Náutico União, fundado em 1º de abril de 1906 por seis jovens de
origem alemã que tinham o remo como seu esporte favorito e que deram ao clube o
nome de Ruder Verein-Freundschaft (Sociedade de Regatas Amizade), em 1917 o
clube alterou o seu nome para uma denominação nacional; a expressão "Sociedade de
Regatas" deu lugar à "Grêmio Náutico", e a palavra "Amizade" foi substituída
por "União".
***
Porto Alegre Country Clube, fundado em 30 de maio de 1930
por um grupo de golfistas entre eles Antônio Jacob Renner, o
clube na Boa Vista possui uma área de mais de 50 hectares de
mata nativa.
Pela década de 1930, as pessoas de berço
só brincavam o carnaval em clubes, como o Clube Jocotó, com sede no
bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre, era um clube muito considerado.
Nos carnavais da Zona Sul, o trenzinho que contornava a enseada da Praia
de Belas até a Pedra Redonda e voltava madrugada afora, pela orla do Guaíba,
carregando de ruidosos pierrôs e colombinas, a sonolentos carnavalescos.
Baile de Gala no Clube do Comércio, na Praça da Alfândega,
no Centro.
Verde e Branco do Teresópolis Tênis Clube, no bairro
Teresópolis.
Vermelho e Branco do Sport Club Internacional, realizado no
Gigantinho, no bairro Menino Deus.
O tradicional baile e desfiles do Clube Gondoleiros na
zona norte e Floresta Aurora na zona sul, Clube caixeiros
Viajantes, no bairro Moinhos de Vento.
Lindóia Tênis Clube na zona norte, também realizava grandes
bailes de carnaval.
Tribos
de Porto Alegre
A Pioneira:
Fundada em 19 de abril de 1945, a Tribo
Caetés Sociedade Recreativa e Beneficente, foi o resultado da idéia de dois
amigos, Hemérito Barros e Rubens Silva, que também
era o compositor e letrista das marchinhas cantadas pelos 22 rapazes que
circulavam pelos coretos da cidade nos dias desfile, alegrando e arrebanhando
os populares contagiados com a folia.
Os Caetés saíam da Avenida Getúlio Vargas, passavam
pelos coretos da Cidade Baixa, chegavam ao Centro, desfilavam na Avenida Borges
de Medeiros, de onde iniciavam o caminho de volta, passando pela Rua dos
Andradas e Santana, até o Menino Deus.
Em cada local, cantavam, faziam coreografias e
apresentavam ao público suas alegorias e adereços de mão relacionados às
marchas.
Por seis anos consecutivos os Caetés foram campeões
do Carnaval e viram nascer outras tribos carnavalescas.
Nos anos 1950, as Tribos chegaram a seis.
Em 2012, os Guaianazes e os Comanches mantêm
a tradição e participam dos desfiles do Complexo do Porto Seco nas noites em
que pisam a avenida as escolas do grupo especial.
Samba
Escolas
de Samba de Porto Alegre
Em 1960, a primeira escola de samba de Porto Alegre foi a Academia
de Samba Praiana, surgiu da reunião de grupo de amigos para tocar e cantar
um bom samba.
A Praiana revolucionou o carnaval de
Porto Alegre, sendo a primeira a desfilar com alas, fantasias, alegorias, ao
estilo do carnaval do Rio de Janeiro.
Academia de Samba Praiana, fundada em 10 de março de 1960, por
um grupo de rapazes porto alegrenses e pelotenses que se reuniam para jogo de
futebol e sempre após as partidas tinham como ponto de encontro em uma
lancheria na Rua da Praia, cujo nome da escola foi inspirado.
A primeira reunião da escola foi realizada na residência de seu Alegrete
e logo em seguida foram sendo realizadas da casa de Dona Altair Fogo,
na Rua São Luiz, 191, no bairro Santana.
As cores originais eram: azul celeste e amarelo ouro.
FUNDADORES
Gilberto Nascimento (Giba-Giba), primeiro presidente (músico e
percussionista pelotense) grande defensor da cultura negra e diretor de bateria
durante vários anos, até 1999,
Mário Varela (Mário Facada), Ernandes do Amaral (Nego Nandi do
surdo), Humberto Silva (Humbertinho da Glória), José
Júnior (Zé Grande), Osvaldo Abesserage (Godô), Anibal
Soares (Capelão), Gabriel, Altair Fogo Garcia (Dona
Altair), José Ênio (Cirano), Érico Machado (Nego
Érico), Luis Carlos Machado (Mestre Caloca), Garoto do
Trombone, Paulinho do Alegrete, Edson Garcia (China)
José Carlos Passos (Cara Cortada), Rui Nascimento (Nas
água), Carioca, Lino.
Dentre outros: Vergílio, Vilmar, Angelina e Lídia Fogo, Wilson Pereira, Heitor
Gutierres.
Apesar de sua fundação em 1960, o primeiro desfile da atual, Verde e Rosa, só veio a ser
realizado em 1961, onde ocasionou uma grande revolução no Carnaval de Porto
Alegre por trazer novidades nunca antes apresentadas nos desfiles da Capital,
tais como:
- 1º casal de mestre sala e porta bandeira,
- Porta estandarte feminino,
- Instrumentos de sopro,
- Sopapo,
- Divisão da escola em alas separadas.
Por todas essas inovações a Praiana sagrou-se CAMPEÃ,
conquistando ainda o direito de em 1962 desfilar como “Hors Concours”.
PERSONAGENS da Praiana
Lídia Maria – 1ª Rainha e atual presidente do conselho,
Célia Santos (Nenê) – Porta Bandeira,
Maria Helena Amaral – Porta Bandeira,
Caloca – 1º Ensaiador (mestre de bateria),
Nara Matos – Campeoníssima Porta Estandarte,
Michele – Porta Bandeira,
Angelina – Primeira baiana da escola,
Miguel Souza (Miguelzinho) – Eterno puxador (solista),
Orimes Ferraz – Presidente Campeão em 1976
Antônio Madruga – Diretor de finanças,
Claudio Macedo (Claudinho) 18 vezes mestre sala, compositor,
Pernambuco – Diretor de Harmonia,
Júlio Ferreira – Seu Pretinho, Madruga, Ilo Feijó (o Pavão), Regis
Barão, Sandro Sabino, Cristiano, Maria Balbina, Cristiane Moojen, Rafael Costa,
Cláudio TORALLES, Mestre de Bateria 2000 (estandarte de ouro) 2001 2002
2006 2007 2010.
CAMPEONATOS da Praiana
1961 - A coroação de D. Pedro II
1962 - (HC) O Descobrimento do Brasil
1964 - May Fair Lady
1965 - Oferenda a Iemanjá
1970 - Conceição da Praia
1976 - Janaína e a festa de Reis
Carnaval
de Porto Alegre
Grupo
Especial
2011
Academia de Samba Praiana
Império da Zona Norte
Bambas da Orgia
União da Vila do IAPI
Acadêmicos de Gravataí
Embaixadores do Ritmo
Império do Sol
Imperadores do Samba
Imperatriz Dona Leopoldina
Unidos de Vila Isabel
Academia de Samba Puro
Estado maior da Restinga (Tinga)
Escola
de Samba Grupo A
Por
bairro de Porto Alegre
Zona Sul
Academia de Samba Praiana
Imperadores do Samba
Estado Maior da Restinga
Zona Norte
Império da Zona Norte
União da Vila do IAPI
Imperatriz Dona Leopoldina
Centro
Bambas da Orgia
Zona Leste
Embaixadores do Ritmo
Academia de Samba Puro
Grande Porto Alegre
Acadêmicos de Gravataí (Gravataí)
Império do Sol (São Leopoldo)
Unidos de Vila Isabel (Viamão)
Carnaval
de Bairro de Porto Alegre
Na década de 1930, em Porto Alegre, as sociedades tinham deixado o
carnaval de rua para o povo, aliás, não se fazia de rogado.
Quando o “Deus Momo” desembarcava no cais do porto, a folia se espalhava pela cidade da
Rua João Alfredo à Avenida Eduardo (Franklin Roosevelt), passando pela Avenida
Bom Fim (Osvaldo Aranha) e Benjamim Constant, que tinham carnaval próprio.
Bandas
de Porto Alegre
As bandas eram comuns nos idos de 1950/60/70 em
Porto Alegre, alegravam muito o povo nas ruas.
Nomes como:
Por Causa de Quê,
Filhos da Candinha,
Comigo Ninguém Pode foram
desaparecendo, levando com elas uma animação que deixou muita saudade.
Algumas viraram escolas de samba.
Porta
Estandarte em Porto Alegre
Uma tradição “tipicamente do carnaval de Porto Alegre”, a participação da
Porta Estandarte apresentando e puxando a Escola de Samba.
É atributo da porta-estandarte, a roupa de saia de muitos babados, o
estandarte com o brasão da agremiação, passos marcados, e muito carisma,
diferente da Porta Bandeira, esta se apresentada sozinha.
Ala
de Prendas em Porto Alegre
Apresentado pela Escola de Samba Império da Zona Norte, na
década de 1980, como grande diferencial, “revolucionou”, uma ala inteira
trajada como prendas tipicamente gaúchas, fugindo de uma imitação à risca do
sistema de desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro que exige uma ala de
baianas com número mínimo de participantes.
Local
de Desfile
Carnaval
Oficial de Porto Alegre
Anteriormente:
Avenida Borges de Medeiros
Avenida João Pessoa
Avenida Loureiro da Silva
Avenida Augusto de Carvalho
Atualmente:
Complexo Cultural do Porto Seco
- Os primeiros desfiles oficiais foram realizados
na moderna Avenida Borges de Medeiros, bairro Centro.
- Depois os desfiles foram transferidos para
a Avenida João Pessoa, bairro Cidade Baixa.
- Anos depois, os desfiles foram para a Avenida
Loureiro da Silva (Perimetral), bairro Cidade Baixa, recém inaugurada.
A avenida era toda decorada e iluminada com
lâmpadas coloridas, todo o ano as pessoas esperavam para ver qual seria o tema
da decoração da pista de desfile.
A população ocupava toda a extensão da avenida,
desde a concentração que era em frente ao Colégio Parobé até as arquibancadas
que ficavam entre a Rua José do Patrocício (junto ao Largo da Epatur – Empresa
Porto Alegrense de Turismo) e Rua Lima e Silva
- Depois para a Avenida Augusto de Carvalho,
bairro Cidade Baixa, transversal da Perimetral, até 2004.
Em 2004, é inaugurado o sambódromo no Complexo
Cultural Porto Seco, no Porto Seco, zona Norte da cidade, uma obra
destinada para ter a maior e mais moderna pista de desfiles do país,
investimento do poder público municipal para o Carnaval da grande Porto Alegre.
Complexo
Cultural do Porto Seco
Passarela
do Samba
Localizada na zona norte, no bairro Rubem Berta, em Porto
Alegre, em uma área dentro do Porto Seco, o Complexo para o carnaval, após
concluído a obra não deverá em nada a demais cidades que já dispõem deste
equipamento.
Muamba
em Porto Alegre
A Muamba é uma atração
portolegrense, “exclusiva dos gaúchos”, um ensaio geral.
Esse evento era realizado bem antes do carnaval,
pois era uma maneira de arrecadar dinheiro para as festas e fantasias.
Ocorria em diversos pontos da cidade, geralmente o
pavilhão da escola era carregado aberto e as pessoas jogavam moedas ali.
Em 2012, foi realizado um grande ensaio geral para o
desfile oficial do carnaval na passarela do samba, para correções e acertos
finais.
Em Porto Alegre:
Antes de 1960, em Alegre, não existia Rei Momo, Rainha, Princesas no
carnaval, cada bloco tinha a sua própria “Realeza”.
Rei Momo de Porto Alegre
Na década de 1930, no início, em Porto Alegre, o Rei
Momo era um boneco que representava a figura do fanfarrão, que não
trabalhava e vivia para festas.
O boneco virou símbolo dos desfiles até virar gente.
A partir dos anos 1930, em Porto Alegre, no Areal da
Baronesa, reduto totalmente carnavalesco, já existem noticias em jornais de
grupos carnavalescos.
Neste local surgiu o Rei Negro (Seu Lelé),
considerado o “primeiro Rei Momo Negro da cidade”, e Macalé que
animavam os carnavais nos bairros da cidade.
Mas o maior Rei Momo de todos os tempos na capital foi Vicente
Rao, o personagem da folia, o maior mito do carnaval de Porto Alegre.
Pesava cerca de 100 quilos e era considerado o primeiro e único, era
comandante do bloco “Tira o dedo do pudim” nas festas do
Arrial da Baronesa e nos desfiles do carnaval na descida da Avenida Borges de
Medeiros.
Ó meu amor
Não faz assim
Eu sou o bloco
Tira o Dedo do Pudim!
Em 1950, surge o “primeiro Rei Momo oficial de Porto Alegre”, Vicente Rao que
reinou durante 22 anos, precisamente entre 1950 a 1972.
Foi considerado o maior dos foliões de todos os tempos
Vicente Rao foi um soberano cheio de alegria e um magnetismo pessoal que era
difícil de encontrar, símbolo de uma época de Porto Alegre boêmia e tranqüila.
Vicente Rao:
Nasceu no dia 04 de abril data de aniversário de seu clube do coração,
era um caso de "coloradismo" patológico e
fatal.
Se divertia em dizer que não havia nascido: - foi inaugurado.
Foi bancário como profissão e como tal, chegou a líder sindical por mais
de trinta anos, chegando a ser acusado de comunista e também a incitação à
violência a greve e a agitação, isso nos anos 1970 em plena ditadura militar,
foi julgado e absolvido o que evidentemente gerou uma grande festa organizada
pelos amigos, um carnaval fora de época.
Vicente Rao foi jogador na década de 1920, (inclusive fazendo parte do grupo
de jogadores que conquistou o primeiro Campeonato Gaúcho do Inter, em 1927),
acabou sendo inscrito na história do Sport Club Internacional por
ser um insuperável animador de torcida, criou a “primeira escolinha
de futebol”, assim como a primeira torcida organizada “Camisa 12” no grande time
do Internacional conhecido por “rolo compressor” nos anos
1940/50, expressão também criada por Vicente Rao que fazia
desenhos dos jogadores e do time todo e logo após os amassava, a partir deste
momento que ele teve a idéia do rolo amassando todos os seus adversários,
também é creditado a ele o surgimento de grandes bandeiras nos estádios de
futebol do Rio Grande do Sul, assim como foguetes e serpentinas, uma barulhada
de sinos e sirenes.
Vicente Rao, morreu em Porto Alegre, em 1973, aos 62 aos de idade, em sua vida
também ficou muito conhecido como Papai Noel e Coelhinho da Páscoa, estava
envolvido em praticamente todas as atividades da cidade, mas sem dúvida nenhuma
brilhou como Rei Momo esbanjando alegria.
Museu Vicente Rao é um museu brasileiro, localizado em Porto
Alegre, na avenida Padre Cacique 891, no bairro Menino Deus, junto à Biblioteca
Zeferino Brasil, no Gigantinho. O museu conta a história do primeiro Rei Momo
oficial de Porto Alegre, Vicente Rao, e relembra seus 22 anos de
reinado, de 1950 a 1972.
Do acervo do museu constam fantasias, adereços e cerca de 1.800 fotos e
correspondências, entre outros objetos de seu arquivo pessoal.
Rolo Compressor:
Era um time de craques extremamente ofensivo formado pelo dirigente Hoche
de Almeida Barros (o Rocha), quando assumiu a presidência do clube em
1940.
No Rolo, se consolidavam aos poucos as peças de um time de futebol que
seria invencível.
Houve uns quatro ou cinco rolos, mas o primeiro tem um nome que
deflagrou todo o resto: - Carlitos, o maior goleador da história do
futebol gaúcho, marcando 485 gols e mais Tesourinha, Avila e Adãozinho
Curiosidade:
- Em 2004, o concurso carioca trouxe uma novidade: para não
estimular a obesidade, o prefeito César Maia liberou a
exigência de peso mínimo para os candidatos ao posto. Tanto que o vencedor da
eleição, o carioca Wagner Monteiro, tem apenas 85 quilos.
Quesitos
de Julgamento
Desfile
de Porto Alegre
2011
Enredo
- História ou temática que a escola vai contar no desfile, como peças
teatrais ao ar livre.
Bateria
- Sustenta a marcação, regulamentando a cadência em consonância com o
canto do samba e a evolução.
Harmonia
- Entrosamento perfeito entre o ritmo (bateria) e a melodia (canto). É
delito grave o chamado “atravessar na avenida” (quando parte
dos componentes cantam uma parte do samba e outra parcela, outra parte da
letra).
Samba enredo
- Expressão da linguagem popular, não é uma peça erudita, mas não
admitidos erros gramaticais.
Evolução
- Escola de samba só anda em frente (por isso evolução), faz o caminho
cadenciado pelo andamento do samba.
Fantasia
- Figurino dos atores do desfile, ela quem dará sentido de época e
história do enredo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
- O casal são os únicos que não dançam o samba, eles desenvolvem a dança
chamada “Minueto”, que era a dança da corte européia, com passos e características
básicas próprias.
A bandeira é o maior patrimônio da escola. Cabe ao casal honra de
conduzi-la.
Alegorias e adereços
- O cenário do enredo, em costeiro ou em mãos e os carros alegóricos.
Fazem parte delas as formas, figura e complementos em fantasias e
através dos destaques em carros ou chão e demais criações do carnavalesco ou
comissão. São os elementos plásticos ilustrativos do enredo.
Mundo
CARNAVAL PELO MUNDO
- O Carnaval não é comemorado somente no Brasil, mas em boa parte
do Planeta.
Cabo Verde
O
carnaval foi introduzido pelos colonos portugueses. A celebração é celebrada em
cada uma das nove ilhas habitadas do arquipélago. No Mindelo, São Vicente,
grupos se desafiam mutuamente por um prêmio anual. Tem importado várias tradições
do carnaval brasileiro.
A
celebração em São Nicolau é mais tradicional, onde os grupos estabelecidos
desfilar pela Ribeira Brava, reunindo-se na praça da cidade, embora tenha
adotado tambores, carros alegóricos e trajes do Brasil.
Em São
Nicolau, três grupos, Copa Cabana, Estrela Azul e Brilho Da Zona, constroem um
flutuador pintado com fogo, jornal para o molde e ferro e aço para estrutura.
Carnaval São Nicolau é comemorado em três dias: amanhecer sábado, domingo à
tarde e terça-feira.
Portugal
O
Carnaval de Portugal é comemorado em todo o país, o mais famoso em Ovar,
Sesimbra, Madeira, Loulé, Nazaré e Torres Vedras. Os carnavais em Podence e
Lazarim incorporam tradições pagãs como o careto, enquanto a celebração de
Torres Vedras é provavelmente a mais típica.
Embora
Portugal introduziu o cristianismo e os costumes relacionados com a prática
católica ao Brasil, o país começou a adotar alguns aspectos de celebrações de
carnaval brasileiras, em particular as do Rio de Janeiro com desfiles
sumptuosos, samba e outros elementos musicais.
Em
Lazarim, uma paróquia civil no município de Lamego, as celebrações seguem a
tradição pagã dos saturnalias romanos. Comemora-se queimando-se efígies
coloridas e se vestindo em trajes caseiros. As máscaras de madeira feitas
localmente são usadas. As máscaras são efígies de homens e mulheres com
chifres, mas ambos os papéis são realizados por homens. Eles são distinguidos
por suas roupas, que caricatura atributos de homens e mulheres.
Nas ilhas dos Açores, clubes locais e
grupos de carnaval criam trajes coloridos e criativos. Na Ilha de São Miguel, o
Carnaval conta com vendedores ambulantes vendendo massa frita, chamada
malassada. O festival na maior ilha começa com uma grande bola de gravata
preta, seguida pela música latina no Coliseu Micaelense. Um desfile de crianças
preenche as ruas de Ponta Delgada com crianças de cada distrito escolar em
traje.
Um
desfile maciço continua após a meia-noite, terminando em fogos de artifício. O
evento inclui performances teatrais e danças. Nas "Danças de Entrudo",
centenas de pessoas seguem os dançarinos ao redor da ilha. Ao longo do show, os
dançarinos representam cenas da vida diária. As "Danças de Carnaval" são contos alegóricos e cômicos atuando nas ruas.
O maior está em Angra do Heroísmo, com mais de 30 grupos em execução. Mais
apresentações teatrais de língua portuguesa ocorrem lá do que em qualquer outro
lugar. As festividades terminam na Quarta-Feira de Cinzas, quando os moradores
sentem-se para a "Batatada" ou festa de batata, em que o prato principal é
bacalhau salgado com batatas, ovos, hortelã, pão e vinho. Os residentes
retornam então às ruas para a queimadura do "palhaço do carnaval", terminando a
estação.
Na ilha da Madeira, a capital da ilha, o
Funchal, acorda na sexta-feira, antes da Quarta-Feira de Cinzas, ao som de
bandas de música e desfiles de Carnaval no centro da cidade. As festividades
continuam com concertos e shows na Praça do Município por cinco dias
consecutivos. O desfile principal de Carnaval acontece no sábado à noite, com
milhares de sambistas encheram as ruas. O tradicional evento de rua acontece na
terça-feira, apresentando caricaturas ousadas.
Pode-se
argumentar que o Carnaval do Brasil
pode ser atribuído ao período da Era dos Descobrimentos, quando as caravelas
portuguesas passavam regularmente pela Madeira, um território que comemorava enfaticamente
o Carnaval.
Reino Unido
No período do carnaval brasileiro, acontece, no Reino
Unido, o Shroveitide (Shrive que significa confessar ‘pecados’), que é a
comemoração do carnaval britânico.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o carnaval resume-se basicamente na celebração
do “Mardi Grass” (Terça-Feira Gorda), vários estados celebram o carnaval.
O Estado mais tradicional na comemoração é New Orleans, onde, durante o
Mardi Grass, desfilam pelas ruas mais de 50 agremiações.
A agremiação mais conhecida é a do Bacchus (que possui gigantescos e
originais carros alegóricos).
Alemanha
A celebração do carnaval acontece tanto nos grandes centros urbanos
quanto na Floresta Negra e nos Alpes Suíços.
A festa mais tradicional é a da cidade de Bonn, que organiza
desfiles com pessoas fantasiadas; o diabo fica solto, por esse motivo as
pessoas usam máscaras a fim de esconder seus rostos.
Itália
Por muito tempo o carnaval veneziano foi um dos mais fortes e alegres do
mundo. Durante o período do carnaval eram desenvolvidos bailes e festas nas
praças e ruas da cidade.
Com o passar do tempo o carnaval de Veneza foi enfraquecendo, chegando a
quase extinguir-se.
GUINNESS
O Carnaval da cidade do Rio de Janeiro está no Guinness
Book como o “maior carnaval” do mundo.
Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da
cidade do Recife, como o “maior bloco de carnaval” do mundo.
Dicas para
aproveitar bem o Carnaval
O carnaval é uma festa comemorada em todo o país.
São dias de muita alegria e agitação e, diante disso é preciso tomar
certos cuidados.
Normalmente muitas pessoas que pulam carnaval não fazem nenhuma
atividade física durante o decorrer do ano e o organismo não é preparado para
um ritmo mais acelerado. Essas pessoas precisam de mais cuidados, pois o
exagero na hora da folia pode causar problemas.
A época do carnaval está na estação mais quente do ano, o verão, isso
deve ser fonte de algumas preocupações como:
- Aplicar protetor solar no corpo para
prevenir queimaduras, insolação e câncer de pele;
- Ingerir bastante líquido para não
desidratar o corpo, moderar o consumo de bebidas alcoólicas que ressecam a
pele, dá sede, dor de cabeça, náuseas, hipertensão arterial, diarréia entre
outros;
- Tomar cuidado com máscaras ou outros
acessórios que podem dificultar a respiração, pois pode trazer fadiga;
- Ficar atento a penas e plumas que
podem provocar alergia respiratória;
- A maquiagem deve ser usada com
moderação, pois pode causar alergia, irritação na pele, infecções nas pálpebras,
lesões nas córneas, dermatite de contato, descamação da pele, bolhas, pruridos
entre outros.
O importante é hidratar bem o corpo, ingerindo muita água, sucos
naturais, água de coco, chás gelados e fazer uma boa alimentação à base de
massas para produzir energia, cereais para prevenir a prisão de ventre, saladas
com muitas verduras e legumes, de preferência crus para ajudar na reposição de
água e outros nutrientes; e bastante frutas que ajudam na digestão e repõe
vitaminas e outros. Evite alimentos gordurosos que diminuem o processo de
digestão.
Antes de cair na folia é bom que se façam alguns exercícios de
alongamento e relaxamento para evitar distensões e outras complicações mais
graves.
Brinque, pule, divirta-se, aproveite,
mas, com consciência!
Estórias em Porto Alegre
CARNAVAL ATRAVÉS DOS PROCESSOS-CRIME:
-
ÁCIDOS E FACADAS NOS FESTEJOS MOMESCOS NO FINAL DO IMPÉRIO
Por Caroline P. Leal
O PRESENTE ARTIGO TEM COMO OBJETIVO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIAIS DURANTE
O CARNAVAL EM PORTO ALEGRE ATRAVÉS DA ANÁLISE DE DOIS PROCESSOS-CRIME
ENCONTRADOS NO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (APERS).
NOS REFERIDOS PROCESSOS, BUSCAREMOS AVALIAR AS RELAÇÕES ENTRE OS
DISCURSOS QUE VISAVAM ORDENAR AS FESTAS CARNAVALESCAS NA TENTATIVA DE ATRIBUIR
NOVOS LUGARES E CONDIÇÕES PARA O COMPORTAMENTO FEMININO DURANTE TAIS FESTEJOS E
AS PRÁTICAS E CONDUTAS FEMININAS, QUE, POR VEZES SE ADAPTAVAM A TAIS
REGRAMENTOS E, EM OUTRAS OCASIÕES, BURLAVAM TAIS ORIENTAÇÕES E OBSERVAR,
SOBRETUDO, OS RELACIONAMENTOS E SOLIDARIEDADES EXISTENTES ENTRE OS MEMBROS DAS
PRINCIPAIS SOCIEDADES CARNAVALESCAS DA CAPITAL:
- ESMERALDA, VENEZIANOS e GERMÂNIA.
Anais: Produzindo história a partir de fontes primárias / Ed. 6 Mostra
de Pesquisa do Arquivo Público do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: CORAG, 2008.
Este artigo tem como objetivo analisar as relações sociais durante o
período dos festejos carnavalescos em Porto Alegre através da análise de dois
processos-crime encontrados no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul
(APERS).
- No primeiro, buscamos analisar as relações entre os discursos que
visavam ordenar as festas carnavalescas na tentativa de atribuir novos lugares
e condições para o comportamento feminino durante tais festejos e as práticas e
condutas femininas, que, por vezes se adaptavam a tais regramentos e, em outras
ocasiões, burlavam tais orientações.
Nesse caso, observa-se que, quando chamadas a prestar depoimento em um
processo judicial, as mulheres em questão acabaram por buscar se adaptar às
expectativas socialmente produzidas em torno de suas condutas. Contrariando
suas práticas sociais, seus discursos buscaram uma adequação aos ideais
estabelecidos para as condutas femininas.
- No segundo, buscaremos observar, sobretudo, os relacionamentos e
solidariedades existentes entre os membros das principais sociedades
carnavalescas da capital, Esmeralda e Venezianos.
Os jornais nos mostram registros produzidos predominantemente por homens
– que elaboravam imagens idealizadas para as mulheres e divulgavam sua nova
tarefa durante o carnaval – conseguimos a partir de processos-crime buscar
indícios, vozes femininas. Nesses processos elas são chamadas à justiça para
testemunharem sobre eventos dos quais fizeram parte e é neste momento que suas
vozes emergem em meio a depoimentos, inquéritos e testemunhos e podemos saber
um pouco das versões femininas, mesmo que coagidas pela justiça, em uma
situação um tanto quanto constrangedora.
Não devemos, entretanto, acreditar que através dos processos criminais
descobriremos o que realmente aconteceu. Isso, contudo, não impede que eles
possam ser ricos registros das práticas e representações dos agentes sociais
envolvidos na questão, abrindo um leque de possibilidade para compreender tanto
a eles, quanto a sociedade a que pertenciam.
Para Chalhoub, ler processos criminais não significa partir
em busca do que realmente se passou` porque, esta seria uma expectativa
inocente – da mesma forma como é pura inocência objetar à utilização dos
processos criminais porque eles ´mentem`.
O importante é estar atento às ´coisas` que se repetem sistematicamente:
versões que se reproduzem muitas vezes, aspectos que ficam mal escondidos,
mentiras ou contradições que aparecem com freqüência.
Assim, vemos que, muitas vezes, o discurso que atribuía às mulheres um
comportamento caracterizado pela passividade e moral acabava encontrando eco
nas próprias práticas sociais femininas, como veremos no caso a seguir:
A) HONORATA
O primeiro processo refere-se a um homicídio ocorrido durante um baile
público carnavalesco realizado no dia 05 de fevereiro de 1882, no Theatro
de Variedades.
Significativo nesse processo é o fato de que, através dele, podemos
chegar a uma voz feminina que nos elucida diversos elementos sobre a
participação das mulheres nos bailes.
Deve-se considerar que – como discutimos brevemente na introdução desse
trabalho – quando chamadas para testemunhar perante a justiça, as pessoas estão
coagidas, não é um registro voluntário e livre, mas sim um registro diante de
uma autoridade.
Tal processo, portanto, resultou de uma briga entre cadetes e paisanos,
no referido baile, aonde Marçal Nunes Garcia é acusado de
ferir gravemente a Honório dos Santos, que acabou falecendo.
O conflito, de acordo com depoimentos contidos no processo-crime sobre o
ocorrido, teria sido em função de uma moça.
Segundo José Pires Soares, amigo da vítima, Honorata –
uma escrava do Dr.
Barcellos – teria se dirigido a Honório e dito a ele que a
próxima marca seria sua. Verificasse, pois, que os bailes públicos,
diferentemente dos bailes das sociedades carnavalescas – dos quais só
participavam os sócios – eram freqüentados pelas classes menos abastadas,
incluindo-se os escravos que podiam participar da folia.
Apesar de Castro afirmar, conforme as Posturas
Municipais da Câmara de Porto Alegre, de 1847, que “nos locais de
diversão pública, não eram permitidos negros escravizados, a jogar, a
conversar, a comer, a tanger ou a bailar”, na prática isso não se verifica,
tendo Honorata, escrava do Dr. Barcellos, ido
participar de um baile público em homenagem a Momo.
Nisso, chegara o cadete Fontoura e convidara a moça
para dançar, tendo esta se recusado.
Iniciada a música, Honório se levantou, puxando Honorata para
bailar.
Fontoura a proíbe, colocando-se à frente dos dois, dirigindo palavras
agressivas a Honório.
O cadete é retirado pelo alferes Godinho do recinto,
mas outros companheiros dele entram e apontam para a vítima dizendo: é aquele
ali!
A confusão inicia e Honório é ferido gravemente, sendo
o cadete Marçal Nunes Garcia acusado do crime.
O caso fica mais instigante quando vemos o relato de Honorata.
Segundo ela Honório é que a teria tirado para dançar e
que, após a marca, ele a convidara para tomar uma cerveja, o que ela recusara.
Já o cadete Fontoura, em seu depoimento, afirma que o
conflito se deu porque “Honório estava pronto
para dançar com ela uma marca que já havia prometido dançar com ele
respondente, e que instando com o falecido para ceder-lhe o par e este
respondendo-lhe mal originou-se então a questão”.
O que realmente aconteceu não sabemos (nem mesmo as investigações na
época chegaram a uma conclusão, tendo o réu sido absolvido por falta de provas,
apesar de uma testemunha ter dito que o viu empunhando uma adaga coberta de
sangue), mas o que nos interessa são os diferentes pontos de vista sobre o
ocorrido e a postura de seus atores.
Quando Soares afirma que Honorata dirigiu-se
a Honório para convidá-lo a dançar, nos coloca diante de uma
situação na qual ela parece estar transgredindo as condutas socialmente
atribuídas às mulheres, que seriam marcadas pelo recato e pela passividade, uma
vez que o protagonismo ficava a cargo dos homens.
Todavia, ao prestar seu depoimento e negar tal versão, alegando que
teria sido convidada por Honório, talvez a mesma estivesse buscando
se adequar a esses modelos de comportamento difundidos não só entre a elite
como também entre as classes menos favorecidas, pois, possivelmente, a
visibilidade do ocorrido poderia acarretar prejuízos à sua imagem de conduta
moral em seu meio.
Tal atitude, de negação de seu comportamento, talvez tenha se dado,
porque “nas classes populares a honra não é uma condição moral herdada pela
destacada posição social dos genitores, mas sim é definida pelas ações e
intenções social e cotidianamente verificáveis”.
Ao assumir sua postura Honorata estaria se declarando
não tão virtuosa assim, colocando em risco sua honra e moral e não se
enquadrando no modelo de boa mulher.
Além do mais, de acordo com Careli:
“Uma mulher que por sua beleza fosse alvo de disputa masculina
representava o perigo da presença de duelos, brigas... que ameaçavam a
normalidade social almejada, bem como davam um poder à mulher que não era
compatível com os limites a ela socialmente atribuídos”.
Talvez por isso, Honorata negasse sua postura de
iniciativa, pois sobre ela já pesaria, indiretamente, a culpa pelo assassinato;
aos nossos olhos, no entanto, ela não só teria rompido com essas fronteiras de
comportamento destinado às mulheres pela iniciativa de convidar Honório para
dançar, como também o fez por, ao causar a disputa entre os homens e exercer um
poder sobre eles, não praticando o ideal de passividade disseminado, mesmo que
– em termos de discurso – ela negasse essa pretensa autonomia.
No desenrolar do caso, foram inquiridas duas testemunhas no processo:
- Amália e
Maria Leopoldina, ambas amigas do acusado, que foram com ele para o
baile.
As moças, ao serem inquiridas sobre seus ofícios, declararam-se
profissionais de serviço doméstico.
Marçal Nunes Garcia, no entanto, ao ser questionado o porquê dele ter
dado uma adaga a Amália para esta guardar, afirmou ser
perigoso não ter armas em tais casas, nos levando a acreditar que a profissão
das moças não era a de serviços domésticos e sim de prostituta.
Mas por que teriam elas omitido seus verdadeiros ofícios?
Segundo Arend, “durante o século XIX, a elite
procurava ‘regulamentar’ as práticas sexuais da população segundo os seus
padrões. Através do discurso e da prática médica, da atuação do judiciário, do
discurso higienista da imprensa, [de novas práticas para se brincar o
carnaval], etc essa elite difundia a idéia do ‘sexo dentro da legalidade do
matrimônio’, ou junto das relações ‘estáveis’”.
Ao haverem elas preterido seu real ofício, Amália e Maria
Leopoldina, nos dão a idéia de terem introjetado alguns desses valores
difundidos pela elite em relação à sexualidade.
Segundo Careli, tal negação era recorrente nos inquéritos e
processos-crime, sendo escasso o número de meretrizes neles.
Moreira explica esse fato dizendo que:
“Primeiro, muitas dessas profissionais, deviam assumir a categoria de
‘serviços domésticos’ negando suas atividades como ‘mulheres de má nota’. Além
disso, as próprias autoridades, num período em que a moralização pelo trabalho’
já vinha sendo pregada para sanar a causa da maioria dos crimes,
negava-se a dar o status de profissão a tais práticas, preferindo qualificações
genéricas como ‘serviço doméstico’, ‘sem trabalho’, etc..
Honorata, Amália e Maria Leopoldina, mulheres cujas
ocupações as colocavam em lugares considerados inferiores na disposição dos
espaços sociais – a primeira escrava e as demais, possivelmente, meretrizes –
são exemplos de que mesmo entre as camadas populares os emblemas e sinais
produzidos pela elite se proliferavam, uma vez que em seus discursos, as três
procuraram se adequar às expectativas sociais em relação aos comportamentos
femininos.
Honorata, ao negar sua conduta durante o baile, e Amália e Maria
Leopoldina, ao esconderem suas reais profissões, procuraram reproduzir os
comportamentos esperados, atestando virtude moral e honradez.
Careli, ao investigar inquéritos policiais, processos criminais e crônicas
jornalísticas, buscando a caracterização da virtude, expõe “a forma como
determinados comportamentos veiculados como ideais, característicos de um dado
grupo social, não ficavam restritos ao mesmo, sendo de formas diversas
incorporados por indivíduos alheios a ele”, como no caso das moças em questão.
Em suas práticas – de autonomia e iniciativa de comportamento em um
espaço público e de utilização do sexo fora do casamento, como fonte de renda
– Honorata,
Amália e Maria Leopoldina transgrediram as condutas que
seriam esperadas das mulheres; entretanto, em suas falas, procuraram se adequar
aos modelos pré-estabelecidos, aos ideais culturais masculinos em vigor.
“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, afirmava Simone
de Beauvoir, em O Segundo Sexo.
Essa construção, feita pela Família, pela Escola, pela Igreja, estava
também sendo promovida pelo carnaval em Porto Alegre no último quartel do
século XIX.
Ao estipularem novos lugares e comportamentos tidos como adequados para
as foliãs, os homens das sociedades carnavalescas estavam contribuindo para uma
construção social do que era “ser mulher” e, acima de
tudo, ser mulher distinta.
Essa construção, embora fosse destinada a uma certa parcela da sociedade
era, muitas vezes, apropriadas por outras, que acabavam tendo esses parâmetros
como norte, pelo menos quando inquiridas a responder sobre ações.
B) IRMÃOS GERTUM
Em meados da década de 1880, as tradicionais sociedades carnavalescas da
capital, Porto Alegre:
– Esmeralda e Venezianos –
encontravam-se em uma grave crise.
Em 1885, esta os Venezianos deixa de apresentar seus préstitos e
realizar seus bailes.
O modelo de carnaval defendido por – Esmeralda e Venezianos – fora um
sucesso, dando origem a novas sociedades como a Germânia, a Floresta Aurora, a
Congos entre outras.
O episódio analisado a seguir ocorreu no ano em que a Sociedade
Germânia realizou seu préstito de maior sucesso, tendo recebido muitos
elogios por parte da imprensa. Apesar do êxito que obteve a Germânia nesse ano,
um acontecimento gerou bastante polêmica na ocasião de um baile desta
sociedade: - foi a utilização de limões de cera contendo ácido sulfúrico sobre
uma multidão que se aglomerava defronte ao salão dessa agremiação para assistir
ao baile, provocando queimaduras em diversas pessoas e causando danos a roupas
e chapéus.
Entre os atingidos estavam Lúcio dos Santos Lara, Inácio
Rodrigues Vellinho, Adolpho Cardoso, Adolpho Acosta, João
Theobaldo Jaeger, entre outros.
Entre os feridos, encontrava-se, ainda, o caixeiro dos Srs. Varncke (Warncke)
e Dorken.
A imprensa local definiu tal ato com expressões como “procedimento
infame”, “péssima brincadeira” e “perversidade”, narrando o episódio
do seguinte modo:
Na noite de sábado, por ocasião do baile da Sociedade Germânia, deu-se
um fato inteiramente anormal entre nós e digno da mais severa reprovação.
É o caso que dos telhados de casas fronteiras foram atiradas sobre o
povo reunido na rua limões cheios de ácido sulfúrico, cujo conteúdo queimou
muitas pessoas, estragou muita roupa e só por um acaso não produziu desastres
maiores, como sejam a perda de vista, etc, o que era muito possível.
É uma infâmia sem nome, um gravíssimo crime que aí foi praticado e
esperamos da energia da Polícia que os criminosos sejam descobertos e punidos,
o que nos parece fácil porque não se lida com ácido sulfúrico sem que fiquem
vestígios nas mãos e no domicílio.
Esperamos enérgicas providências da Polícia.
Os acusados de tal cometimento foram os irmãos Hugo e Emílio
Gertum, que se encontravam na residência de Alberto Deistel –
enquanto este achava-se no baile, juntamente com sua esposa, Frederica
Deistel – na Rua dos Andradas a fim de assistirem ao baile da
Germânia.
Segundo depoimento de Frederica Deistel, os dois não podiam
ir ao baile, pois não eram sócios daquela sociedade, o que demonstra o caráter
fechado destes festejos. Como o povo achava-se à frente da janela, impedindo
sua visão, ambos teriam atirado os limões com ácido a fim de fazerem com que a
multidão se dispersasse.
“D’essa diversão brutal resultou ficarem queimadas muitas pessoas homens,
senhoras, crianças, entre estas uma que, segundo nos consta, perdeu a vista”.
Após verificar que os limões eram arremessados do sótão da casa de Alberto
Deistel, “indignado, o povo arremessouse em massa e em grito sobre a casa
querendo apedrejá-la e arrombá-la”.
Após uma altercação entre os acusados e o povo – que queria penetrar na
casa – o tumulto encerrou com a chegada dos proprietários da residência e da
polícia – que tomou nota do nome dois acusados e só.
Tal fato resultou na abertura de um processo contra os irmãos Hugo e Emílio
Gertum, filhos de Joseph Gertum, proprietário de uma grande
casa de moda e instrumentos musicais na Rua da Praia.
Reagindo às acusações e às notas publicadas pela imprensa –
especialmente pelo
Mercantil – os irmãos Gertum fizeram publicar uma nota
intitulada “os Irmãos Gertum ao público” na sessão livre do periódico A
Federação na qual buscaram atestar sua inocência alegando terem “honrosos
precedentes de que se orgulham” e que uma testemunha, o Sr. Augusto
Gomes, os teria visto fora da casa do Sr. Deistel enquanto
o jogo dos limões continuava.
Tal nota contradiz diversas testemunhas que, ao longo do processo,
afirmaram terem visto Hugo e Emílio Gertum lançarem
limões de água forte sobre a população que assistia o baile.
Contradiz, também, pelo fato de que, quando a polícia chegou ao local,
ambos permaneciam dentro da residência do Sr. Deistel.
A despeito disto, juntamente com essa carta assinada pelos irmãos Hugo e Emílio
Gertrum, foram publicadas nesse periódico cartas de Herculano dos
Santos, Cristiano Kraemer e de Augusto Gomes da
Silva referendando o comportamento de ambos.
Augusto Gomes da Silva afirmara, inclusive, estar na
companhia dos irmãos Gertum enquanto os limões eram jogados.
Tais cartas resultaram de uma conversa durante um baile
no Club Commercial, durante a qual Adolpho Cardoso –
um dos que acusara os irmãos Gertum pelo delito em questão –
teria sido interpelado por Kraemer e Herculano sobre
os motivos pelos quais os teria acusado.
O mesmo afirmara não tê-los visto arremessar os limões, mas dito que
estes haviam sido arremessados do sótão da casa na qual ambos se encontravam e
como não havia outras pessoas com eles – somente a empregada Hammel –
eles, provavelmente, teriam sido os autores.
O periódico A Lente – de Araújo Guerra – também se
manifestou sobre o caso do ácido sulfúrico.
Apesar de recriminar o fato e de requerer providências por parte da
polícia, também tratou de inocentar os irmãos Gertum – “moços incapazes de
praticar tal barbaridade” – e as duas famílias envolvidas no
caso, “duas respeitáveis famílias que, certamente, não têm a menor
culpabilidade pelo fato”.
A respeito dos antecedentes dos acusados – apesar de Augusto
Gomes da Silva referendar o comportamento de ambos e de Araújo
Guerra afirmar que seriam moços incapazes de praticar tal delito – um
artigo publicado no jornal A Federação afirma que os envolvidos no caso “têm precedentes
que fazem crer sem dificuldades que são capazes de tais atos de perversão
moral”.
Nesse episódio, podemos observar, portanto, uma rede de contatos entre
os participantes das três maiores sociedades carnavalescas de Porto
Alegre: Venezianos,
Esmeralda e Germânia.
O estudo e análise de redes sociais permitem evidenciar que os “indivíduos,
dotados de recursos e capacidades propositivas, organizam suas ações nos
próprios espaços políticos em função de socializações e mobilizações suscitadas
pelo próprio desenvolvimento das redes”.
Ele torna-se, assim, um “meio para realizar uma análise
estrutural cujo objetivo é mostrar em que a forma da rede é explicativa dos
fenômenos analisados” e, através disto, apreender os efeitos produzidos pelas redes, que
podem ser “percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade
ou outras instituições representativas”.
O caso em questão ocorreu durante um baile da Germânia.
Contudo, em um baile do Club Commercial, Cristiano
Kraemer – que fizera parte da diretoria da Venezianos –
interpelara Adolpho Cardozo em defesa dos irmãos Gertum. Araújo
Guerra – proprietário do jornal A Lente e membro da Esmeralda – também
saíra em defesa tanto dos acusados quanto de Alberto Deistel, cuja
residência fora o palco de tal delito e que era membro da Germânia.
Nas estruturas das redes sociais, percebe-se que as pessoas melhor
conectadas “obtêm maiores benefícios pessoais, isto implica supor que as pessoas
exitosas o são porque de uma forma ou de outra se encontram melhor posicionadas
dentro de uma estrutura de intercâmbio social”.
Dessa forma, as redes sociais têm a potencialidade de “gerarem
solidariedades e reciprocidades e, portanto, de se constituírem em recursos
sociais apropriáveis pelas pessoas e coletividades que interagem em rede”.
Isto, por sua vez, gera o que Bourdieu denominou de
capital social, pois remete para as capacidades inscritas nas conexões sociais,
que concorrem para a ação comum e para a consecução de benefícios. Tornam
possível alcançar determinados fins inatingíveis por indivíduos isolados, se
contassem unicamente com seus atributos pessoais, posição de classe ou status.
Percebemos que existia uma rede de contatos entre os carnavalescos
envolvidos no crime do ácido-sulfúrico.
Os irmãos Gertum, apesar de muitas testemunhas terem
afirmado que os viram atirar os limões, não foram condenados por esse delito.
E mais: - nos discursos de personagens envolvidos com o universo
carnavalesco, foram inocentados, demonstrando haver uma rede de
solidariedade e reciprocidade entre os agentes que interagiam na rede
carnavalesca.
O periódico A Lente, conhecido por suas caricaturas e brincadeiras,
publicou uma charge ironizando o episódio do ácido sulfúrico, na qual lia-se o
seguinte comentário: “Por fim tivemos ainda os limões de água forte que
deixavam um cidadão em colisões dificílimas. E viva o carnaval!”.
No ano seguinte, um caixeiro de José Gertum – pai dos
irmãos Hugo, Emílio e Fernando –
de nome Plínio foi ferido com duas facadas por um homem de
nacionalidade italiana que, ao passar pelo estabelecimento comercial do Sr.
Gertum na Rua dos Andradas, foi “bisnagado” por algumas
pessoas que por ali brincavam.
Não tendo gostado da brincadeira, o indivíduo entrou na loja e, acusando
o caixeiro Plínio de tê-lo molhado, desferiu-lhe duas facadas
nas costas, prostando-o sem vida ao solo.
Coincidentemente – ou não – tal evento ocorreu na loja dos pais dos
moços que, no ano anterior, foram o centro da polêmica dos limões de cera com
ácido sulfúrico.
Vimos, portanto, o quanto a utilização de processos-crime podem ser
ricas fontes para a produção histórica.
Por meio deles podemos adentrar em universos que através de outras
documentações nos ficariam silenciadas.
- Conseguimos ouvir as vozes de Honorata, Amália e Maria
Leopoldina, mulheres comuns que, usualmente, ficariam à margem da História.
Aqui, contudo, essas mulheres puderam ser percebidas: evidenciamos que
elas, muitas vezes, transpuseram as fronteiras estipuladas para as mulheres; em
outras, no entanto, tentaram se adequar aos ideais culturais divulgados.
- No caso dos irmãos Gertum, as redes de contatos entre os
carnavalescos porto-alegrenses ficaram nítidas, demonstrando haver nesse meio,
redes sociais que articuladas possibilitavam o alcance para os indivíduos de
determinado fim, no caso a absolvição dos Gertum, que isolados
seria impossível, mesmo sendo eles filhos de uma “Boa Família” porto-alegrense.
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Colaboração recebida em 22/6/2008 e aprovada em 28/10/2008. Caroline P.
Leal
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Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola
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[editar] Ver tambémAnexo:Lista de campeãs do
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Há de se mencionar que alguns dos membros das sociedades carnavalescas,
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10PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão
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DIESTEL, ou deistel, Wilhelm Eduard Albert. Importação de ferros e ferro
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