sábado, 6 de outubro de 2012



Carnaval Antigo
História do Carnaval
Carnaval no Brasil
Carnaval no Mundo
Curiosidades


Origens
Do ponto de vista antropológico, o carnaval é um ritual de reversão, no qual os papéis sociais são invertidos e as normas de comportamento são suspensas.


Carnal

O atual Carnaval Brasileiro é comumente analisado como um produto de uma indústria cultural.

As festas do Rio de Janeiro, São Paulo ou Porto Alegre, com seus desfiles de escolas de samba, quanto os trios elétricos de Salvador ou o frevo no Recife, passaram a ter a interferência dos poderes públicos, que “regularizando, controlando, manipulando a massa e, associados à mídia, criam imagens para gerar riquezas”.

É uma festa para ser vendida e comprada! Como afirma Costa:
“Dentro da lógica capitalista, quando se paga, pode-se exigir tudo: saúde, segurança, conforto, horário marcado para a saída dos blocos, arquibancadas para assistir (não mais participar) ao desfile, ou seja, a organização do evento. A idéia de bagunça deve ser refutada, vende-se a descontração”.

Esta idéia de festa para ser assistida teve, entretanto, seu embrião ainda no século XIX, quando se trocou as antigas brincadeiras do entrudo pelos desfiles das sociedades carnavalescas.


Carnaval 

Festa pagã, que se originou na Grécia antiga, onde realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção.

Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica Romana. É um período de festas regidas pelo ano lunar do cristianismo da Idade Média.

Um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante fevereiro ou início de março, durante o período historicamente conhecido como Tempo da Septuagésima (ou pré-quaresma).

O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile combinando alguns elementos circenses, máscaras e uma festa de rua pública. As pessoas usam trajes durante muitas dessas celebrações, permitindo-lhes perder a sua individualidade cotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social.

O consumo excessivo de álcool, de carne e outros alimentos proscritos durante a Quaresma é extremamente comum. Outras características comuns do carnaval incluem batalhas simuladas, como lutas de alimentos; sátira social e zombaria das autoridades e uma inversão geral das regras e normas do dia-a-dia.

O termo Carnaval é tradicionalmente usado em áreas com uma grande presença católica.

No entanto, as Filipinas, um país predominantemente católico romano, não comemora o Carnaval mais desde a dissolução da Festa de Manila em 1939, o último carnaval no país.

Nos países historicamente Luteranos, a celebração é conhecida como Fastelavn e em áreas com uma alta concentração de anglicanos e metodistas, as celebrações pré-quaresmais, juntamente com observâncias penitenciais, ocorrem na terça-feira de carnaval.

Nas nações Eslavas Ortodoxas Orientais, o Maslenitsa é celebrado durante a última semana antes da Grande Quaresma.

Na Europa de língua alemã e nos Países Baixos, a temporada de Carnaval tradicionalmente abre no 11/11 (muitas vezes às 11:11 a.m.). Isto remonta a celebrações antes da época de Advento ou com celebrações de colheita da Festa de São Martinho.


Origem da Palavra

A palavra "carnaval" está relacionada com a idéia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", sendo que "carnis" em latim significa carne e "valles" significa prazeres.

O período do carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou do latim "carnis vales", uma vez que a carne é proibida durante a Quaresma, dando origem ao termo:
Carnaval


O Cálculo

Todas as datas eclesiásticas são calculadas em função da data da Páscoa, com exceção do Natal. Como o Domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verificar a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no hemisfério sul), e a Sexta-Feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa, então a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.

- Em geral, o Carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas.

- Em contraste com a Quaresma (tempo de penitência e privação), estes dias são chamados "gordos", em especial a Terça-feira (“Terça-feira Gorda”, também conhecida pelo nome francês “Mardi Grãs”).

O termo:
Mardi Gras é sinônimo de Carnaval.

Como curiosidade:
“O Carnaval ocorre próximo ou no dia de Lua Nova.”


A Data

O Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa, em fevereiro, geralmente, ou em março. Conforme o Cálculo da Páscoa, ocorre próximo do dia de Lua Nova. Assim, poderá calhar próximo do Ano Novo Chinês, se calhar antes ou próximo de 19 de fevereiro.

No século XXI, a data em que ocorreu mais cedo foi a 5 de fevereiro de 2008 e a que ocorrerá mais tarde será a 9 de março de 2038, essa data também é a mesma de 9 de março de 1943, a data de carnaval mais tardia do Século XX, assim como a data tardia do Século XIX é 9 de março de 1897, além de ter acontecido duas vezes nesse século, 46 anos antes da data que ocorreu mais tarde no Século XX.

Embora seja possível em outros séculos, o dia do Carnaval não ocorrerá a 3 ou 4 de fevereiro durante todo o século XXI, como exemplo no Século XX a data em que o Carnaval ocorreu mais cedo foi a 4 de fevereiro de 1913, outra data que é bastante rara o Carnaval ocorrer é o dia 29 de fevereiro, que ocorrerá em 29 de fevereiro de 2028 e que ocorreu a última vez em 29 de fevereiro de 1876.


O Carnaval e a Quaresma

O período quaresmal do calendário litúrgico, as seis semanas imediatamente anteriores à Páscoa, foi historicamente marcado pelo jejum, estudo e outras práticas piedosas ou penitenciais.

Durante a Quaresma, não havia festas ou celebrações e as pessoas se abstinham de comer alimentos ricos, como carne, laticínios, gordura e açúcar.

As primeiras três classes eram muitas vezes totalmente indisponíveis durante o final do inverno.
O Carnaval na Idade Média levava não durava apenas alguns dias, mas quase todo o período entre o Natal e o início da Quaresma.

Nesses dois meses, as populações católicas usavam as várias férias católicas como uma saída para suas frustrações diárias.

Muitos sínodos e conselhos tentaram definir regras para o festival. Cesário de Arles (470-542) protestou por volta do ano 500 em seus sermões contra as práticas pagãs.

Séculos mais tarde, suas declarações foram adaptadas como os blocos de construção do Indiculus Superstitionum et Paganiarum ("pequeno índice de práticas supersticiosas e pagãs"), que foi redigido pelo Sínodo de Leptines em 742. Ele condenou o Spurcalibus en Februario.

O Papa Gregório Magno (590-604) decidiu que o jejum começaria na quarta-feira de cinzas. Todo o evento carnavalesco era estabelecido antes do jejum, para criar uma divisão clara entre o pagão e o costume cristão.

Também era costume durante o Carnaval que a classe dominante fosse zombada usando máscaras e disfarces.

No ano 743, o Sínodo em Leptines (Leptines próximo de Binche na Bélgica) falou furiosamente sobre os excessos no mês de fevereiro.

Também a partir do mesmo período data a frase: "Quem em fevereiro por uma variedade de atos menos honrosos tenta expulsar o inverno não é um cristão, mas um pagão."

Livros de confissão de cerca do ano 800 contêm mais informações sobre como as pessoas vestiam-se como animais ou idosos durante as festas em janeiro e fevereiro, mesmo que isto fosse considerado um pecado.

Também em Espanha, San Isidoro de Sevilha queixou-se em seus escritos no século VII de pessoas saindo pelas ruas disfarçadas, em muitos casos como o gênero oposto.


O Festejo

Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes.

- O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana (inglesa) do século XIX.
A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo.

- Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.

- O Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como São Paulo, Porto Alegre, Tóquio e Helsinque.


Cronologia
História do Carnaval


Antiguidade

- Os povos antigos promoviam a inversão do mundo em diferentes manifestações populares.

Nos povos orientais, podemos apontar a anulação temporária das convenções sociais e das outras distinções que organizavam seu mundo.

Egípcios
Entre os antigos egípcios havia as festas de Ísis e do boi Ápis.

Hebreus
Entre os hebreus, a festa das sortes.

Babilônico
Entre os babilônios havia a organização de festas anuais de Verão, conhecidas como “Sacéias”.
No seu conjunto, tal festividade era orientada pela inversão completa das hierarquias sociais.
Ao longo de um período de cinco dias, os servos poderiam incorporar os gestos e comportamentos de seus superiores.

- Outra instigante manifestação organizada durante a Sacéia envolvia a escolha de algum prisioneiro para ocupar o lugar da autoridade real.
Nesse curto período, o reles detento poderia vestir as roupas do rei, comer em sua mesa e até desposar as mulheres do mesmo.
Após a experiência de regalo e alegria, o detento era submetido à chicotadas e depois morto por cruel execução.
Tragicamente, a inversão da realidade chegava ao seu fim.

- Em outro tipo de manifestação, os babilônicos tinham o costume de assinalar os limites da autoridade monárquica por meio de um curioso procedimento religioso.
Durante os primeiros dias de cada novo ano, um sacerdote retirava do rei todos os emblemas que indicavam seu poder e o expunha a várias agressões físicas.
Logo em seguida, o rei era levado aos pés do deus Marduk para declarar que não havia abusado do poder.
Finalmente, era novamente consagrado e a ordem normal das coisas era restabelecida.

Assírio
Os assírios também realizavam celebração bem próxima de algumas ações comumente observadas no carnaval de rua contemporâneo.

No mês de março, os integrantes dessa poderosa civilização organizavam uma festa em tributo à deusa Ísis, divindade de origem egípcia responsável pela proteção dos navegantes.
Os seus participantes costumavam utilizar máscaras durante uma procissão em que um carro transportava uma embarcação a ser oferecida para a deusa.

Gauleses
Os gauleses tinham festas análogas, especialmente a grande festa do inverno a que é marcada pelo adeus à carne que a partir dela se fazia um grande período de abstinência e jejum, como o seu próprio nome em latim "carnis levale" o indica.

Outros estudiosos defendem a origem do nome romano para a festa do Navigium Isidis ("navio de Isis"), onde a imagem da deusa Ísis era levada à praia para abençoar o início da temporada de velejamento. O festival consistia em um desfile de máscaras que seguia um barco de madeira decorado, possivelmente a origem dos carros alegóricos dos carnavais modernos.

Grego
A comemoração grega que gerou a grande festa, conhecida hoje como “Carvanal”.

Em meados de 600 a 520 a.C., o carnaval se originou na Grécia, através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção, as bacanais.

Romano
Na Roma Antiga, as Lupercais, as “Saturnálias”. Festins, músicas estridentes, danças, disfarces e licenciosidade formavam o fundo destes regozijos, eram festas em que toda a população estava livre das distinções sociais que orientavam sua vida cotidiana.
Durante uma semana, os senhores utilizavam os chapéus de seus subordinados e ofereciam comida aos seus serviçais.
Na mesma época, um rei era sorteado para ter todos os seus desejos prontamente atendidos.

- O carnaval era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e participava de alegres celebrações e busca incessante dos prazeres.
O carnaval prolongava-se por sete dias nas ruas, praças e casas da antiga Roma, de 17 a 23 de dezembro.
Todas as atividades e negócios eram suspensos neste período, os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que em quisessem e as restrições morais eram relaxadas.
As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia.

Nota:
- Posteriormente, os gregos e romanos inseriram bebidas e práticas sexuais na festa, tornando-a intolerável aos olhos da Igreja.

Na Antiguidade, os povos consideravam o inverno como um reino de espíritos que precisavam serem expulsos para que o verão voltasse. O Carnaval pode assim ser considerado como um rito de passagem da escuridão para a luz, do inverno ao verão: uma celebração de fertilidade, a primeira festa de primavera do ano novo.

Várias tribos germânicas celebravam o retorno da luz do dia. O inverno seria afastado, para se certificar de que a fertilidade poderia retornar na primavera. Uma figura central desse ritual era possivelmente a deusa da fertilidade Nerto.

Além disso, há indicações de que a efígie de Nerto ou Frey era colocada em um navio com rodas e acompanhada por uma procissão de pessoas disfarçadas de animais e homens vestidos de mulheres. A bordo do navio um casamento seria consumado como um ritual de fertilidade.

Tácito escreveu em sua obra Germania:

"Os germânicos, no entanto, não consideram consistente com a grandeza dos seres celestiais confinar os deuses dentro de muros, ou compará-los à forma de qualquer rosto humano."

"Depois, o carro, as vestes e, se você quiser acreditar, a própria divindade, são purificados em um lago secreto".

Tradicionalmente, a festa também era uma época para satisfazer desejos sexuais, que deveriam ser suprimidos durante o jejum seguinte.



Idade Média

Em muitos sermões e textos cristãos, o exemplo de uma embarcação é usado para explicar a doutrina cristã: "a nave da igreja do batismo", "o navio de Maria", etc. Os escritos mostram que eram realizadas procissões com carruagens semelhantes a navios e festas suntuosas eram celebradas na véspera da Quaresma ou a saudação da primavera no início da Idade Média.

No entanto, a Igreja Católica condenava o que chamava de "devastação diabólica" e "rituais pagãos".

No ano 325, o Primeiro Concílio de Nicéia tentou acabar com estas festas pagãs.


 Era Cristã

Gradualmente, a autoridade eclesiástica começou a perceber que o resultado desejado não poderia ser alcançado através da proibição das tradições, o que acabou levando a um grau de cristianização da festividade. Os festivais passaram então a fazer parte da liturgia e do ano litúrgico.

Embora formando uma parte integrante do calendário cristão, particularmente em regiões católicas, muitas tradições carnavalescas se assemelham àquelas do período pré-cristão.

Acredita-se que o Carnaval italiano seja em parte derivado das festividades romanas antigas da Saturnalia e da Bacchanalia.

As Saturnálias, por sua vez, podem ser baseadas nas festas dionisíacas da Grécia Antiga e em festivais orientais.

Enquanto desfiles medievais e festivais como Corpus Christi eram sancionados pela Igreja, o Carnaval também era uma manifestação da cultura folclórica medieval.

Muitos costumes locais do Carnaval podem derivar de rituais pré-cristãos locais, tais como os ritos elaborados que envolvem figuras mascaradas no Fastnacht Germânico.

No entanto, evidências ainda são insuficientes para estabelecer uma origem direta da Saturnália ou outras festas antigas com o Carnaval. Não existem relatos completos de saturnais e as características da festa, como reviravoltas de papéis sociais, igualdade social temporária, máscaras e rompimento de regras permitidas, não constituem necessariamente aspectos coerentes com esses festivais.

Essas semelhanças podem representar um reservatório de recursos culturais que podem incorporar múltiplos significados e funções. Por exemplo, a Páscoa começa com a ressurreição de Jesus, seguida por um período liminar que termina com o Renascimento.

O Carnaval inverte isto com o "Rei Carnaval", que ganha vida e um período liminar que segue antes de sua morte. Ambas as festas são calculadas pelo calendário lunar. Tanto Jesus quanto o "Rei Carnaval" podem ser vistos como figuras expiadoras que fazem um presente ao povo com suas mortes.

No caso de Jesus, o dom é a vida eterna no céu, e no caso do Rei Carnaval, o reconhecimento de que a morte é uma parte necessária do ciclo da vida.

Além do anti-judaísmo cristão, as semelhanças entre rituais e imagens da Igreja e do Carnaval sugerem uma raiz comum. A Paixão de Cristo é grotesca: desde o início do cristianismo, Cristo é considerado vítima de um julgamento sumário e é torturado e executado por romanos diante de uma multidão judaica ("Seu sangue está sobre nós e sobre nossos filhos!" Mateus 27: 24-25).

As procissões da Semana Santa na Espanha incluem multidões que insultam vociferamente a figura de Jesus. A irreverência, a paródia, a degradação e o riso em uma efígie tragicômica de Deus podem ser vistos como intensificações da ordem sagrada.

Em 590 d.C., na Europa, o carnaval passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Romana.
Até então, o carnaval era uma festa pagã condenada pela Igreja por suas realizações em canto e dança, que aos olhos cristãos eram atos pecaminosos.
- A partir da adoção do carnaval por parte da Igreja Romana, a festa passou a ser comemorada através de cultos oficiais, o que bania os “atos pecaminosos”.
Tal modificação foi fortemente espantosa aos olhos do povo, já que fugia das reais origens da festa, como o festejo pela alegria e pelas conquistas.

No século XI, na Europa, a festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por “quarenta dias de jejum”, a Quaresma.
Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma.


Renascimento

- As festas que aconteciam nos dias de carnaval, foi incorporado os “bailes de máscaras”, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos.
Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual.

Em 1466, a Igreja Católica sob o Papa Paulo II reviveu os costumes do carnaval de Saturnália: os judeus foram forçados a correr nus pelas ruas da cidade de Roma.
"Antes de correrem, os judeus eram ricamente alimentados, de modo a tornar a corrida mais difícil para eles e ao mesmo tempo mais divertida para os espectadores. Eles correram ... entre os gritos sarcásticos e risadas de Roma, enquanto o Santo Padre estava sobre um balcão ricamente ornamentado enquanto ria de coração", relata uma testemunha ocular.

Algumas das tradições mais conhecidas, incluindo desfiles e máscaras, foram registradas pela primeira vez na Itália medieval.

Em 1545, na Europa, no Sacro Império Romano, durante o Concílio de Trento da Igreja de Roma, o “carnaval” voltou a ser uma festa popular.

- Após a disseminação do cristianismo e a consolidação da hierarquia católica, as festas carnavalescas sofreram diversos episódios de perseguição.
De acordo com os líderes da Igreja Cristã, as inversões e situações fantasiosas afrontavam o mundo criado pelo Senhor.

No entanto, mesmo com sua influência e poder, a Igreja não conseguiu dar fim a essas festividades que ainda se mostram vivas em diversas culturas espalhadas pelo Mundo.


Século XVIII

Em aproximadamente 1723, no Brasil, o carnaval chegou sob influência européia. Ocorria através de desfiles de pessoas fantasiadas e mascaradas.

A despeito de todas as críticas que sofreria, o “Entrudo” foi a forma como o carnaval chegou ao Brasil “trazido pelos portugueses, desde a época da colonização foi uma das festas contidas no calendário cristão” (Germano, 1999: 132).

Nestas brincadeiras, “não havia música, nem dança, mas muita bebida e correrias, perseguições, sujeira e violência” (Valença, 1996: 13).

O entrudo era uma verdadeira “batalha para molhar alguém com água jogada de balde, bacia ou seringa, com arremesso de limão de cheiro”.

Nestes dias, “homens e mulheres se empenhavam em loucas correrias e agarramentos, jogando água. Era um salve-se quem puder!”.

Em países como a França, o carnaval acontecia em forma de desfiles urbanos, regados a músicas tradicionais, os carnavalescos usavam máscaras e fantasias.

Em 1797, o Carnaval de Veneza foi, durante muito tempo, o Carnaval mais famoso (embora Napoleão tenha abolido a festa. Em 1979, a tradição de Veneza tenha sido restaurada.

Da Itália, as tradições do Carnaval se espalharam para Espanha, Portugal e França, e da França para a Nova França na América do Norte. De Espanha e Portugal, se espalhou com a colonização para o Caribe e a América Latina.

Nota:
- A origem do carnaval de Porto Alegre tem início com o “Entrudo”, brincadeira trazida pelos açorianos (Arquipélago dos Açores), na qual as pessoas atiravam umas nas outras os chamados limões (uma bola de cera do tamanho de um limão, cheia de perfume), e havia casos em que se atiravam ovos e farinha nas "vítimas".


Século XIX

Continuamente nos séculos XVIII e XIX, como parte dos abusos cometidos contra judeus na Saturnalia em Roma, rabinos de guetos eram forçados a marchar através das ruas da cidade usando trajes ridículos, sendo expostos à multidão.

No início do século XIX, na Renânia alemã e Países Baixos do Sul, a tradição medieval enfraquecida do Carnaval também foi revivida.

“Entrudo” (um tipo de carnaval), festa pagã, que mais animava a população, com brincadeiras de invadir as casas dos amigos e jogar água.

Definição:
“Entrudo” no Novo Dicionário de Língua Portuguesa, de 1861, a respeito do jogo:
Entrudo, s. m. (intróito de quaresma) os três dias que precedem a quaresma ou quadragésima, durante os quais é uso em alguns países divertir-se o povo banqueteando-se, molhando-se uns aos outros, empoando-se e fazendo outras peças jocosas; carnaval. Dia de entrudo, a terça-feira que precede à quarta-feira de cinza, primeiro dia da quaresma.
Jogar o entrudo, entrudar.
Passar o entrudo, botar o entrudo fora, divertir-se, banquetear-se; comer lautamente carne antes da quaresma.
Ter o entrudo fora com alguém, divertir-se com essa pessoa por ocasião do entrudo.
O nosso entrudo corresponde e é uma imitação das Saturnais da antiga Roma (Faria, 1861. Apud. Flores, 1999: 149).

A brincadeira ou “jogar” o Entrudo consistia em batalhas entre os foliões nas ruas e até mesmo dentro das casas, atirando-se bolinhas de cera cheia de água, às vezes perfumadas, chamadas “limões de cheiro”.
Outros foliões recorriam a bacias e baldes para lançar água, até todos ficarem ensopados.

Em 1823, na Renânia, o primeiro desfile de Carnaval moderno ocorreu em Colônia.

Em 1830, pelo final, na Corte no Rio de Janeiro, começou os primeiros movimentos em direção ao surgimento das sociedades carnavalesca.
Foi por essa época que as elites cariocas começaram a copiar o carnaval que se fazia em Paris, procurando se afastar do conjunto de brincadeiras conhecido com “Entrudo”.

O modelo francês fez com que a moda dos Bailes de Máscaras, Bailes à Fantasia ou Bals Masqués fosse rapidamente copiada pela Corte.
Aos poucos o ato de se deslocar das casas ou das sedes das sociedades - nome dado a grupos que se reuniam para encontros e tertúlias - até os salões de bailes foi se tornando um evento por si só.

Desfilar pela cidade em carruagens abertas, exibindo à população as ricas fantasias importadas de Paris tornar-se-ia um dos grandes prazeres da burguesia durante os dias de carnaval.

O povo do Rio de Janeiro, capital do Império, assistia a passagem desses grupos fantasiados com grande interesse, saudando sua passagem do modo a que estava acostumado, ou seja, lançando sobre eles seus limões de cheiro.
Para evitar esse confronto, os passeios ficavam cada vez mais organizados em verdadeiros séquitos de carruagens.

Em 1836, uma petição da comunidade judaica de Roma enviada ao Papa Gregório XVI para parar com os abusos anuais saturnalistas obteve uma negação:

"Não é oportuno fazer qualquer inovação":33,74–75

Em 1840, na Corte no Rio de Janeiro, acontece o primeiro “Baile de Máscaras” no Brasil, realizado no Hotel Itália.

- Muitos outros surgiram, com maior repercussão e afluência.

Em 1846, na Corte no Rio de Janeiro, é realizado o “Baile de Máscaras” da Sociedade Constante Poka, no Theatro São Januário.


Século XX
O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XX.

A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Santa Cruz de Tenerife, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspiraram no Carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.

Já o Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com Desfiles de Escolas de Samba para outras cidades do mundo, como São Paulo, Tóquio e Helsinque.



Cidade de
Porto Alegre

Na época, em Porto Alegre, no carnaval a cidade inteira se animava, festejava o “entrudo”, como eram chamados antigamente os três dias que precediam a Quaresma.

- O Alto da Bronze, em Porto Alegre, no início da Rua da Igreja (Duque de Caxias) e o Areal da Baronesa (entrada do arraial Menino Deus) eram núcleos de resistência da raça negra, onde preservavam e defendiam seus valores e tradições, os cultos africanos, rezas, danças e cantos, ao som de percussão (tambores, urucungo, age, machachá e sopapo).

- Durante muito tempo, “Entrudo” significava “o mesmo que Carnaval: um conjunto de brincadeiras e folguedos realizados quarenta dias antes da Páscoa” (Cunha, 2001: 25)

A brincadeira do entrudo entra no carnaval em Porto Alegre, na capital da Província do Rio Grande de São Pedro, a partir da década de setenta do século XIX.


Entrudo Surge

Entrudo era um costume bastante ligado às práticas carnavalescas desde os primórdios do Cristianismo.
O Carnaval – ou Carnal – era uma época que se opunha à Quaresma e na qual era permitido comer carne.
O Antruejo – companheiro do termo português para entrudo – fazia parte deste conjunto de fenômenos que “só tem sentido como catarse preparatória para justificar a entrada na quaresma” (Baroja, 1999: 171).

Suas origens são ainda mais remotas e – para alguns autores – remetem às Saturnálias e Matronálias do Paganismo

 “É nítido que as tradições remanescentes das Saturnais “permaneceram vivas no carnaval da Idade Média”, que representou com maior plenitude e pureza do que outras festas da mesma época, a idéia de renovação Universal” (Bakhtin, 1993: 6).

Saturnais
- Festas romanas em honra a “Saturno” que se realizavam em fins de dezembro e durante as quais se trocavam votos e presentes e se concedia aos escravos maior liberdade. Festas nas quais predomina a licenciosidade, orgia.

Seja de origem Cristã ou remetendo aos tempos do Paganismo, o – Carnaval e o Entrudo – torna-se uma tradição por toda a Europa, sendo que, na Península Ibérica, “ao contrário dos luxuosos bailes de máscara do resto da Europa, o Carnaval da Idade Moderna é caracterizado pelas corridas desordenadas em que as pessoas atiram umas nas outras, água suja, ovos, fezes, farina e outras substâncias” (Krawczyk, Germano e Possamai, 1992: 11).

“Nós, portugueses, nunca compreendemos que o entrudo pudesse ser uma festa d’arte como na Itália da renascença, ou uma festa d’espírito como na França de Luis XIX . O nosso entrudo foi sempre, desde o século XVII, fundamental e caracterizadamente porco. E mais: - boçal, imundo, desordeiro e criminoso” (Júlio Dantas, 1909. Apud. Albin, 2006: 160).

O carnaval em Portugal não se caracterizou pelo refinamento dos bailes de máscaras, como franceses e italianos.

Desde o século XVII, os portugueses brincavam nas ruas de Lisboa um carnaval diferente. Correndo desordenadamente de um lado para o outro, atirando ovos crus, líquidos de toda espécie, farinha e substâncias menos limpas nos transeuntes, os lisboetas e habitantes da cidade do Porto participavam de um tipo de carnaval característico da Península.

Contudo, as práticas do entrudo abarcavam uma diversidade muito maior de diversões e de jogos, pois “esses festejos variavam de região para região e em cada cidade se apresentavam como uma reunião das brincadeiras típicas do lugar. Muitas dessas diversões possuíam características agressivas, possivelmente herdadas dos charivaris medievais, durante os quais certos grupos de pessoas criticavam as atitudes que desviavam da norma social através de zombarias e pancadarias simbólicas” (Ferreira, 2006: 12).

Entretanto, com as críticas de parte daqueles que queriam a extinção desta brincadeira, considerada bárbara e pouco educada, e sua substituição por práticas carnavalescas mais sofisticadas – como as praticadas na França ou na Itália – os dias de entrudo deixaram de ser considerados como “um momento do ano que abrangia todo tipo de comemoração e passam a ser vistos como um jogo com regras e formatos específicos. Um jogo que resumia tudo aquilo que deveria ser extinto para dar lugar ao novo e civilizado carnaval nos moldes parisienses”.

Entre as Mulheres, além da molhadeira, compreendia-se uma série de troças de mascarados, bem como a pregação de peça em conhecidos ou passantes:
“Dias de Molhadeiras, mas também dias de mentira e das pilherias que podiam, por vezes dar margem a incidentes desagradáveis se realizados fora de seu contexto específico”.

Havia também, o costume das Mulheres de prepararem “empadas ocas ou recheadas com insetos para servir aos incautos, ou biscoito e pão-de-ló temperados com boas doses de vermífugos ou purgantes”.

Nesse jogo, todos brincavam:
“Homens austeros, estudantes, mulheres de postura recatada, crianças, escravos, trabalhadores livres. O grande apelo da festa era participar. Não havia graça em preparar armadilhas e engodos sem se arriscar a ser uma possível vítima a qualquer instante” (Soihet, 1998: 66).


Nota:
- O “Entrudo” consistia em jogar Limão-de-Cheiro (uma bola de cera do tamanho de um limão, cheia de agua perfumada), uns nos outros.
É claro que a coisa descambava, e havia casos em que se atiravam ovos e para completar, farinha nas "vitimas".
Daí vê-se o porquê de suas várias proibições.

Nota:
- Antes dos planos de urbanização, os Códigos de Posturas eram importantes instrumentos de controle político do meio urbano, apesar da tentativa das autoridades em tentar deter o jogo do “Entrudo”, ele continuava existindo.

Nota:
- Não existem referências sobre regras do jogo do “Entrudo” em relação ao gênero, se homens não poderiam molhar outros homens, somente mulheres.
Em relação a elas há referência de mulheres brincando com mulheres.
Sabe-se que escravos não podiam molhar seus senhores e sim brincar somente entre eles (Cf. Franco, 1998: 100).

O que demonstra o quanto a brincadeira do “Entrudo” mexia com a rotina e com o viver das pessoas da provinciana Porto Alegre.

Nota:
- No Rio de Janeiro os jornais freqüentemente associavam o “Entrudo” ao Império, fazendo duras críticas a eles.

D. Pedro I, quanto seu filho D. Pedro II, parecem ter sido ardorosos jogadores (Valença, 1996: 14) e, aos olhos de quem defendia o novo carnaval, o gosto dos monarcas por tal divertimento parecia “contribuir para que o entrudo, monarca destronado, persistisse comandando o Carnaval nas ruas” (Cunha, 2001: 54).

Assim, a tentativa de identificar o entrudo com o imperador indicava que “a monarquia já era vista, em pleno contexto do abolicionismo e da propaganda republicana, como algo tão arcaico quanto o velho entrudo, que se combatia em nome da civilização e do progresso”.


Sociedades

O processo de criação de um novo “Carnaval”, através das sociedades carnavalescas, deu-se primeiramente no Rio de Janeiro, capital do Império.

Em 1879, na Corte do Rio de Janeiro é realizado “Baile de Máscaras” no Imperial Teatro D Pedro II.


Surge o Carnaval

A Polícia acabou proibindo esse tipo de brincadeira e foi surgindo um “Carnaval” diferente, com confetes e serpentinas, lança-perfumes, fantasias, cordões e desfiles.

Carnaval foi grandemente adotada pela população brasileira, o que tornou-o uma das maiores comemorações do país.
As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, assim a festa cresceu em quantidade de participantes e em qualidade.

Sobre os festejos que marcam o Carnaval, geralmente nos deparamos com a lógica e a significação instituídas pelo calendário cristão.
Sob esse contexto, o carnaval compreende um período de celebração que antecede a resignação espiritual que inclui o período que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo Pascoal.

Somente no século XIX, no final, no Brasil, surgiram os blocos carnavalescos com carros decorados e pessoas fantasiadas de forma semelhante ao século XXI.

Embora de origem européia, muitos personagens foram incorporados ao carnaval brasileiro, por exemplo:
Rei momo,
Pierrô,
Colombina.

Em termos de carnaval, a classe média buscava suas formas de diversão.
Criam-se “bailes de máscaras e de gala”, onde eram executadas polcas e valsas.
As variadas fantasias só dependiam da imaginação dos foliões.
Os homens adoravam se vestir de mulher, sendo ajudados pelas esposas, mães ou irmãs.

Os primeiros blocos carnavalescos eram formados pelos Cordões, grupo de pessoas e os famosos Corsos “cortejos de carros de passeios” (carruagens, carroças).


Moralidade

Para o alcance de uma sociedade moderna era necessário o “desenvolvimento de condições morais e sociais adequadas àquela concepção de progresso que [os intelectuais] buscavam implementar”.

Assim, era preciso se ter um novo carnaval: o entrudo era considerado uma brincadeira licenciosa, que proporcionava a perda do controle dos pais e também da prudência sobre o comportamento feminino, pois durante o festejo haveria o perigo dos “abraços traiçoeiros que começam na porta da rua e iam terminar mesmo nas barbas dos senhores pais de família”.

A referida autora também afirma que “o comportamento sexual referente ao gênero feminino no século XIX era associado – por grande parte da imprensa escrita – a uma existência virtuosa a ser canalizada ao longo da vida para o fim maior a que estava destinada a mulher: o casamento e a maternidade”.
Ao participarem desse temido jogo, as mulheres não estariam praticando uma existência tão virtuosa assim, podendo prejudicar o objetivo máximo dela, o casamento.

A partir de 1850, nas cidades do Sul, durante a formação das elites nos centros urbanos, foram freqüentes as imagens idealizadas das mulheres e de seus papéis familiares. Essas elites que se formaram, é que “iriam promover os jornais responsáveis pela divulgação de modelos de comportamento, especialmente para as mulheres”, como por exemplo, os comportamentos que se esperavam delas durante os festejos carnavalescos. 

Em 1899, no Rio de Janeiro, capital da República, e escrita a “primeira música” feita exclusivamente para o carnaval, foi uma marchinha, "Ó abre alas", composta para o Cordão Rosa de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga.

Desde então este gênero, que rapidamente caiu no gosto popular, reinaram ao longo de muitos anos e assim foram transmitidas de geração em geração, tendo como principais aliados a divulgação radiofônica, os bailes de salão e as próprias ruas.

No século XX, no Brasil o “Carnaval” foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. 

As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, as músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado, em quantidade de participantes e qualidade de festa.

Os bailes públicos passaram também a tomar conta da cidade, não só nos salões, mas em lugares mais acessíveis ao povo.

- No começo do século XX, os Corsos se tornaram mais populares, as pessoas decoravam seus carros, fantasiavam-se e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades, dando origem aos carros alegóricos.

O carnaval tornou-se cada vez mais popular, e teve um crescimento considerável neste período, que ocorreu em virtude das “marchinhas carnavalescas” (músicas que faziam o carnaval mais animado).

- Desde o final do século XIX, havia desfiles de grupos mascarados das mais variadas classes sociais, acompanhados por orquestrinhas ou estudantinas com as mais improváveis formações instrumentais.


A descrição feita no jornal do governo, A Federação, de Porto Alegre, no carnaval de 1900, descreve no detalhe uma dessas formações populares e nunca muito bem organizadas:

E lá se foi o bando onde figuravam dominós de metim de cores desbotadas, os tradicionais macacos de barba de pau, alguns tipos com casaco virado do avesso e pedaços de pelego nos rostos; tudo isso ao ruído de uma canglorosa corneta, um bombo com a pele frouxa, uma caixa de rufo no mesmo estado, pandeiros, violas, violões, chocalhos, etc.

Um, talvez o mais abastado do grupo, trajava calça e jaqueta de Zuavo, feitas de belbutina e já muito rafadas; completava-lhe a toillete um chapéu de papelão ‘a Directorilo’.
‘riqueza’ do vestuário conferiu-lhe a honra de levar a bandeira: - um pedaço de morim com letreiro ilegível, escrito com pó de sapatos.

- E lá se foram eles, todos muito suados, muito ruidosos, muito sujos e sobre tudo… sem nenhum espírito.

Muitas dessas sociedades não eram exclusivamente carnavalescas, como: - Germânia e os Congos.
Entretanto, durante o carnaval, realizavam desfiles e bailes aos moldes de esmeraldinos e venezianos, em Porto Alegre.

A importância da introdução das sociedades carnavalescas (que fora iniciada no Rio de Janeiro), na trajetória desta festa em nosso país:

- O modelo de desfiles, aonde uns assistem ao espetáculo (ao invés de brincarem juntos) e outros se mostram, em posições de destaque, fora já praticado ainda em meados do século XIX.

Através do “Carnaval”, apareceu as diferenças sociais que atingiam a sociedade brasileira:
- De um lado, a festa de rua, ao ar livre e popular;
- Do outro, o carnaval de salão que agradava, sobretudo à classe média emergente no país.

E mesmo com o grande sucesso dos bailes de salão, foi na esfera popular que o carnaval adquiriu formas genuinamente autênticas brasileiras.

Em 1907, no Rio de Janeiro, é realizado o primeiro Baile Infantil, dando início as famosas “Matinês”.
Também se multiplicavam os bailes nas casas das famílias mais abastadas da cidade.


A Mulher - Rainha do Carnaval

Em 1909, no Rio de Janeiro surgiu o primeiro concurso premiando a mais Bela Mulher, a Melhor Fantasia e a Dança mais criativa.
Os prêmios eram jóias valiosas e somente os homens tinham direito a voto.

- Enfim, o carnaval crescia a cada ano, passando a fazer parte da realidade cultural do país.


Primeira 
Escola de Samba

Em 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro, capital da República, “primeira escola de samba” foi criada, chamava-se Deixa Falar, na Rua Estácio de Sá.

A denominação "Escola de Samba" foi gozação:
- Na mesma rua ficava a antiga Escola Normal, onde se formavam professores primários.
Na "Deixa Falar", segundo seus fundadores, formavam-se "professores de samba".

As cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua estréia no carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação.

Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da região.
Ela acabou por estimular a criação, nos anos seguintes, de outras agremiações de samba. Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de samba:
Cada Ano Sai Melhor,
Estação Primeira (Mangueira),
Vai como Pode (Portela),
Vizinha Faladeira e,
Para o Ano sai Melhor.

Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá.


Tipos  
Lugares de Brincar

EVOLUÇÃO DO CARNAVAL
As ruas das cidades eram invadidas, nos dias de carnaval, por grupos de pessoas dispostas a se divertir.
Até as primeiras décadas do século XX não havia grandes distinções entre os vários tipos de brincadeiras que ocupavam a cidade e que podiam ser chamadas indistintamente de:
- Cordões, ranchos, grupos, sociedades ou blocos, entre outras denominações genéricas.

Entrudo
No século XIX, o entrudo da tradição portuguesa de brincar o Carnaval atirando água, limão-de-cheiro e até farinha.

Blocos de Sociedade
Os blocos surgiram para diminuir a influência do entrudo, que era um carnaval bem mais violento. As pessoas jogavam água, pó, bebidas e até urina e fezes.

As brigas entre foliões eram comuns.
Estes blocos, que realizavam corsos (desfiles com cavalos, charretes e carros), jogavam apenas "limão-de-cheiro", bolinhas de cera do tamanho de um limão com (teoricamente) perfume dentro.

A Música
A música predominante era o marcheado das marchinhas.
Já nos blocos que surgiam nos bairros negros (Areal da Baronesa e Colônia Africana) provavelmente predominava os ritmos que desembocaram no samba.

Clubes Carnavalescos
Na segunda metade do século XIX, as ruas do Rio de Janeiro se enchiam dos mais variados tipos de grupos durante os dias de carnaval.
Não havia nenhuma forma de distinção oficial entre as brincadeiras, que poderiam ser denominadas grupos, ranchos, cordões, blocos, sociedades ou clubes de acordo com a decisão exclusiva de seus componentes.

Somente a partir das primeiras décadas do século XX é que essas formas de brincadeira começariam a se diferenciar umas das outras, incentivadas pelos concursos patrocinados pela imprensa especializada, pela publicação dos trabalhos de folcloristas – como Mello Moraes Filho – e pela oficialização do carnaval carioca a partir de 1932.

Com a valorização dos ranchos, cordões e blocos, aos poucos a categoria clube carnavalesco vai deixando de existir.

Durante algum tempo, entretanto, o nome 'clube carnavalesco' seria sinônimo de grande sociedade, ou sociedade carnavalesca.



Algumas Sociedades Famosas

O Congresso das Sumidades Carnavalescas (ou Congresso das Summidades Carnavalescas, na grafia da época) foi um clube de fins carnavalescos, também considerado a primeira sociedade carnavalesca do Brasil.

Seu desfile inaugural deu-se em 1855, com membros da alta sociedade brasileira vestidos de cossacos da Ucrânia, clarins escoceses, Dom Quixote, mandarins, nobres do Cáucaso, Fernando, o Católico, entre outras luxuosas fantasias de inspiração europeia.


Rio de Janeiro

O escritor José de Alencar, então com 26 anos, foi um de seus sócios-fundadores. Apesar de ser considerada como a primeira sociedade, sabe-se da existência, em 1855, no Rio de Janeiro, de outro grupo similar intitulado Sociedade Veneziana.

O Congresso das Sumidades Carnavalescas, abriu caminho para o surgimento de outras sociedades carnavalescas e, anos mais tarde, das chamadas grandes sociedades.

Os Democráticos foram uma sociedade carnavalesca da cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1867.
Eram uma sociedade caracterizada principalmente pelas críticas políticas em seus desfiles.

Em 1882, uma frase dita por sua diretoria foi: "Não se pode celebrar o Carnaval de modo ingênuo ou alienado".

Sociedade Carnavalesca Tenentes do Diabo foi uma sociedade carnavalesca que existiu no Rio de Janeiro no início do século XX, e que originou uma outra sociedade de mesmo nome em Desterro (Florianópolis), Santa Catarina: - Sociedade Carnavalesca Tenentes do Diabo.

Cordões
Animavam as ruas ao som dos instrumentos de percussão.
Sofreram forte influência dos rituais festivos e religiosos trazidos da África, legando para as gerações seguintes o costume de se fantasiar no carnaval.

Os cordões possuíam música própria, desfilavam com estandarte e eram comandados pelo apito de um mestre. Daí a importância que tiveram para a formação das futuras escolas de samba.

O primeiro cordão surgiu em 1885, no Rio de Janeiro, e denominava-se Flor de São Lourenço.
Depois deste, outros ocuparam as ruas e assim sucessivamente, atingindo o auge de sua popularidade nos primeiros anos do século XX.

Ranchos
Assim como o cordão, o rancho era uma agremiação carnavalesca modesta, composta por pessoas humildes.

Fez a sua primeira aparição no carnaval carioca em 1873.
Os ranchos já existiam na cidade antes dessa data por influência nitidamente religiosa. Desfilavam em comemoração aos festejos natalinos no dia 06 de janeiro (Dia de Reis). Fantasiados de pastores e pastoras que rumavam a Belém, o grupo percorria a cidade cantando e pedindo agasalhos em casas de família.

Por possuir letra e música próprias, acabaram por criar um gênero musical cadenciado, com grande riqueza melódica: - a “marcha-rancho”.

Com a evolução das escolas de samba, por volta de 1920, os ranchos entraram em declínio, deixando para a posteridade as figuras do mestre-sala, da porta-estandarte e das pastoras ricamente adornadas.

Corso
Corso carnavalesco, ou simplesmente corso, é o nome que os passeios das sociedades carnavalescas do século XIX adquiriram no início do século XX, no Rio de Janeiro, após uma tentativa de se reproduzir no país as batalhas de flores características dos carnavais mais sofisticados da virada do século, como, por exemplo, o da cidade de Nice, no sul da França.

A brincadeira consistia no desfile de carruagens enfeitadas – e, posteriormente, de automóveis sem capota –, repletos de foliões que percorriam o eixo Avenida Central-Avenida Beira-Mar.

Ao se cruzarem, os ocupantes dos veículos (geralmente grupos fantasiados) lançavam uns nos outros, confetes, serpentinas e esguichos de lança-perfume.

Por sua própria natureza, o corso era uma brincadeira exclusiva das elites, que possuíam carros ou que podiam pagar seu aluguel nos dias de carnaval.

O corso era o mais difundido evento do carnaval carioca na primeira década do século XX, ocupando todo eixo carnavalesco durante os três dias de folia e abrindo espaço somente (e mesmo assim em horários predeterminados) para os grupos populares (chamados genericamente de ranchos) na noite de segunda-feira e para as Grandes Sociedades, na noite de terça-feira gorda.

Os grandes centros urbanos brasileiros rapidamente aderiram à moda surgida na capital da República e passaram a apresentar corsos em suas principais artérias durante o carnaval.

Uma importante divulgação do corso aconteceu durante o carnaval de 1907, quando as filhas do então presidente da República Afonso Pena, fizeram um passeio no automóvel presidencial, pela Avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro, pela via carnavalesca, de ponta a ponta, estacionando depois defronte à porta de um edifício, de onde apreciaram a festa.
Fascinados pela idéia, os foliões que tinham carro começaram a desfilar pela avenida, realizando calorosos duelos com outros veículos.

Segundo Eneida de Moraes, autora do livro História do carnaval carioca, a popularização dos automóveis afastou os foliões das classes alta e média, e nos anos 1940, o corso acabaria desaparecendo de vez.

Felipe Ferreira, em seu O livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, sugere que o surgimento de bailes exclusivos para elite (como o famoso Baile do Municipal) após a organização oficial do carnaval carioca em 1932, teve papel determinante na decadência do corso.

Há quem afirme que o corso desapareceu com a modernização dos automóveis, quando os veículos de capota alta foram substituídos pelos de linha mais simples. É bem provável que a popularização dos automóveis tenha de fato afastado os foliões das classes alta e média.

Na verdade, muitos foram os motivos para o desaparecimento do corso:
- Dificuldade do tráfego, que já em 1925 amedrontava os foliões,
- O alto custo da gasolina e a descentralização do carnaval fizeram com que a população fosse buscar outros tipos de manifestação para poder comemorar os festejos de Momo.

Blocos
Os primeiros registros de blocos datam de 1889, no Rio de Janeiro:
- Grupo Carnavalesco São Cristóvão, Bumba meu Boi, Estrela da Mocidade, Corações de Ouro, Recreio dos Inocentes, Um Grupo de Máscaras, Novo Clube Terpsícoro, Guarani, Piratas do Amor, Bondengó, Zé Pereira, Lanceiros, Guaranis da Cidade Nova, Prazer da Providência, Teimosos do Catete, Prazer do Livramento, Filhos de Satã e Crianças de Família.

Os blocos situam-se a meio caminho entre os louváveis ranchos e os freqüentemente condenados cordões.

É essa característica ambivalente que faria dos blocos a inspiração para as os grupos de samba que buscariam a aceitação da sociedade no final da década de 1920 e que passariam a ser denominados de escolas de samba a partir da década de 1930.

Existem 04 tipos de Blocos:

Bloco de Enredo: São blocos análogos a escolas de samba.

Possuem samba-enredo, embora normalmente estes sejam mais curtos que os das escolas de samba.
Muitas Escolas de Samba, especialmente dos grupos inferiores, foram blocos de enredo anteriormente;

Bloco de Embalo: No Rio de Janeiro, são todos os blocos que não são de enredo nem se identifiquem com outra manifestação carnavalesca pré-existente.

Bloco das Piranhas: São manifestações populares dada a todos os blocos carnavalescos formados por homens que se vestem com roupas de mulher para brincar o carnaval.

Bloco de Sujo: São manifestações populares típicas do carnaval de rua, onde uma banda e centenas de foliões, com fantasias improvisadas ou mesmo de roupa comum, desfilam pelas ruas da cidade, cantando e sambando marchinhas carnavalescas e sambas-enredo das escolas de samba.
Algumas bandas fazem músicas com letras em tom de ironia e deboche, com a marca do humor brasileiro, num carnaval de muita alegria e descontração.

Alguns Blocos Famosos do Rio de Janeiro:
* Banda de Ipanema,
* Bafo da Onça,
* Boêmios de Irajá,
* Cacique de Ramos,
* Escravos da Mauá,
* Monobloco,
* Simpatia é Quase Amor,
* Suvaco do Cristo.

Corso, desfile de carros alegóricos pelas ruas de Porto Alegre, marcava uma festa vivenciada pela camada mais abastada da população.

Escola de Samba
Nas primeiras décadas do século XX, as escolas de samba não possuíam toda estrutura e organização como nos dias atuais.
Eram organizadas de forma simples, com poucos integrantes e pequenos carros alegóricos.
A competição entre elas não era o mais importante, mas sim a alegria e a diversão.

Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começaram os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

Na década de 1970, no início, as Escolas de Samba atraiu um novo meio de comunicação: a Televisão, com transmissão à cores, pela TV Tupi, o prestígio aumentava a cada ano e o carnaval passou a ser encarado um dos maiores espetáculos do mundo.

As Escolas de Samba trabalham o ano inteiro para serem julgadas em uma única apresentação realizada no Sambódromo.

Cerca de cinco mil desfilantes ensaiam nas quadras, sendo eles sambistas, passistas, mestre-sala, porta-bandeira, destaques, alas e também os participantes da orquestra e da bateria.

Chegado o grande dia, tudo deve estar em perfeita ordem e harmonia, e samba na ponta da língua.


A Seqüência da Apresentação das Escolas de Samba (existe alteração de critérios de cidade para cidade):

• Comissão de Frente cria uma certa expectativa no público por sua coreografia diferenciada e também em relação ao enredo da agremiação. É formada por no máximo quinze pessoas, podendo ser homens, mulheres e crianças;

• Abre-Alas é onde tudo começa. É nele que a escola expõe seu símbolo destaque;

• Alas são grupos de mesma fantasia que fica entre as alegorias. Nela está o sambista que até cruzar o fim da avenida se esbalda podendo perder até dois quilos;

• Alegorias e Adereços são partes importantes no desfile. Os carros alegóricos contam a maior parte do enredo. Nos chamados queijos, ficam os destaques principais da agremiação;

• Destaques desfilam isoladamente no chão ou nos carros alegóricos. Usam fantasias representando personagens do enredo;

• Ala das Crianças é opcional por escola, com autorização do Juizado de Menores e acompanhamento do Conselho Tutelar;

• Mestre-Sala e a Porta-Bandeira levam o estandarte da escola usando fantasias luxuosas que podem pesar até quarenta quilos;

• Bateria, com cerca de 350 integrantes, é alinhada por instrumentos guiados pelo mestre. Os instrumentos usados são: tamborim, pandeiro, chocalho, reco-reco, tarol, agogô, cuíca, repinique, caixa de guerra e surdos de primeira, segunda e terceira marcação;

• Algumas Escolas têm RainhasPrincesas e Madrinhas de bateria, que são mulheres bonitas escolhidas no meio artístico ou por concursos na comunidade;

• Intérprete Oficial é responsável por cantar em média 65 vezes o samba-enredo durante o desfile. É acompanhado por cantores de apoio, mas ele é quem determina o andamento do samba;

• Passistas (femininos e masculinos) são responsáveis por preencher os espaços deixados pelos bateristas. Sambam com muito charme e sensualidade;

• Ala das Baianas é composta por senhoras, sendo algumas bem idosas que, apaixonadas por sua escola, sustentam o peso de quinze quilos em suas fantasias;

• Ala dos Compositores é formada pelos poetas da escola que compõem os sambas até que um seja escolhido como oficial.

• Velha Guarda encerra o espetáculo e é composta por integrantes que participaram da fundação da Escola.


Durante a apresentação das Escolas de Samba, os Juízes julgam:

• A bateria que deve estar perfeitamente entrosada;
• O samba-enredo que deve ter a letra adequada ao enredo e melodia-samba;
• Os cantores e o intérprete que devem estar em harmonia;
• As alas e destaques que também devem permanecer coesos;
• O enredo que deve estar claro durante a apresentação;
• O conjunto do desfile que deve estar uniforme e harmonioso;
• As alegorias e adereços que devem ser criativos e bem feitos;
• As fantasias que devem estar adequadas ao enredo;
• A comissão de frente que deve saudar o público e apresentar o enredo coordenamente;
• O mestre-sala e porta-bandeira que devem estar em perfeito entrosamento e no ritmo do samba.


Século XXI

Principais Escolas de Samba
Rio de Janeiro
2012
Beija-Flor de Nilópolis
Acadêmicos do Grande Rio
Unidos da Tijuca
Estação Primeira de Mangueira
Unidos do Viradouro
Acadêmicos do Salgueiro
Unidos de Vila Isabel
Imperatriz Leopoldinense
Portela
Mocidade Independente de Padre Miguel
União da Ilha do Governador
Império Serrano
Império da Tijuca
Unidos do Porto da Pedra
Paraíso do Tuiuti
Unidos de Padre Miguel
Caprichosos de Pilares
São Clemente
Acadêmicos de Santa Cruz
Acadêmicos da Rocinha
Inocentes de Belford Roxo
Estácio de Sá
Renascer de Jacarepaguá
Acadêmicos do Cubango
Tradição


Escola de Samba Campeãs 

Vencedoras dos desfiles no Rio de Janeiro:
AnoEscola campeãEnredoCarnavalescoRef.
1932Mangueira"Sorrindo" e "Na Floresta"[1]
1933MangueiraUma Segunda-feira no Bonfim da Bahia[2]
1934MangueiraRepública da Orgia[3]
Recreio de Ramos[4]
1935Vai Como PodeO samba dominando o mundoAntônio Caetano[5]
1936Unidos da TijucaSonhos delirantes[6]
1937Vizinha FaladeiraUma só bandeira[7]
1938Apuração não foi realizada[8]
1939PortelaTeste ao SambaPaulo da Portela[9]
1940MangueiraPrantos, Pretos e Poetas[10]
1941PortelaDez Anos de GlóriaPaulo da Portela e Lino Manoel dos Reis[11]
1942PortelaA Vida do SambaLino Manoel dos Reis[12]
1943PortelaCarnaval de guerraLiga da Defesa Nacional[13]
1944PortelaBrasil GloriosoLiga da Defesa Nacional[14]
1945PortelaMotivos PatrióticosLiga da Defesa Nacional[15]
1946PortelaAlvorada do Novo MundoLino Manoel dos Reis[16]
1947PortelaHonra ao MéritoEuzébio e Lino Manoel dos Reis[17]
1948Império SerranoHomenagem a Antônio Castro Alves[18]
1949Império Serrano (FBES)Exaltação a Tiradentes[19]
Mangueira (UGESB)Apologia aos mestres
1950Império Serrano (FBES)Batalha Naval do Riachuelo[20]
Mangueira (UCES)Plano SALTE - Saúde, Lavoura, Transporte e Educação[21]
Prazer da Serrinha (UGESB)[22]
Unidos da Capela (UGESB)
1951Império Serrano (FBES)Sessenta e Um Anos de República[23]
Portela (UGESB)A Volta do Filho PródigoLino Manoel dos Reis[24]
1952Apuração não foi realizada[25]
1953PortelaAs Seis Datas MagnasLino Manoel dos Reis[26]
1954MangueiraRio de Janeiro de Ontem e Hoje[27]
1955Império SerranoExaltação a Caxias[28]
1956Império SerranoCaçador de Esmeraldas ou Sonhos das Esmeraldas[29]
1957PortelaLegados de D. João VIDjalma Vogue, Candeia e Joacir[30]
1958PortelaVultos e Efemérides do BrasilDjalma Vogue[31]
1959PortelaBrasil, Panteon de GlóriasDjalma Vogue[32]
1960PortelaRio, Capital Eterna do samba ou Rio, cidade eternaDjalma Vogue[33]
MangueiraGlória ao Samba ou Carnaval de todos os tempos
SalgueiroQuilombo dos PalmaresFernando Pamplona
Unidos da CapelaProdutos e Costumes de Nossa Terra
Império SerranoMedalhas e Brasões
1961MangueiraReminiscências do Rio Antigo[35]
1962PortelaRugendas: Viagens pitorescas através do BrasilNelson de Andrade[36]
1963SalgueiroChica da SilvaArlindo Rodrigues[37]
1964PortelaO Segundo Casamento de D. Pedro INelson de Andrade[38]
1965SalgueiroHistória do Carnaval Carioca - EneidaFernando Pamplona[39]
1966PortelaMemórias de um Sargento de MilíciasNelson de Andrade[40]
1967MangueiraO mundo encantado de Monteiro Lobato[41]
1968MangueiraSamba, festa de um povo[42]
1969SalgueiroBahia de Todos os DeusesFernando Pamplona[43]
1970PortelaLendas e Mistérios da AmazôniaClóvis Bornay[44]
1971SalgueiroFesta Para um Rei NegroFernando Pamplona[45]
1972Império SerranoAlô, alô, taí Carmem MirandaFernando Pinto[46]
1973MangueiraLendas do AbaetéJúlio Mattos[47]
1974SalgueiroO Rei de França na Ilha da AssombraçãoJoãosinho Trinta[48]
1975SalgueiroO Segredo das Minas do Rei SalomãoJoãosinho Trinta[49]
1976Beija-FlorSonhar com Rei dá LeãoJoãosinho Trinta[50]
1977Beija-FlorVovó e o Rei da Saturnália na Corte EgípcianaJoãosinho Trinta[51]
1978Beija-FlorA criação do mundo na tradição nagôJoãosinho Trinta[52]
1979MocidadeO Descobrimento do BrasilArlindo Rodrigues[53]
1980ImperatrizO que que a Bahia tem?Arlindo Rodrigues[54]
Beija-FlorO Sol da Meia-noite, uma viagem ao país das maravilhasJoãosinho Trinta
PortelaHoje tem Marmelada!Viriato Ferreira
1981ImperatrizO teu cabelo não nega (Só dá Lalá)Arlindo Rodrigues[55]
1982Império SerranoBum Bum Paticumbum PrugurundumRosa Magalhães e Lícia Lacerda[56]
1983Beija-FlorA grande constelação das estrelas negrasJoãosinho Trinta[57]
1984MangueiraYes, nós temos BraguinhaMax Lopes[58]
PortelaContos de AreiaEdmundo Braga e Paulino Espírito Santo
1985MocidadeZiriguidum 2001 - Carnaval nas estrelasFernando Pinto[60]
1986MangueiraCaymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têmJúlio Mattos[61]
1987MangueiraO Reino das Palavras, Carlos Drummond de AndradeJúlio Mattos[62]
1988Vila IsabelKizomba, a festa da raçaPaulo César Cardoso, Milton Siqueira e Ilvamar Magalhães[63]
1989ImperatrizLiberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!Max Lopes[64]
1990MocidadeVira, virou, a Mocidade chegouRenato Lage e Lilian Rabello[65]
1991MocidadeChue... Chuá... As águas vão rolar[66]
1992EstácioPaulicéia Desvairada - 70 anos de ModernismoMário Monteiro e Chico Spinoza[67]
1993SalgueiroPeguei um Ita no NorteMário Borrielo[68]
1994ImperatrizCatarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e dos TabajéresRosa Magalhães[69]
1995ImperatrizMais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube, lá no CearáRosa Magalhães[70]
1996MocidadeCriador e CriaturaRenato Lage[71]
1997ViradouroTrevas! Luz! A explosão do UniversoJoãosinho Trinta[72]
1998MangueiraChico Buarque da MangueiraAlexandre Louzada[73]
Beija-FlorPará – O mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-anuAnderson MüllerCid Carvalho, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva, Nelson Ricardo, Amarildo de Mello, Paulo Führo e Vitor Santos
1999ImperatrizBrasil, mostra a sua cara em... Theatrum Rerum Naturalium BrasiliaeRosa Magalhães[74]
2000ImperatrizQuem descobriu o Brasil foi Seu Cabral do dia 22 de abril, dois meses depois do CarnavalRosa Magalhães[75]
2001ImperatrizCana caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, Pernambuco... Quero vê descê o suco na pancada do ganzáRosa Magalhães[76]
2002MangueiraBrasil com Z é pra cabra da peste, Brasil com S é Nação do NordesteMax Lopes[77]
2003Beija-FlorO povo conta a sua história: Saco vazio não para em pé – A mão que faz a guerra, faz a pazLaílaCid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva[78]
2004Beija-FlorManôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a pazLaílaCid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva[79]
2005Beija-FlorO vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amorLaílaCid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva[80]
2006Vila IsabelSoy loco por ti, América - A Vila canta a latinidadeAlexandre Louzada[81]
2007Beija-FlorÁfricas: do Berço Real à Corte BrasilianaLaíla, Fran-Sérgio, Shangai, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada[82]
2008Beija-FlorMacapabá: Equinócio Solar, Viagens Fantásticas ao Meio do MundoLaíla, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada[83]
2009SalgueiroTamborRenato Lage[84]
2010Unidos da TijucaÉ segredo!Paulo Barros[85]
2011Beija-FlorA Simplicidade de um ReiLaíla, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada[86]
2012Unidos da TijucaO dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do SertãoPaulo Barros[87]
2013Vila IsabelA Vila canta o Brasil, celeiro do mundo - "Água no feijão que chegou mais um"Rosa Magalhães[88]
2014Unidos da TijucaAcelera Tijuca!Paulo Barros[89]
2015Beija-FlorUm griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidadeLaíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos, André Cezari, Bianca Behrends e Cláudio Russo[90]
2016MangueiraMaria Bethânia: A Menina dos Olhos de OyáLeandro Vieira

Títulos por Escola

TotalAgremiaçãoAnos
21Portela1935, 1939, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1951, 1953, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962, 1964, 1966, 1970, 1980 e 1984
19Mangueira1932, 1933, 1934, 1940, 1949, 1950, 1954, 1960, 1961, 1967, 1968, 1973, 1984*, 1984*, 1986, 1987, 1998, 2002 e 2016
13Beija-Flor1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011 e 2015
9Salgueiro1960, 1963, 1965, 1969, 1971, 1974, 1975, 1993 e 2009
Império Serrano1948, 1949, 1950, 1951, 1955, 1956, 1960, 1972 e 1982
8Imperatriz1980, 1981, 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001
5Mocidade1979, 1985, 1990, 1991 e 1996
4Unidos da Tijuca1936, 2010, 2012 e 2014
3Vila Isabel1988, 2006 e 2013
2Unidos da Capela1950 e 1960
1Viradouro1997
Estácio1992
Prazer da Serrinha1950
Vizinha Faladeira1937
Recreio de Ramos1934
Sexta-feira de Pré-Carnaval

Sábado de Zé Pereira

Terça-feira Gorda

Quarta-feira de Cinzas


Principais Figuras Carnavalescas

Colombina 
Como Pierrô e Arlequim, é um personagem da Comédia Italiana, uma companhia de atores que se instalou na França entre os séculos XVI e XVIII para difundir a Commedia dell'Arte, forma teatral original com tipos regionais e textos improvisados. Colombina era uma criada de quarto esperta, sedutora e volúvel, amante do Arlequim, às vezes vestia-se como arlequineta, em trajes de cores variadas, como os de seu amante.

Arlequim 
Rival de Pierrô pelo amor de Colombina, usava traje feito a partir de retalhos triangulares de várias cores. Representa o palhaço, o farsante, o cômico.

Pierrô
Personagem sentimental, tem como uma de suas principais características a ingenuidade.

Rei Momo
Personagem que personifica o carnaval brasileiro.
É considerado o dono do carnaval, é quem comanda a folia.
Possui uma personalidade zombeteira, delirante e sarcástica.

A figura carnavalesca é inspirada em personagem da Antiguidade clássica.
Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio.
Usando um gorro com guizos e segurando em uma mão uma máscara e na outra uma boneca, ele vivia rindo e tirando sarro dos outros deuses.
Com esse jeitão esculachado, aprontou tantas que acabou expulso do Olimpo, a morada dos deuses.
Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas comemorações, principalmente as que envolviam sexo e bebida. Na Grécia, registros históricos dão conta que os primeiros reis Momos de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a.C.
Geralmente, o escolhido era alguém gordinho e extrovertido - provavelmente vem daí a inspiração para a folia brasileira.

Nos bacanais romanos, os participantes selecionavam um Rei Momo entre os soldados mais belos do exército.

"Esse ‘monarca’ era o governante de um período de liberdade total e desfrutava de todas as regalias durante a festa, como comidas, bebidas e mulheres", diz o historiador Hiram Araújo, diretor cultural da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

Em 1933, no Brasil, a tradição de eleger um Rei Momo durante o Carnaval apareceu primeiro no Rio de Janeiro - DF.
Naquele ano, a coroa foi entregue ao jornalista Morais Cardoso, que ocupou o trono até morrer, em 1948.
A novidade fez sucesso e hoje várias cidades brasileiras também escolhem seu Momo.

No seu reinado, o Rei Momo recebe a chave da cidade do prefeito municipal, que vai simbolicamente governar durante o Carnaval.

Curiosidade:
- Em 2004, o concurso carioca trouxe uma novidade: para não estimular a obesidade, o prefeito César Maia liberou a exigência de peso mínimo para os candidatos ao posto. Tanto que o vencedor da eleição, o carioca Wagner Monteiro, tem apenas 85 quilos.

Zé Pereira
Era um tocador de bumbo que apareceu em 1846 e revolucionou o carnaval carioca. Para alguns estudiosos, esse era o nome ou apelido dado ao cidadão português José Nogueira de Azevedo Paredes, supostamente o introdutor no Brasil do hábito português de animar a folia carnavalesca ao som de bumbos, zabumbas e tambores, anarquicamente tocados pelas ruas.

A tradição se espalhou rapidamente e o sucesso do "Zé Pereira" foi tão grande que, 50 anos mais tarde, uma companhia teatral resolveu representá-lo numa paródia da peça "Les pompiers de Nanterre" intitulada "Zé Pereira Carnavalesco", na qual o comediante Francisco Correia Vasquez cantaria com melodia francesa a quadrinha que se tornaria famosa:

"E viva o Zé Pereira
Pois que ninguém faz mal
Viva a bebedeira
Nos dias de carnaval".

Tendo sido esquecido no começo do século XXZé Pereira deixou como sucessores os ritimistas que acompanhavam os blocos dos sujos tocando cuíca, pandeiro, reco-reco e outros instrumentos que hoje animam as nossas escolas de samba.


"ARMAS" do Carnaval

Serpentina
Tira de papel colorido enrolado.
De origem francesa, chegou ao Brasil em 1892.

Confete
Pequenos pedaços de papel colo Procedente da Espanha, surgiu no Brasil também em 1892.

Lança-Perfume
Bisnaga de vidro, metal, ou plástica que continha éter perfumado.
De origem francesa, chegou no Brasil em 1903.


Grandes Bailes, Blocos,
Festas e Desfiles

Os Bons Tempos de Muita Diversão!


Carnaval Cidades

Brasil
O Carnaval do Brasil é uma parte importante da cultura brasileira. É referida pelos brasileiros como o "Maior Espetáculo na Terra". A primeira verdadeira expressão carnavalesca desta festa brasileira, oficialmente reconhecida pelos historiadores brasileiros, ocorreu através dos entrudos desde o século XV em todo o território da Colônia do Brasil.

Com essa mistura de costumes e tradições tão diferentes, o Carnaval do Brasil é um dos maiores espetáculos do mundo e que todos os anos atrai milhares de turistas dos cinco continentes.


Carnaval Rio de Janeiro
O carnaval de rua do Rio de Janeiro é designado pela Guinness World Records como o maior carnaval do mundo, com aproximadamente dois milhões de pessoas por dia.

As escolas de samba são grandes, entidades sociais com milhares de membros e um tema para sua música e desfile a cada ano.

No final do século XX no Carnaval do Rio, as escolas de samba desfilaram no Sambódromo do Rio de Janeiro. Algumas das mais famosas incluem: GRES Estação Primeira de Mangueira, GRES Portela, GRES Imperatriz Leopoldinense, GRES Beija-Flor de Nilópolis, GRES Mocidade Independente de Padre Miguel e, recentemente, GRES Unidos da Tijuca e GRES União da Ilha do Governador.

Os turistas locais pagam 500 a 950 dólares, dependendo do traje, para comprar um traje de samba e dançar no desfile. Cerca de 30 escolas no Rio reúnem centenas de milhares de participantes.

Os blocos de carnaval são pequenos grupos informais com um tema definido em seu samba, geralmente satirizando a situação política. Mais de 440 blocos operam no Rio.

Bandas são bandas musicais de samba, também chamadas de "bandas de carnaval de rua", geralmente formadas dentro de um único bairro ou fundo musical. A cadeia da indústria de Carnaval acumulou em 2012 quase 1 bilhão de dólares em receita.


Carnaval Recife
O carnaval de Pernambuco conta com dezenas de bonecos gigantes, são uma das principais atrações durante o carnaval.

Os foliões são extremamente animados.

Uma das grandes atrações é o bloco carnavalesco “Galo da Madrugada”.
O Carnaval do Recife é marcado pelo desfile do maior bloco de carnaval do mundo, o Galo da Madrugada. Este desfile acontece no primeiro sábado do Carnaval (sábado de Zé Pereira), passa pelo centro da cidade de Recife e tem, como símbolo, um galo gigante posicionado na Ponte Duarte Coelho.

Neste bloco, há uma grande variedade de ritmos musicais, mas o mais presente é Frevo (ritmo característico de Recife e Olinda que foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela Unesco).

Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada como o maior bloco de carnaval do mundo.

O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil.
Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu.


Carnaval Bahia
O carnaval baiano é um dos mais calorosos e animados do Brasil e do mundo.

Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região.
Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

Em 1950, ocorreu a maior inovação do Carnaval da Bahia com a criação do Trio Elétrico de Dodô, Osmar e Batatinha que representa a consagração do carnaval de rua.

A primeira apresentação foi feita em cima de um Ford 1929, com guitarras elétricas e som amplificado por auto-falantes, às cinco da tarde do Domingo de carnaval.

O desfile aconteceu no Centro da cidade arrastando uma verdadeira multidão. Na verdade, o nome "trio elétrico" só surgiu mesmo no ano seguinte, quando três músicos se apresentaram em cima do tal carro.
Normalmente esses blocos se apresentam com os trios elétricos e com cantores famosos.

Nos anos 1970 o carnaval presenciou o nascimento de grupos históricos, como os Novos Baianos e o bloco afro Ilê Aiyê, além do renascimento do Filhos de Gandhy.
Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de Salvador, que passou a enfatizar os conflitos e a protestar contra o racismo.

Na década de 1980, grupos como Camaleão, Eva e Olodum, entre outros, escreveram seus nomes na história da festa mais popular da Bahia, dando assim, abertura de continuidade e de criação de novos e famosos grupos, que animam o carnaval.

Atualmente os trios elétricos, um caminhão com alto-falantes gigantes e uma plataforma, onde os músicos tocam canções de gêneros locais como axé, samba-reggae e arrocha, percorre a cidade com uma multidão seguindo enquanto dançam e cantam.

Três circuitos compõem o festival. Campo Grande é o mais longo e tradicional. Barra-Ondina é o mais famoso, à beira-mar da Praia da Barra e Praia Ondina e Pelourinho.



Carnaval São Paulo

Em São Paulo, os blocos de enredo são administrados pela União das Escolas de Samba de São Paulo, funcionando como pequenas escolas de samba, inclusive com sambas-enredo iguais aos destas. Mancha Verde, Gaviões da Fiel e Torcida Jovem já foram blocos famosos antes de se transformarem em escolas de samba.

O carnaval paulista é similar ao carnaval carioca. Acontece um grande desfile das escolas de samba da cidade.

O desfile ocorre em uma passarela projetada por Oscar Niemeyer.


Escolas de Samba vencedoras nos últimos desfiles em São Paulo:

1998 - Vai-Vai
1999 - Vai-Vai, Gaviões da Fiel
2000 - Vai-Vai, X-9 Paulistana
2001 - Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde
2002 - Gaviões da Fiel
2003 - Gaviões da Fiel
2004 - Mocidade Alegre
2005 - Império de Casa Verde
2006 - Império de Casa Verde
2007 - Mocidade Alegre
2008 - Vai-Vai
2009 - Mocidade Alegre
2010 - Rosas de Ouro
2011 - Vai-Vai
2012 - Mocidade Alegre


Porto Alegre
Já foi o quarto Carnaval do Brasil

Capital da Província do Rio Grande de São Pedro
Na história do “Carnaval de Porto Alegre”, temos como marco inicial a influência do entrudo, tal brincadeira popular e ingenuamente estúpida introduzida no país pelos portugueses.

Segundo Heitor Carlos Sá Britto, o carnaval do “Entrudo” após anos de proibições e liberações, perdera seu uso com surgimento no final do século XIX das “Sociedades” Esmeralda e Venezianos.

O Entrudo em Porto Alegre
Na cidade de Porto Alegre, as comemorações carnavalescas – festejadas na forma do entrudo – parecem ter feito parte das vivências do povoado desde o início de sua formação (Franco, 1998: 100). 

- Porto Alegre começou a ser ocupada ainda na primeira metade do século XVII, mas seu processo de povoamento só teria início com a chegada de casais açorianos em 1752.

O pacato vilarejo passou a ser a sede da administração do governo provincial no ano de
1773, antes mesmo de ser elevado à categoria de município: - isso só ocorreria por volta do início do século XIX, quando contava com uma população de 3.927 habitantes (SIMANSKY, 1998: 41).

Segundo Damasceno, jogava-se o entrudo na cidade desde os “primeiros anos da colonização” (Ferreira, 1970: 11).

Entretanto, diferentemente de outras regiões na qual o “Entrudo” abrangia uma gama mais variada de troças e brincadeiras, em Porto Alegre o que encontramos foi predominantemente “uma brincadeira na qual os foliões atiravam entre si os limões de cheiro, água das seringas e até farinha”, onde os passantes eram, muitas vezes “pegos de surpresa e obrigados a resignar-se com as roupas molhadas ou sujas pelos brincalhões”. O objetivo era mesmo molhar e sujar o adversário.

Em 1847, em Porto Alegre, através do Código de Posturas Municipais, a brincadeira do “Entrudo” foi proibida, tendo sido estipuladas multas para quem desobedecesse (Livro de Registros de Posturas Municipais de 1829 a 1888.4 dez 1829. “Posturas Policiaes da Câmara Municipal da cidade de Porto Alegre aprovadas pelo Conselho Geral da Província”. Porto Alegre, Typ. Do Commercio, 1847 (anexadas ao Livro de Registros das Posturas Municipais de 1829 até 1888). AHPA.

Segundo Weber, esses códigos, formulados pelas autoridades locais, é que “regularão o dia-a dia da população”.
Estes eram um conjunto de normas que estabeleciam regras de comportamento e convívio para uma determinada comunidade, demonstrando a preocupação com a preservação da ordem e a segurança pública, incluindo aí as relativas á saúde pública.

Em decorrência das proibições e multas estabelecidas pelos Códigos de Posturas Municipais e das epidemias que a cidade enfrentou, como exemplo o cólera, a popularidade do entrudo decaiu, acarretando um relativo desaparecimento desta brincadeira - para a o deleite de seus críticos - até ser novamente jogado pela Ex-marquesa. 

Nota:
- O “Entrudo” consistia em jogar Limão-de-Cheiro (uma bola de cera do tamanho de um limão, cheia de agua perfumada), uns nos outros.
É claro que a coisa descambava, e havia casos em que se atiravam ovos e para completar, farinha nas "vitimas".
Daí vê-se o porquê de suas várias proibições.

Em 1855, na Corte no Rio de Janeiro, capital do Império, um grupo de foliões da elite, resolve, organizar um passeio que não seria um mero trajeto entre as casas e os bailes, mas sim um evento que se bastasse a si mesmo, aos moldes do que se fazia em Paris, Roma ou Nice.

- A grande divulgação do acontecimento marcou época e produziu um fato “fundador do carnaval brasileiro”; o famoso desfile do Congresso das Sumidades Carnavalescas, considerada a primeira Sociedade Carnavalesca brasileira.

A partir daí muitos outras sociedades carnavalescas se organizaram e, em menos de uma década, as ruas do centro do Rio de Janeiro já viam desfilas dezenas desses grupos.

Rapidamente a moda se espalharia para outras cidades como Recife, Desterro (atual Florianópolis), Porto Alegre, São Paulo, e Salvador.

Durante toda a segunda metade do século XIX, as Sociedades foram a grande atração do carnaval brasileiro.
As sociedades carnavalescas permaneceram até a década de 1950, porém na década de 1930 já se apresentavam em declínio.

No século XIX, na segunda metade, em Porto Alegre, a cidade recebe uma série de melhoramentos significativos no que concerne a transformação física da cidade, com a construção:
Theatro São Pedro (1858), da Hidráulica Porto-Alegrense (1865), do Mercado Público (1865), a implantação da primeira linha férrea ligando Porto Alegre a Novo Hamburgo (1876), a instalação de transporte coletivo Ferro Carril (bondes) (1874), a regularização da coleta de lixo (1876), o início do saneamento (1878), a implantação de serviços telefônicos (1886).
Isto demonstrando o quanto a “expansão econômica se refletiu no desenvolvimento urbano da capital”.

Nota:
- Antes dos planos de urbanização, os Códigos de Posturas eram importantes instrumentos de controle político do meio urbano, apesar da tentativa das autoridades em tentar deter o jogo do “Entrudo”, ele continuava existindo.

Em 1855, em Porto Alegre, sofreu ameaças de epidemias, fazendo parte das cidades atingidas no Brasil pela cólera.
Essas ameaças foram constantes na década de 1850, destacando-se febre escarlatina em 1850 e 1853, provavelmente em conseqüência do cerco da cidade na década de 1840, do aumento da população, devido a presença de tropas durante a Revolução Farroupilha, e do comércio com a área colonial, que não foram acompanhadas, imediatamente, de condições urbanas ideais para enfrentar uma maior concentração populacional.

Em decorrência destas epidemias – cólera, tifo e tísica – e das proibições e multas estabelecidas pelos Códigos de Posturas Municipais, a popularidade do “Entrudo” decaiu, acarretando um relativo desaparecimento desta brincadeira, para a o deleite de seus críticos.

Por um período de aproximadamente 20 anos houve um refluxo das práticas do “Entrudo” na capital da Província.


O Entrudo e as Mulheres
A partir de 1870, em Porto Alegre, ocorreu um renascimento da brincadeira do “Entrudo”.
Com isso, os periódicos da capital passaram a condenar de forma veemente o retorno deste jogo e a defender a implantação de nova forma de se brincar o carnaval, mais sofisticada e moderna, que trouxesse para Porto Alegre o requinte dos carnavais da Corte e de Veneza.

Em 1870, em Porto Alegre, o periódico A Reforma apresenta as moças – possivelmente influenciadas pela postura da ex-marquesa de Monte Alegre – como as principais autoras, as líderes da reivindicação para que se “jogasse o entrudo” naquele ano.
A postura dos palacianos – que jogaram alegremente entrudo no ano anterior sem nenhuma punição – poderia ter influenciado o povo, que, desacatando as autoridades, voltara a jogar entusiasticamente.

Na década de 1870, em Porto Alegre, as pessoas voltaram a se entregar à “prática do entrudo” e isso rendeu muita polêmica entre jogadores, policiais, fiscais, jornalistas, etc.
Do mesmo modo observamos a participação das boas moças de família nos jogos de entrudo familiar, na proteção de seus lares; há ainda referências a mulheres “não bem nascidas” que também entrudavam.

Entre os argumento mais utilizados pela imprensa porto-alegrense para condenar as práticas do “entrudo” estava o que atribuía ao jogo um “caráter de ameaça à saúde pública”, utilizando as recentes epidemias ocorridas na capital como forma de amedrontar os foliões e dissuadí-los de entrudar.
O tifo, a tísica, e a febre eram lembrados com o intuito de abolir definitivamente essa prática dos costumes da cidade.

Nota:
- Em fins do século XIX, Porto Alegre vai passar por uma higienização, tanto física quanto moral, pretendendo estabelecer novos padrões de conduta e de sociabilidade naquele fim de século.
Além da higienização física, que visava estabelecer em Porto Alegre ares de uma metrópole, pretendia-se “moralizar” a sociedade porto-alegrense, sobretudo as mulheres (que, como veremos adiante, passam a ser criticadas pela licenciosidade do entrudo). 
Deste modo, o apelo a essas doenças tinha também um caráter moralizador e regulamentador do comportamento feminino.
O jornal A Reforma argumentava que:
“Ainda menos conveniente se pode dizer que é este jogo para as damas, pois não se dão bem com água fria, e mais de uma donzela robusta e viçosa tem deixado de ver o carnaval seguinte por haver sido arrebatada pela tísica, provocadas pelas águas aromáticas do limão.”

Ademais, atribui-se uma excessiva fragilidade às damas e donzelas que seriam vítimas fáceis de tais males. O fato desta recomendação, dirigir-se às mulheres se deve a que estas eram, normalmente, acusadas de serem as grandes entusiastas do jogo do entrudo.

Os discursos sobre higiene nesse período fundamentavam uma determinada concepção das relações sociais, definiam um “procedimento de ordenação das mesmas que combinava saúde física com moral, sendo esta a dimensão da noção de progresso” (Weber, 1992: 108), e é isso o que vemos no carnaval:
- A tentativa de controle e ordenação das práticas carnavalescas através de um discurso sanitário, incutindo no imaginário social a noção de que esse era uma brincadeira rude e atrasada.

Em 1870, em Porto Alegre, as autoridades pareciam querer cumprir com as posturas municipais referentes ao entrudo, tanto é que foram publicados editais, em sucessivas datas, relembrando sua proibição.
Um desses editais, mandado publicar pela Secretaria de Polícia de Porto Alegre, informava que:

De ordem do Illm. Sr. Dr. Chefe de policia faço publico que, sendo proibido o jogo do entrudo e venda das respectivas laranjas pelos arts. 99 e 100 das posturas municipais estão dadas às ordens precisas para serem multadas todas as pessoas que nele foram encontradas e na venda das ditas laranjas, que serão também inutilizadas.

- Era proibido por lei jogar e vender utensílios para a prática do entrudo na cidade de Porto Alegre, tendo – quem o fizesse – que pagar multas por isso.
Dessa forma, ao retornar o velho costume e as autoridades tentarem detê-lo, muitas disputas e discussões foram geradas.

Percebe-se que havia um descompasso entre aquilo que era uma infração por lei e o que era considerado transgressão no imaginário social. 
Numa dessas confusões, geradas por esse desafinamento, o jornal A Reforma publicando uma série de artigos nos quais provocava e revidava as notas do rival Riograndense, que era o jornal oficial, do Partido Conservador.

Um episódio em particular ganhou a atenção dos articulistas; - quando um rapaz foi preso pelos fiscais, acusado de ter atirado suas laranjinhas.
Pedro Nicolau da Silva Telles, tenente do exército, havia sido “intimado pelo fiscal”,
Antônio Francisco de Paula “para que não continuasse a jogar entrudo na rua.

O jornal A Reforma assumindo francamente sua defesa, afirmou que sua prisão teria sido ilegal, um desacato policial.

Entre outros citamos o fato acontecido anteontem à noite na Rua da Igreja, á porta de uma respeitável família, que dois fiscais e três policias acharam o lugar mais próprio para se darem em espetáculo, mostrando o seu arreganho bélico e uma educação digna de inveja!
Um moço d’essa família tinha ido jogar entrudo em casa de pessoas de seu conhecimento e os amáveis fiscais e os seus guardas entenderam que deviam cercar-lhe a morada e não só multá-lo, como ainda exigir a multa incontinente sem estrepito, nem figura de juízo!
O espetáculo, aliás, tão edificante, fez com que se reunisse muita gente, e foi preciso muita prudência da parte do ofendido, para que não levassem os agentes policiais a lição que mereciam.

O Sr. Chefe da Policia pode empregar as medidas que quiser – legais, para fazer cumprir a postura municipal, mas faça-o em termos e sobretudo caiba os seus agentes de excessos.

A fala do jornalista nos deixa entrever a vulnerabilidade policial diante do entusiasmo das pessoas com o jogo. Os agentes, mesmo no cumprimento do seu dever, por pouco não acabaram sofrendo represália e agressões por parte do acusado, que segundo a nota, precisou de muito cuidado e sensatez para que não agredisse aos policiais.

“Os atritos entre policiais e soldados do Exército foi uma das preocupações mais freqüentes das autoridades provinciais, principalmente num período ainda caracterizado pela confusão de papéis a serem desempenhados por ambos os corpos, na manutenção da ordem pública” (Apud: Moreira, 1995: 55).

Em 1873, em Porto Alegre, o periódico A Reforma, a respeito da brincadeira do “Entrudo”, anunciava que “não nos consta que se tivesse dado fato algum de gravidade, em que tivesse de intervir a polícia. Houve, porém, muita disputa, muita queixa, muita reclamação, de uns que queriam molhar, e de outros que não queriam ser molhados”.

Deve-se atentar para o fato de o jornalista ter dito que se fosse mulher haveria de molhar o chefe da polícia para abrandar suas violentas ameaças e que, em virtude disso, ele se tornaria um feroz folião, passando a jogar entusiasticamente o entrudo e abandonando a rígida perseguição que fazia, mesmo contra aqueles que o fazem no aconchego de seus lares. Além disso, a expressão do jornalista deixa transparecer uma proibição subjetiva de que um homem pudesse molhar outro e que o jogo era realizado entre homens e mulheres.

Não seria, portanto, de bom tom um homem molhar a outro.

Nota:
- Não existem referências sobre regras do jogo do “Entrudo” em relação ao gênero, se homens não poderiam molhar outros homens, somente mulheres.
Em relação a elas há referência de mulheres brincando com mulheres.
Sabe-se que escravos não podiam molhar seus senhores e sim brincar somente entre eles (Cf. Franco, 1998: 100).

O que demonstra o quanto a brincadeira do “Entrudo” mexia com a rotina e com o viver das pessoas da provinciana Porto Alegre.

O periódico A Reforma defendiam o entrudo doméstico e condenavam somente o praticado nas ruas.  

A presença da ex-marquesa de Monte Alegre em sua passagem por Porto Alegre, ela que convencera o Chefe da Polícia da “completa ‘inocência’ d’esse brinquedo e da necessidade e de abrogar de fato uma postura absurda”.
Além disso, o articulista do jornal, ao afirmar que a brincadeira estava adormecida, deixa saber que, na opinião dele, “o povo não se divertia mais”, pois a “justiça triunfara”, informando o grau de popularidade do entrudo que encantava significativa parcela da população. 

Nota:
- No Rio de Janeiro os jornais freqüentemente associavam o “Entrudo” ao Império, fazendo duras críticas a eles.

Em Porto Alegre, a imagem entrudo/império, a fim de criticá-los, era atrelada a uma mulher, nossa ex-marquesa, a quem foi, atribuídas características que não deviam ser seguidas pelas “humanas filhas do Rio Grande”.
Entretanto, a proibição do jogo do entrudo só valia para a “arraia miúda”.
Enquanto fora jogado em palácio, por pessoas da alta sociedade porto-alegrense, não era perseguido. Quando praticado fora destes círculos privilegiados da sociedade, rigor no caso.

As mulheres foram um dos principais focos da criação do novo carnaval.
Fervorosas adeptas do entrudo foram diversas vezes criticas por participarem de uma brincadeira considerada um tanto indecorosa. Queria-se moralizar o comportamento feminino nesta festividade, acabando com a licenciosidade da antiga brincadeira e oferecendo em troca o distanciamento corpóreo dos desfiles burlescos.

Percebe-se, assim, que nesta atitude empreendedora dos novos carnavalescos, foi necessário não só uma identificação da oportunidade - “processo através do qual o empreendedor percebe a oportunidade para um novo empreendimento”, identificando o espaço para um novo modelo de carnaval, como também tiveram que tentar superar, reorganizar as estrutura sociais no que tange ao entrudo.
Esta missão não foi nada fácil e está entre uma das possíveis causas da falência do primeiro ciclo das sociedades.


As Sociedades de Porto Alegre
O processo de criação de um novo “Carnaval”, através das sociedades carnavalescas, deu-se primeiramente no Rio de Janeiro, capital do Império.
No caso de Porto Alegre, que inspirou na Corte Brasileira irá copiar o modelo de carnaval.

Em 27 de fevereiro de 1873, em Porto Alegre, dois dias antes do anúncio do surgimento das sociedades Esmeralda e Venezianos, foi escrito por Desjanais, no jornal A Reforma, um artigo que conclamava os rapazes de Porto Alegre a porem fim às brincadeiras do entrudo e criarem sociedades carnavalescas aos moldes do Rio de Janeiro. Pregava, neste artigo, que era preciso “um carnaval regrado. Que não trouxesse problemas tanto de ordem física, quanto de ordem comportamental e que, sobretudo, fosse feito pelos moços da cidade que, como heróis, a livrassem do “antiquário Entrudo” e fundassem uma sociedade carnavalesca”.

Desta forma, rapazes das “boas famílias” de Porto Alegre, perceberam um novo mercado aberto e a viabilidade de executarem com êxito este projeto empreendedor. Apesar de não estarem criando algo novo, inventado uma idéia, pois esta já existia na corte, estavam trazendo este “produto” não conhecido e vivenciado pelos habitantes de Porto Alegre.

Em 1° de março de 1873, em Porto Alegre, o nascimento da Sociedade Esmeralda Porto-alegrenseEsmeralda (verde e branco).

Em 03 de março de 1873, em Porto Alegre, nasce a Sociedade Carnavalesca Os Venezianos dois dias depois, Venezianos (vermelho e branco),

Essas duas sociedades eram proveniente do modelo carioca, onde as elites no Rio de janeiro em meados de 1830, começaram a copiar carnaval de Paris, seguindo o formato dos: “Bailes de Máscaras, Bailes a Fantasia ou Bals Masques”.

As Sociedades Carnavalescas, também chamadas de “Clubes Carnavalescos”“Grandes Sociedades”, ou simplesmente “Sociedades”, são as primeiras manifestações históricas que redundariam na criação do carnaval de Porto Alegre.

Se introduz uma nova forma de se brincar o carnaval:
Os préstitos e bailes promovidos pelas sociedades carnavalescas.
Essa nova festa veio em combate ao entrudo, que passara a ser atacado de rude, grosseiro e não condizente com os ares que essa urbs deveria ter.
As sociedades, por sua vez, promoveriam um carnaval considerado chiqueelegante e sofisticado, segundo os jornalistas da época.

A criação das duas sociedades representava “o início de uma reforma de costumes que colocaria Porto Alegre à altura da Corte e das demais cidades civilizadas do mundo”, uma vez que a reunião desses homens para a consecução dessas sociedades tinha como objetivo máximo a eliminação do “entrudo” como forma de comemoração carnavalesca.

Há de se mencionar que alguns dos membros das sociedades carnavalescas, além de pertencerem a Sociedade Parthenon Literário; eram donos ou redatores de muitos dos jornais da cidade, como: - Achylles Porto Alegre e Miguel Werna.

As sociedades carnavalescas EsmeraldaVenezianos e Germânia, ao contrário dos festejos carnavalescos no Rio de Janeiro, em Porto Alegre tais festas possuíam um caráter mais familiar, permitindo a participação de esposas, filhas, sobrinhas, enfim, das chamadas “mulheres de família”.

Esse novo carnaval, proposto por esmeraldinos e venezianos, veio também com outros objetivos: pretendia-se uma moralização e re-adequação da participação das mulheres nos festejos dedicados a Momo.
De uma presença ativa nas brincadeiras das molhadelas, na qual elas se entregavam com todo ardor, passariam à passividade.
Ao invés da proximidade, principalmente corporal, oferecida pela brincadeira tradicional; o distanciamento do préstito: agora os rapazes das sociedades desfilariam nos carros enquanto as mulheres assistiriam, aplaudiriam e lhes jogariam flores ao invés do temido limão. 

Com o estabelecimento dessa nova prática, Porto Alegre passaria a ter o “Carnaval”, pois, segundo Lazzari, para a maioria dos cronistas locais o carnaval das sociedades representava todos os valores positivos, enquanto o entrudo era a representação de todos os males, que eles vinham reafirmando desde 1870, após ter a Ex-marquesa de Monte Alegre, mulher do então Presidente da Província Antônio da Costa Silva e Pinto, re-introduzido os hábitos entrudescos na cidade.  

Entre estes jovens encontrava-se Leopoldo Masson, relojoeiro.

É curioso perceber que o mesmo jovem a quem se relacionava o nascimento do novo carnaval, haveria de ser também um empreendedor de sucesso em Porto Alegre.

Nota:
- O jornal O Independente em matéria intitulada “Homenagem a Momo”, que conta uma história do “nascimento do carnaval em Porto Alegre”, na qual Leopoldo Masson e sua família estiveram envolvidos:

- O Carnaval porto-alegrense nasceu de uma bomba d`água que o entrudo traiçoeiro, penetrando nas trincheiras que os irmãos Masson (Leopoldo e Luiz) haviam construído em um sobrado à rua dos Andradas, em 1870, irrigando à mangueira os transeuntes.
Um caixeiro da botica Luiz Masson que ficava por baixo do sobrado onde se achavam os irrigadores, a cavaleiro de qualquer investida, deu entrada, por uma porta falsa que havia na escada a qual só ele conhecia, a uma legião de entrudeiros comandada pelo Cel. Joaquim Pedro Salgado.
O assalto foi realizado de surpresa e a provisão d`água existente no sobrado serviu para inundar a casa toda (...).
Na quarta-feira de cinzas, o saudoso dr. Amedeu Masson (pai) aconselhou a fundação de uma sociedade para matar o entrudo.
Nasceu então a Esmeralda, criada pelos esforços do sr. Leopoldo Masson que, como joalheiro, foi o seu padrinho. E logo apareceu o êmulo: os Venezianos, tendo sido o primeiro Carnaval um extraordinário Sucesso.
O Entrudo foi coibido e de ano em ano foi menos jogado, até que desapareceu aquele brinco bárbaro e brutal, que era sempre acompanhado de crimes.

De acordo com o relato da História, a criação da Esmeralda teria sido fruto do empenho de Leopoldo Masson, tendo sido também ele presidente da sociedade em 1880.
Segundo Lazzari, “a experiência que esta família trouxe do Rio de Janeiro pode ter sido decisiva e seria um bom indício de como algumas idéias e práticas do carnaval da Corte foram adaptadas e transformadas para o contexto particular de Porto Alegre e da Província”.

Leopoldo Masson:
Nascido no Rio de Janeiro em 1845.
Em 1871, ele muda-se para Porto Alegre e abre a relojoaria “A Pêndula Misteriosa”.
Para iniciar seu negócio, Masson “contou com a ajuda do crédito de outra firma do ramo, o joalheiro Moisés Aaron & Filhos (entre os quais deveria se incluir Emílio Aaron, outro fundador da Esmeralda). A partir de então começa um empreendimento de sucesso, em sociedade com o ourives Inácio Geyer (outro esmeraldino), que consolida o nome da Casa Masson como um estabelecimento de prestígio”.

- O espírito empreendedor de Masson, que não conseguindo se estabelecer no Rio de Janeiro, veio para Porto Alegre e de relojoeiro passou a grande empresário ao, juntamente com Geyer, fundar uma empresa que funcionou durante 12 décadas na esquina das ruas dos Andradas e Marechal Floriano e estabelecer o nome Masson como tradição e referência em termos de jóias, pedras preciosas, ótica, relógios.
Com o mesmo espírito empreendedor iniciou e colaborou para a mudança no formato do carnaval ao trazer e fundar este novo empreendimento em Porto Alegre.

Em 1874, em Porto Alegre, um belo desfile de Carnaval foi preparado.
Do cortejo participariam apenas os homens que compunham as agremiações.
Às mulheres, destinava-se a função de espectadoras da festa: deveriam aplaudir e jogar lindos buquês de flores aos “distintos cavalheiros”, para depois acompanhá-los aos bailes promovidos pelas sociedades.
Aos demais, não pertencentes ao escol da elite, restava apenas assistir aos desfiles e ficar do lado de fora do salão, esperando pela descrição feita pelos jornais no dia seguinte.

Entretanto, a ação empreendedora dos novos carnavalescos tinha um forte inimigo, o “velho entrudo” e, para o êxito de seu empreendimento, precisariam superar “as forças que resistem à criação de algo novo”. Estas forças eram o gosto e o apego feminino às tradicionais molhadelas.

Em 1878, em Porto Alegre, o presidente da Província declarava:
“Fruto de antiga e talvez invencível rivalidade, que a severa disciplina do Exército mau continha, os conflitos entre a força pública e a de polícia vão tomando tal caráter, proporções tão extraordinárias e violentas, que reclamam do governo e dos chefes militares a mais séria atenção”.

A Reforma justificava que o problema teria sido causado pela postura das autoridades, criticando os atos do chefe de polícia que, sempre tão brando, tem se mostrado capaz de posturas violentas, como o do caso em questão, mesmo que essas tenham sido tomadas por seus subordinados.
Apesar de ter feito cumprir a lei, publicando os editais de proibição do jogo, as autoridades teriam se equivocado ao quererem proibir o entrudo doméstico ao invés de se preocuparem com o público, que era o gerador de problemas. 

O que, porém, o Sr. Chefe da Polícia, não podia e nem pode proibir, é que as famílias no interior de suas casas, divirtam-se do modo que muito bem queiram.
Na porta do domicilio do cidadão cessa a jurisdição da autoridade, sempre que a ordem pública não seja alterada; mas nesses casos extremos não depende a jurisdição de simples vontade.

O Sr. Chefe da Polícia com seus agentes não entendem a coisa assim, e com tal furor, tão cegos se atiram aos jogadores do entrudo, que em lugar de proibirem que se lancem bacias d’água do alto das janelas e publicamente nas ruas, endireitam-se a querer multar os que, no uso do seu direito legítimo, jogam o entrudo com as famílias de sua amizade e no interior das casa!

Em 1879, na Corte do Rio de Janeiro é realizado “Baile de Máscaras” no Imperial Teatro D Pedro II.

Em 1880, em Porto Alegre, as versões cantadas, entoadas por coros, invadiram os “Bailes de Máscaras”.

- Na falta de um gênero próprio de música carnavalesca, inicialmente as brincadeiras eram acompanhadas pelo ritmo da polca, quadrilha, valsa, tango, charleston e maxixe, sempre em versão instrumental.

Em 1880, em Porto Alegre, o Carnaval de Rua dos chamados “Bons Tempos”, funde-se com a origem da festa em todo o país.
As festas não tinham maiores pompas, mas não deixavam de ostentar certo aparato para a sua realização.
As festividades iniciavam quatro semanas antes da data do Carnaval:

- As quintas feiras eram chamadas de Amigos e AmigasCompadres e Comadres.

- O sábado da última semana era denominado Sábado Gordo.

Eram realizadas reuniões-dançantes em casas particulares e associações recreativas, a que os foliões compareciam com suas fantasias e saíam, depois, em ranchos mascarados. Aproveitavam a noite alta para visitarem pessoas amigas, sem que essas pudessem reconhecê-las e nas ruas da cidade, apenas durante os três dias, existia maior rumor e colorido de Carnaval.

O Carnaval de rua, como o de salão, tomou impulso e caiu na graça do povo. Nessa altura, toda a população se sensibilizou com o Carnaval e as ruas por onde passariam os automóveis foram decoradas com muito luxo pelos moradores, participando ativamente dos festejos.

Não alheios a toda a festa, os arrendatários do Theatro São Pedro organizaram bailes públicos de Carnaval no casarão da Praça da Matriz e em cujo palco, antecedendo as danças, eram encenadas peças de acordo com a data.

O sucesso e a fama do Carnaval de Porto Alegre ultrapassam as fronteiras regionais e por toda a província vinham pessoas para apreciar os desfiles, bem como brincar animadamente nos diversos bailes da cidade.
Algumas brincadeiras de esguichos continuavam e o povo e a aristocracia, cada um a seu modo, caíam nas folias de Momo, sem limites e sem tristeza, “Porque era Carnaval”.
HÁ UM SÉCULO NO CORREIO DO POVO (Pesquisa: RENATO BOHUSCH) 
No dia 15 de fevereiro de 1909, não houve edição do Correio do Povo. Na época, o jornal não circulava as segundas-feiras:

Em 1880, em Porto Alegre, as sociedades: - Esmeralda e Venezianos já estavam praticamente falidas, mas o seu modelo de carnaval foi bem aceito, haja vista que outras várias agremiações surgiriam, a partir desta década, apropriando-se do modelo de festa proposto por esmeraldinos e venezianos.

Apesar do sucesso obtido pelo novo formato do “Carnaval” e por ter conquistado o gosto dos portoa- lengrenses, Esmeralda e Venezianos ingressaram numa crise que as levou à falência antes mesmo de adentrarem o século XX.
Entre as causas encontramos o gosto feminino pelo “Entrudo”.
A permanência desse jogo – e, sobretudo, a preferência das mulheres pelas bisnagas – se constituiu em um argumento utilizado pelas agremiações – especialmente a Venezianos – para justificar a crise que passaram a enfrentar.

Em 1882, em Porto Alegre, em seu programa para o carnaval, os Venezianos enfatizavam que, a despeito de todos os esforços e feitos dessa sociedade, a permanência da “perniciosa bisnaga” e, especialmente, o fato de elas “emanarem de delicadas e alvas mãozinhas” continuavam a contaminar o carnaval.

S. C. Os Venezianos – Festeiros e ridentes habitantes desta heróica terra!
Volto de novo à vossa presença para do alto destas colunas, anunciar-vos que está chegando o dia de nosso reinado!
Chega o Carnaval! A velhice volta à mocidade e está à loucura; mas à loucura pelo prazer, pela alegria e a festa!...
Com o nosso poder tudo temos conquistado na senda do progresso.
Tudo!
Tratados de paz com diversas nações estrangeiras, abolição de diversas instituições nocivas a moralidade pública, criação de diversos estabelecimentos de utilidade publica, mandamos lavar o sol para brilhar mais nas nossas festas, e regular o serviço da linha de bondes para a lua, a fim de poder qualquer cidadão transportar para lá a sua jovem raptada, sem susto de que o facão matrimoniar-se, como sucede cá por baixo!...
E quem fez tudo isto, não tem podido abolir a perniciosa bisnaga, fonte de quanta constipação, pneumonia e tifo, há, que flagela e dissipa a humanidade!...
E o que mais horroriza, é ver que esta plêiade de epidemias dimana de delicadas e alvas mãozinhas que parecem fadadas para derramarem consolações sobre a humanidade sofredora!!!...

Nota:
- Os filhos da Veneza confessavam, que apesar de todo o sucesso obtido por eles e do progresso trazido aos festejos da capital, não haviam conseguido extirpar a terrível bisnaga – fonte de diversos males, tifo, pneumonia – e acima de tudo, que esta se encontra sempre na ativa por causa das delicadas e alvas mãozinhas das boas moças da terra.

O entrudo já era identificado como um elemento que ameaçava o êxito dos desfiles e as mulheres acusadas de serem as principais promotoras de tal fracasso.
Vemos, assim, que apesar da existência de um espaço para a criação de algo novo – e de este novo ter feito sucesso, ter tido valor para seus “consumidores” – os empreendedores carnavalescos assumiram o risco de seu empreendimento falhar. E isto realmente aconteceu, muito provavelmente por não conseguirem modificar e adaptar as formas de ver femininas carnavalescas, fazendo com que estas aderissem ao novo carnaval, esquecendo de vez as brincadeiras entrudescas.

Em 1890, por volta, em Porto Alegre, inicia-se uma nova fase do fenômeno urbano, caracterizada pela crescente complexidade da organização dos grupos sociais no espaço urbano decorrente das transformações das estruturas política, social e econômica da sociedade brasileira. A cidade passa a ter dificuldades com o excesso de população, que de 18.465 habitantes, em 1858, salta para 43.998 no ano de 1872, com um aumento populacional que significou um crescimento de 138,27%.
No Centro da cidade, se percebe uma promiscuidade indesejada de ricos e pobres, vivendo “face a face”.

Cláudia Mauch, ao pesquisar dois jornais porto-alegrenses:
Gazeta da Tarde e Gazetinha do final do século XIX, afirma:
“Com grande freqüência, os termos desordem e imoralidade, apareciam em suas páginas”. 

Para esses jornais, não eram considerados perigosos apenas as meretrizes, gatunos, vadios e desordeiros, mas todos os habitantes das zonas mais pobres da capital que não se enquadravam no modelo de “bom trabalhador” e que viviam em ambientes física e moralmente degenerados, constituindo então a “escória” ou a ‘parte ruim da sociedade’. A periculosidade dessas pessoas foi construída a partir da identificação da sua aparência física, do seu comportamento desregrado, do seu tipo de trabalho e local de moradia (Mauch, 1994: 9).

Segundo esses jornais da capital, “a polícia deveria impedir que a ‘parte ruim’ da sociedade contagiasse a ‘parte sã’, proibindo a circulação de turbulentos e prostitutas em locais freqüentados por famílias [...]” .

Em suas campanhas de saneamento moral, ambos jornais acabavam generalizando “os adjetivos de desordeiros e imorais para todos os habitantes de zonas pobres de Porto Alegre. Pode-se dizer que lá onde existia diversidade e um modo de vida diferente do das elites, os jornais enxergavam o espaço das ‘classes perigosas’”

A condenação do “Entrudo” e a tentativa de estabelecer um novo modelo de “Carnaval” - produzido pelas as elites - tenham sido, alguns dos primeiros passos na tentativa de saneamento físico e moral da cidade de Porto Alegre.

Uma estratégia encontrada pelas elites no sentido de não mais precisar encarar os pobres, como por ocasião do entrudo, passando a exibir-se em elegantes desfiles e bailes fechados.

Segundo o jornal A Reforma:
- Alguns anos havia que este jogo bárbaro, o “Entrudo”, caíra em desuso, quando a célebre ex-marquesa de Monte Alegre, mulher do ex-presidente da Província, Antônio da Costa Pinto e Silva (mandato 16/09/1968 a 20/05/1869), atual Sátrapa de São Paulo, o pôs novamente em moda. Que esta renovação do passado fosse obra da ex-marquesa nada há que admirar, pois é muito conhecida pelo seu ardente temperamento e extraordinário calor;
Não é, porém digno das humanas filhas do Rio Grande, num tempo em que o tifo, a febre e a tísica dizimam a população, ensopar d’água os que transitam nas ruas banhados em suor.

Além de criticar o retorno do “Entrudo” e o comportamento da ex-marquesa, a análise do excerto permite observar uma referência a termos que denotam uma certa erudição por parte do colunista, que compara o marido da ex-marquesa com os Sátrapas da Antiguidade, apontando para outros elementos significativos para a cidade e, por conseguinte, para esse trabalho.
O jornal A Reforma, vinculado ao Partido Liberal, chamava o ex-presidente provincial de Sátrapa – governadores das províncias do Império Persa – com o intuito de designar o governo como despótico e centralizador, como se aqueles também representassem um governo assim. Isso porque o Imperador, desde 1868, “mantinha o Partido Conservador no controle dos Ministérios e dos governos provinciais”, tendo os governadores nomeados, sofrido intensa oposição dos liberais gaúchos.
                                               
A ex-marquesa de Monte Alegre, era uma mulher casada, diferenciando-se das heterasatenienses, apesar de ter sido atacada pelo articulista no que se refere à sua atitude de liberdade de agir, de forma semelhante aos homens, rompendo com os lugares a ela destinados.
Do mesmo modo, no Rio de Janeiro, décadas mais tarde, encontramos articulistas denominando mulheres da alta sociedade de “heteras”, por causa de seus comportamentos durantes os festejos de Momo, o que vem corroborar com a comparação:
(...) muitas são as damas finas que se nivelam às hetairas nos clubes, nos bailes, nos três dias de orgia carnavalesca (...) Terminada a festa, porém, as prostitutas continuam no seu ‘triste’ mister; as elegantes, ‘decaídas eventuais’, tornam aos seus lares, tomam parte em ligas contra o álcool, veitam o ‘verbo’ fulminando vícios.

Diferentemente das “heteras”, as esposas atenienses abastadas e bem nascidas tinham um padrão a seguir, o modelo mélissa. Isso consistia em permanecer reclusa no interior de sua casa, cuidando dos filhos e dos bens da família. Especializavam-se em tecer, bordar e fiar.
Deveriam ter um “tipo de vida puro e casto, ou seja vida sexual bastante discreta; hostilidade aos odores, à sedução; a fidelidade conjugal” (Detiene, 1976: 55  e 56).

Dessa forma, a critica feita à prática do “entrudo” e a tentativa de se estabelecer um novo tipo de carnaval correspondem a uma imposição de certos modelos culturais relacionados ao comportamento feminino, condenando a licenciosidade que caracterizaria esta brincadeira e afirmando não ser esta uma conduta adequada às boas damas porto-alegrenses.

As recomendações contra o jogo do entrudo produzidas pela imprensa costumavam dirigir-se, sobretudo, ao público feminino devido à alegada predileção que as mulheres cultivavam por tais folguedos.
Assim, as mocinhas de família, ou das boas famílias, tinham como um dos “prazeres diletos” entrudar.


Observadores em Porto Alegre

Esta “predileção feminina” pelo entrudo foi constatada pelo viajante John Luccock, que sentira na pele este entusiasmo.
                                                
Havia uma diversidade dos tipos femininos que circulavam em Porto Alegre.
Havia “mulheres que se adequavam ao padrão desejado de retidão (boa esposa, boa mãe, defensora dos filhos, mulher que se apega as coisas simples da vida e não ao prazeres mundanos e ao luxo, a moça de boa índole, a que suporta o adultério do cônjuge), mulheres que fogem a esse estereotipo (adúltera, ciumenta, questionadora, viúva que contrai um segundo matrimonio, a mulher que assume os negócios deixados pelo marido, as que passam a administrar  propriedades, a que não perdoa a infidelidade do marido) e, até, possivelmente mulheres que conjugam diferentes elementos desses perfis” (Becker, 2001: 274.)

Segundo John Luccock:
O seu pretendido entrudo estritamente familiar e doméstico era algo próximo de uma ficção. Os mais antigos relatos mostram que, muito embora ocorressem batalhas de limões de cheiro entre famílias amigas, ficar de tocaia nas janelas e ensopar passantes distraídos era um dos prazeres prediletos das donzelas da terra, ainda mais se as vítimas fossem estrangeiros.

Em Porto Alegre, o “entrudo familiar” também era bastante apreciado, mesmo entre as elites mesmo que Jonh Luccock afirmasse que este era uma ficção.
Embora ocorressem casos em que transeuntes eram vítimas das molhadelas, suas algozes contavam nestas ocasiões com a proteção doméstica, de seus lares. 
Relato do viajante inglês John Luccok, de 1808, sobre o banho que tomou das filhas do Presidente da Província (reproduzido em Athos Ferreira, 1970: 10).

Nesse mesmo sentido, Coruja antigo morador de Porto Alegre sobre o entrudo na cidade:
Quem se quisesse transportar ao antigo entrudo de Porto Alegre havia de lembrar-se que na Rua Nova, em casa das Ângelas e Perpétuas, havia nas três tardes de entrudo um perfeito bazar de banheiras, gamelas, bacias, alguidares, seringas, copos, canecas e canjirões, a não deixar impunes os transeuntes; que no Alto da Bronze além de tudo isso ainda havia o vermelhão, o polvilho e os pós de sapatos; e que a moçada de Porto Alegre saía a pé ou a cavalo com a  competente cestinha de limões de cheiro ao braço, acompanhados de criados com os respectivos suplementos, a molharem aqui e acolá as descuidadas (ou não descuidadas) que se achavam às janelas. [...] (Coruja, 1996).

Ângelas:
- Era uma família de “cores honestas”.

Arséne Isabelle, viajante francês que aqui esteve entre 1833 e 1834, revela, em seu relato, “a tirania e a severidade que não permitia a estranhos, como ele próprio, a aproximação dessas mulheres e ao fato das mesmas serem condenadas a permanecerem em casa, longe dos olhos alheios, ousando apenas observar furtivamente o movimento da rua ‘entricheiradas’ nos parapeitos ou sacadas de suas residência”, não sendo esse um comportamento só em dias comuns, como também durante a brincadeira do entrudo.
(O trecho citado faz parte de um artigo originalmente publicado na Gazeta de Porto Alegre, 13 de março de 1884).


Caso Policial em Porto Alegre

Em um processo resultante de agressões presumivelmente sofridas por uma mulher de nome Maria Antônia, chegamos a um universo no qual as práticas entrudescas mostravam-se presentes entre as camadas populares. 

Neste processo, o pardo Jorge – um escravo de Dona Thereza Emília de Lima, com 32 anos, que exercia o ofício de alfaiate – fora acusado de ter agredido a Maria Antonia – uma meretriz de 29 anos que residia no famoso Beco do Fanha (atual Rua Caldas Junior) – tendo-lhe causado alguns ferimentos no rosto.
Entretanto, contrariando a versão policial, em seu depoimento, Maria Antônia afirmou que havia saído para ir “à casa de uma moça sua conhecida a fim de jogar o entrudo”.
Quando voltava, foi atingida por limões de cheiro, que a fizeram cair e por isso teria se ferido, “batendo com o rosto em uma laje que fica do lado de dentro” de casa.
O pardo Jorge – que aparecera em sua residência “por ocasião de principiar com o jogo do entrudo”“nenhum mal lhe fez”, tendo-a somente repreendido em função de sua queda.

Na versão do alferes Guimarães, que deu voz de prisão ao acusado, este foi preso quando “lutava com uma mulher, dando-lhe pancadas, achando-se a mesma toda ensangüentada e ele próprio com a camisa toda rasgada” e esta pediu que o referido alferes não o prendesse “porque ele fazia tudo aquilo por amizade”.


Entrudo, Imprensa e Repressão

Com o ressurgimento do “Entrudo”, percebe-se uma preocupação tanto da imprensa quanto das autoridades no sentido de tentar evitar a sua proliferação.

O jornal A Reforma, externava sua preocupação com a situação ao afirmar:
“Em todas as ruas da capital se tem jogado entrudo como nos tempos antigos, e todo o arreganho policial não conseguiu mais do que fazer com que um ou outro agente policial tomasse banho involuntário” (Ferreira, 1970: 23).

Ao analisar a questão do policiamento urbano em Porto Alegre, “os relatórios do período constantemente enumeravam a precariedade da força policial como uma das causas da criminalidade, mas concordavam que ‘avultada como já é a verba a ela destinada’, a Assembléia dificilmente atenderia as reclamações de diversos municípios, que pediam a criação de seções policiais” (Moreira, 1995: 59), enfatizando bem essa questão da ineficácia policial perante as transgressões, como o era considerado o entrudo.

“Entrudo” havia regressado a Porto Alegre com toda força! 
Jogado por todos, brancos, negros, pobres, ricos, homens e mulheres, ainda seria alvo de muitas polêmicas, discussões e disputas na capital da Província do Rio Grande!

Porto Alegre, mesmo sendo uma cidade provinciana, desfrutou dos “prazeres de brincar o entrudo” em toda a sua ingenuidade, até sua maior sofisticação, para no futuro se tornar em um dos maiores carnavais do Brasil.

Em 1883, em Porto Alegre, apaixonada rivalidade dos integrantes das sociedades Esmeralda e Venezianos se entreveraram e só não provocaram tumulto maior porque a polícia agiu a tempo.

O Carnaval terminara (sem nem ter começado), era a rivalidade.


O Carnaval em Porto Alegre

A Polícia acabou proibindo esse tipo de brincadeira e foi surgindo um “Carnaval” diferente, com confetes e serpentinas, lança-perfumes, fantasias, cordões e desfiles.

Carnaval foi grandemente adotada pela população brasileira, o que tornou-o uma das maiores comemorações do país.
As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, assim a festa cresceu em quantidade de participantes e em qualidade.

Sobre os festejos que marcam o Carnaval, geralmente nos deparamos com a lógica e a significação instituídas pelo calendário cristão.
Sob esse contexto, o carnaval compreende um período de celebração que antecede a resignação espiritual que inclui o período que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo Pascoal.

Somente no século XIX, no final, no Brasil, surgiram os blocos carnavalescos com carros decorados e pessoas fantasiadas de forma semelhante ao século XXI.

Embora de origem européia, muitos personagens foram incorporados ao carnaval brasileiro, por exemplo:
Rei momo,
Pierrô,
Colombina.

Em termos de carnaval, a classe média buscava suas formas de diversão.
Criam-se “bailes de máscaras e de gala”, onde eram executadas polcas e valsas.
Eram grandes bailes eram realizados no Theatro São Pedro.
Quem não frequentava os salões partia para a Cidade Baixa, Menino Deus, Azenha ou Bairro Santana, onde a diversão era garantida.
As variadas fantasias só dependiam da imaginação dos foliões.
Os homens adoravam se vestir de mulher, sendo ajudados pelas esposas, mães ou irmãs.

Os primeiros blocos carnavalescos eram formados pelos Cordões, grupo de pessoas e os famosos Corsos “cortejos de carros de passeios” (carruagens, carroças).


Moralidade em Porto Alegre

Para Careli, entre os anos de 1850 e 1900, em Porto Alegre, “reinterava-se a crise de costumes e a crise moral como explicativa dos mais diferentes problemas”, não sendo, portanto, “fortuita a insistência na qual incorriam os ‘homens do jornal’ no quesito‘virtude’ como instrumento de combate à imoralidade  e ao ócio, que na visão desses, punham em risco a acumulação viabilizada pelo trabalho para a concretização de uma sociedade civilizada e ordenada”.
Para o alcance de uma sociedade moderna era necessário o “desenvolvimento de condições morais e sociais adequadas àquela concepção de progresso que [os intelectuais] buscavam implementar”.

Assim, era preciso se ter um novo carnaval: o entrudo era considerado uma brincadeira licenciosa, que proporcionava a perda do controle dos pais e também da prudência sobre o comportamento feminino, pois durante o festejo haveria o perigo dos “abraços traiçoeiros que começam na porta da rua e iam terminar mesmo nas barbas dos senhores pais de família”.

A referida autora também afirma que “o comportamento sexual referente ao gênero feminino no século XIX era associado – por grande parte da imprensa escrita – a uma existência virtuosa a ser canalizada ao longo da vida para o fim maior a que estava destinada a mulher: o casamento e a maternidade”.
Ao participarem desse temido jogo, as mulheres não estariam praticando uma existência tão virtuosa assim, podendo prejudicar o objetivo máximo dela, o casamento.

Segundo Pedro, a partir de 1850, nas cidades do Sul, durante a formação das elites nos centros urbanos, foram freqüentes as imagens idealizadas das mulheres e de seus papéis familiares. Essas elites que se formaram, é que “iriam promover os jornais responsáveis pela divulgação de modelos de comportamento, especialmente para as mulheres”, como por exemplo, os comportamentos que se esperavam delas durante os festejos carnavalescos. 

Em 1899, no Rio de Janeiro, capital da República, e escrita a “primeira música” feita exclusivamente para o carnaval, foi uma marchinha, "Ó abre alas", composta para o Cordão Rosa de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga.

Desde então este gênero, que rapidamente caiu no gosto popular, reinaram ao longo de muitos anos e assim foram transmitidas de geração em geração, tendo como principais aliados a divulgação radiofônica, os bailes de salão e as próprias ruas.


No século XX, no Brasil o “Carnaval” foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. 

As famosas marchinhas carnavalescas foram acrescentadas, as músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado, em quantidade de participantes e qualidade de festa.

Os bailes públicos passaram também a tomar conta da cidade, não só nos salões, mas em lugares mais acessíveis ao povo.

Em 1900, no início do novo século, em Porto Alegre, não era mais a mesma, pois todas as sociedades haviam desaparecido, restando apenas lembranças de grandes Desfiles de Carnaval.

- No começo do século XX, os Corsos se tornaram mais populares, as pessoas decoravam seus carros, fantasiavam-se e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades, dando origem aos carros alegóricos.

O carnaval tornou-se cada vez mais popular, e teve um crescimento considerável neste período, que ocorreu em virtude das “marchinhas carnavalescas” (músicas que faziam o carnaval mais animado).

- Desde o final do século XIX, havia desfiles de grupos mascarados das mais variadas classes sociais, acompanhados por orquestrinhas ou estudantinas com as mais improváveis formações instrumentais.

Em 1900, em Porto Alegre, a Orquestra Mista de um grupo anônimo registrado pelo jornal Correio do Povo descrevia os instrumentos: - concertina, ocarina, trombone e instrumentos de papelão.

A descrição feita no jornal do governo, A Federação, neste mesmo carnaval de 1900, descreve no detalhe uma dessas formações populares e nunca muito bem organizadas:

E lá se foi o bando onde figuravam dominós de metim de cores desbotadas, os tradicionais macacos de barba de pau, alguns tipos com casaco virado do avesso e pedaços de pelego nos rostos; tudo isso ao ruído de uma canglorosa corneta, um bombo com a pele frouxa, uma caixa de rufo no mesmo estado, pandeiros, violas, violões, chocalhos, etc.

Um, talvez o mais abastado do grupo, trajava calça e jaqueta de Zuavo, feitas de belbutina e já muito rafadas; completava-lhe a toillete um chapéu de papelão ‘a Directorilo’.
‘riqueza’ do vestuário conferiu-lhe a honra de levar a bandeira: - um pedaço de morim com letreiro ilegível, escrito com pó de sapatos.

- E lá se foram eles, todos muito suados, muito ruidosos, muito sujos e sobre tudo… sem nenhum espírito.

Essa folia espontânea logo ficaria tão elitizada – culminando com a volta das sociedades carnavalescas Esmeralda e Os Venezianos, em 1906.

Em 24 de fevereiro de 1903, em Porto Alegre, o Club dos Pierrots, era descrito pelo jornal Correio do Povo, como um conjunto seleto formado por sete violões, um violão espanhol, duas flautas, três violinos, uma bandurra e um cavaquinho.
Tocando polcas, valsas, marchas, dobrados, mazurkas, havaneiras, schottischs e mesmo seleções de óperas.

Em 1906, em Porto Alegre, Esmeralda e Venezianos irão reaparecer “porque era preciso negar a legitimidade do carnaval [popular] que de fato existia inventando outro para colocar em seu lugar”.
Os préstitos deviam, agora, simbolizar a distinção de quem neles tomava parte, reafirmando o princípio de moralidade superior que justificavam e legitimavam a autoridade. Os valores sociais eram “pedagogicamente apresentados como modelos ideais de conduta a serem assimilados, tanto para a multidão que assistia quanto para a própria elite que neles deveria se espelhar”.

Dividida nas cores vermelho e branco, os Venezianos apresentavam um saudável carnaval de salão.

No mesmo contexto festivo a Sociedade Esmeralda, verde e branco, também proporcionava excelentes bailes carnavalescos.

A disputa entre as mesmas seria evidente, e na simpatia para com seus públicos conquistavam adeptos até do futebol, como fez os Venezianos, congregando suas cores com a Fundação do Sport Club Internacional, em meados de 1909.


A Mulher - Rainha do Carnaval
Porto Alegre

E, nesse renascer das sociedades, “era a grácil Mulher porto-alegrense que fazia o carnaval”.

Segundo Lazzari“embora os méritos pelo brilho e sucesso da festa fossem atribuídos pela imprensa à diretoria masculina, era em torno das mulheres que se centralizavam os elogios, bem como as atenções e o entusiasmo geral”.
O culto à rainha da sociedade (que normalmente era parenta de algum sócio) era a expressão máxima da exaltação da figura feminina.
Nas crônicas a respeito dos bailes de ambas associações, apresentavam-se “aclamações apoteóticas à rainha” e exaltava-se “o culto à virtude feminina que livraria o carnaval de Porto Alegre do perigo da licenciosidade da ‘folia pagã’”.
Assim, uma nova missão fora criada para as mulheres nos festejos carnavalescos: não só participar como, principalmente, promover os bailes e desfiles e, segundo os jornais da época, serem responsáveis pelo sucesso dos carnavais. Eram elas que promoveriam a regeneração moral da festa. Evidencia-se, assim, uma modificação tanto na participação feminina no festejo quanto nos atributos e caracteres que lhes eram designados:
- Num primeiro momento, elas participavam apenas como espectadoras e embelezadoras da festa, foram atacadas por serem as responsáveis pelo fim do carnaval civilizado, por se deixarem levar pelo atrevido entrudo. Foram uma das causa do fracasso do carnaval elegante por serem as maiores entusiastas com tal perniciosa brincadeira.
- Depois, com o renascimento das sociedades carnavalescas, passaram a organizar os festejos burlescos, e acima de tudo, eram a figura do bom carnaval, da moral e bons costumes, a representação da regeneração moral do carnaval.

E parece ter sido esta a postura da nova geração que irá recriar a Esmeralda e a Venezianos.
Se no ciclo anterior o papel de destaque era dado aos carnavalescos, agora na nova fase serão as mulheres a brilhar.
Se antes eles faliram por causa do gosto feminino pelo entrudo, agora uma maneira de o empreendimento prosperar era fazer com que as mulheres fossem as rainhas desta festa.

Vejamos:
Vai passar a Rainha - a nossa Grã Senhora
Virgem Nossa Senhora Imaculada e Casta
¾ qual a santa d’um adro, ao resplendor da aurora
ou qual mago Santélmo a quem o mar se afasta!

Virgem Nossa Senhora Aparecida em vasta
nuvem d’ouro e de sonho à qual o sol rubóra,
Virgem Santa Maria, a cujos pés se arrasta
a multidão que geme e a Sua Graça implóra...

Virgem Santa do Céu! Como é bela e moça
e como, feito d’alma, o seu olhar se adoça
e se expande e se estende e sobre nós reflóra!

Ei-la...! Deixem passar o seu andor singelo!
Abram alas...! Avante ó devotos do Belo:
¾ Vai passar a Rainha ¾ a Nossa Grã Senhora!

No trecho acima, percebemos a importância dada as mulheres nesta nova fase, comparando as rainhas das sociedades a Virgem Maria.

As sociedades carnavalescas Esmeralda e Venezianos, embora não tivessem o objetivo de gerar lucro, estas sociedades proporcionavam a detenção de outros capitais a quem dela participasse. Ao fazer parte delas, homens e mulheres se distanciavam da massa (distancia que não havia no “entrudo”), exteriorizando seus lugares e suas posições.

Ser esmeraldino ou veneziano era ser elegante e civilizado, ou seja, ainda que estas instituições não rendessem finanças a seus associados, elas atribuíam-lhes um valor social. Quem participava delas era detentor de um capital simbólico. Ao ser visto durante um préstito ou adentrando ao baile, o indivíduo era identificado a uma “seleta” categoria de personagens da sociedade porto-alegrense.

O lema da Esmeralda:
“Viva o carnaval chiq, fino e educado”.

Talvez por isso, o formato desta nova festa tenha vingado.
Muitas foram às sociedades criadas após Esmeralda e Venezianos:
Congos,
Germania,
Floresta Aurora,
Club Cara Duras,
Netos do Diabo,
Club Saca Rolhas,
Filhos do Inferno e uma infinidade de outras mais.

Em 1912, em Porto Alegre a moda para o “Carnaval” já estava mais arejada.
Os turbantes e as plumas deram lugar ao picareta.
O smoking e a gravata borboleta substituíram a túnica fechada.
A folia era bem maior.

Em 20 de fevereiro de 1912, em Porto Alegre, estava lá, no jornal A Federação:

Em outros grandes centros as festas de carnaval são a consagração das hetairas da flor do vício. Em nossa capital, porém, os festejos carnavalescos têm um certo cunho familiar, todo provinciano e todo nosso, que fazem o encontro não só do povo, mas também de grande número de forasteiros.

Assim devia ser um carnaval que agradasse A Federação:
- As classes mais altas dançando nos bailes e desfilando em carros alegóricos pelas ruas centrais.
- O povo assistindo, jogando confete e serpentina e brincando com lança-perfumes.
E é assim que estava sendo: - neste 1912, 30 mil pessoas comemoraram deste jeito a festa, na Rua da Praia.

Nota:
- NA RUA DOS ANDRADAS
Em conseqüência da explosão de um tubo de lança-perfume seis pessoas sairam feridas, ante-hontem, á noite, à Rua dos Andradas.
Como se verificou na ocorrencia:

Terça-feira última, como noticiámos, em virtude de explosão de um tubo de lança-perfume, tres menores, de nomes Ruben Feijó, Joel Alves e Jayme Cardoso, receberam queimaduras e ferimentos.
Identico facto, mas de maiores consequencias, occorreu terça-feira, á noite, em plena rua dos Andradas.
O sr. Spolidori, como nos annos anteriores, installou á praça da Alfandega, em frente ao Cinema Central, uma mesa para a venda de lança-perfume.
No ultimo dia dos folguedos carnavalescos, como sóe acontecer, foi intenso o movimento na nossa principal arteria.
Cerca das 21 horas, algumas pessoas se achavam em redor da mesa do sr. Spolidori adquirindo tubos de lança-perfume.
Um seu filho, de nome Angelo Raphael Spolidori, de 19 annos de idade, ajudava seu progenitor na venda desse producto.
 Em dado momento, tendo entupido um tubo de lança-perfume, o referido menor, para desentupilo, accendeu um fosforo, queimando a ponta do recipiente.
Foi nesse momento que se verificou a explosão.
Com um forte estampido, o tubo arrebentou, ao mesmo tempo que se inflammava seu conteudo. Estabeleceu-se o panico.
O povo que se achava aglomerado nas immediações da praça da Alfandega, começou a correr em todas as direcções, ignorando do que se tratava. Afinal, restabelecida relativa calma, verificou-se acharam-se feridas seis pessoas.
A Assistencia publica avisada, compareceu immediatamente ao local, transportando as victimas para o posto central.
O agente do 1º districto de serviço no local e de nome João Antonio C. de Mattos, procurando dominar o fogo, recebeu queimaduras de 1º e 2º graos nos braços, mãos e punhos.
Em virtude da correria, a mesa de lança-perfume virou, inutilisando-se quasi todos os vidros.
O sr. Spolidori soffreu prejuizo calculado em um conto de réis.
Todos os feridos com excepção do sr. Spolidori, foram convenientemente medicados na Assistencia Publica pelo dr. Antonio P. Louzada, auxiliado pelo academico de medicina Baptista Hoffmeister.
O operario Francisco Marino, de 61 annos de idade e morador á rua Sant’Anna n. 804, foi atirado ao solo, recebendo escoriações na face interna do terço superior do ante-braço esquerdo e contuno no mesmo braço. A senhora d. Maria Amaral, casada 39 annos de idade e residente á rua dos Andradas n. 788, atirada ao solo pela massa de povo, que corria em todos os sentidos, soffreu escoriações no joelho esquerdo. Juracy Musso, residente á rua Demetrio Ribeiro n. 126, foi acommettida de crises nervosas e, pisoteada pelos populares, recebeu escoriações, nos braços, mãos e pernas e a torção da articulação da 1ª phalange do pollegar direito.
As victimas, em seguida aos necessarios curativos, recolheram-se ás suas residencias.
(Correio do Povo - matéria publicada na edição de 23 de fevereiro de 1928).

Em 1914, em Porto Alegre, por meio da Concertina, dois nomes disputavam as atenções durante o reinado de Momo e seus meses precedentes:
Octavio Dutra e Pedro de Barros.

Pedro era compositor, tocava muito bem violão e venceu a espantosa cifra de dezessete carnavais no início do século, sempre à frente do bloco Os Tesouras (donde saiu o nome do jogador Tesourinha, que hoje batiza o ginásio municipal de Porto Alegre).
Décadas mais tarde, o filho de PedroHemetério, seria o fundador de uma das principais Escolas de Samba do Rio Grande do Sul: a Bambas da Orgia.

O ano de 1914 seria o último para as grandes sociedades carnavalescas:
- A I Guerra Mundial encerraria imediatamente toda a Belle Époque, e todos irian junto.

Em 1914, em Porto Alegre, é encerrada a vermelho e branco, Sociedade Carnavalesca Venezianos.

Em Porto Alegre, BlocosRanchosCordões de Sociedade e Tribos carnavalescas foram as primeiras grandes atrações de nossos desfiles, até que surgisse, por volta de 1960, as primeiras Escolas de Samba.

Em 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro, capital da República, “primeira escola de samba” foi criada, chamava-se Deixa Falar, na Rua Estácio de Sá.

A denominação "Escola de Samba" foi gozação:
- Na mesma rua ficava a antiga Escola Normal, onde se formavam professores primários.
Na "Deixa Falar", segundo seus fundadores, formavam-se "professores de samba".

As cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua estréia no carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação.

Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da região.
Ela acabou por estimular a criação, nos anos seguintes, de outras agremiações de samba. Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de samba:
Cada Ano Sai Melhor,
Estação Primeira (Mangueira),
Vai como Pode (Portela),
Vizinha Faladeira e,
Para o Ano sai Melhor.

Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá.

Em 1928, em Porto Alegre,  aconteceu o o último desfile com carros alegóricos, no formato popular pela Rua da Praia.
Animação total ao som de valsas, polcas, tangos e schottischs!

Só que também havia os Blocos.
Desde os rivais Chorando na Esquina e Chorando no Meio da Quadra até o refinado Leopoldina Juvenil.
Além, claro, da turma (já então) animada da Cidade Baixa, um povo de bairro – negro em sua maioria – que pulava e dançava sem divisões.


Carnaval Moderno em Porto Alegre

Década de 1930, inicia a história do Carnaval de Porto Alegre.

O Areal
O fato fundamental para com a história do carnaval de Porto Alegre, parte daqueles que não se simpatizavam com o carnaval de salão e prestigiavam de certa forma o carnaval proporcionado na rua, onde alguns locais da cidade eram de assídua aglomeração.
Na história do nosso carnaval gaúcho os bairros Cidade baixa (Menino Deus, Azenha), Colônia Africana, (atual bairro Rio Branco), Bairro Santana e vizinhança, são os primeiros e principais focos do carnaval de rua da cidade.

Através dos bairros pobres, como o "Areal da Baronesa", assim chamado por ser na beira do rio, uma praia, posteriormente aterrada, onde hoje é a Praça Conego Marcelino, na qual tem esse nome por antigamente pertencer a Baronesa (esposa do Barão de Gravataí), surgira o que caracterizamos de carnaval mais popular.
Fato importante do Areal estava no grande número de negros que ali fixara residência, pois retratava de certa forma territorialidade dos escravos após a abolição da escravatura. Sem saber para onde ir as comunidades negras se estabeleceram nestes locais e ali concentraram sua cultura, bem como seus costumes, festas e tradições.

A partir de 1930, em Porto Alegre, o Areal tornara-se, digamos assim, a "nata" do Samba, um grande reduto negro carnavalesco que com o passar dos tempos foi concentrando grandes grupos de manifestações populares.

Há nível histórico o Areal é uma referência importante do carnaval de Porto Alegre, pois dera origem á vários grupos carnavalescos, como:
- Imperadores do Samba, bem como os primeiros coretos populares de bairro,
Caetés "primeira tribo carnavalesca",
- Principalmente ao primeiro Rei Momo Negro da cidade, o “Rei Negro”, conhecido na época por (Seu Lelé),
- Os primeiros Coretos populares de bairro.

Dentre essas manifestações populares carnavalescas importantes no contexto histórico do carnaval cidade, foi o surgimento das Tribos Carnavalescas.

Nos anos 1930, em Porto Alegre, o “Areal da Baronesa” era um reduto totalmente carnavalesco, já existem noticias em jornais de grupos com nomes:
Ases do Samba,
Nós os Comandos,
Seresteiros do Luar,
Nós os Democratas,
Viemos de Madureira,
Tô com a vela,
e os primeiros coretos populares de bairro.

O outro bairro de negras origens da cidade, a chamada "Colônia Africana", aos poucos foi perdendo sua negritude pela exploração imobiliária (atual bairro Rio Branco, Mont´Serrat e adjacências).
Esse era também o local onde negros libertos foram morar.

Da Colônia surgiram grupos como:
Aí-vem-a-Marinha,
Prediletos,
Embaixadores,
Namorados da Lua.

A Colônia Africana era o bairro do famoso Salão Modelo (também chamado do Ruy), na esquina entre as ruas Casemiro de Abreu e Esperança.
Em 1931, em Porto Alegre, desaparece a verde e branco, Sociedade Esmeralda, os esmeraldinos após tantos carnavais, idas e vindas, deixam a sua herança.

Em 1946, em Porto Alegre, o primeiro Carnaval depois da Segunda Guerra Mundial festejou mais do que o fim do conflito.
A folia conhecida por Carnaval da Vitória, marcou também a estréia das Tribos carnavalescas nas ruas da cidade.
Até então, os blocos dominavam a cena do Carnaval.

Entre os anos 1950 e 1960, em Porto Alegre, as Tribos, característica única do carnaval de Porto Alegre.
As tribos tiveram grande destaque neste período.

Eram tantas quanto as escolas de samba:
Os Arachaneses,
Os Aymorés,
Os Bororós,
Os Caetés,
Os Charruas,
Os Navajos,
Os Potiguares,
Os Tapajós,
Os Tapuias,
Os Tupinambas,
Os Xavantes 

Com a crescente influência do carnaval em forma de espetáculo realizado no Rio de Janeiro e sua conseqüente adoção pelos foliões, a opção destes pelas Escolas de Samba em detrimento das tribos foi aumentando, e essas foram desaparecendo ao longo do tempo, restando hoje apenas duas: - Os Comanches e Guaianazes.

Até os anos 1950 e 1960, em Porto Alegre, nos Grupos Carnavalescos, admitiam só homens em seu meio, praticamente.
Quando as Mulheres desfilavam (e geralmente eram parentes dos integrantes ou vigiadas pela mãe ou irmã mais velha), eram fantasiadas com o equivalente feminino ou com os mesmos trajes dos homens.
Os primeiros grupos femininos lembrados pelo pessoal da velha-guarda foram:
As Fazendeiras,
As Japonesas,
As Fuzileiras …

Houve ainda As Iracemas, saídas dos Caetés e As Heroínas da Floresta, do Clube Floresta Aurora.

- Alguns desses grupos femininos desfilavam em coretos oficiais, como é o caso das Iracemas, que chegaram em alguns coretos a conquistar o 3º lugar, outras faziam atividades só internamente.

Em 10 de março de 1960, em Porto Alegre, é fundada a primeira Escola de Samba, no sentido "moderno" foi a Academia de Samba Praiana.
A escola verde e rosa revolucionou o carnaval de Porto Alegre na década de 1960, sendo a primeira a desfilar com alas, fantasias, alegorias, ao estilo do carnaval do Rio de Janeiro.

Nota:
As cores verde e rosa (homenagem a escola de samba Estação Primeira de Mangueira do Rio de Janeiro-DF).

Em 1961, em Porto Alegre, depois do desfile da Academia de Samba Praiana as fantasias apresentadas foram expostas na Livraria do Globo na Rua da Praia (baluarte da cultura na cidade).

Em 1970, em Porto Alegre, os Blocos Humorísticos foram eliminados pela Prefeitura Municipal.
A razão principal de sua eliminação, na verdade, era sua crítica aguda, principalmente dirigida aos políticos (em pleno Regime Militar).

- Uma característica do Carnaval de Porto Alegre foram os Blocos Humorísticos como:
Tô Com a Vela,
Canela de Zebu,
Te Arremanga e Vem,
Saímos sem Querer,
Tira o Dedo do Pudim e outros, que marcaram época, mas foram perdendo terreno para o carnaval "estilo Rio de Janeiro" das escolas de samba.

Entre os anos 1970 e 1980, em Porto Alegre, foram as Bandas, que tiveram seu apogeu.
Algumas delas foram:
DK,
Saldanha Marinho,
Medianeira,
Por Causa de Quê,
Areal da Baronesa,
JB,
Filhos da Candinha,
Comigo Ninguém Pode,
IAPI, etc…

- Existe quem diga que as Bandas não teriam vingado por serem uma idéia importada, que não era original de nosso meio.
Seja como for, algumas desapareceram e outras se transformaram em escolas de samba (como a União da Vila do IAPI, Filhos da Candinha e Areal da Baronesa, esta última já extinta).

Em 1977, em Porto Alegre, a Muamba foi oficializada pela Prefeitura, na administração do prefeito Guilherme Socias Villela, perdendo assim sua espontaneidade.

- A Muamba, uma característica que é provavelmente exclusiva do carnaval de Porto Alegr, ensaios dos blocos e escolas feitos como uma prévia para o desfile oficial.

- Antigamente a Muamba também era uma forma de arrecadar dinheiro para o desfile oficial e ocorria em diversos pontos da cidade, geralmente o pavilhão da escola era carregado aberto e as pessoas jogavam moedas ali.

Em 2006, o Carnaval de Porto Alegre foi declarado “patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul”.

Blocos de Sociedade de Porto Alegre
Os blocos surgiram para diminuir a influência do entrudo, que era um carnaval bem mais violento. As pessoas jogavam água, pó, bebidas e até urina e fezes.
As brigas entre foliões eram comuns.
Estes blocos, que realizavam corsos (desfiles com cavalos, charretes e carros), jogavam apenas "limão-de-cheiro", bolinhas de cera do tamanho de um limão com (teoricamente) perfume dentro.

Em 1873, em Porto Alegre surgiram as duas grandes sociedades carnavalescas: 
Esmeralda,
Venezianos.

Venezianos
Sociedade Carnavalesca Os Venezianos
Cores: vermelho e branco
Símbolo: Leão de Veneza
Fundação: 1873
Foi uma das duas grandes sociedades que deram início às acirradas disputas carnavalescas de Porto Alegre.
A sede era na Rua Venezianos (atual Rua Joaquim Nabuco).
Os Venezianos eram considerados a “sociedade do povo”, em contraposição à Esmeralda, que seria representante da elite.
Em 1907, os Venezianos desfilaram com mais de 100 cavaleiros, e houve uma vez em que a sociedade contratou todas as viaturas da cidade (charretes, coches, etc), deixando a rival "na mão".
Os Venezianos existiram até por volta de 1912.

Nota:
Em 1959, na mesma rua onde nasceu Os Venezianos, foi fundada a escola de samba Imperadores do Samba, também nas cores vermelho e branca, com leão como símbolo, e com forte identificação com o time de futebol Sport Club Internacional.

Esmeraldas
Sociedade Carnavalesca Esmeralda Porto-alegrense
Cores: verde e ouro
Fundação: 1873 ou 1874
Seu lema era "Carnaval fino, chic e educado", gozado pelas concorrentes como "Carnaval feio, grosso e mal-criado".
Desfilou pela primeira vez em 1874, era a grande rival dos Venezianos.
Em 1898 desfilou com muitas dificuldades, sem contar com apoio oficial e nem popular.
Em 1923, a Esmeralda chegou a fazer eventos no Theatro São Pedro.
Em 1927, realizava somente bailes internos e alguns corsos.
Existiu até por volta de 1940, fazendo corsos e bailes.

Em artigo acadêmico de Caroline Leal ("Porto Alegre Carnavalesca": - o entrudo através do olhar imagético), a autora afirma:
- O Esmeralda era formado por funcionários públicos, comerciantes, estudantes, intelectuais e oficiais da Guarda Nacional, tendo um caráter "mais popular".
- O Venezianos era formado por altos comerciantes e pessoas ligadas às atividades financeiras e empresariais.

Isso contraria a informação citada por Heitor Carlos Sá Britto Garcia, no livro "Fragmentos Históricos do Carnaval de Porto Alegre".

- A Travessa dos Venezianos (que corta a Joaquim Nabuco, antiga Rua dos Venezianos) era um local de moradia de operários e de pessoas de classes mais baixas. A região servia também para refúgio de escravos.

Em torno da rivalidade entre os verdes da Esmeralda e os vermelhos do Venezianos, giraria por duas décadas o melhor do carnaval da cidade.

Na época dos blocos, certamente a música era diferente (pelo menos nos blocos mais "comportados", como os Venezianos e Esmeralda).

A música predominante era o marcheado das marchinhas.
Já nos blocos que surgiam nos bairros negros (Areal da Baronesa e Colônia Africana) provavelmente predominava os ritmos que desembocaram no samba.

Aos poucos, os desfiles foram engordando, a Sociedade Germânia e vários blocos foram para as ruas, e o colorido do centro da cidade aumentou com os desfiles dos carros alegóricos.
Ricamente ornamentados, com seus foliões em fantasias, esses carros se concentravam na Praça da Alfândega e percorriam as ruas do Centro.

A animação só diminuiria durante a Revolução Federalista (1893).
A partir de 1896, os desfiles voltariam com força maior ainda.

Sociedade Gondoleiros (freqüentado por brancos imigrantes)

Sociedade Floresta Aurora (freqüentado por negros)

Nota:
- SPORT CLUB INTERNACIONAL
Os Venezianos eram maioria na reunião de fundação do Internacional, e decidiram as cores do novo clube. Mesmo assim, a maioria dos Esmeraldas presentes na reunião permaneceram no clube. As duas entidades carnavalescas estiveram ligadas à origem do Internacional.

Texto Cláudio Brito, ClicRBS:
"Em 1909, a história do carnaval se confunde com a do futebol entre nós. Torcedores e participantes do grupo Os Venezianos estavam na fundação do Sport Club Internacional, o grande colorado de glórias, orgulho do Brasil. O que explica o vermelho de sua camisa e bandeira."

Bailes da Sociedade de Porto Alegre
No final do século XIX, em Porto Alegre, enquanto a farra corria solta nas ruas, e nisso os negros eram os mais animados, a elite ia aos “bailes de máscara” no Theatro São Pedro.

Grupo distintos de pessoas fundaram sociedades, pois na época a cidade de Porto Alegre era composta de grupo étnicos diferentes e criavam estas sociedades para preservar sua língua, cultura e assuntos políticos.
O bom baile, o bom jogo de bocha, o carteado, tiro ao alvo, o remo, ginástica.
***
SOGIPA - Sociedade Ginástica Porto Alegre, antigo Deutscher Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica), de 1867, fundado por imigrantes alemães.
***
Sociedade Floresta Aurora, antiga sociedade de dança e beneficente Floresta Aurora, a sociedade ou clube, fundado em 31 de dezembro de 1872, por afro-descendentes, na época forros (libertos), é o clube de “origem negra” mais antigo do Brasil.
***
Sociedade A Bailanta, tradicional casa de baile da Praça da Matriz, do século XIX e início do século XX.
***
Clube de Regatas Guaíba Porto Alegre, fundado em 21 de novembro de 1888 por um grupo de jovens de origem germânica, o Ruder-Club Porto Alegre (Clube de Regatas Porto Alegre). A reunião de fundação ocorreu no Restaurante Continental, sob a liderança do major Alberto Bins, é o “clube de regatas” mais antigo do Brasil.
***
Clube Caixeral de Porto Alegre, fundado em 1882 por 181 caixeros.
***
Sociedade Gondoleiros, antiga sociedade carnavalesca Gondoleiros, fundado por imigrantes italianos em 05 de março de 1915, com sede na Avenida Eduardo no 4º distrito.
***
Clube do Comércio, antigo clube do Commercial, fundado por comerciantes da cidade em 07 de junho de 1896, sua primeira sede era onde hoje se encontra o Santander Cultural, Rua 7 de Setembro com Rua Gal Câmara.
***
Sociedade Leopoldina Juvenil, fundado em 24 de junho de 1863 por um grupo de descendentes de alemães, e recebeu o nome de Gesellschaft Leopoldina, em 1940 a fusão da Sociedade Leopoldina Porto alegrense e o Club Recreio Juvenil deu origem a sociedade Leopoldina Juvenil.
***
Sociedade Polônia, antiga Sociedade Zgoda, fundada em 1896, por imigrantes poloneses, com sede no bairro São Geraldo.
***
Grêmio Náutico União, fundado em 1º de abril de 1906 por seis jovens de origem alemã que tinham o remo como seu esporte favorito e que deram ao clube o nome de Ruder Verein-Freundschaft (Sociedade de Regatas Amizade), em 1917 o clube alterou o seu nome para uma denominação nacional; a expressão "Sociedade de Regatas" deu lugar à "Grêmio Náutico", e a palavra "Amizade" foi substituída por "União".
***
Porto Alegre Country Clube, fundado em 30 de maio de 1930 por um grupo de golfistas entre eles Antônio Jacob Renner, o clube na Boa Vista possui uma área de mais de 50 hectares de mata nativa.

Pela década de 1930, as pessoas de berço só brincavam o carnaval em clubes, como o Clube Jocotó, com sede no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre, era um clube muito considerado.

Nos carnavais da Zona Sul, o trenzinho que contornava a enseada da Praia de Belas até a Pedra Redonda e voltava madrugada afora, pela orla do Guaíba, carregando de ruidosos pierrôs e colombinas, a sonolentos carnavalescos.

Baile de Gala no Clube do Comércio, na Praça da Alfândega, no Centro.

Verde e Branco do Teresópolis Tênis Clube, no bairro Teresópolis.

Vermelho e Branco do Sport Club Internacional, realizado no Gigantinho, no bairro Menino Deus.

O tradicional baile e desfiles do Clube Gondoleiros na zona norte e Floresta Aurora na zona sul, Clube caixeiros Viajantes, no bairro Moinhos de Vento.

Lindóia Tênis Clube na zona norte, também realizava grandes bailes de carnaval.

Tribos de Porto Alegre
A Pioneira:
Fundada em 19 de abril de 1945, a Tribo Caetés Sociedade Recreativa e Beneficente, foi o resultado da idéia de dois amigos, Hemérito Barros e Rubens Silva, que também era o compositor e letrista das marchinhas cantadas pelos 22 rapazes que circulavam pelos coretos da cidade nos dias desfile, alegrando e arrebanhando os populares contagiados com a folia.
Os Caetés saíam da Avenida Getúlio Vargas, passavam pelos coretos da Cidade Baixa, chegavam ao Centro, desfilavam na Avenida Borges de Medeiros, de onde iniciavam o caminho de volta, passando pela Rua dos Andradas e Santana, até o Menino Deus.
Em cada local, cantavam, faziam coreografias e apresentavam ao público suas alegorias e adereços de mão relacionados às marchas.

Por seis anos consecutivos os Caetés foram campeões do Carnaval e viram nascer outras tribos carnavalescas.

Nos anos 1950, as Tribos chegaram a seis.

Em 2012, os Guaianazes e os Comanches mantêm a tradição e participam dos desfiles do Complexo do Porto Seco nas noites em que pisam a avenida as escolas do grupo especial.

Samba
Escolas de Samba de Porto Alegre
Em 1960, a primeira escola de samba de Porto Alegre foi a Academia de Samba Praiana, surgiu da reunião de grupo de amigos para tocar e cantar um bom samba.

A Praiana revolucionou o carnaval de Porto Alegre, sendo a primeira a desfilar com alas, fantasias, alegorias, ao estilo do carnaval do Rio de Janeiro.

Academia de Samba Praiana, fundada em 10 de março de 1960, por um grupo de rapazes porto alegrenses e pelotenses que se reuniam para jogo de futebol e sempre após as partidas tinham como ponto de encontro em uma lancheria na Rua da Praia, cujo nome da escola foi inspirado.
A primeira reunião da escola foi realizada na residência de seu Alegrete e logo em seguida foram sendo realizadas da casa de Dona Altair Fogo, na Rua São Luiz, 191, no bairro Santana.
As cores originais eram: azul celeste e amarelo ouro.

FUNDADORES
Gilberto Nascimento (Giba-Giba), primeiro presidente (músico e percussionista pelotense) grande defensor da cultura negra e diretor de bateria durante vários anos, até 1999,
Mário Varela (Mário Facada), Ernandes do Amaral (Nego Nandi do surdo), Humberto Silva (Humbertinho da Glória), José Júnior (Zé Grande), Osvaldo Abesserage (Godô), Anibal Soares (Capelão), GabrielAltair Fogo Garcia (Dona Altair), José Ênio (Cirano), Érico Machado (Nego Érico), Luis Carlos Machado (Mestre Caloca), Garoto do TrombonePaulinho do AlegreteEdson Garcia (China)
José Carlos Passos (Cara Cortada), Rui Nascimento (Nas água), CariocaLino.

Dentre outros: Vergílio, Vilmar, Angelina e Lídia Fogo, Wilson Pereira, Heitor Gutierres.

Apesar de sua fundação em 1960, o primeiro desfile da atual, Verde Rosa, só veio a ser realizado em 1961, onde ocasionou uma grande revolução no Carnaval de Porto Alegre por trazer novidades nunca antes apresentadas nos desfiles da Capital, tais como:
- 1º casal de mestre sala e porta bandeira,
- Porta estandarte feminino,
- Instrumentos de sopro,
- Sopapo,
- Divisão da escola em alas separadas.

Por todas essas inovações a Praiana sagrou-se CAMPEÃ, conquistando ainda o direito de em 1962 desfilar como “Hors Concours”.

PERSONAGENS da Praiana
Lídia Maria – 1ª Rainha e atual presidente do conselho,
Célia Santos (Nenê) – Porta Bandeira,
Maria Helena Amaral – Porta Bandeira,
Caloca – 1º Ensaiador (mestre de bateria),
Nara Matos – Campeoníssima Porta Estandarte,
Michele – Porta Bandeira,
Angelina – Primeira baiana da escola,
Miguel Souza (Miguelzinho) – Eterno puxador (solista),
Orimes Ferraz – Presidente Campeão em 1976
Antônio Madruga – Diretor de finanças,
Claudio Macedo (Claudinho) 18 vezes mestre sala, compositor,
Pernambuco – Diretor de Harmonia,
Júlio Ferreira – Seu Pretinho, Madruga, Ilo Feijó (o Pavão), Regis Barão, Sandro Sabino, Cristiano, Maria Balbina, Cristiane Moojen, Rafael Costa,
Cláudio TORALLES, Mestre de Bateria 2000 (estandarte de ouro) 2001 2002 2006 2007 2010.

CAMPEONATOS da Praiana
1961 - A coroação de D. Pedro II
1962 - (HC) O Descobrimento do Brasil
1964 - May Fair Lady
1965 - Oferenda a Iemanjá
1970 - Conceição da Praia
1976 - Janaína e a festa de Reis


Carnaval de Porto Alegre
Grupo Especial

2011
Academia de Samba Praiana
Império da Zona Norte
Bambas da Orgia
União da Vila do IAPI
Acadêmicos de Gravataí
Embaixadores do Ritmo
Império do Sol
Imperadores do Samba
Imperatriz Dona Leopoldina
Unidos de Vila Isabel
Academia de Samba Puro
Estado maior da Restinga (Tinga)


Escola de Samba Grupo A
Por bairro de Porto Alegre

Zona Sul
Academia de Samba Praiana
Imperadores do Samba
Estado Maior da Restinga
Zona Norte
Império da Zona Norte
União da Vila do IAPI
Imperatriz Dona Leopoldina
Centro
Bambas da Orgia
Zona Leste
Embaixadores do Ritmo
Academia de Samba Puro
Grande Porto Alegre
Acadêmicos de Gravataí (Gravataí)
Império do Sol (São Leopoldo)
Unidos de Vila Isabel (Viamão)

Carnaval de Bairro de Porto Alegre
 Na década de 1930, em Porto Alegre, as sociedades tinham deixado o carnaval de rua para o povo, aliás, não se fazia de rogado.
Quando o “Deus Momo” desembarcava no cais do porto, a folia se espalhava pela cidade da Rua João Alfredo à Avenida Eduardo (Franklin Roosevelt), passando pela Avenida Bom Fim (Osvaldo Aranha) e Benjamim Constant, que tinham carnaval próprio.

Bandas de Porto Alegre
As bandas eram comuns nos idos de 1950/60/70 em Porto Alegre,  alegravam muito o povo nas ruas.
Nomes como:
Por Causa de Quê,
Filhos da Candinha,
Comigo Ninguém Pode foram desaparecendo, levando com elas uma animação que deixou muita saudade.
Algumas viraram escolas de samba.

Porta Estandarte em Porto Alegre
Uma tradição “tipicamente do carnaval de Porto Alegre”, a participação da Porta Estandarte apresentando e puxando a Escola de Samba.

É atributo da porta-estandarte, a roupa de saia de muitos babados, o estandarte com o brasão da agremiação, passos marcados, e muito carisma, diferente da Porta Bandeira, esta se apresentada sozinha.

Ala de Prendas em Porto Alegre
Apresentado pela Escola de Samba Império da Zona Norte, na década de 1980, como grande diferencial, “revolucionou”, uma ala inteira trajada como prendas tipicamente gaúchas, fugindo de uma imitação à risca do sistema de desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro que exige uma ala de baianas com número mínimo de participantes.
                                    
Local de Desfile
Carnaval Oficial de Porto Alegre

Anteriormente:
Avenida Borges de Medeiros
Avenida João Pessoa
Avenida Loureiro da Silva
Avenida Augusto de Carvalho


Atualmente:
Complexo Cultural do Porto Seco

- Os primeiros desfiles oficiais foram realizados na moderna Avenida Borges de Medeiros, bairro Centro.

- Depois os desfiles foram transferidos para a Avenida João Pessoa, bairro Cidade Baixa.

- Anos depois, os desfiles foram para a Avenida Loureiro da Silva (Perimetral), bairro Cidade Baixa, recém inaugurada.
A avenida era toda decorada e iluminada com lâmpadas coloridas, todo o ano as pessoas esperavam para ver qual seria o tema da decoração da pista de desfile.
A população ocupava toda a extensão da avenida, desde a concentração que era em frente ao Colégio Parobé até as arquibancadas que ficavam entre a Rua José do Patrocício (junto ao Largo da Epatur – Empresa Porto Alegrense de Turismo) e Rua Lima e Silva

- Depois para a Avenida Augusto de Carvalho, bairro Cidade Baixa, transversal da Perimetral, até 2004.

Em 2004, é inaugurado o sambódromo no Complexo Cultural Porto Seco, no Porto Seco, zona Norte da cidade, uma obra destinada para ter a maior e mais moderna pista de desfiles do país, investimento do poder público municipal para o Carnaval da grande Porto Alegre.

Complexo Cultural do Porto Seco
Passarela do Samba
 Localizada na zona norte, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, em uma área dentro do Porto Seco, o Complexo para o carnaval, após concluído a obra não deverá em nada a demais cidades que já dispõem deste equipamento.

Muamba em Porto Alegre
Muamba é uma atração portolegrense, “exclusiva dos gaúchos”, um ensaio geral.
Esse evento era realizado bem antes do carnaval, pois era uma maneira de arrecadar dinheiro para as festas e fantasias.
Ocorria em diversos pontos da cidade, geralmente o pavilhão da escola era carregado aberto e as pessoas jogavam moedas ali.

Em 2012, foi realizado um grande ensaio geral para o desfile oficial do carnaval na passarela do samba, para correções e acertos finais.
Em Porto Alegre:
Antes de 1960, em Alegre, não existia Rei MomoRainhaPrincesas no carnaval, cada bloco tinha a sua própria “Realeza”.

Rei Momo de Porto Alegre
Na década de 1930, no início, em Porto Alegre, o Rei Momo era um boneco que representava a figura do fanfarrão, que não trabalhava e vivia para festas.
O boneco virou símbolo dos desfiles até virar gente.

A partir dos anos 1930, em Porto Alegre, no Areal da Baronesa, reduto totalmente carnavalesco, já existem noticias em jornais de grupos carnavalescos.

Neste local surgiu o Rei Negro (Seu Lelé), considerado o “primeiro Rei Momo Negro da cidade”, e Macalé que animavam os carnavais nos bairros da cidade.

Mas o maior Rei Momo de todos os tempos na capital foi Vicente Rao, o personagem da folia, o maior mito do carnaval de Porto Alegre.
Pesava cerca de 100 quilos e era considerado o primeiro e único, era comandante do bloco “Tira o dedo do pudim” nas festas do Arrial da Baronesa e nos desfiles do carnaval na descida da Avenida Borges de Medeiros.

Ó meu amor
Não faz assim
Eu sou o bloco
Tira o Dedo do Pudim!

Em 1950, surge o “primeiro Rei Momo oficial de Porto Alegre”Vicente Rao que reinou durante 22 anos, precisamente entre 1950 a 1972.
Foi considerado o maior dos foliões de todos os tempos
Vicente Rao foi um soberano cheio de alegria e um magnetismo pessoal que era difícil de encontrar, símbolo de uma época de Porto Alegre boêmia e tranqüila.

Vicente Rao:
Nasceu no dia 04 de abril data de aniversário de seu clube do coração, era um caso de "coloradismo" patológico e fatal.
Se divertia em dizer que não havia nascido: - foi inaugurado.
Foi bancário como profissão e como tal, chegou a líder sindical por mais de trinta anos, chegando a ser acusado de comunista e também a incitação à violência a greve e a agitação, isso nos anos 1970 em plena ditadura militar, foi julgado e absolvido o que evidentemente gerou uma grande festa organizada pelos amigos, um carnaval fora de época.

Vicente Rao foi jogador na década de 1920, (inclusive fazendo parte do grupo de jogadores que conquistou o primeiro Campeonato Gaúcho do Inter, em 1927), acabou sendo inscrito na história do Sport Club Internacional por ser um insuperável animador de torcida, criou a “primeira escolinha de futebol”, assim como a primeira torcida organizada “Camisa 12” no grande time do Internacional conhecido por “rolo compressor” nos anos 1940/50, expressão também criada por Vicente Rao que fazia desenhos dos jogadores e do time todo e logo após os amassava, a partir deste momento que ele teve a idéia do rolo amassando todos os seus adversários, também é creditado a ele o surgimento de grandes bandeiras nos estádios de futebol do Rio Grande do Sul, assim como foguetes e serpentinas, uma barulhada de sinos e sirenes.

Vicente Rao, morreu em Porto Alegre, em 1973, aos 62 aos de idade, em sua vida também ficou muito conhecido como Papai Noel e Coelhinho da Páscoa, estava envolvido em praticamente todas as atividades da cidade, mas sem dúvida nenhuma brilhou como Rei Momo esbanjando alegria.

Museu Vicente Rao é um museu brasileiro, localizado em Porto Alegre, na avenida Padre Cacique 891, no bairro Menino Deus, junto à Biblioteca Zeferino Brasil, no Gigantinho. O museu conta a história do primeiro Rei Momo oficial de Porto Alegre, Vicente Rao, e relembra seus 22 anos de reinado, de 1950 a 1972.
Do acervo do museu constam fantasias, adereços e cerca de 1.800 fotos e correspondências, entre outros objetos de seu arquivo pessoal.

Rolo Compressor:
Era um time de craques extremamente ofensivo formado pelo dirigente Hoche de Almeida Barros (o Rocha), quando assumiu a presidência do clube em 1940.
No Rolo, se consolidavam aos poucos as peças de um time de futebol que seria invencível.
Houve uns quatro ou cinco rolos, mas o primeiro tem um nome que deflagrou todo o resto: - Carlitos, o maior goleador da história do futebol gaúcho, marcando 485 gols e mais Tesourinha, Avila e Adãozinho

Curiosidade:
- Em 2004, o concurso carioca trouxe uma novidade: para não estimular a obesidade, o prefeito César Maia liberou a exigência de peso mínimo para os candidatos ao posto. Tanto que o vencedor da eleição, o carioca Wagner Monteiro, tem apenas 85 quilos.


Quesitos de Julgamento
Desfile de Porto Alegre

2011
Enredo
- História ou temática que a escola vai contar no desfile, como peças teatrais ao ar livre.
Bateria
- Sustenta a marcação, regulamentando a cadência em consonância com o canto do samba e a evolução.
Harmonia
- Entrosamento perfeito entre o ritmo (bateria) e a melodia (canto). É delito grave o chamado “atravessar na avenida” (quando parte dos componentes cantam uma parte do samba e outra parcela, outra parte da letra).
Samba enredo
- Expressão da linguagem popular, não é uma peça erudita, mas não admitidos erros gramaticais.
Evolução
- Escola de samba só anda em frente (por isso evolução), faz o caminho cadenciado pelo andamento do samba.
Fantasia
- Figurino dos atores do desfile, ela quem dará sentido de época e história do enredo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
- O casal são os únicos que não dançam o samba, eles desenvolvem a dança chamada “Minueto”, que era a dança da corte européia, com passos e características básicas próprias.
A bandeira é o maior patrimônio da escola. Cabe ao casal honra de conduzi-la.
Alegorias e adereços
- O cenário do enredo, em costeiro ou em mãos e os carros alegóricos.
Fazem parte delas as formas, figura e complementos em fantasias e através dos destaques em carros ou chão e demais criações do carnavalesco ou comissão. São os elementos plásticos ilustrativos do enredo.


Mundo

CARNAVAL PELO MUNDO
- O Carnaval não é comemorado somente no Brasil, mas em boa parte do Planeta.

Cabo Verde
O carnaval foi introduzido pelos colonos portugueses. A celebração é celebrada em cada uma das nove ilhas habitadas do arquipélago. No Mindelo, São Vicente, grupos se desafiam mutuamente por um prêmio anual. Tem importado várias tradições do carnaval brasileiro.

A celebração em São Nicolau é mais tradicional, onde os grupos estabelecidos desfilar pela Ribeira Brava, reunindo-se na praça da cidade, embora tenha adotado tambores, carros alegóricos e trajes do Brasil.

Em São Nicolau, três grupos, Copa Cabana, Estrela Azul e Brilho Da Zona, constroem um flutuador pintado com fogo, jornal para o molde e ferro e aço para estrutura. Carnaval São Nicolau é comemorado em três dias: amanhecer sábado, domingo à tarde e terça-feira.

Portugal
O Carnaval de Portugal é comemorado em todo o país, o mais famoso em Ovar, Sesimbra, Madeira, Loulé, Nazaré e Torres Vedras. Os carnavais em Podence e Lazarim incorporam tradições pagãs como o careto, enquanto a celebração de Torres Vedras é provavelmente a mais típica.

Embora Portugal introduziu o cristianismo e os costumes relacionados com a prática católica ao Brasil, o país começou a adotar alguns aspectos de celebrações de carnaval brasileiras, em particular as do Rio de Janeiro com desfiles sumptuosos, samba e outros elementos musicais.

Em Lazarim, uma paróquia civil no município de Lamego, as celebrações seguem a tradição pagã dos saturnalias romanos. Comemora-se queimando-se efígies coloridas e se vestindo em trajes caseiros. As máscaras de madeira feitas localmente são usadas. As máscaras são efígies de homens e mulheres com chifres, mas ambos os papéis são realizados por homens. Eles são distinguidos por suas roupas, que caricatura atributos de homens e mulheres.

Nas ilhas dos Açores, clubes locais e grupos de carnaval criam trajes coloridos e criativos. Na Ilha de São Miguel, o Carnaval conta com vendedores ambulantes vendendo massa frita, chamada malassada. O festival na maior ilha começa com uma grande bola de gravata preta, seguida pela música latina no Coliseu Micaelense. Um desfile de crianças preenche as ruas de Ponta Delgada com crianças de cada distrito escolar em traje.

Um desfile maciço continua após a meia-noite, terminando em fogos de artifício. O evento inclui performances teatrais e danças. Nas "Danças de Entrudo", centenas de pessoas seguem os dançarinos ao redor da ilha. Ao longo do show, os dançarinos representam cenas da vida diária. As "Danças de Carnaval" são contos alegóricos e cômicos atuando nas ruas. O maior está em Angra do Heroísmo, com mais de 30 grupos em execução. Mais apresentações teatrais de língua portuguesa ocorrem lá do que em qualquer outro lugar. As festividades terminam na Quarta-Feira de Cinzas, quando os moradores sentem-se para a "Batatada" ou festa de batata, em que o prato principal é bacalhau salgado com batatas, ovos, hortelã, pão e vinho. Os residentes retornam então às ruas para a queimadura do "palhaço do carnaval", terminando a estação.

Na ilha da Madeira, a capital da ilha, o Funchal, acorda na sexta-feira, antes da Quarta-Feira de Cinzas, ao som de bandas de música e desfiles de Carnaval no centro da cidade. As festividades continuam com concertos e shows na Praça do Município por cinco dias consecutivos. O desfile principal de Carnaval acontece no sábado à noite, com milhares de sambistas encheram as ruas. O tradicional evento de rua acontece na terça-feira, apresentando caricaturas ousadas.

Pode-se argumentar que o Carnaval do Brasil pode ser atribuído ao período da Era dos Descobrimentos, quando as caravelas portuguesas passavam regularmente pela Madeira, um território que comemorava enfaticamente o Carnaval.

Reino Unido
No período do carnaval brasileiro, acontece, no Reino Unido, o Shroveitide (Shrive que significa confessar ‘pecados’), que é a comemoração do carnaval britânico.

Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o carnaval resume-se basicamente na celebração do “Mardi Grass” (Terça-Feira Gorda), vários estados celebram o carnaval.

O Estado mais tradicional na comemoração é New Orleans, onde, durante o Mardi Grass, desfilam pelas ruas mais de 50 agremiações.
A agremiação mais conhecida é a do Bacchus (que possui gigantescos e originais carros alegóricos).

Alemanha
A celebração do carnaval acontece tanto nos grandes centros urbanos quanto na Floresta Negra e nos Alpes Suíços.

A festa mais tradicional é a da cidade de Bonn, que organiza desfiles com pessoas fantasiadas; o diabo fica solto, por esse motivo as pessoas usam máscaras a fim de esconder seus rostos.

Itália
Por muito tempo o carnaval veneziano foi um dos mais fortes e alegres do mundo. Durante o período do carnaval eram desenvolvidos bailes e festas nas praças e ruas da cidade.
Com o passar do tempo o carnaval de Veneza foi enfraquecendo, chegando a quase extinguir-se.


GUINNESS

Carnaval da cidade do Rio de Janeiro está no Guinness Book como o “maior carnaval” do mundo.

Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da cidade do Recife, como o “maior bloco de carnaval” do mundo.


Dicas para aproveitar bem o Carnaval

O carnaval é uma festa comemorada em todo o país.
São dias de muita alegria e agitação e, diante disso é preciso tomar certos cuidados.

Normalmente muitas pessoas que pulam carnaval não fazem nenhuma atividade física durante o decorrer do ano e o organismo não é preparado para um ritmo mais acelerado. Essas pessoas precisam de mais cuidados, pois o exagero na hora da folia pode causar problemas.

A época do carnaval está na estação mais quente do ano, o verão, isso deve ser fonte de algumas preocupações como:

- Aplicar protetor solar no corpo para prevenir queimaduras, insolação e câncer de pele;
- Ingerir bastante líquido para não desidratar o corpo, moderar o consumo de bebidas alcoólicas que ressecam a pele, dá sede, dor de cabeça, náuseas, hipertensão arterial, diarréia entre outros;
- Tomar cuidado com máscaras ou outros acessórios que podem dificultar a respiração, pois pode trazer fadiga;
- Ficar atento a penas e plumas que podem provocar alergia respiratória;
- A maquiagem deve ser usada com moderação, pois pode causar alergia, irritação na pele, infecções nas pálpebras, lesões nas córneas, dermatite de contato, descamação da pele, bolhas, pruridos entre outros.

O importante é hidratar bem o corpo, ingerindo muita água, sucos naturais, água de coco, chás gelados e fazer uma boa alimentação à base de massas para produzir energia, cereais para prevenir a prisão de ventre, saladas com muitas verduras e legumes, de preferência crus para ajudar na reposição de água e outros nutrientes; e bastante frutas que ajudam na digestão e repõe vitaminas e outros. Evite alimentos gordurosos que diminuem o processo de digestão.

Antes de cair na folia é bom que se façam alguns exercícios de alongamento e relaxamento para evitar distensões e outras complicações mais graves.

Brinque, pule, divirta-se, aproveite, mas, com consciência!


Estórias em Porto Alegre

CARNAVAL ATRAVÉS DOS PROCESSOS-CRIME:
- ÁCIDOS E FACADAS NOS FESTEJOS MOMESCOS NO FINAL DO IMPÉRIO

Por Caroline P. Leal
O PRESENTE ARTIGO TEM COMO OBJETIVO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIAIS DURANTE O CARNAVAL EM PORTO ALEGRE ATRAVÉS DA ANÁLISE DE DOIS PROCESSOS-CRIME ENCONTRADOS NO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (APERS).
NOS REFERIDOS PROCESSOS, BUSCAREMOS AVALIAR AS RELAÇÕES ENTRE OS DISCURSOS QUE VISAVAM ORDENAR AS FESTAS CARNAVALESCAS NA TENTATIVA DE ATRIBUIR NOVOS LUGARES E CONDIÇÕES PARA O COMPORTAMENTO FEMININO DURANTE TAIS FESTEJOS E AS PRÁTICAS E CONDUTAS FEMININAS, QUE, POR VEZES SE ADAPTAVAM A TAIS REGRAMENTOS E, EM OUTRAS OCASIÕES, BURLAVAM TAIS ORIENTAÇÕES E OBSERVAR, SOBRETUDO, OS RELACIONAMENTOS E SOLIDARIEDADES EXISTENTES ENTRE OS MEMBROS DAS PRINCIPAIS SOCIEDADES CARNAVALESCAS DA CAPITAL:
- ESMERALDA, VENEZIANOS e GERMÂNIA.

Anais: Produzindo história a partir de fontes primárias / Ed. 6 Mostra de Pesquisa do Arquivo Público do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: CORAG, 2008.

Este artigo tem como objetivo analisar as relações sociais durante o período dos festejos carnavalescos em Porto Alegre através da análise de dois processos-crime encontrados no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS).

- No primeiro, buscamos analisar as relações entre os discursos que visavam ordenar as festas carnavalescas na tentativa de atribuir novos lugares e condições para o comportamento feminino durante tais festejos e as práticas e condutas femininas, que, por vezes se adaptavam a tais regramentos e, em outras ocasiões, burlavam tais orientações.
Nesse caso, observa-se que, quando chamadas a prestar depoimento em um processo judicial, as mulheres em questão acabaram por buscar se adaptar às expectativas socialmente produzidas em torno de suas condutas. Contrariando suas práticas sociais, seus discursos buscaram uma adequação aos ideais estabelecidos para as condutas femininas.

- No segundo, buscaremos observar, sobretudo, os relacionamentos e solidariedades existentes entre os membros das principais sociedades carnavalescas da capital, Esmeralda e Venezianos.

Os jornais nos mostram registros produzidos predominantemente por homens – que elaboravam imagens idealizadas para as mulheres e divulgavam sua nova tarefa durante o carnaval – conseguimos a partir de processos-crime buscar indícios, vozes femininas. Nesses processos elas são chamadas à justiça para testemunharem sobre eventos dos quais fizeram parte e é neste momento que suas vozes emergem em meio a depoimentos, inquéritos e testemunhos e podemos saber um pouco das versões femininas, mesmo que coagidas pela justiça, em uma situação um tanto quanto constrangedora.
Não devemos, entretanto, acreditar que através dos processos criminais descobriremos o que realmente aconteceu. Isso, contudo, não impede que eles possam ser ricos registros das práticas e representações dos agentes sociais envolvidos na questão, abrindo um leque de possibilidade para compreender tanto a eles, quanto a sociedade a que pertenciam.

Para Chalhoub, ler processos criminais não significa partir em busca do que realmente se passou` porque, esta seria uma expectativa inocente – da mesma forma como é pura inocência objetar à utilização dos processos criminais porque eles ´mentem`.
O importante é estar atento às ´coisas` que se repetem sistematicamente: versões que se reproduzem muitas vezes, aspectos que ficam mal escondidos, mentiras ou contradições que aparecem com freqüência.

Assim, vemos que, muitas vezes, o discurso que atribuía às mulheres um comportamento caracterizado pela passividade e moral acabava encontrando eco nas próprias práticas sociais femininas, como veremos no caso a seguir:

A) HONORATA
O primeiro processo refere-se a um homicídio ocorrido durante um baile público carnavalesco realizado no dia 05 de fevereiro de 1882, no Theatro de Variedades.
Significativo nesse processo é o fato de que, através dele, podemos chegar a uma voz feminina que nos elucida diversos elementos sobre a participação das mulheres nos bailes.
Deve-se considerar que – como discutimos brevemente na introdução desse trabalho – quando chamadas para testemunhar perante a justiça, as pessoas estão coagidas, não é um registro voluntário e livre, mas sim um registro diante de uma autoridade.
Tal processo, portanto, resultou de uma briga entre cadetes e paisanos, no referido baile, aonde Marçal Nunes Garcia é acusado de ferir gravemente a Honório dos Santos, que acabou falecendo.
O conflito, de acordo com depoimentos contidos no processo-crime sobre o ocorrido, teria sido em função de uma moça. 

Segundo José Pires Soares, amigo da vítima, Honorata – uma escrava do Dr.
Barcellos – teria se dirigido a Honório e dito a ele que a próxima marca seria sua. Verificasse, pois, que os bailes públicos, diferentemente dos bailes das sociedades carnavalescas – dos quais só participavam os sócios – eram freqüentados pelas classes menos abastadas, incluindo-se os escravos que podiam participar da folia.
Apesar de Castro afirmar, conforme as Posturas Municipais da Câmara de Porto Alegre, de 1847, que “nos locais de diversão pública, não eram permitidos negros escravizados, a jogar, a conversar, a comer, a tanger ou a bailar”, na prática isso não se verifica, tendo Honorata, escrava do Dr. Barcellos, ido participar de um baile público em homenagem a Momo.

Nisso, chegara o cadete Fontoura e convidara a moça para dançar, tendo esta se recusado.
Iniciada a música, Honório se levantou, puxando Honorata para bailar.
Fontoura a proíbe, colocando-se à frente dos dois, dirigindo palavras agressivas a Honório.
O cadete é retirado pelo alferes Godinho do recinto, mas outros companheiros dele entram e apontam para a vítima dizendo: é aquele ali!
A confusão inicia e Honório é ferido gravemente, sendo o cadete Marçal Nunes Garcia acusado do crime.

O caso fica mais instigante quando vemos o relato de Honorata.
Segundo ela Honório é que a teria tirado para dançar e que, após a marca, ele a convidara para tomar uma cerveja, o que ela recusara.
Já o cadete Fontoura, em seu depoimento, afirma que o conflito se deu porque Honório estava pronto para dançar com ela uma marca que já havia prometido dançar com ele respondente, e que instando com o falecido para ceder-lhe o par e este respondendo-lhe mal originou-se então a questão”.

O que realmente aconteceu não sabemos (nem mesmo as investigações na época chegaram a uma conclusão, tendo o réu sido absolvido por falta de provas, apesar de uma testemunha ter dito que o viu empunhando uma adaga coberta de sangue), mas o que nos interessa são os diferentes pontos de vista sobre o ocorrido e a postura de seus atores.

Quando Soares afirma que Honorata dirigiu-se a Honório para convidá-lo a dançar, nos coloca diante de uma situação na qual ela parece estar transgredindo as condutas socialmente atribuídas às mulheres, que seriam marcadas pelo recato e pela passividade, uma vez que o protagonismo ficava a cargo dos homens.
Todavia, ao prestar seu depoimento e negar tal versão, alegando que teria sido convidada por Honório, talvez a mesma estivesse buscando se adequar a esses modelos de comportamento difundidos não só entre a elite como também entre as classes menos favorecidas, pois, possivelmente, a visibilidade do ocorrido poderia acarretar prejuízos à sua imagem de conduta moral em seu meio.
Tal atitude, de negação de seu comportamento, talvez tenha se dado, porque “nas classes populares a honra não é uma condição moral herdada pela destacada posição social dos genitores, mas sim é definida pelas ações e intenções social e cotidianamente verificáveis”.
Ao assumir sua postura Honorata estaria se declarando não tão virtuosa assim, colocando em risco sua honra e moral e não se enquadrando no modelo de boa mulher.
Além do mais, de acordo com Careli:
“Uma mulher que por sua beleza fosse alvo de disputa masculina representava o perigo da presença de duelos, brigas... que ameaçavam a normalidade social almejada, bem como davam um poder à mulher que não era compatível com os limites a ela socialmente atribuídos”.

Talvez por isso, Honorata negasse sua postura de iniciativa, pois sobre ela já pesaria, indiretamente, a culpa pelo assassinato; aos nossos olhos, no entanto, ela não só teria rompido com essas fronteiras de comportamento destinado às mulheres pela iniciativa de convidar Honório para dançar, como também o fez por, ao causar a disputa entre os homens e exercer um poder sobre eles, não praticando o ideal de passividade disseminado, mesmo que – em termos de discurso – ela negasse essa pretensa autonomia. 

No desenrolar do caso, foram inquiridas duas testemunhas no processo: - Amália e
Maria Leopoldina, ambas amigas do acusado, que foram com ele para o baile.
As moças, ao serem inquiridas sobre seus ofícios, declararam-se profissionais de serviço doméstico.
Marçal Nunes Garcia, no entanto, ao ser questionado o porquê dele ter dado uma adaga a Amália para esta guardar, afirmou ser perigoso não ter armas em tais casas, nos levando a acreditar que a profissão das moças não era a de serviços domésticos e sim de prostituta.
Mas por que teriam elas omitido seus verdadeiros ofícios?
Segundo Arend, “durante o século XIX, a elite procurava ‘regulamentar’ as práticas sexuais da população segundo os seus padrões. Através do discurso e da prática médica, da atuação do judiciário, do discurso higienista da imprensa, [de novas práticas para se brincar o carnaval], etc essa elite difundia a idéia do ‘sexo dentro da legalidade do matrimônio’, ou junto das relações ‘estáveis’”.

Ao haverem elas preterido seu real ofício, Amália e Maria Leopoldina, nos dão a idéia de terem introjetado alguns desses valores difundidos pela elite em relação à sexualidade.
Segundo Careli, tal negação era recorrente nos inquéritos e processos-crime, sendo escasso o número de meretrizes neles.
Moreira explica esse fato dizendo que:
“Primeiro, muitas dessas profissionais, deviam assumir a categoria de ‘serviços domésticos’ negando suas atividades como ‘mulheres de má nota’. Além disso, as próprias autoridades, num período em que a moralização pelo trabalho’ já  vinha sendo pregada para sanar a causa da maioria dos crimes, negava-se a dar o status de profissão a tais práticas, preferindo qualificações genéricas como ‘serviço doméstico’, ‘sem trabalho’, etc..

HonorataAmália e Maria Leopoldina, mulheres cujas ocupações as colocavam em lugares considerados inferiores na disposição dos espaços sociais – a primeira escrava e as demais, possivelmente, meretrizes – são exemplos de que mesmo entre as camadas populares os emblemas e sinais produzidos pela elite se proliferavam, uma vez que em seus discursos, as três procuraram se adequar às expectativas sociais em relação aos comportamentos femininos.

Honorata, ao negar sua conduta durante o baile, e Amália e Maria Leopoldina, ao esconderem suas reais profissões, procuraram reproduzir os comportamentos esperados, atestando virtude moral e honradez.

Careli, ao investigar inquéritos policiais, processos criminais e crônicas jornalísticas, buscando a caracterização da virtude, expõe “a forma como determinados comportamentos veiculados como ideais, característicos de um dado grupo social, não ficavam restritos ao mesmo, sendo de formas diversas incorporados por indivíduos alheios a ele”, como no caso das moças em questão.

Em suas práticas – de autonomia e iniciativa de comportamento em um espaço público e de utilização do sexo fora do casamento, como fonte de renda – Honorata,
Amália e Maria Leopoldina transgrediram as condutas que seriam esperadas das mulheres; entretanto, em suas falas, procuraram se adequar aos modelos pré-estabelecidos, aos ideais culturais masculinos em vigor.
“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, afirmava Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo.

Essa construção, feita pela Família, pela Escola, pela Igreja, estava também sendo promovida pelo carnaval em Porto Alegre no último quartel do século XIX.
Ao estipularem novos lugares e comportamentos tidos como adequados para as foliãs, os homens das sociedades carnavalescas estavam contribuindo para uma construção social do que era “ser mulher” e, acima de tudo, ser mulher distinta.
Essa construção, embora fosse destinada a uma certa parcela da sociedade era, muitas vezes, apropriadas por outras, que acabavam tendo esses parâmetros como norte, pelo menos quando inquiridas a responder sobre ações.

B) IRMÃOS GERTUM
Em meados da década de 1880, as tradicionais sociedades carnavalescas da capital, Porto Alegre:
– Esmeralda Venezianos – encontravam-se em uma grave crise.

Em 1885, esta os Venezianos deixa de apresentar seus préstitos e realizar seus bailes.
O modelo de carnaval defendido por – Esmeralda e Venezianos – fora um sucesso, dando origem a novas sociedades como a Germânia, a Floresta Aurora, a Congos entre outras.

O episódio analisado a seguir ocorreu no ano em que a Sociedade Germânia realizou seu préstito de maior sucesso, tendo recebido muitos elogios por parte da imprensa. Apesar do êxito que obteve a Germânia nesse ano, um acontecimento gerou bastante polêmica na ocasião de um baile desta sociedade: - foi a utilização de limões de cera contendo ácido sulfúrico sobre uma multidão que se aglomerava defronte ao salão dessa agremiação para assistir ao baile, provocando queimaduras em diversas pessoas e causando danos a roupas e chapéus.
Entre os atingidos estavam Lúcio dos Santos LaraInácio Rodrigues VellinhoAdolpho CardosoAdolpho AcostaJoão Theobaldo Jaeger, entre outros.

Entre os feridos, encontrava-se, ainda, o caixeiro dos Srs. Varncke (Warncke) e Dorken.

A imprensa local definiu tal ato com expressões como “procedimento infame”“péssima brincadeira” e “perversidade”, narrando o episódio do seguinte modo:

Na noite de sábado, por ocasião do baile da Sociedade Germânia, deu-se um fato inteiramente anormal entre nós e digno da mais severa reprovação.
É o caso que dos telhados de casas fronteiras foram atiradas sobre o povo reunido na rua limões cheios de ácido sulfúrico, cujo conteúdo queimou muitas pessoas, estragou muita roupa e só por um acaso não produziu desastres maiores, como sejam a perda de vista, etc, o que era muito possível.
É uma infâmia sem nome, um gravíssimo crime que aí foi praticado e esperamos da energia da Polícia que os criminosos sejam descobertos e punidos, o que nos parece fácil porque não se lida com ácido sulfúrico sem que fiquem vestígios nas mãos e no domicílio.
Esperamos enérgicas providências da Polícia.

Os acusados de tal cometimento foram os irmãos Hugo e Emílio Gertum, que se encontravam na residência de Alberto Deistel – enquanto este achava-se no baile, juntamente com sua esposa, Frederica Deistel – na Rua dos Andradas a fim de assistirem ao baile da Germânia.

Segundo depoimento de Frederica Deistel, os dois não podiam ir ao baile, pois não eram sócios daquela sociedade, o que demonstra o caráter fechado destes festejos. Como o povo achava-se à frente da janela, impedindo sua visão, ambos teriam atirado os limões com ácido a fim de fazerem com que a multidão se dispersasse.
D’essa diversão brutal resultou ficarem queimadas muitas pessoas homens, senhoras, crianças, entre estas uma que, segundo nos consta, perdeu a vista”.

Após verificar que os limões eram arremessados do sótão da casa de Alberto Deistel“indignado, o povo arremessouse em massa e em grito sobre a casa querendo apedrejá-la e arrombá-la”.

Após uma altercação entre os acusados e o povo – que queria penetrar na casa – o tumulto encerrou com a chegada dos proprietários da residência e da polícia – que tomou nota do nome dois acusados e só.
Tal fato resultou na abertura de um processo contra os irmãos Hugo e Emílio Gertum, filhos de Joseph Gertum, proprietário de uma grande casa de moda e instrumentos musicais na Rua da Praia. 

Reagindo às acusações e às notas publicadas pela imprensa – especialmente pelo
Mercantil – os irmãos Gertum fizeram publicar uma nota intitulada “os Irmãos Gertum ao público” na sessão livre do periódico A Federação na qual buscaram atestar sua inocência alegando terem “honrosos precedentes de que se orgulham” e que uma testemunha, o Sr. Augusto Gomes, os teria visto fora da casa do Sr. Deistel enquanto o jogo dos limões continuava.

Tal nota contradiz diversas testemunhas que, ao longo do processo, afirmaram terem visto Hugo e Emílio Gertum lançarem limões de água forte sobre a população que assistia o baile.
Contradiz, também, pelo fato de que, quando a polícia chegou ao local, ambos permaneciam dentro da residência do Sr. Deistel.

A despeito disto, juntamente com essa carta assinada pelos irmãos Hugo e Emílio Gertrum, foram publicadas nesse periódico cartas de Herculano dos SantosCristiano Kraemer e de Augusto Gomes da Silva referendando o comportamento de ambos.
Augusto Gomes da Silva afirmara, inclusive, estar na companhia dos irmãos Gertum enquanto os limões eram jogados.
Tais cartas resultaram de uma conversa durante um baile no  Club Commercial, durante a qual Adolpho Cardoso – um dos que acusara os irmãos Gertum pelo delito em questão – teria sido interpelado por Kraemer Herculano sobre os motivos pelos quais os teria acusado.
O mesmo afirmara não tê-los visto arremessar os limões, mas dito que estes haviam sido arremessados do sótão da casa na qual ambos se encontravam e como não havia outras pessoas com eles – somente a empregada Hammel – eles, provavelmente, teriam sido os autores.

O periódico A Lente – de Araújo Guerra – também se manifestou sobre o caso do ácido sulfúrico.
Apesar de recriminar o fato e de requerer providências por parte da polícia, também tratou de inocentar os irmãos Gertum – “moços incapazes de praticar tal barbaridade” – e as duas famílias envolvidas no caso, “duas respeitáveis famílias que, certamente, não têm a menor culpabilidade pelo fato”.

A respeito dos antecedentes dos acusados – apesar de Augusto Gomes da Silva referendar o comportamento de ambos e de Araújo Guerra afirmar que seriam moços incapazes de praticar tal delito – um artigo publicado no jornal A Federação afirma que os envolvidos no caso “têm precedentes que fazem crer sem dificuldades que são capazes de tais atos de perversão moral”.

Nesse episódio, podemos observar, portanto, uma rede de contatos entre os participantes das três maiores sociedades carnavalescas de Porto Alegre: Venezianos,
Esmeralda e Germânia.

O estudo e análise de redes sociais permitem evidenciar que os “indivíduos, dotados de recursos e capacidades propositivas, organizam suas ações nos próprios espaços políticos em função de socializações e mobilizações suscitadas pelo próprio desenvolvimento das redes”.

Ele torna-se, assim, um “meio para realizar uma análise estrutural cujo objetivo é mostrar em que a forma da rede é explicativa dos fenômenos analisados” e, através disto, apreender os efeitos produzidos pelas redes, que podem ser “percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições representativas”

O caso em questão ocorreu durante um baile da Germânia.
Contudo, em um baile do Club CommercialCristiano Kraemer – que fizera parte da diretoria da Venezianos – interpelara Adolpho Cardozo em defesa dos irmãos GertumAraújo Guerra – proprietário do jornal A Lente e membro da Esmeralda – também saíra em defesa tanto dos acusados quanto de Alberto Deistel, cuja residência fora o palco de tal delito e que era membro da Germânia. 

Nas estruturas das redes sociais, percebe-se que as pessoas melhor conectadas “obtêm maiores benefícios pessoais, isto implica supor que as pessoas exitosas o são porque de uma forma ou de outra se encontram melhor posicionadas dentro de uma estrutura de intercâmbio social”.

Dessa forma, as redes sociais têm a potencialidade de “gerarem solidariedades e reciprocidades e, portanto, de se constituírem em recursos sociais apropriáveis pelas pessoas e coletividades que interagem em rede”.

Isto, por sua vez, gera o que Bourdieu denominou de capital social, pois remete para as capacidades inscritas nas conexões sociais, que concorrem para a ação comum e para a consecução de benefícios. Tornam possível alcançar determinados fins inatingíveis por indivíduos isolados, se contassem unicamente com seus atributos pessoais, posição de classe ou status.
Percebemos que existia uma rede de contatos entre os carnavalescos envolvidos no crime do ácido-sulfúrico.

Os irmãos Gertum, apesar de muitas testemunhas terem afirmado que os viram atirar os limões, não foram condenados por esse delito.
E mais: - nos discursos de personagens envolvidos com o universo carnavalesco, foram inocentados, demonstrando haver uma rede de solidariedade e reciprocidade entre os agentes que interagiam na rede carnavalesca.

O periódico A Lente, conhecido por suas caricaturas e brincadeiras, publicou uma charge ironizando o episódio do ácido sulfúrico, na qual lia-se o seguinte comentário: “Por fim tivemos ainda os limões de água forte que deixavam um cidadão em colisões dificílimas. E viva o carnaval!”.

No ano seguinte, um caixeiro de José Gertum – pai dos irmãos HugoEmílio e Fernando – de nome Plínio foi ferido com duas facadas por um homem de nacionalidade italiana que, ao passar pelo estabelecimento comercial do Sr. Gertum na Rua dos Andradas, foi “bisnagado” por algumas pessoas que por ali brincavam.
Não tendo gostado da brincadeira, o indivíduo entrou na loja e, acusando o caixeiro Plínio de tê-lo molhado, desferiu-lhe duas facadas nas costas, prostando-o sem vida ao solo.

Coincidentemente – ou não – tal evento ocorreu na loja dos pais dos moços que, no ano anterior, foram o centro da polêmica dos limões de cera com ácido sulfúrico. 

Vimos, portanto, o quanto a utilização de processos-crime podem ser ricas fontes para a produção histórica.
Por meio deles podemos adentrar em universos que através de outras documentações nos ficariam silenciadas.

- Conseguimos ouvir as vozes de HonorataAmália e Maria Leopoldina, mulheres comuns que, usualmente, ficariam à margem da História.
Aqui, contudo, essas mulheres puderam ser percebidas: evidenciamos que elas, muitas vezes, transpuseram as fronteiras estipuladas para as mulheres; em outras, no entanto, tentaram se adequar aos ideais culturais divulgados.

- No caso dos irmãos Gertum, as redes de contatos entre os carnavalescos porto-alegrenses ficaram nítidas, demonstrando haver nesse meio, redes sociais que articuladas possibilitavam o alcance para os indivíduos de determinado fim, no caso a absolvição dos Gertum, que isolados seria impossível, mesmo sendo eles filhos de uma “Boa Família” porto-alegrense.



Bibliografia e Referências:

- Consulte e leia os grandes autores e pesquisadores.

Texto parte adaptado de Caroline P. Leal
AITA, Carmem (org.). Parlamentares Gaúchos das Cortes de Lisboa aos nossos dias: 1821-1996. Porto Alegre: Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, 1996.
ALBIN, Ricardo Cravo. Uma apreciação sobre as origens do carnaval carioca, que constituíram o milagre das escolas de samba de hoje. Terceira Margem, Rio de Janeiro, número 14, p. 160-165, janeiro-junho de 2006.
BACZKO, Bronislaw. Utopia. In: Enciclopédia Einaudi (Antropos – homem).
Portugal: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985. Vol. 5.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch.  A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. HUCITEC; Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1993.
BAROJA, Júlio Caro.  Le Carnaval. Paris: Gallimard, 1979.  Apud: Reflexões sobre o carnaval na historiografia - algumas abordagens. Revista Tempo, Rio de Janeiro, v. 7, p. 169-188, 1999.
BECKER, Gisele.  Uma História Polifônica: Mulheres e Laços de Família em
Porto Alegre (1858 -1908). Dissertação de mestrado, PUCRS, Porto Alegre, 2001.
BOURDIEU. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004.
BURKE, Peter. Desafios de uma história polifônica. Folha de São Paulo, São Paulo, 15 de outubro de 2000, Caderno Mais!
CARELI, Sandra. Texto e contexto: Virtude e Comportamento Sexual Adequado às Mulheres na Visão da Imprensa Porto-Alegrense da Segunda Metade do
Século XIX.  Porto Alegre: Dissertação de Mestrado, UFRGS, 1997.
CORUJA, Antônio Álvares Pereira, Antigualhas: Reminiscências de Porto Alegre, Organizado por Sérgio da Costa Franco, 2ª Ed. Porto Alegre: UE/Porto Alegre, 1996.
CUNHA, Maria C. P. Ecos da Folia: uma história social do carnaval carioca entre 1880 e 1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
DAMATTA, Roberto. A Casa e a Rua. Rio de Janeiro: Guanabara, 1991.
DETIENE, Marcel. O Mito Orfeu no Mel. In: LE GOFF, J. História: Novos
Objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
FARIA, Eduardo de.  Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Eduardo & Henrique Laemmert. 1861. 
FLORES, Moacyr. Do entrudo ao carnaval. Estudos Ibero-Americanos, XXII (1)
– junho, 1999.
FERREIRA, Athos Damasceno.  O Carnaval pôrto-alegrense no século XIX.
Porto Alegre: Livraria do Globo, 1970. Caroline P. Leal
Carnaval em Porto Alegre: mulheres, entrudo, perseguição e repressão
Antíteses, vol. 1, n. 1, jan. - jun. de 2008, pp. 209-235
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses
FERREIRA, Felipe. O triunfal passeio do “Congresso das Summidades Carnavalescas” e a fundação do carnaval moderno no Brasil. Terceira Margem, Rio de Janeiro, Número 14, p. 160-165 • janeiro-junho / 2006.
FRANCO, Sergio da Costa.  Porto Alegre: Guia Histórico. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1998.
GERMANO, Íris. O Carnaval no Brasil: da origem européia à festa nacional.
C.M.H.L.B. Caravelle, n.173, Toulouse, 1999.
HEERS, Jacques. Festas de loucos e carnavais. Lisboa: Publ. D. Quixote, 1987.
HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Paz e Terra: São Paulo, 1970.
KRAWCZYK, Flávio; GERMANO, Íris e POSSAMAI, Zita. Carnavais de Porto
Alegre. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1992. Larousse Cultural. Nova Cultural. 1999, p. 5275.
LAZZARI, Alexandre. Certas coisas não são para que o povo as faça: Carnaval em Porto Alegre (1879-1915).  Dissertação de Mestrado. IFCH/UNICAMP: Campinas, 1998.
LESSA, Fábio de Souza. Mulheres de Atenas. Melissa do Gineceu à Agora. Rio de Janeiro: Laboratório de História Antiga/ IFCH da UFRJ, 2001.
MAUCH, Cláudia. Saneamento moral em Porto Alegre na década de 1890. In:
MAUCH.  Porto Alegre na virada do século XIX: cultura e sociedade. Porto Alegre/Canoas/São Leopoldo: Ed. Universidade/UFRGS/Ed. ULBRA/
Ed. UNISINOS, 1994.
MONTEIRO, Charles. Porto Alegre: urbanização e modernidade: a construção social do espaço urbano. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995.
MOREIRA, Paulo Roberto.  E a rua não é do rei. Morcegos e Populares no início do policiamento urbano em Porto Alegre - século XIX. In: Sobre a Rua e Outros Lugares. Reinventando Porto Alegre. Porto Alegre: Caixa Econômica Federal, 1995.
PERROT, Michelle e DUBY, Georges.  História das mulheres no Ocidente.
Porto: Afrontamento, 1990, vol.1.
PESAVENTO, Sandra.  Os Pobres da Cidade: vida e trabalho – 1880-1920. Porto Alegre: Edufrgs, 1994.
RAMOS, Severina Oliveira. Teatro e o feminino na Atenas Clássica. In: Gaia –
Revista Eletrônica de História Antiga, 2001.
SIMANSKY, Luis Cláudio. Espaço privado e vida material em Porto Alegre no século XIX. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.
SINGER, Paul. Desenvolvimento econômico e evolução  urbana. São Paulo, Nacional, 1977.
SOHIET, Rachel. A sensualidade em festa: representações do corpo feminino nas festas populares no Rio de Janeiro da virada dos séculos XIX a XX. Diálogos Latino Americanos, n.002, Aarhus, 2000.
SOUZA, Maria Angélica Rodrigues. Melissa: gerenciamento, complementaridade e transgressão na Atenas Clássica. In: Gaia – Revista Caroline P. Leal
Carnaval em Porto Alegre: mulheres, entrudo, perseguição e repressão
Antíteses, vol. 1, n. 1, jan. - jun. de 2008, pp. 209-235
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses
Eletrônica de História Antiga, 2002. Disponível em
<http://www.ifcs.ufrj.br/~gaia/m%20m.htm>, acessado em 27/05/2007.
ULLMANN, Reinholdo.  Amor e Sexo na Grécia Antiga. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
VALENÇA, Rachel.  Carnaval: pra tudo se acabar na quarta-feira. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Prefeitura, 1996.
WEBER, Beatriz.  Códigos de Posturas e Regulamentação do Convívio Social em Porto Alegre no Século XIX. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: UFRGS, 1992.
Colaboração recebida em 22/6/2008 e aprovada em 28/10/2008. Caroline P. Leal
Carnaval em Porto Alegre: mulheres, entrudo, perseguição e repressão
Antíteses, vol. 1, n. 1, jan. - jun. de 2008, pp. 209-235

Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola
Larousse Cultural. Nova Cultural, 1999: 5275. Caroline P. Leal
Cláudia Mauch, Pesquisadora
Livro de Registros de Posturas Municipais de 1829 a 1888.4 dez 1829. “Posturas Policiaes da Câmara Municipal da cidade de Porto Alegre aprovadas pelo Conselho Geral da Província”.
Porto Alegre, Typ. Do Commercio, 1847 (anexadas ao Livro de Registros das Posturas Municipais de 1829 até 1888). AHPA.

GARCIA, Heitor Carlos Sá Britto. Fragmentos Históricos do Carnaval de Porto Alegre.
LAZZARI, Alexandre. Coisas para o povo não fazer: carnaval em Porto Alegre (1870-1915). Edunicamp: Campinas, 2001.ISBN 8526805533
FERREIRA, Athos Damasceno. O Carnaval pôrto-alegrense no século XIX. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1970.
GERMANO, Iris. Rio Grande do Sul, Brasil e Etiópia: os negros e o carnaval de Porto Alegre nas décadas de 1930 e 40. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em História. UFRGS, Porto Alegre, 1999.
GUTERRES, Liliane S. Memórias dos destaques de carnaval de Porto Alegre. Porto Alegre: Unidade Editorial/Secretaria Municipal de Cultura, 2006.
GUTERRES, Liliane S. Sou Imperador até morrer", um estudo sobre identidade, tempo e sociabilidade em uma Escola de Samba de Porto Alegre. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Antropologia. UFRGS. Porto Alegre, 1996.
GUTERRES, Liliane S. Memória do Carnaval do Bairro Santana. Porto Alegre: UE/SMC, 2004.
KRAWCZYK, Flávio. O Carnaval do Estado Novo em Porto Alegre. Texto para discussão. Graduação em História/UFRGS. Porto Alegre, 1991.
KRAWCZYK, Flávio; GERMANO, Iris; POSSAMAI, Zita. Carnavais de Porto Alegre. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre/SMC, 1992.
LEAL, Caroline Pereira. As Mulheres no Reinado de Momo: lugares e condições femininas no carnaval de Porto Alegre (1869-1885). Programa de Pós-graduação em História. PUCRS. Porto Alegre, 2008.
MAIA, Sandra. Carnaval 2000. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2000.
PRASS, Luciana. Saberes musicais em uma bateria de escola de samba: uma etnografia entre os Bambas da Orgia. Porto Alegre: Edufrgs, 2004.
ROSA, Marcus V. F. Quando Vargas caiu no Samba: as relações entre o poder público e o carnaval de rua de Porto Alegre durante o Estado Novo (1937-1945). Texto para discussão. Graduação em História/UFRGS. Porto Alegre, 2003.
ROSA, Marcus V. F. "As mulheres nos carnavais de Porto Alegre durante a primeira metade da década de 1930". Anais do VI Congresso Internacional de Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre: PUCRS, 2006. [cd-rom]
ROSA, Marcus. V. F. Quando Vargas caiu no samba:um estudo sobre os significados do carnaval e as relações sociais estabelecidas entre os poderes públicos, a imprensa e os grupos de foliões em Porto Alegre durante as décadas de 1930 e 1940. Programa de Pós-graduação em História. UFRGS. Porto Alegre, 2008.
SILVA, Josiane Abrunhosa da. Bambas da Orgia: um estudo sobre o carnaval de rua de Porto Alegre, seus carnavalescos e os territórios negros. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Antropologia. UFRGS, Porto Alegre, 1993.
[editar] Ver tambémAnexo:Lista de campeãs do carnaval de Porto Alegre
Anexo:Lista de escolas de samba do Rio Grande do Sul
Anexo:Lista de escolas de samba do Brasil
AECPARS

Marcela Santos (12 de dezembro de 2006). Carnaval de Porto Alegre é patrimônio cultural. Agência de Notícias - Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Página visitada em 16 de março de 2011.
Garcia, Heitor Carlos Sá Britto. Fragmentos Históricos do Carnaval de Porto Alegre. Edição X. Local de publicação: Editora, ano de publicação 2006. ISBN.
História do carnaval de Porto Alegre. AECPARS. Página visitada em 28 de janeiro de 2011.
Há um século no Correio do Povo. Correio do Povo. Página visitada em 2 de janeiro de 2010.
Tribos carnavalescas só existem em Porto Alegre. Correio do Povo (5 de março de 2000). Página visitada em 2 de abril de 2009.
Tribos ultrapassam 60 anos de tradição no Carnaval. PMPA (26 de janeiro de 2007). Página visitada em 2 de abril de 2009.

A Reforma, 15 de fevereiro de 1871. Apud: Athos Damasceno Ferreira (1970: 18)

A Reforma, 15 de fevereiro de 1871. Apud: Athos Damasceno Ferreira (1970: 19)

ARAÚJO, Ilma da Silva. O CARNAVAL DE RUA DE SÃO LUÍS: Transformação e formas de expressão (1950 A 1970).Monografia (especialização em Historia). Universidade Estadual do Maranhão, 2005.
COSTA, Edil Silva.  FESTA POPULAR, POLÍTICAS PÚBLICAS E INDÚSTRIA CULTURAL. Anais V Simpósio Internacional do Centro de Estudos do Caribe no Brasil, Salvador – Bahia, 2008.
ESPINOLA, Noeli; GUERREIRO, Goli. ECONOMIA CULTURAL DE SALVADOR– A INDÚSTRIA DO CARNAVAL. RDE – REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Ano VI • Nº 9 • Janeiro de 2004 • Salvador, BA, p.58 – 73.
LAZZARI, Alexandre. Certas coisas não são para que o povo as faça: Carnaval em Porto Alegre(1879-1915). Dissertação de Mestrado. IFCH/UNICAMP, Campinas, 1998.
LEAL, Caroline. As mulheres no Reinado de Momo: Lugares de condições femininas no carnaval de Porto Alegre (1869 – 1885). Dissertação de Mestrado, PUCRS, Porto Alegre, 2008.
MATOS, M. P. O sistema produtivo e inovativo local do carnaval carioca.  Dissertação (Mestrado em economia) – Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2007. 143 f;
SHAPERO, Albert. Entrepreneurship and Economic Development. Winsconsin: Project ISSED, LTD, The Center for Venture Manegement, 1975, p.187. Apud:HISRICH, Robert. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
SPALDING, Walter. Construtores do Rio Grande, Porto Alegre, Sulina, 1970.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Ilma da Silva .O CARNAVAL DE RUA DE SÃO LUÍS: Transformação e formas de expressão (1950 A 1970).Monografia (especialização em Historia). Universidade Estadual do Maranhão, 2005.
COSTA, Edil Silva.  FESTA POPULAR, POLÍTICAS PÚBLICAS E INDÚSTRIA CULTURAL. Anais V Simpósio Internacional do Centro de Estudos do Caribe no Brasil, Salvador – Bahia, 2008.
ESPINOLA, Noeli; GUERREIRO, Goli. ECONOMIA CULTURAL DE SALVADOR– A INDÚSTRIA DO CARNAVAL. RDE – REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Ano VI • Nº 9 • Janeiro de 2004 • Salvador, BA, p.58 – 73.
LAZZARI, Alexandre. Certas coisas não são para que o povo as faça: Carnaval em Porto Alegre(1879-1915). Dissertação de Mestrado. IFCH/UNICAMP, Campinas, 1998.
LEAL, Caroline. As mulheres no Reinado de Momo: Lugares de condições femininas no carnaval de Porto Alegre (1869 – 1885). Dissertação de Mestrado, PUCRS, Porto Alegre, 2008.
MATOS, M. P. O sistema produtivo e inovativo local do carnaval carioca.  Dissertação (Mestrado em economia) – Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2007. 143 f;
SHAPERO, Albert. Entrepreneurship and Economic Development. Winsconsin: Project ISSED, LTD, The Center for Venture Manegement, 1975, p.187. Apud:HISRICH, Robert. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
SPALDING, Walter. Construtores do Rio Grande, Porto Alegre, Sulina, 1970.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAND, Sílvia. Um olhar sobre a família popular porto-alegrense (1886-1906). Porto Alegre: UFRGS, Dissertação de Mestrado, 1994.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo I: a experiência vivida. V. 2. São Paulo: Difel, 1967, p.9.
CARELI, Sandra.Texto e contexto: Virtude e Comportamento Sexual Adequado às Mulheres na Visão da Imprensa Porto-Alegrense da Segunda Metade do Século XIX.  Porto Alegre: Dissertação de Mestrado, UFRGS, 1997. 
CASTRO, Carmem Lúcia. Ferro de Brasa, Tacho de Cobre, Puxados úmidos: cotidiano das mulheres escravizadas em Porto Alegre (século XIX). Porto Alegre: Dissertação de mestrado/PUCRS, 1994.
CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque.  São Paulo: Brasiliense, 1986.
GANS, Magda. Presença teuta em Porto Alegre no século XIX (1850 – 1889). Porto Alegre: Editora da UFRGS/ANPUH/RS, 2004.
LAZZARI, Alexandre.  Coisas para o povo não fazer: carnaval em Porto Alegre (1870-1915). Campinas: Editora da Unicamp/Cecult, 2001.
MANESCHY, Maria Cristina Maneschy; KLOVDAHL,Alden.  Redes de associações de grupos camponeses na Amazônia Oriental (Brasil): fontes de capital social?  REDES- Revista hispana
para el análisis de redes sociales, Vol. 12, N. 4, Junio 2007,disponible em http://revistaredes.rediris.es.
MARTELETO, Maria Regina. Análise de redes sociais – aplicação nos estudos de transferência da
informação. Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 1, p. 71-81, jan./abr. 2001.
PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão de classe. Florianópolis: Ed da UFSC, 1994.
VELÁSQUEZ, AlejandrO; MARÍN, Luís Rey. El valor agregado de las redes sociales: propuesta metodológica para el análisis del capital social. REDES- Revista hispana para el análisis de redes sociales Vol.13, N.5, Diciembre 2007, disponible em http://revista-redes.rediris.es.
WEBER, Beatriz.  Códigos de Posturas e Regulamentação do Convívio Social em Porto Alegre no Século XIX. Porto Alegre:UFRGS, Dissertação de Mestrado, 1992.

FONTES: 
A Federação.
A Lente.
A Reforma.  LEAL, Caroline P. O carnaval através dos processos-crime: ácidos e facadas nos festejos momescos do final do Império. In:
Anais: Produzindo história a partir de fontes primárias / Ed. 6 Mostra de Pesquisa do Arquivo Público do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre : CORAG, 2008.
Jornal do Commercio.
O Século.
Processo –crime n.2846, maço 175, Arquivo Público
Processo-crime nº1449, maço 55, Júri-Sumário, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
 “Os limões de ácido sulfúrico e seus arremessadores”. Exposição sobre o sumário crime por queixa de Lúcio dos Santos Lara, Ignácio Rodrigues Velhinho, João Teobaldo Jaeger, Antonio Becker, Adolpho Cordozo, Ildefonso Guterres, Julio Becker, José Antonio Adolpho Acosta, Ildefonso Ferreira de Azevedo Lopes contra os irmão Hugo e Emílio Gertrum. Artigos  publicado na Federação. Porto Alegre. Oficina Tipográfica da Federação, 1885.
Livro de Registros de Posturas Municipais de 1829 a 1888.4 dez 1829.“Posturas Policiaes da Câmara Municipal da cidade de Porto Alegre aprovadas pelo Conselho Geral da Província”. Porto Alegre, Typ.
Do Commercio, 1847 (anexadas ao Livro de Registros das Posturas Municipais de 1829 até 1888).
AHPA
                                               
LAZZARI, Alexandre.  Coisas para o povo não fazer: carnaval em Porto Alegre (1870-1915). Campinas: Editora da Unicamp/Cecult, 2001, p. 69. Ibid., p.89.
CARELI, Sandra. Texto e Contexto: Virtude e comportamento adequados às mulheres na visão da imprensa porto-alegrense da segundo metade do século XIX. Porto Alegre. Dissertação de Mestrado/ UFRGS, 1997, p.281. Ibid., p.281. Ibid, p.134.
A Reforma, 14 de fevereiro de 1875. 
CARELI, Op. Cit., p. 40.
Há de se mencionar que alguns dos membros das sociedades carnavalescas, além de pertencerem ao Partenon Literário, eram donos ou redatores de muitos dos jornais da cidade, como por exemplo, Achylles Porto Alegre e Miguel Werna.
10PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão de classe. Florianópolis: Ed da UFSC, 1994, p.281.
CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque.  São Paulo: Brasiliense, 1986.
Processo-crime nº1449, maço 55, Júri-Sumário, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
CASTRO, Carmem Lúcia. Ferro de Brasa, Tacho de Cobre, Puxados úmidos: cotidiano das mulheres escravizadas em Porto Alegre (século XIX). Porto Alegre: Dissertação de mestrado/PUCRS, 1994, p. 66.
CARELI, Op. Cit.,  p.24.
CASTRO, Op. Cit., p.173.
CARELI, Sandra. Op. Cit., p.50.
ARAND, Sílvia. Um olhar sobre a família popular porto-alegrense (1886-1906). Porto Alegre: UFRGS, Dissertação de Mestrado, 1994, p.p.61.
CARELI, Sandra. Op. Cit., p.240
Moreira, Paulo Roberto Staudt.   Entre o deboche e  a rapina : os cenários sociais da criminalidade popular em Porto Alegre (1868/1888). Porto Alegre:UFRGS, Dissertação de Mestrado,  1993, p.132.
CARELI, Op. Cit., , p. 278.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo I: a experiência vivida. V. 2. São Paulo: Difel, 1967, p.9. Processo –crime n.2846, maço 175, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
LEAL, Caroline P. O carnaval através dos processos-crime: ácidos e facadas nos festejos momescos do final do Império. In: Anais: Produzindo história a partir de fontes primárias / Ed. 6 Mostra de Pesquisa do Arquivo Público do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : CORAG, 2008.
Adolpho Dorken comerciante importador, um dos teutos afortunados estabelecidos à rua 7 de setembro. GANS, Magda. Presença teuta em Porto Alegre no século XIX (1850 – 1889). Porto Alegre: Editora da UFRGS/ANPUH/RS, 2004, p. 56.
O Século, 22 de fevereiro de 1885.
Jornal do Commercio, 17 de fevereiro de 1885.
A Federação, 16 de fevereiro de 1885.
A Reforma, 17 de fevereiro de 1885, p.1.
Depoimento de Frederica Deistel. Processo-crime n.2846, maço 175, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
A Federação, 16 de fevereiro de 1885.
DIESTEL, ou deistel, Wilhelm Eduard Albert. Importação de ferros e ferro bruto, carvão e máquinas Estabelecimento de porte no Caminho Novo. GANS,Op. Cit.,  p. 52
Processo-crime n. 2846, maço 175, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
GANS, Op. Cit., p. 57.
A Federação, 20 de fevereiro de 1885, p.2.
Comerciante importador (dos EUA: carros, carruagens, motores, máquinas e debulhadores) com estabelecimento na Rua da Praia. GANS, Op. Cit. p. 59
A Federação, 20 de fevereiro de 1885, p.2. 
A Lente, 1885.
“Os limões de ácido sulfúrico e seus arremessadores”. Exposição sobre o sumário crime por queixa de Lúcio dos Santos Lara, Ignácio Rodrigues Velhinho, João Teobaldo Jaeger, Antonio Becker, Adolpho Cordozo, Ildefonso Guterres, Julio Becker, José Antonio Adolpho Acosta, Ildefonso Ferreira de Azevedo Lopes contra os irmão Hugo e Emílio Gertrum. Artigos  publicado na Federação. Porto Alegre. Oficina Tipográfica da Federação, 1885.
MARTELETO, Maria Regina. Análise de redes sociais – aplicação nos estudos de transferência da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 1, p. 71-81, jan./abr. 2001, p.72
VELÁSQUEZ, AlejandrO; MARÍN, Luís Rey. El valor agregado de las redes sociales: propuesta metodológica para el análisis del capital social. REDES- Revista hispana para el análisis de redes sociales Vol.13, N.5, Diciembre 2007, p.32, disponible em http://revista-redes.rediris.es.
MANESCHY, Maria Cristina Maneschy; KLOVDAHL,Alden. Redes de associações de grupos camponeses na Amazônia Oriental (Brasil): fontes de capital social? REDES- Revista hispana para el análisis de redes sociales, Vol. 12, N. 4, Junio 2007, p.21, disponible em http://revista-redes.rediris.es. 
A Lente, 1885. Da Belle Époque à Era dos Jazz - O Sul21, o livro Uma História da Música de Porto Alegre, do compositor e jornalista Arthur de Faria.

Almanaque da Cultura Popular (março de 2000). Do cordão à escola, quanto samba rolou. Página visitada em 05/12/2010..

ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de. Festas: máscaras do tempo. entrudo, mascarada e frevo no carnaval do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1996.
DAMASCENO, Athos. O carnaval porto-alegrense no século XIX. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1970.
FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.
PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. O Carnaval das letras: literatura e folia no Rio de Janeiro do século XIX. Campinas: Editora Unicamp, 2004.
Nélson da Nóbrega Fernandes. Escolas de Samba: Sujeitos Celebrantes e Objetos Celebrados. Rio de Janeiro: Coleção Memória Carioca, vol. 3, 2001.